26.01.2019 Views

JJ MCAVOY-NUNCA ME DEIXE

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

nossa família nos Hamptons, e não no New York General.<br />

— E como eu deveria te olhar? — respondi, mudando de posição na<br />

cadeira.<br />

— Não sei, mas não assim. — Ele abaixou a cabeça, olhando para as<br />

mãos. — Já estou sentindo dor demais. Não consigo suportar você bravo<br />

comigo.<br />

— Não estou bravo...<br />

— Está sim. Posso sentir. Sempre fui capaz de sentir o que você sente,<br />

Dorian. Não perca tempo mentindo para mim agora. Além disso, é falta de<br />

educação mentir para um homem à beira da morte.<br />

Então não morra.<br />

Se ele soubesse como eu me sentia, se soubesse como eu sempre me<br />

senti, desde que éramos crianças, por que estava me deixando? Por que estava<br />

dizendo adeus para sempre?<br />

— Dorian...<br />

— Você está certo — sussurrei, piscando as lágrimas. — Estou com<br />

raiva, Don. Estou puto pra caralho. E magoado. E frustrado. Mas posso sentir<br />

todas essas coisas e ainda amar você. Eu o amo tanto, irmão, que eu gostaria de<br />

lhe dar o meu fígado. Você é a única família que eu tive.<br />

Ele sorriu, lutando contra as próprias lágrimas.<br />

— Estou feliz por não ter dado, porque eu também acabaria com ele. E<br />

você só é dois minutos mais velho.<br />

— Continuo sendo o mais velho.<br />

Eu não tinha mais forças para falar isso em tom de brincadeira como<br />

costumava. Isso não era engraçado. Era uma tragédia. Tínhamos todo o dinheiro<br />

do mundo e se havia alguma coisa que eu pudesse fazer ou comprar, teria ido<br />

atrás. Nós éramos compatíveis, poderia ter sido um doador. Teria dado a ele<br />

qualquer coisa que precisasse. Mas era tarde demais. Muitos de seus órgãos<br />

estavam falhando, ele estava além da minha salvação. Todo o seu corpo estava<br />

simplesmente morrendo, e nada poderíamos fazer além de deixá-lo morrer. Por<br />

quê? Não dava para entender! Por quê?<br />

— Sinto muito. — Sua voz falhou ao tentar falar e, com a mão<br />

esquelética, cobriu a minha.<br />

Tudo que pude fazer foi fitá-lo. Era como se eu estivesse me vendo<br />

morrer. Pegando a sua mão, apertei gentilmente. Não disse nada. O que eu podia<br />

dizer? Não tinha palavras. Só sentia essa dor profunda na garganta. Não era uma<br />

ardência excruciante, parecia que tinha um pedaço de madeira queimando<br />

lentamente.<br />

— A gente precisa falar do funeral.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!