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Estado e vontade coletiva em Antonio Gramsci

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cérebro de funcionar por 20 anos. Na verdade, ele seguiu funcionando na prisão<br />

e continua até hoje, estimulando e fecundando mentes e corações de incontáveis<br />

estudiosos e militantes espalhados pelos quatro cantos do mundo. Assim,<br />

o autor apresenta algumas das tensões político-educativas extraídas desse<br />

debate. Inicialmente, concentra-se no exame nos fundamentos da filosofia da<br />

práxis e do conceito de heg<strong>em</strong>onia, aliado aos de <strong>Estado</strong> ampliado e revolução<br />

passiva, a fim de extrair daí implicações para a compreensão do papel da escola.<br />

Essa, como aparelho de heg<strong>em</strong>onia, concorre para a produção do consenso,<br />

<strong>em</strong> conformidade com os interesses da classe dominante. Mas essa função<br />

reprodutora não esgota as possiblidades dessa instituição, dado seu caráter<br />

histórico e seu atravessamento pelas contradições e disputas presentes na<br />

sociedade civil. Em um segundo momento, o autor analisa a estratégia política<br />

proposta por <strong>Gramsci</strong> para países ocidentais e algumas de suas consequências<br />

educativas. Põe <strong>em</strong> relevo o conceito de guerra de posição e sua importância<br />

para a construção de uma “<strong>vontade</strong> nacional-popular”, capaz de impulsionar<br />

a luta <strong>em</strong>ancipatória. A produção dessa <strong>vontade</strong> nacional-popular requer,<br />

também, uma nova ação educativa que, no plano institucional, se materializaria<br />

na escola unitária, voltada para a formação omnilateral do ser humano e<br />

para a ruptura da heg<strong>em</strong>onia burguesa. Quanto ao método pedagógico, reflete<br />

a mesma tensão, vivenciada pelo partido, entre auto-organização e centralização,<br />

direção e espontaneidade, coerção e consenso. Notam-se nos textos<br />

de <strong>Gramsci</strong>, segundo Gómez, certa inspiração socrática que transparece, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, na recomendação de um “vínculo d<strong>em</strong>ocrático e de reciprocidade”<br />

entre os intelectuais e os subalternos e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, orientações mais<br />

diretivas, como a que indica a repetição sist<strong>em</strong>ática dos argumentos como o<br />

método didático mais eficaz na educação das massas. Essa tensão propiciará<br />

o surgimento de leituras divergentes da pedagogia de <strong>Gramsci</strong>, ora enfatizando<br />

a centralidade do educador, ora a do educando. De todo modo, há que<br />

reconhecer a importância do referencial gramsciano para a ação político-pedagógica<br />

<strong>em</strong>ancipatória.<br />

Percival Tavares da Silva, <strong>em</strong> A práxis da formação política das classes populares,<br />

relata e analisa sua própria experiência político-educativa, à frente da<br />

Escola de Formação Política, um projeto de extensão universitária resultante<br />

de convênio entre a Universidade Federal Fluminense (UFF), por intermédio<br />

do Núcleo de Estudos e Pesquisas <strong>em</strong> Filosofia, Política e Educação (NuFiPE)<br />

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