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Jornal Paraná Maio 2019

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Jacarezinho<br />

investe em<br />

cultura e educação<br />

Página 8


OPINIÃO<br />

A guerra do açúcar<br />

Apesar de ser responsável por 1/4 da produção global,<br />

o Brasil já não detém o monopólio do comércio<br />

EDUARDO LEÃO<br />

DE SOUSA (*)<br />

Acidade de Salvador<br />

ainda não havia<br />

amanhecido quando<br />

uma potente esquadra<br />

composta por 26 navios e 500<br />

canhões iniciava o que seria o<br />

maior conflito político-militar da<br />

era colonial brasileira. Aquele 9<br />

de maio de 1624 marcaria o<br />

início das chamadas invasões<br />

holandesas, que tinham como<br />

principal objetivo garantir o<br />

controle da produção e o monopólio<br />

da comercialização do<br />

açúcar à então poderosa Companhia<br />

Holandesa das Índias<br />

Ocidentais, multinacional controlada<br />

pelo governo holandês.<br />

A invasão, que posteriormente<br />

se estendeu para Pernambuco,<br />

a maior província produtora de<br />

açúcar naquele período, como<br />

se sabe, não durou muito<br />

tempo. Em 1654, os holandeses<br />

eram expulsos do nosso<br />

país.<br />

Quatro séculos se passaram e<br />

o Brasil já não detém o monopólio<br />

do comércio do açúcar,<br />

apesar de ainda ser o mais<br />

competitivo do mundo, responsável<br />

por 1/4 da produção global<br />

(38,6 milhões de toneladas<br />

no ciclo 2017/2018) e quase<br />

metade de todo o comércio<br />

(27,8 milhões de toneladas).<br />

O curioso é que, após todos<br />

estes séculos, o açúcar continua<br />

um dos produtos com<br />

maior intervenção governamental<br />

do planeta. A guerra se<br />

dá não mais pelo controle do<br />

comércio, mas pela proteção e<br />

pesados subsídios ao produto<br />

nos mais de cem países produtores.<br />

Por sua vez, o combate,<br />

outrora por meio de canhões,<br />

atualmente se trava nos órgãos<br />

de solução de controvérsias da<br />

Organização Mundial do Comércio<br />

(OMC).<br />

Grandes países produtores de<br />

açúcar, mas que são importadores<br />

líquidos, oferecem incentivos<br />

expressivos à produção<br />

local e criam diversas formas<br />

de barreiras para proteger seus<br />

produtores. É o caso de EUA,<br />

Europa e China. Os três juntos<br />

consomem cerca de 45 milhões<br />

de toneladas ao ano, o<br />

que corresponde a mais de<br />

25% do consumo mundial. No<br />

entanto, e apesar de sua baixa<br />

competitividade na produção,<br />

produzem 80% desse consumo<br />

e importaram apenas<br />

20% de suas necessidades,<br />

por meio da imposição de tarifas<br />

elevadíssimas (que chegam<br />

a ser mais altas que o próprio<br />

valor do produto) e cotas largamente<br />

restritivas.<br />

Por sua vez, os grandes países<br />

exportadores não só oferecem<br />

mecanismos artificiais de apoio<br />

ao produtor doméstico, como<br />

também elevados subsídios às<br />

exportações. Incluem-se aí a<br />

Tailândia e a Índia, que na última<br />

safra exportaram mais de 20%<br />

do comércio mundial, gerando<br />

forte depressão nas cotações<br />

internacionais e penalizando os<br />

países que atuam dentro das<br />

regras de mercado.<br />

Somente nesta última safra a política<br />

indiana foi responsável por um<br />

prejuízo de mais de US$ 1,3 bilhão<br />

aos produtores nacionais.<br />

Particularmente, a política indiana<br />

para o açúcar tem sido<br />

motivo de grande preocupação<br />

para todos os países produtores<br />

e exportadores. Desde o<br />

ano passado, este país tem<br />

oferecido generosos volumes<br />

de apoio aos seus produtores<br />

locais, além de subsídios às<br />

exportações, o que ampliou<br />

ainda mais a queda dos preços<br />

internacionais do produto, atingindo<br />

as menores cotações<br />

dos últimos dez anos. Segundo<br />

estimativas feitas pela União da<br />

Indústria de Cana-de-Açúcar<br />

(Unica), somente nesta última<br />

safra a política indiana foi responsável<br />

por um prejuízo de<br />

mais de US$ 1,3 bilhão aos<br />

produtores nacionais.<br />

O governo brasileiro tem sido<br />

sensível aos apelos do setor<br />

privado e, nos últimos três<br />

anos, já entrou com três painéis<br />

na OMC questionando as<br />

políticas da Tailândia, da China<br />

e, mais recentemente, no final<br />

de fevereiro, da Índia. São<br />

exemplos de como o governo<br />

pode se posicionar em relação<br />

às barreiras comerciais, defendendo<br />

o livre-comércio e a<br />

competitividade do produto<br />

brasileiro.<br />

Já o setor privado também<br />

pode trabalhar numa agenda<br />

positiva e colaborativa, ajudando<br />

países produtores a<br />

buscar alternativas para a<br />

cana-de-açúcar, a exemplo do<br />

programa de etanol brasileiro.<br />

Essa opção pode não só oferecer<br />

uma solução de longo<br />

prazo aos produtores, mas<br />

também permitir equilíbrio e<br />

previsibilidade ao mercado de<br />

açúcar, ao mesmo tempo em<br />

que contribui para o meio ambiente<br />

e a saúde pública nas<br />

grandes cidades.<br />

(*) Diretor Executivo<br />

da Unica.<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SAFRA <strong>2019</strong>/20<br />

Só 19 usinas vão moer no <strong>Paraná</strong><br />

Estado esmagou 35.641.489 toneladas de cana na safra 2018/19, queda de<br />

3,8%, e produziu 2.121.768 toneladas de açúcar e 1,6 bilhão de litros de etanol<br />

Dia 31 de março foi encerrada<br />

oficialmente a<br />

safra 2018/19 de<br />

cana-de-açúcar no<br />

Centro-Sul e começou, no dia 1<br />

de abril, a safra <strong>2019</strong>/20. No<br />

<strong>Paraná</strong>, que tradicionalmente<br />

inicia a retomada da colheita<br />

mais cedo que nos demais estados,<br />

após a parada no final do<br />

ano para manutenção, nove<br />

unidades produtoras já estavam<br />

operando dia primeiro de abril.<br />

No último relatório da Alcopar,<br />

dia 16 de abril, já eram 16 moendo.<br />

Nesta safra, só 19 unidades<br />

irão operar no Estado.<br />

A cooperativa Coopcana, de<br />

Paraíso do Norte, foi a primeira<br />

a retomar a colheita de cana,<br />

dia 18 de fevereiro. Mas, tudo<br />

que foi moído no período foi<br />

computado como da safra<br />

2018/19. Segundo o presidente<br />

da Alcopar, Miguel Tranin, foram<br />

esmagadas 35.641.489 toneladas<br />

de cana, 3,8% a menos que<br />

os 37.047.410 toneladas registradas<br />

no ano safra 2017/18.<br />

Do total esmagado na safra<br />

2018/19, 55,31% da matéria<br />

prima foi destinada para a produção<br />

de etanol e 44,69% para<br />

o açúcar, deixando o mix bem<br />

mais alcooleiro do que normalmente<br />

ocorre no Estado, que<br />

tradicionalmente concentra<br />

seus esforços na produção de<br />

açúcar, mesmo em anos de superávit<br />

mundial da commodity.<br />

Na safra 2017/18, por exemplo,<br />

o mix foi de 41,66% para etanol<br />

e 58,34% para açúcar.<br />

Na safra encerrada, a produção<br />

de açúcar totalizou 2.121.768<br />

toneladas, 27,4% a menos que<br />

as 2.920,682 toneladas da<br />

safra 2017/18. Com relação ao<br />

etanol, foram produzidos 1,6<br />

bilhão de litros, 26,7% a mais<br />

que os 1,264 bilhão do período<br />

anterior. Do total, 515,853 milhões<br />

de litros foram de etanol<br />

anidro, queda de 11% em relação<br />

aos 579,868 milhões de litros<br />

da safra anterior; e 1,085<br />

bilhão de litros de hidratado, aumento<br />

de 58,6% comparado<br />

aos 683,695 milhões de litros<br />

da safra 2017/18.<br />

A quantidade de Açúcar Total<br />

Recuperável (ATR) por tonelada<br />

de cana no acumulado da safra<br />

2018/19 ficou 1,4% abaixo do<br />

observado na safra 2017/18,<br />

totalizando 139,24 kg de ATR/t<br />

de cana, contra 141,25 kg ATR<br />

anteriormente.<br />

A Alcopar ainda não finalizou<br />

sua estimativa da safra<br />

<strong>2019</strong>/20, mas nos últimos<br />

anos, o volume colhido na safra<br />

anterior tem sido o indicativo da<br />

próxima, repetindo os números.<br />

O canavial continua envelhecido<br />

e o percentual de renovação<br />

ficou aquém do considerado<br />

ideal, comenta Tranin.<br />

Até o dia 16 de abril, já na safra<br />

<strong>2019</strong>/20, a moagem foi de<br />

1.475.169 toneladas, 18,5% a<br />

menos comparado com as<br />

1.809.966 toneladas registradas<br />

no mesmo período do ano<br />

safra 2018/19. A produção de<br />

açúcar totalizou 65.487 toneladas<br />

e a de etanol 62 milhões de<br />

litros, sendo 11,2 milhões de<br />

anidro e 50,8 milhões de litros<br />

de hidratado. A quantidade de<br />

ATR por tonelada de cana ficou<br />

0,8% acima do valor observado<br />

na safra anterior, atingindo<br />

118,14 kg de ATR/t de cana.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3


RECUPERAÇÃO JUDICIAL<br />

Pedido da Santa Terezinha<br />

é deferido pela Justiça<br />

Usina tem prazo até o dia 14 de junho para apresentar um plano.<br />

Diretoria diz em nota “estar certa de que transitará pelo processo ainda mais fortalecida”<br />

Opedido de recuperação<br />

judicial da Usina<br />

Santa Terezinha,<br />

com sede em Maringá,<br />

e das outras empresas<br />

que compõem o grupo Usaçucar<br />

foi deferido pela juíza<br />

substituta da 4ª Vara Cível de<br />

Maringá, Roberta Scramim<br />

de Freitas, no último dia 15 de<br />

abril. A usina tem prazo até o<br />

dia 14 de junho para apresentar<br />

um plano de recuperação<br />

judicial “concreto e objetivamente<br />

viável, fundamentado e<br />

documentado, para soerguimento<br />

das empresas, sob<br />

pena de convolação em falência”,<br />

determinou a sentença<br />

judicial.<br />

A Santa Terezinha, que é a<br />

maior usina sucroenergética<br />

do <strong>Paraná</strong> e uma das dez<br />

maiores do país, entrou com<br />

o pedido de recuperação judicial<br />

no dia 22 de março após<br />

um revés nas negociações<br />

com os 18 bancos credores.<br />

A dívida, segundo publicações<br />

na imprensa, é estimada<br />

em R$ 4,49 bilhões, a maior<br />

parte em dólar. A solicitação<br />

de recuperação judicial foi<br />

motivada pelos pedidos de<br />

execução na Justiça feitos<br />

pelo banco Votorantim por<br />

causa dos cerca de R$ 150<br />

milhões devidos ao banco, o<br />

que pegou a empresa paranaense<br />

de surpresa, já que<br />

ela estava prestes a assinar<br />

um acordo de renegociação<br />

dos termos de sua dívida.<br />

Em nota oficial a diretoria da<br />

Usina disse que o objetivo da<br />

medida tomada “é permitir a<br />

continuidades das atividades<br />

operacionais e preservar os<br />

empregos gerados direta e indiretamente,<br />

continuando a<br />

contribuir com o desenvolvimento<br />

socioeconômico em<br />

toda sua área de abrangência”.<br />

Com mais de 11 mil funcionários,<br />

conforme publicações<br />

na imprensa, a Santa<br />

Terezinha está entre as cinco<br />

empresas do agronegócio<br />

brasileiro que mais empregam<br />

e é também a terceira<br />

maior exportadora de açúcar<br />

do país.<br />

A nota emitida pela empresa<br />

ainda aponta que “nos últimos<br />

meses a usina não mediu<br />

esforços na busca de<br />

uma solução amigável com<br />

os credores financeiros. Contudo,<br />

a demora na resolução<br />

da solução negocial e extrajudicial,<br />

adicionado ao cenário<br />

comercial de extrema adversidade<br />

decorrente de uma<br />

contínua deterioração dos<br />

preços do açúcar VHP no<br />

mercado internacional (principal<br />

produto comercializado)<br />

e a quebra da safra de canade-açúcar<br />

ocasionada por intempéries<br />

climáticas, trouxe<br />

impactos severos para a empresa.”<br />

“Certa de que transitará pelo<br />

processo de recuperação Judicial<br />

ainda mais fortalecida,<br />

a usina conta com o apoio de<br />

seus colaboradores e de seus<br />

parceiros que construiu ao<br />

longo de seus mais de 50<br />

anos de atividade”, pontua<br />

ainda a nota da diretoria da<br />

usina.<br />

Segundo publicações na imprensa,<br />

a dívida da usina é<br />

basicamente com bancos e<br />

praticamente não há pagamentos<br />

em atraso com fornecedores<br />

nem impostos<br />

vencidos, e atrasos com credores<br />

trabalhistas são pouco<br />

representativos. Nesse período<br />

em que não realizou<br />

pagamento aos bancos, a<br />

Santa Terezinha manteve<br />

seus investimentos em capital<br />

de giro e em bens de capital.<br />

Além da queda do preço do<br />

açúcar no mercado internacional,<br />

mais a situação gerada<br />

pelo engessamento do<br />

preço da gasolina no governo<br />

PT, as adversidades climáticas<br />

na região de atuação da<br />

usina, no noroeste do <strong>Paraná</strong>,<br />

nos últimos anos e a falta de<br />

renovação dos canaviais, levaram<br />

a redução na oferta de<br />

cana-de-açúcar fazendo com<br />

que três das 11 usinas do<br />

grupo não operassem na<br />

safra 2018/19.<br />

A empresa processou 14 milhões<br />

de toneladas de cana<br />

neste ciclo, mas já chegou a<br />

moer 18 milhões de toneladas<br />

na safra 2016/17. Para a<br />

temporada <strong>2019</strong>/20, iniciada<br />

em abril, a Santa Terezinha<br />

também suspendeu a moagem<br />

na Usina Moreira Sales,<br />

direcionando a cana da região<br />

para a Usina Tapejara. A companhia<br />

ainda tem participação<br />

em dois terminais portuários<br />

(Pasa e Álcool do <strong>Paraná</strong>)<br />

e da CPA Trading.<br />

Dentro do trabalho de reestruturação<br />

financeira que vinha<br />

realizando, a Santa Terezinha<br />

fez mudanças em sua estrutura<br />

de governança para profissionalizar,<br />

sobretudo, a<br />

gestão operacional, contratando<br />

executivos do mercado<br />

e formando clusters de produção,<br />

integrando as atividades<br />

operacionais de usinas<br />

geograficamente próximas,<br />

apontou reportagens publicadas<br />

na imprensa.<br />

Dentro do processo judicial, a<br />

Usina Santa Terezinha e as<br />

outras 28 empresas arroladas<br />

na recuperação judicial vão<br />

precisar apresentar relatórios<br />

mensais com uma série de<br />

informações solicitadas pela<br />

juíza e serão analisados periodicamente<br />

os relatórios<br />

das movimentações financeiras<br />

de cada uma das empresas.<br />

4<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


CLIMA<br />

El Niño vai até a primavera<br />

O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos falou<br />

sobre o assunto no 1° Encontro Sintegração <strong>2019</strong><br />

Num ano totalmente<br />

atípico, sem qualquer<br />

ano análogo, finalmente<br />

o El Niño se<br />

mostra iniciando no outono, o<br />

que é também bastante raro. A<br />

constatação foi feito pelo agrometeorologista<br />

Marco Antonio<br />

dos Santos, sócio-diretor da<br />

Rural Clima no 1° Encontro Sintegração<br />

<strong>2019</strong>, no dia 21 de<br />

março em Maringá (PR), onde<br />

falou sobre “Previsões Climáticas<br />

para a Safra <strong>2019</strong>: El Nino<br />

vem ou não?”.<br />

Marco citou que vários meteorologistas<br />

vinham apostando<br />

desde junho do ano passado na<br />

ocorrência do El Niño, que significa<br />

chuva em quantidade e<br />

qualidade no Sul do Brasil, além<br />

de, principalmente, altas temperaturas.<br />

Entretanto, o que se viu<br />

foram oscilações entre as características<br />

do El Niño e da La<br />

Niña, com estiagens entre o<br />

final do ano passado e início<br />

deste. “Era ano de El Niño, mas<br />

a atmosfera estava respondendo<br />

como La Niña. Só a partir<br />

de fevereiro deste ano é que<br />

o fenômeno se caracterizou<br />

fortemente. Em março tivemos<br />

o que deveria ser o nosso janeiro”,<br />

afirmou.<br />

Segundo Marco, todos os modelos<br />

de previsões climáticas<br />

indicam para um ano de altas<br />

temperaturas e manutenção do<br />

El Niño até a primavera, o que<br />

significa um outono e inverno<br />

chuvosos. Ele alerta, entretanto,<br />

que isso não significa ausência<br />

de geadas. “Em anos de El<br />

Niño, o risco de geadas é<br />

menor, mas nestes anos também<br />

ocorreram geadas mais<br />

intensas porque a massa polar<br />

que consegue romper o bloqueio<br />

também é mais intensa”.<br />

Isso pode significar problemas<br />

para o andamento da colheita<br />

de cana-de-açúcar nas principais<br />

regiões produtoras e<br />

menor concentração de ATR<br />

(Açúcar Total Recuperável) na<br />

cana-de-açúcar no período<br />

normalmente tido como ideal<br />

para a colheita e produção de<br />

açúcar.<br />

O Sintegração <strong>2019</strong>, evento<br />

promovido pela Syngenta em<br />

parceria com a Alcopar, contou<br />

ainda com outras palestras. O<br />

professor doutor Paulo Alexandre<br />

Monteiro de Figueiredo, da<br />

UNESP Dracena/SP, falou sobre<br />

os “Impactos Climáticos na Fisiologia<br />

da Cana-de-açúcar” e<br />

Adriano Mastro, da Syngenta,<br />

comentou sobre “Colletotrichum,<br />

um novo desafio para a<br />

cultura”. A palestra de encerramento<br />

do evento foi sobre os<br />

“Impactos Climáticos no Manejo<br />

do 3º Eixo e sobre como<br />

Minimizar esses Impactos”,<br />

com o pesquisador doutor Marcos<br />

Landell, do IAC de Ribeirão<br />

Preto/SP.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5


DOENÇAS<br />

Cresce e preocupa a ocorrência<br />

de podridão vermelha<br />

O fungo que causa a doença tem entrado direto no tecido das canas com baixo vigor,<br />

e não mais só pelo furo da broca, se tornando um problema muito mais sério<br />

Ofungo Colletotrichum<br />

falcatum, que causa<br />

uma doença conhecida<br />

como podridão<br />

vermelha, é um velho conhecido<br />

dos produtores de canade-açúcar.<br />

Normalmente, o<br />

fungo entra na planta pelo furo<br />

causado pela broca, mas sempre<br />

foi considerado um problema<br />

secundário na cultura.<br />

Nos últimos anos, com o acúmulo<br />

da palha no solo, que<br />

conserva a umidade do solo,<br />

mas serve de abrigo para pragas<br />

e doenças, entretanto, o<br />

fungo vem ganhando importância<br />

se tornando um novo<br />

desafio para a cultura da canade-açúcar.<br />

E o pior, o fungo tem entrado<br />

diretamente no tecido das canas<br />

com baixo vigor, e não<br />

mais somente pelo furo da<br />

broca, se tornando um problema<br />

muito mais sério, segundo<br />

Adriano Mastro, da empresa<br />

Syngenta, que falou sobre<br />

o assunto durante o 1º Sintegração<br />

<strong>2019</strong>, evento promovido<br />

pela empresa em parceria<br />

com a Alcopar.<br />

Citando consultas feitas aos<br />

pesquisadores doutor Álvaro<br />

Sanguino e doutor Modesto<br />

Barreto, Mastro disse que entre<br />

os danos causados pelo fungo<br />

estão a redução na produtividade<br />

em até 30%, redução da<br />

ATR (Açúcar Total Recuperável)<br />

de 10% a 30%, falhas na<br />

brotação da soqueira e canas<br />

usadas como mudas com até<br />

30% de falhas.<br />

Os sintomas são lesões avermelhadas<br />

nas nervuras das folhas,<br />

vasos avermelhados no<br />

interior do entrenó atacado e<br />

murchamento do internódio<br />

atacado, ficando a planta com<br />

vários internódios murchos,<br />

mas com o ponteiro verde, que<br />

é o que diferencia das demais<br />

doenças.<br />

Mastro ressaltou que a preocupação<br />

com a doença pelos<br />

pesquisadores consultados é<br />

porque, aparentemente, todas<br />

as variedades são suscetíveis,<br />

faltando pesquisas a respeito,<br />

e não há alternativas de controle.<br />

Ele comenta que a podridão<br />

vermelha tende a aumentar<br />

muito, já estando presente em<br />

toda a região Centro-Sul e que<br />

tem se comportado de forma<br />

muito agressiva.<br />

Dentre as medidas que ajudam<br />

a amenizar o problema, Mastro<br />

disse que recomendação é antecipar<br />

a safra em áreas com o<br />

problema, já que variedades<br />

colhidas do meio para o final da<br />

safra apresentam os maiores<br />

prejuízos, e reduzir a quantidade<br />

de resíduos da colheita. E<br />

cita o manejo da cigarrinha e<br />

da broca como o mais importante.<br />

Vários trabalhos foram realizados<br />

pela Syngenta com o objetivo<br />

de encontrar uma solução<br />

para o problema e os primeiros<br />

resultados mostram<br />

que um eficiente controle de cigarrinha<br />

e broca não mostrou<br />

uma tendência de menor incidência<br />

da podridão nas nervuras<br />

das folhas, mas diminuiu a<br />

incidência nos colmos.<br />

Também, o controle da cigarrinha<br />

e da broca e mais duas<br />

aplicações de Priori Xtra (acertando<br />

a época de controle para<br />

março e abril) proporcionaram<br />

menor incidência do fungo nas<br />

nervuras das folhas e incremento<br />

de 7 toneladas de cana<br />

em relação a testemunha. Também<br />

concluiu-se que não há<br />

necessidade do aumento da<br />

dose do fungicida, mas que o<br />

time de aplicação é o mais importante.<br />

“No próximo ano devemos<br />

ter resultados mais<br />

efetivos”, finalizou Mastro.<br />

Os sintomas são lesões<br />

avermelhadas nas<br />

nervuras das folhas,<br />

vasos avermelhados<br />

no interior do entrenó,<br />

murchamento e<br />

ponteiro verde<br />

6<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Perfume<br />

DOIS<br />

PONTOS<br />

Biodiesel<br />

Feplana<br />

O Grupo Boticário lançou dois<br />

perfumes que usam etanol de<br />

segunda geração feito a partir<br />

da biomassa em suas fórmulas.<br />

De acordo com o grupo,<br />

em até cinco anos é possível<br />

que a maior parte dos produtos<br />

da empresa seja feita com<br />

álcool de segunda geração,<br />

versão mais verde. A meta da<br />

empresa é liderar um movimento<br />

no setor. A pegada do<br />

etanol celulósico é 35% menor<br />

que a do tradicional.<br />

Etanol em MT<br />

Somente neste ano, Mato<br />

Grosso deve receber mais<br />

de R$ 5 bilhões em investimento<br />

no setor de produção<br />

de etanol. Atualmente, o estado<br />

possui 11 indústrias<br />

que usam a cana de açúcar<br />

e o milho na produção do<br />

biocombustível. A previsão é<br />

que até o final do ano outras<br />

três entrem em operação,<br />

nos municípios em Sorriso,<br />

Unica<br />

Sinop e Campo Novo do Parecis.<br />

Elas vão usar o milho<br />

para produzir etanol. Cada<br />

uma dessas novas indústrias<br />

deve gerar entre 250 a 300<br />

empregos diretos. Mato<br />

Grosso produz 1.850 bilhão<br />

de litros de etanol por ano.<br />

Segundo o setor, esse volume<br />

deve triplicar nos próximos<br />

cinco anos, chegando<br />

a 5 bilhões de litros.<br />

O Presidente do Conselho de Administração da São Martinho,<br />

Marcelo Ometto, assumiu a Presidência do Conselho<br />

Deliberativo da União da Indústria de Canade-Açúcar,<br />

substituindo Pedro Mizutani, completando o<br />

tempo restante do mandato 2018/2020. Com mais de 30<br />

anos de experiência no setor, Ometto é graduado em administração<br />

de empresas pela Universidade de Ribeirão<br />

Preto e tem especialização em administração agrícola pela<br />

Fundação Getúlio Vargas, foi membro do Conselho Consultivo<br />

do Centro de Tecnologia Copersucar, membro do<br />

Conselho de Administração da Santa Cruz S.A. Açúcar a<br />

Álcool e presidente do Conselho de Administração da Nova<br />

Fronteira Bioenergia S.A.<br />

A mistura obrigatória de<br />

11% de biodiesel no diesel<br />

consumido no Brasil deve<br />

ficar para o segundo semestre<br />

deste ano, em mais<br />

um atraso ante as previsões<br />

iniciais, segundo a Associação<br />

Brasileira das Indústrias<br />

de Óleos Vegetais<br />

(Abiove). Foram realizados<br />

45 testes pela indústria automotiva<br />

com o chamado<br />

B15, com 15% de biodiesel.<br />

Do total, três análises apresentaram<br />

"inconformidades<br />

não conclusivas", comprometendo<br />

o cronograma para<br />

misturas intermediárias,<br />

como o B11. A recomendação<br />

da Associação<br />

Nacional dos Fabricantes de<br />

Veículos Automotores contra<br />

o B15 foi feita em fevereiro,<br />

o que resultou em<br />

atraso para a entrada do<br />

B11, prevista para junho.<br />

Ainda assim, aposta que há<br />

espaço para o B11 ainda<br />

neste ano. As principais associações<br />

representativas<br />

do setor - Abiove, Aprobio e<br />

Ubrabio - já divulgaram documento<br />

em que dizem que<br />

um eventual atraso na implantação<br />

do B11 afetaria<br />

todo o cronograma de misturas<br />

e poderia até atrapalhar<br />

o RenovaBio, a nova<br />

política nacional de biocombustíveis.<br />

Ethanol Summit<br />

O Ethanol Summit <strong>2019</strong>,<br />

maior evento do setor sucroenergético<br />

da América Latina,<br />

ocorrerá nos dias 17 e 18 de<br />

junho, na Fecomércio, em<br />

São Paulo. Durante dois dias,<br />

autoridades nacionais e internacionais,<br />

empresários, acadêmicos<br />

e especialistas debaterão<br />

os principais temas<br />

do setor para um público de<br />

cerca de 1.200 pessoas, entre<br />

brasileiros e estrangeiros.<br />

Serão realizados 18 painéis e<br />

quatro plenárias, com temas<br />

como políticas públicas, comércio<br />

internacional, infraestrutura,<br />

bioeletricidade, biocombustíveis<br />

de segunda geração<br />

e inovação, entre outros.<br />

A apresentação será do<br />

jornalista William Waack, que<br />

completa 10 anos no comando<br />

do evento. Essa edição<br />

do Ethanol Summit terá<br />

um espaço inédito exclusivo<br />

para startups focadas no<br />

agronegócio e especificamente<br />

na indústria da canade-açúcar.<br />

O atual presidente da Federação<br />

dos Plantadores<br />

de Cana do Brasil (Feplana).<br />

Alexandre Lima,<br />

foi reconduzido para<br />

mais um mandato durante<br />

Assembleia Geral<br />

Ordinária da entidade. O<br />

dirigente canavieiro, que<br />

foi eleito, junto com os<br />

demais membros da diretoria,<br />

responderá pela<br />

presidência durante o<br />

triênio <strong>2019</strong>/2022.<br />

Dívida<br />

O endividamento das usinas<br />

e destilarias brasileiras<br />

em março deste ano atingiu<br />

R$ 100,05 bilhões, alta de<br />

12,44% sobre igual período<br />

o ano passado, recorde<br />

para o período. A estimativa<br />

é da Archer Consulting. Segundo<br />

a consultoria, a elevação<br />

da dívida do setor<br />

ocorreu pela valorização do<br />

dólar em relação ao real e<br />

representa cerca de R$ 180<br />

por tonelada moída de<br />

cana-de-açúcar.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 7


PROJETO<br />

Usina Jacarezinho investe<br />

em cultura e educação<br />

Serão oferecidas, gratuitamente, aulas de balé e danças urbanas<br />

para crianças e adolescentes matriculados na rede pública de ensino<br />

Oprojeto “Bom de<br />

Nota, Bom de Dança”,<br />

terá seu primeiro<br />

núcleo inaugurado<br />

na cidade de Jacarezinho,<br />

no <strong>Paraná</strong>, neste primeiro<br />

semestre de <strong>2019</strong>, para<br />

beneficiar crianças e adolescentes<br />

do município.<br />

A iniciativa é patrocinada pela<br />

Usina Jacarezinho, através da<br />

lei de incentivo à cultura, e faz<br />

parte do Plano Anual da Associação<br />

Pró-Esporte e Cultura<br />

(APEC).<br />

Segundo Sabrina Mendes,<br />

responsável pela área de responsabilidade<br />

social da empresa,<br />

a ideia central do “Bom<br />

de Nota, Bom de Dança” é<br />

apresentar uma nova perspectiva<br />

de mundo para os<br />

alunos, colocando a dança<br />

como extensão do aprendizado<br />

em sala de aula. “O projeto<br />

atende de forma gratuita<br />

e fornece uniforme e lanche<br />

para as crianças e será de<br />

grande importância, uma vez<br />

que irá oferecer atividades no<br />

contra turno escolar”, ressalta.<br />

Eduardo Zanello, da Associação<br />

Pró-Esporte, conta que o<br />

projeto tem como objetivo estimular<br />

o aluno a buscar<br />

novos desafios e oferecer atividades<br />

que tragam regras e<br />

benefícios que serão fundamentais<br />

para o desenvolvimento<br />

pessoal: “O projeto<br />

não beneficiará somente os<br />

melhores alunos, muito pelo<br />

contrário, será uma grande<br />

oportunidade para que cada<br />

criança e adolescente supere<br />

suas dificuldades a cada dia<br />

e isso reflita no desempenho<br />

escolar”.<br />

Para Eduardo Lambiasi, diretor<br />

Corporativo do Grupo Maringá,<br />

do qual a Usina<br />

Jacarezinho faz parte, projetos<br />

desta forma são garantia<br />

de sucesso, pois investem no<br />

futuro: “Nada melhor que o<br />

esporte e a cultura para colaborar<br />

na formação cidadã de<br />

nossas crianças e adolescentes”.<br />

Além da formação cultural<br />

com as aulas de danças urbanas<br />

e balé, o projeto “Bom<br />

de Nota, Bom de Dança” também<br />

trabalha metodologia de<br />

controle de talentos, incentivando<br />

a frequência e o bom<br />

comportamento escolar. Ao<br />

todo serão beneficiadas cerca<br />

de 70 crianças e adolescentes,<br />

com idade entre sete e 14<br />

anos.<br />

Além da formação cultural, projeto incentiva a<br />

frequência e o bom comportamento escolar<br />

8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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