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Revista TOP Marchador - Especial Marcha Picada #02

Revista lançada em julho de 2018 Tudo sobre o Mangalarga Marchador e Marcha Picada www.topmarchador.com

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ossifica suas extremidades (ossos dos membros)<br />

antes dos ossos do tronco (FIGURA 1). A ossificação<br />

das cartilagens epifisárias define a maturidade<br />

de cada segmento ósseo e marca o final do<br />

crescimento dos ossos em comprimento; sendo<br />

os últimos ossos a se solidificarem os discos epifisários<br />

dos corpos vertebrais (coluna) e áreas<br />

de crescimento do coxal (pelve) o que tem sido<br />

citado em cavalos de trote, por muitos autores,<br />

ocorrer na maioria das raças em torno de 4 à 5<br />

anos de idade. No entanto, as apófises espinhosas<br />

das vértebras torácicas, ou seja, a chamada<br />

“ponta da cernelha” em algumas raças mais tardias,<br />

pode continuar crescendo até os sete anos<br />

de idade, mas isso não é regra geral.<br />

Devido a esta variação, tem-se utilizado a avaliação<br />

do período de ossificação da cartilagem epifisária<br />

distal do rádio (FIGURA 2) para liberação do<br />

equino jovem ao trabalho de doma e equitação.<br />

Segundo Lesbre (1930) a epífise distal do rádio<br />

(região distal do antebraço próxima ao joelho- linguagem<br />

zootécnica) se ossifica totalmente aos<br />

três anos e meio. O que deveria ocorrer na maioria<br />

das raças de trote. No entanto, essa idade pode<br />

ser alterada de acordo com a raça, sexo, e muitas<br />

vezes atividade esportiva. Geralmente as maiores<br />

diferenças classificam os animais como de crescimento<br />

rápido ou tardio. Em cavalos Crioulos, o<br />

osso rádio teve sua ossificação aos 25 meses<br />

(LUIZ et al., 2007) já em potras da raça Campolina<br />

o rádio teve fechamento completo aos 30 meses<br />

e 83 dias (SOUZA et al.,2007).<br />

E o que ocorre então com o<br />

Mangalarga <strong><strong>Marcha</strong>dor</strong>?<br />

Durante a Nacional de 2014 tivemos a oportunidade<br />

de avaliar radiograficamente 56 equinos<br />

Mangalarga <strong><strong>Marcha</strong>dor</strong>es de <strong>Marcha</strong> <strong>Picada</strong> classificados<br />

entre os 7 primeiros colocados do campeonato<br />

convencional dos 18 aos 56 meses.<br />

Os animais foram distribuídos em quatro categorias<br />

conforme tipo de competição, idade e sexo:<br />

Categoria I: Animais Puxados, sendo sete fêmeas<br />

(19-29 meses) e sete machos (18-21 meses);<br />

Categoria II: Animais Puxados, sendo sete fêmeas<br />

(30 a 34 meses) e sete machos (22 a 34 meses);<br />

Categoria III: Animais Montados, sendo 7 fêmeas<br />

(41 a 45 meses) e 7 machos (41 a 53meses ) e<br />

Categoria IV: Animais Montados, sendo 7 fêmeas<br />

(54 a 56 meses) e 7 machos (53 a 58 meses). Desta<br />

forma conseguimos ter um panorama inicial do<br />

estagio de ossificação destes animais.<br />

Devido a grande amplitude de faixas etárias<br />

estudas em grupos, foi avaliada a idade exata<br />

para início do fechamento parcial da epífise distal<br />

de radio (classificação B) e constatou-se que<br />

em ambos os gêneros (macho e fêmea) a idade<br />

Imagem radiográfica do membro torácico<br />

esquerdo de três éguas Mangalarga<br />

<strong><strong>Marcha</strong>dor</strong> de <strong>Marcha</strong> <strong>Picada</strong>, em diferentes<br />

idades. Observam-se os segmentos<br />

médio e distal do rádio, os ossos do<br />

carpo e aparte proximal da região metacarpiana.<br />

Notam-se diferentes graus de<br />

fechamento epifisário na região distal do<br />

rádio, sendo estes classificados em cada<br />

uma das imagens radiográficas, como:<br />

A- Aberto; B-Parcialmente Fechado; C-<br />

Totalmente Fechado (BARCELOS, 2016).<br />

inicial do fechamento da cartilagem epifisária<br />

havia sido aos 22 meses (idade dos animais mais<br />

jovens encontrados com fechamento parcial<br />

neste estudo). Já em relação ao fechamento<br />

completo, esse ocorreu em primeiro lugar nas<br />

fêmeas a partir do grupo III (41 a 45m) e depois<br />

nos machos no grupo IV (53 a 58m).<br />

Dessa forma o início da calcificação da região<br />

epifisária em MM de marcha picada competidores<br />

de provas está se iniciando entre 22 a 34<br />

meses, e finalizando, ou seja, calcificação completa<br />

dos 41 aos 58 meses (BARCELOS et al.,<br />

2016), mas esses são dados preliminares, nós<br />

ainda estamos avaliando um número muito<br />

maior de animais de forma a estreitar e confirmar<br />

as faixas etárias. Em breve divulgaremos os<br />

resultados finais com um grupo maior de animais<br />

em ambas as marchas.<br />

É importante observar que essa grande diferença<br />

nos estágios inicial e final poderia ser<br />

estreitada caso avaliássemos mensalmente um<br />

mesmo grupo de animais, de forma a acompanhar<br />

progressivamente o processo de ossificação<br />

em um mesmo equino. No trabalho citado temos<br />

o resultado médio de animais diferentes, avaliados<br />

em um único momento, mas que já nos dá<br />

uma ideia geral do que vem ocorrendo na raça;<br />

mas não individualmente, de acordo com diferentes<br />

tipos de seleção, manejo ou região.<br />

No entanto o que nos causou realmente estranheza<br />

foi a data de início desta ossificação que<br />

variou entre 22 a 34 meses, representando uma<br />

grande variação na idade inicial. Logo animais<br />

muito novos já estariam diminuindo a área principal<br />

de seu crescimento longitudinal. Nossa<br />

maior suposição e preocupação é que o excesso<br />

e/ou determinado “tipo” de treinamento em<br />

animais jovens possa estar antecipando essa calcificação<br />

e desta forma antecipando a maturidade<br />

destes animais, lembrando que isso terá<br />

grande influência no crescimento geral.<br />

Muitos criadores perguntam a respeito de<br />

potros que ganharam muito puxados, mas quando<br />

estavam prestes a se tornar garanhões, infelizmente<br />

não deram altura para registro. Isto<br />

realmente pode ser um problema em animais<br />

em treinamento intenso principalmente quando<br />

de genética (pais) de estatura menor.<br />

O que podemos sugerir é um cuidado maior<br />

com os animais no primeiro ano de vida, no que<br />

se diz respeito principalmente a nutrição e<br />

manejo. Acompanhamento regular do crescimento<br />

destes potros. Lembrar que não só a falta<br />

de nutrição é um problema, mas o excesso também<br />

pode oferecer riscos (potros muito gordos).<br />

E principalmente, garantir a “liberdade”<br />

(manter o animal em pasto ou piquete), pois o<br />

confinamento (baia) é um dos grandes “vilões”<br />

que, além do excesso de exercício, podem estar<br />

relacionados a problemas de crescimento. Vale<br />

lembrar que o exercício quando realizado de<br />

forma saudável (controlada) estimula o crescimento,<br />

por isso, o bom senso deve ser sempre<br />

utilizado. O que a ciência vem mostrando até o<br />

momento é que um exercício ideal para um<br />

potro até os 12 meses de idade seria ficar solto<br />

100% de seu tempo.<br />

Como auxílio complementar, um acompanhamento<br />

radiográfico frequente, principalmente<br />

em animais em início de treinamento (puxado<br />

ou montado), pode servir de balizador para o<br />

aumento ou a diminuição da carga de trabalho.<br />

O conhecimento da época de fechamento da<br />

cartilagem epifisária na raça MM pode vir a contribuir<br />

para melhoria das estratégias de manejo<br />

e treinamento, propiciando um correto desenvolvimento<br />

corporal e bem estar destes animais,<br />

além de servir de auxilio na predição da intensidade<br />

do treinamento, e da sugestão de melhor<br />

momento para início da doma e da equitação.<br />

Acreditamos que de posse desse conteúdo já<br />

consigamos traçar as melhores estratégias para<br />

cuidarmos de nossos potros. Mas vale lembrar que<br />

estes são resultados preliminares. Em breve teremos<br />

o detalhamento de um maior número de avaliações<br />

e com isso ainda melhores condições de<br />

acompanhar o desenvolvimento de nossa tropa.<br />

Kate M. C. Barcelos<br />

Professora de Equideocultura e Julgamento de<br />

Equídeos da Universidade Federal de Goiás<br />

Colaboradora ABCCMM como Técnica de<br />

Registro e Instrutora de Equitação<br />

Katebar.ufg@gmail.com<br />

<strong>TOP</strong><strong><strong>Marcha</strong>dor</strong> • <strong>Marcha</strong> <strong>Picada</strong> | 53

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