13.09.2018 Views

Revista Penha | setembro 2018

O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda algumas curiosidades sobre a Penha de França. Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.

O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda algumas curiosidades sobre a Penha de França.
Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Que outros grandes nomes foram alunos?<br />

Júlio Pomar, José Escada, Mário Cesariny, Cruzeiro<br />

Seixas, tantos outros, muitos ainda vivos,<br />

que aqui tiveram a sua primeira experiência de<br />

vida nas artes plásticas. Muitos deles desenhadores<br />

e gravadores litógrafos, um curso que<br />

veio a ser descontinuado – mas hoje temos o<br />

design de comunicação que tem muito a ver<br />

com essa matriz. Há um contínuo em que a<br />

EAAA marca pela diferença, nomeadamente<br />

no Estado Novo.<br />

Quer relatar alguns casos? Era das poucas<br />

escolas onde o ensino era misto, de rapazes e<br />

raparigas, com irreverência e com uma intervenção<br />

social estética e até política bastante<br />

acentuada. Um dos nossos grandes mestres,<br />

Vítor da Silva, que também foi aluno, relata no<br />

livro ‘Sonhar Não Rima com Fazer’, apoiado<br />

pela Junta de Freguesia, que se projetavam<br />

filmes proibidos para angariar dinheiro para os<br />

alunos viajarem, para beberem cultura.<br />

Quais são as disciplinas centrais da Escola?<br />

O desenho continua a ser a mais importante,<br />

a par do projeto e tecnologias, a vertente prática<br />

do ensino teórico. Uma das ‘parangonas’<br />

da escola é ‘O nosso saber faz-se’. A partir do<br />

fazer, adquirem-se conhecimentos. Até através<br />

do erro. É importante sabermos utilizar o<br />

projeto, os métodos de resolução de problemas,<br />

que acabam por ser a base de tudo.<br />

Há quantos anos está a EAAA na Rua Coronel<br />

Ferreira do Amaral? Desde 1970. Já por aqui<br />

passaram quase 40 mil alunos. Nos anos 70 e<br />

80 ainda se ensinou do 7.º ano ao Secundário.<br />

Agora só Secundário, mas perde-se um pouco<br />

por deixarmos de poder encontrar vocações<br />

precocemente.<br />

Quantos alunos tem a EAAA? Todos os anos abrimos vagas<br />

para cerca de 420 novos alunos, este ano foram 416. No<br />

10.º ano passam seis semanas em seis áreas diferentes, para<br />

depois no 11.º ano poderem optar pela especialização em que<br />

se sentiram mais confortáveis – ou mais felizes. Existe uma<br />

vertente enorme de artes visuais, mas também de audiovisual.<br />

Formamos para a fotografia, para o cinema e vídeo, para a<br />

multimédia…<br />

Quantos ficam de fora? Muitos! Este ano foram 95. Infelizmente,<br />

temos de selecionar. No total temos cerca de 1300<br />

alunos, com um horário das 8h30 às 19h30 – uma carga muito<br />

maior do que a de outras escolas que só têm meio dia de aulas.<br />

Queria também referir que muitas vezes aceitamos alunos<br />

diferentes, não há qualquer tipo de preconceito, ninguém se<br />

mete na vida do outro, ninguém aponta a diferença como uma<br />

coisa negativa. É um enriquecimento da comunidade que se<br />

forma todos os anos.<br />

A inclusão é a uma das matrizes da António Arroio? Exatamente.<br />

E o acolhimento. Aceitamos os alunos de acordo com<br />

a sua realidade, seja física, motora ou afetiva – cada vez mais<br />

os afetos acabam por condicionar as expressões do que é o<br />

indivíduo na sua sexualidade, nas suas vertentes culturais. É um<br />

indivíduo, está cá no mundo, tem direitos e é isso que temos<br />

de aceitar como a matriz de que nunca irei abdicar. O acolhimento<br />

é incondicional.<br />

Passando para as instalações, há quase dez anos que estão<br />

em obras... Do edifício original só existem duas fachadas: a<br />

que dá para a Rua Cristóvão Falcão tem um painel do Mestre<br />

Querubim Lapa – em cujo trabalho tive a sorte de participar.<br />

Inicialmente, a EAAA tinha uma área de 13 mil m2 e quando<br />

as obras finalizarem terá 23 mil m2. Foi um aluno da António<br />

Arroio que fez o projeto, o arquiteto Aires Mateus.<br />

O que são os edifícios inacabados? É o edifício social, adjacente<br />

ao de aulas, que vai ter refeitório, bar bufete, Biblioteca<br />

Escolar/Centro de Recursos, museu com uma galeria de arte e<br />

um pequeno auditório. Recentemente estive no MAAT e tenho<br />

Acha que os alunos deviam chegar aqui mais<br />

cedo? Sim. Não sou a favor de ir buscar crianças<br />

de 3 e 4 anos para os especializar, seja em<br />

arte ou futebol, mas é importante que a partir<br />

das creches se reconheça no ensino artístico<br />

uma resposta a uma vocação que as crianças<br />

começam a revelar. Creio que cada vez mais a<br />

felicidade das pessoas advém de perceberem<br />

onde podem ser melhores a um determinado<br />

nível, que pode ser profissional ou não. Procurar-se<br />

o que se é e não o que se tem. Digo<br />

muitas vezes aos nossos alunos que acima de<br />

tudo têm de ser alunos felizes. E a EAAA tem<br />

vindo a ser cada vez mais uma escola de despiste<br />

de vocações, mas também de percurso<br />

de vida: mudei a minha vida toda por ter vindo<br />

estudar para aqui! E, na altura, só vim para não<br />

estar parado. Há um bichinho, qualquer coisa<br />

que nos mexe. É uma escola que muda a vida<br />

das pessoas para melhor.<br />

3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!