Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Concordei com a cabeça, levantando junto com ela.<br />
— Louden, te vejo daqui a quatro anos! — Luella acenou para o homem<br />
atrás do balcão, só que agora muito mais ocupado do que antes.<br />
— A porta está sempre aberta! — Ele piscou para ela.<br />
Ela balançou a cabeça, mas não disse mais nada, não que fosse capaz<br />
com a música. Nós saímos, e eu acenei para um táxi, segurando a porta aberta<br />
para ela entrar quando parou no meio-fio. Assim que me sentei, senti meu<br />
celular vibrar. Peguei-o do bolso e vi quatro chamadas não atendidas da Goldie,<br />
além de outras nove de acionistas e, por último, um lembrete do hospital. Deletei<br />
tudo e recostei-me no assento. Torcia para que por um dia, só um dia,<br />
pudéssemos ser apenas uma família normal. Mas quanto mais nós ríamos, e<br />
quanto mais eu a via e Alaric sorria e falava, menos queria contar a ela. Não<br />
queria destruir tudo. Com a gente.<br />
Tantas coisas passaram pela minha cabeça.<br />
Não dizer nada a eles.<br />
Mentir e sair para fazer o tratamento.<br />
Não fazer o tratamento e passar os últimos meses que eu tinha vivendo<br />
como fizemos hoje.<br />
Ficar longes deles.<br />
Não falar por mais alguns dias.<br />
Eu pensei nisso tudo. Então ela disse aquelas três palavras. Disse que me<br />
amava, e foi como se ela me puxasse de volta para ela.<br />
— A porta — disse ela, me pedindo ajuda quando voltamos para o<br />
prédio. Segurei a porta aberta para ela entrar e a segui pelas escadas, em direção<br />
à porta da frente. — Vou trocar a roupa dele e o deixarei dormir um pouco. Você<br />
deveria se trocar, também.<br />
Eu olhei para a minha camisa enrugada e úmida. Indo para o banheiro<br />
dela, tirei a camisa e parei para olhar meu reflexo no espelho.<br />
Como podia estar doente?<br />
Eu não sentia nada de errado!<br />
Não parecia doente!<br />
Tentei falar, mas minha garganta ardia, tudo doía. Queria fugir disso, mas<br />
para onde eu podia ir quando meu próprio corpo estava me atacando?<br />
— Droga! — gritei, descontando no espelho à minha frente sem pensar.<br />
A força do meu soco o estilhaçou, e o vidro cortou meu punho. — Mas que<br />
idiota — murmurei sozinho, puxando minha mão para trás e me abaixei para<br />
procurar qualquer coisa que pudesse parar o sangramento.<br />
— Dorian!<br />
Antes que eu tivesse a chance de piscar, Luella estava no banheiro, com