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JJ MCAVOY-NUNCA ME DEIXE

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que estava dizendo.<br />

— Quais são as minhas chances com a cirurgia? — perguntei. Parecia<br />

que eu estava me ouvindo falar, como uma experiência extracorpórea. Eu estava<br />

entorpecido.<br />

— O primeiro estágio do câncer pancreático A1 significa que está<br />

completamente dentro do pâncreas e tem mais ou menos dois centímetros de<br />

tamanho. A taxa de sobrevivência para pessoas com este tipo de câncer é de<br />

cerca de vinte e sete por cento, no entanto, ainda precisamos fazer mais exames<br />

e...<br />

Tudo depois dos “vinte e sete por cento” parecia um ruído ao fundo.<br />

Fiquei esperando para acordar, para que esse pesadelo acabasse, para ir para casa<br />

ficar com Luella e Alaric.<br />

Porra. O que eu ia dizer a eles?<br />

O que eu ia dizer para Alaric? Quantas vezes ele me implorou para não<br />

ficar doente? Mas eu não sentia nada. Eu me sentia bem. Não conseguia<br />

entender. Então como poderia esperar que um garotinho entendesse? E quanto a<br />

Luella? Outro Rhys-Gallagher doente. Ela teve que tomar conta de Donovan e<br />

agora precisa cuidar de mim também? Que tipo de vida era essa? Que tipo de<br />

destino era esse? Destino existia mesmo? Quando ela descobrisse, desmoronaria,<br />

e tudo que eu conseguia enxergar era ela e Alaric chorando. Eu estava causando<br />

sofrimento a eles. Queria que eles experimentassem só alegria, e eu ia<br />

acrescentar mais dor ao que já viveram. Eu tinha vinte e sete por cento de chance<br />

de estar aqui, com eles, vivo, por cinco anos. Então, se eu tivesse sorte, veria<br />

Alaric chegar aos dez anos? Mas e se eu não tivesse sorte? Poderia morrer dentro<br />

de meses.<br />

Durante todos esses anos, lutei para ser saudável, para evitar os erros que<br />

minha família cometeu e, ainda assim, eu ia morrer jovem? Talvez sejamos<br />

simplesmente amaldiçoados. Talvez não fosse para nós envelhecermos. Mas eu<br />

queria. Queria tanto crescer com ela, com eles.<br />

— Sr. Rhys-Gallagher, chegamos.<br />

Olhei de relance para fora do carro e vi o prédio de apartamentos de<br />

Luella e Finnick me observou atentamente, mantendo a porta aberta. Como é que<br />

vim parar aqui dentro? Quando foi que saí do hospital?<br />

— Obrigado — sussurrei, saindo.<br />

— Desculpe, senhor, mas você está bem?<br />

— Não se preocupe com o amanhã, Finnick.<br />

— Boa noite, senhor — respondeu ele, e eu apenas assenti, subindo as<br />

escadas. Digitei o código para entrar e a porta da frente abriu.<br />

Subindo as escadas, não sabia o que fazer ou dizer. Tentei pensar no que

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