Mentha viridis - UFRGS
Mentha viridis - UFRGS
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Introdução<br />
A <strong>Mentha</strong> <strong>viridis</strong> é uma planta muito utilizada na<br />
medicina popular, pois possui propriedades<br />
antiespasmóticas, diurética, carminativas e estomáquicas<br />
[1,2]. Também é utilizada na indústria para extração dos<br />
óleos, rico em monoterpenos, com propriedades<br />
cosméticas, farmacêuticas, culinárias, além de servir para<br />
fabricação de licores [3]. Deste modo, devido a<br />
importância dessa planta, a aplicação de técnicas de<br />
micropropagação, torna-se relevante, para obtenção de<br />
plantas de alta qualidade fitossanitária e genética.<br />
Uma etapa crítica da micropropagação é a<br />
aclimatização, devido à dificuldade de transferir com<br />
sucesso plantas da condição in vitro para a casa de<br />
vegetação e posteriormente para o campo [4].<br />
Durante a micropropagação as plantas são mantidas<br />
em um ambiente totalmente controlado, ao serem<br />
transferidas para condições naturais e, por ser uma<br />
mudança brusca, isto deve ocorrer paulatinamente, pois<br />
as plantas não estão adaptadas ao novo ambiente [5].<br />
Outro fator importante na aclimatização de mudas é o<br />
substrato [6], devendo apresentar boa coesão entre as<br />
partículas e adequada aderência junto às raízes [7]. Desta<br />
forma, a seleção do substrato é fundamental no<br />
crescimento e desenvolvimento das plantas<br />
micropropagadas, influenciando diretamente no sucesso<br />
da aclimatização. Tendo em vista a diversidade dos<br />
substratos e de suas características, torna-se difícil<br />
escolher o substrato ou a mistura, que atenda as<br />
condições para o ótimo crescimento e desenvolvimento<br />
das plantas na aclimatização [5].<br />
A vermicompostagem é uma alternativa interessante<br />
para a agricultura, pois permite o enriquecimento da<br />
matéria orgânica, aumentando a disponibilização de<br />
nutrientes, de forma economicamente viável e<br />
ambientalmente sustentável [8]. Entretanto, dificilmente<br />
encontram-se um vermicomposto que atenda sozinho<br />
todas as necessidades das plantas. Para tanto são feitas<br />
misturas com condicionadores como casca de arroz<br />
carbonizada, que promovem a melhoria em uma ou mais<br />
propriedades do material original [9].<br />
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de<br />
diferentes substratos durante a aclimatização, em casa<br />
de vegetação, de plantas de <strong>Mentha</strong> <strong>viridis</strong> oriundas da<br />
cultura de tecidos.<br />
NOTA CIENTÍFICA<br />
Substratos para Aclimatização de Plantas<br />
Micropropagadas de <strong>Mentha</strong> <strong>viridis</strong> L.<br />
Cláudia Simone Madruga Lima 1 , Juliana de Magalhães Bandeira 2, , Sílvia Rubin 2 , Márcia Vaz Ribeiro 2 ,<br />
Paula Moraes de Figueiredo 3 , José Antonio Peters 4 e Eugenia Jacira Bolacel Braga 4<br />
Material e métodos<br />
Este experimento foi realizado no Laboratório de<br />
Cultura de Tecidos de Plantas, Departamento de<br />
Botânica, UFPel. Como material vegetal utilizou-se<br />
plantas micropropagadas de <strong>Mentha</strong> <strong>viridis</strong>.<br />
As plantas com 30 dias de subcultivo in vitro,<br />
mantidas em meio MS [10] foram retiradas dos frascos,<br />
lavadas em água corrente para remover os resíduos do<br />
meio de cultura aderidos às raízes e colocadas em<br />
bandejas plásticas com papéis-toalha umidecidos em<br />
água para evitar a desidratação das mesmas.<br />
Posteriormente, as plantas foram transferidas para<br />
bandejas alveoladas de isopor contendo 128 células e<br />
aclimatizadas em casa de vegetação. A aclimatização foi<br />
feita sob condições controladas, com sombreamento de<br />
50%, temperatura de 25-30ºC e umidade relativa de<br />
aproximadamente 70%.<br />
Sobre as bandejas foi utilizado túnel baixo com filme<br />
plástico, promovendo um microclima com elevada<br />
umidade, assemelhando-se às condições do interior do<br />
recipiente de micropropagação. Durante a condução do<br />
experimento, as plantas foram irrigadas diariamente.<br />
Foram considerados como tratamentos os diferentes<br />
tipos de vermicompostos (bovino, búfalo, capivara,<br />
suíno), além de húmus fert ® misturados com casca de<br />
arroz carbonizada (1:1).<br />
As análises foram realizadas após 40 dias de cultivo,<br />
sendo avaliados a média da altura das plantas, área foliar,<br />
comprimento da raiz principal, massa seca da parte aérea<br />
e sistema radicular, número médio de brotos, de entrenós<br />
e das folhas.<br />
O delineamento experimental foi inteiramente<br />
casualizado com 10 repetições, cada uma constituída de<br />
uma planta por célula. Os resultados obtidos foram<br />
submetidos à análise de variância e as médias<br />
comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de<br />
probabilidade de erro.<br />
Resultados e Discussão<br />
Para as variáveis área foliar e massa seca da parte<br />
aérea (Fig.1) observou-se diferença significativa entre<br />
os tratamentos, em que as plantas de <strong>Mentha</strong> <strong>viridis</strong><br />
foram submetidas. Enquanto as demais variáveis<br />
analisadas não apresentaram diferença estatística.<br />
________________<br />
1. Aluna da Faculdade de Agronomia - FAEM - Universidade Federal de Pelotas, Bolsista de Iniciação Científica - Laboratório de Cultura de<br />
Tecidos de Plantas - Departamento de Botânica, Instituto de Biologia da Universidade Federal de Pelotas. Capão do Leão, RS Caixa Postal 354,<br />
CEP 96010-900. E-mail: claudialim@pop.com.br<br />
2. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Fisiologia Vegetal, Departamento de Botânica, Instituto de Biologia da Universidade Federal de<br />
Pelotas.<br />
3. Aluna do Curso de Ciências Biológicas, Instituto de Biologia da Universidade Federal de Pelotas.<br />
4. Professor Adjunto do Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Pelotas.<br />
Apoio financeiro: CAPES e FAPERGS.<br />
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 672-674, jul. 2007
673<br />
A área foliar média, dentre todas as outras variáveis<br />
consideradas, é tida como o fator de resposta mais<br />
importante durante a aclimatização, pois influencia<br />
diretamente no índice de sobrevivência a campo [11].<br />
Para esta variável, houve diferença significativa, e as<br />
maiores médias foram obtidas com o substrato casca de<br />
arroz carbonizada e vermicomposto bovino (Fig.1),<br />
corroborando com os dados obtidos por Almeida et<br />
al.[12] e Ricci et al. [13], que observaram melhores<br />
respostas com vermicomposto bovino, por este<br />
apresentar teor elevado de matéria orgânica.<br />
A combinação com casca de arroz carbonizada e<br />
vermicomposto de búfalo foi a que proporcionou melhor<br />
resultado quanto à massa seca da parte aérea (Fig.1),<br />
diferindo estatisticamente dos demais tratamentos. Essas<br />
informações contestam os dados obtidos por Werritonn<br />
et al. [14] que alcançou maiores médias com húmus fert ®<br />
, por este ser comercial apresenta sua constiuição<br />
corretamente formulada.<br />
Para as variáveis número de folhas e entrenós (Fig. 2)<br />
as maiores médias foram obtidas com o substrato a base<br />
de casca de arroz e vermicomposto de búfalo, apesar de<br />
não apresentar diferença estatística em relação aos<br />
demais tratamentos. Hartmann et al. [15] mencionam que<br />
os principais efeitos dos substratos se manifestam sobre<br />
as raízes, podendo acarretar algumas influências sobre o<br />
crescimento da parte aérea.<br />
O fato da maior massa seca da parte aérea (Fig. 3) ter<br />
sido obtida com o vermicomposto de búfalo pode ser<br />
justificado pela maior produção de folhas e entrenós.<br />
Porém, conforme Costa [16], o número de folhas nem<br />
sempre é um critério adequado para se estimar o<br />
crescimento vegetal, podendo ser muito variável em<br />
relação à idade da planta. Por sua vez, a área foliar revela<br />
a capacidade fotossintética, demonstrando o vigor da<br />
planta e sua capacidade de sobrevivência a campo [8].<br />
Com base nos resultados obtidos, conclui-se que,<br />
substratos combinados com casca de arroz carbonizada,<br />
na proporção 1:1, e vermicompostos oriundos de dejetos<br />
de ruminantes (bovino e búfalo), são mais adequados<br />
para a aclimatização de <strong>Mentha</strong> <strong>viridis</strong>. Enfatizando o<br />
aproveitamento de resíduos da pecuária e agroindústria, a<br />
utilização destes substratos, representa uma possível<br />
solução de problemas econômicos, sociais e ambientais<br />
[17].<br />
Agradecimentos<br />
À Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM), ao<br />
Departamento de Solos, em especial, à Professora Tânia<br />
Beatriz Gamboa Araújo Morcelli, funcionários e seus<br />
orientados por terem cedido gentilmente os<br />
vermicompostos para a realização deste experimento.<br />
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Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 672-674, jul. 2007
Área foliar (cm 2 )<br />
400<br />
350<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
A<br />
B<br />
B B<br />
bovino búfalo capivara<br />
Substratos<br />
suíno húmus fert<br />
B<br />
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 672-674, jul. 2007<br />
Massa seca média da Parte<br />
Aérea (mg)<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
B<br />
A<br />
bovino búfalo capivara<br />
Substratos<br />
suíno húmus fert<br />
Figura 1. Área foliar média (A) e Massa seca média da parte aérea (B) obtidas de plantas de <strong>Mentha</strong> <strong>viridis</strong> após 30 dias de<br />
aclimatização nos diferentes tipos de substratos. As médias foram comparadas estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível<br />
de 5% de probabilidade de erro. * Letras maiúsculas comparam os diferentes tipos de substratos.<br />
Número médio de folhas<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
A<br />
A<br />
A<br />
A A<br />
bovino búfalo capivara<br />
Substratos<br />
suíno húmus fert<br />
A<br />
A<br />
Número médio de entrenós<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
A<br />
A<br />
A<br />
B<br />
B<br />
A A<br />
bovino búfalo capivara suíno húmus fert<br />
Substratos<br />
Figura 2. Número médio de folhas (A) e entrenós (B) obtidos de plantas de <strong>Mentha</strong> <strong>viridis</strong> após 30 dias de aclimatização<br />
nos diferentes tipos de substratos. As médias foram comparadas estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de<br />
probabilidade de erro. Letras maiúsculas comparam os diferentes tipos de substratos.<br />
A B<br />
Figura 3. Plantas de <strong>Mentha</strong> <strong>viridis</strong> após 30 dias de aclimatização nos diferentes substratos<br />
misturados com casca de arroz carbonizada (1:1): Húmus de bovino (A), de búfalo (B), capivara<br />
(C), suíno (D) e Húmus Fert ® C D E<br />
(E).<br />
B<br />
B<br />
B<br />
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