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sentindo dor.<br />
— Podemos conversar durante o jantar? — pediu.<br />
Eu não queria. Olhar para ele doía. Trazia muitas lembranças para mim,<br />
mas tão pouco podia sair. Ele era o cliente.<br />
Fiz que sim com a cabeça, seguindo-o até a sala de jantar, que também<br />
tinha vista para a cidade. Ele puxou a cadeira ao lado da sua para mim.<br />
— Obrigada. — Coloquei o guardanapo no colo.<br />
— De nada. — Ele se sentou.<br />
Na mesa havia de tudo, de lagosta a sopa, como um banquete.<br />
— Não sabia do que você gosta. Por favor, coma o quanto quiser ou<br />
pouco.<br />
— Ou pouco? — Olhei para ele, mas essa era uma péssima ideia. No<br />
momento em que seus olhos encontraram os meus, afastei o olhar e peguei<br />
minha colher.<br />
— Não quero que se sinta pressionada a comer.<br />
Tradução: ele estava tentando ser atencioso?<br />
Com um suspiro, aceitei e me concentrei na sopa.<br />
— Você disse que queria conversar?<br />
— Luella... Argh... — Ele colocou os cotovelos sobre a mesa. — Tinha<br />
todo um discurso planejado. Ensaiei até. Na verdade, posso ver palavra por<br />
palavra na cabeça, mas não consigo dizer nada. Isso é constrangedor.<br />
Concordei com a cabeça, me obrigando a olhar para ele.<br />
— O que, exatamente, é constrangedor? A parte em que pagou para ficar<br />
comigo por uma semana ou ser idêntico ao meu ex-namorado? Ou talvez por<br />
termos transado uma vez. Não sei dizer. Tudo em mim diz para eu fugir.<br />
Ele parecia quase em estado de agonia, enfiou a mão no bolso e tirou um<br />
cartão preto, colocando-o na minha frente.<br />
— Abri um conta sem limite para você. Seja lá as dívidas que tiver,<br />
pague-as no final da semana com isso e, se quiser, pode ir para onde desejar. Se<br />
preferir, posso depositar o dinheiro na sua conta.<br />
Peguei o cartão. Aqui estava aquilo que sonhei: paz, o bilhete premiado,<br />
meu ticket de saída do inferno. E me incomodou tocá-lo por diversas razões.<br />
Porque ele, automaticamente, me fez pensar em perigo. Nada neste mundo era<br />
livre. Ninguém era gentil a troco de nada. Então aquilo significava que havia um<br />
preço. Eu já estava atolada até o pescoço. Não precisava dever a ele, também.<br />
— Por quê? — perguntei lenta e suavemente. — Por que diabos quer me<br />
ajudar? Não pode ser por causa do Don. Ele disse que não estavam mais se<br />
falando.<br />
Não sabia nada a respeito do irmão de Don, além de serem gêmeos que