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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />
-se o grau de risco, que passa a ser muito menor do que o<br />
dos barquinhos de Colombo ou de Pedro Álvares Cabral.<br />
No barco, é uma beleza ver o homem flutuar sobre as<br />
incertezas dos mares e rumar para um alto ponto distante.<br />
E esta também é a pulcritude do cavaleiro, quando dá<br />
um grande salto a cavalo.<br />
Mas o cavaleiro tem uma vantagem sobre o marinheiro:<br />
aquele orienta uma coisa viva, mutável, cuja vitalidade<br />
e mutabilidade são governadas por ele. A vitalidade<br />
do cavalo depende de uma espécie de domínio, que eu<br />
chamaria de psicológico, do cavaleiro sobre o cavalo.<br />
O cavaleiro muito ousado dá ousadia ao cavalo; ele<br />
pesa sobre o cavalo, mas ajuda-o a carregar o peso. O cavaleiro<br />
e o cavalo formam, por assim dizer, uma só ousadia,<br />
uma só força, e participam de um só voo.<br />
Nessa fotografia, vemos o que é este voo do cavalo<br />
e, por cima dele, o voo do cavaleiro, de onde vem<br />
a impressão de que quase tudo ali é a alma do cavaleiro.<br />
O cavalo constitui uma massa viva maior do que<br />
o cavaleiro, mas este, porque tem vida humana, possui<br />
mais domínio do que o cavalo. Também o corpo<br />
do cavaleiro ocupa uma matéria viva maior do que<br />
sua cabeça, mas esta tem a direção e, por causa disso,<br />
vale mais do que o corpo. Assim, a parte menor,<br />
onde cintila a inteligência, tem a responsabilidade e<br />
a glória pelo todo.<br />
Faço notar alguns pormenores realmente admiráveis.<br />
Temos três elementos: dois que constituem o cenário,<br />
e um representado pelo cavalo e cavaleiro.<br />
Poder-se-ia dizer que são o contexto e o texto.<br />
O céu da Andaluzia 2 é exatamente assim. Não há,<br />
portanto, embelezamento por meio de efeitos fotográficos.<br />
Se devêssemos imaginar o céu da eternidade,<br />
uma das ideias mais próximas seria essa.<br />
Considerem o campo, a terra. É curioso, mas todas<br />
as coisas têm uma adequação própria. Sou entusiasta<br />
da grama inglesa, cor de esmeralda. Realmente<br />
é uma coisa admirável! Entretanto, se aqui houvesse<br />
essa grama, não daria certo. Essa vegetaçãozinha<br />
tem exatamente a altura que deveria ter; não<br />
deveria ser um chão raso, mas também não poderia<br />
ser uma grande vegetação. Precisava ser assim, para<br />
que, entre este solo e este céu azul, se realizasse este<br />
grande feito, fruto da força de alma.<br />
Analisemos o cavalo. Ele está numa posição em<br />
que a luz bate nele com uma beleza perfeita, e o ilumina<br />
como talvez um artista não pudesse ter imaginado<br />
a iluminação. Notem como as formas do animal<br />
ficam evidenciadas, a musculatura, toda a força de corpo<br />
que faz dele uma espécie de avião de vida, posto nos<br />
ares.<br />
À vista dessa luz, pergunta-se: este é um céu matutino<br />
ou vespertino? A indagação tem certo interesse, porque<br />
em função da resposta pode-se interpretar melhor a cena.<br />
Esta fica mais bonita imaginada de manhã ou à tarde?<br />
Tenho a impressão de que é o céu da manhã. Há uma<br />
vitalidade matutina, uma alegria da natureza toda que<br />
desperta, causando a impressão de existir qualquer coisa<br />
de um desígnio de Deus realizado, no momento em<br />
que o Sol acaba de nascer, as luzes enxotaram as trevas<br />
da noite e o dia começa a dominar tudo. Então o Sol sobe,<br />
o cavalo e o cavaleiro sobem também. Há, portanto,<br />
Duas ascensões simultâneas<br />
Dr. Plinio durante a conferência de 3/11/1990<br />
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