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JJ MCAVOY-NUNCA ME DEIXE

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sentindo dor.<br />

— Podemos conversar durante o jantar? — pediu.<br />

Eu não queria. Olhar para ele doía. Trazia muitas lembranças para mim,<br />

mas tão pouco podia sair. Ele era o cliente.<br />

Fiz que sim com a cabeça, seguindo-o até a sala de jantar, que também<br />

tinha vista para a cidade. Ele puxou a cadeira ao lado da sua para mim.<br />

— Obrigada. — Coloquei o guardanapo no colo.<br />

— De nada. — Ele se sentou.<br />

Na mesa havia de tudo, de lagosta a sopa, como um banquete.<br />

— Não sabia do que você gosta. Por favor, coma o quanto quiser ou<br />

pouco.<br />

— Ou pouco? — Olhei para ele, mas essa era uma péssima ideia. No<br />

momento em que seus olhos encontraram os meus, afastei o olhar e peguei<br />

minha colher.<br />

— Não quero que se sinta pressionada a comer.<br />

Tradução: ele estava tentando ser atencioso?<br />

Com um suspiro, aceitei e me concentrei na sopa.<br />

— Você disse que queria conversar?<br />

— Luella... Argh... — Ele colocou os cotovelos sobre a mesa. — Tinha<br />

todo um discurso planejado. Ensaiei até. Na verdade, posso ver palavra por<br />

palavra na cabeça, mas não consigo dizer nada. Isso é constrangedor.<br />

Concordei com a cabeça, me obrigando a olhar para ele.<br />

— O que, exatamente, é constrangedor? A parte em que pagou para ficar<br />

comigo por uma semana ou ser idêntico ao meu ex-namorado? Ou talvez por<br />

termos transado uma vez. Não sei dizer. Tudo em mim diz para eu fugir.<br />

Ele parecia quase em estado de agonia, enfiou a mão no bolso e tirou um<br />

cartão preto, colocando-o na minha frente.<br />

— Abri um conta sem limite para você. Seja lá as dívidas que tiver,<br />

pague-as no final da semana com isso e, se quiser, pode ir para onde desejar. Se<br />

preferir, posso depositar o dinheiro na sua conta.<br />

Peguei o cartão. Aqui estava aquilo que sonhei: paz, o bilhete premiado,<br />

meu ticket de saída do inferno. E me incomodou tocá-lo por diversas razões.<br />

Porque ele, automaticamente, me fez pensar em perigo. Nada neste mundo era<br />

livre. Ninguém era gentil a troco de nada. Então aquilo significava que havia um<br />

preço. Eu já estava atolada até o pescoço. Não precisava dever a ele, também.<br />

— Por quê? — perguntei lenta e suavemente. — Por que diabos quer me<br />

ajudar? Não pode ser por causa do Don. Ele disse que não estavam mais se<br />

falando.<br />

Não sabia nada a respeito do irmão de Don, além de serem gêmeos que

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