Allan Kardec - O que é o Espiritismo
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O QUE É O ESPIRITISMO 109<br />
<strong>que</strong> são; o <strong>Espiritismo</strong> tem por objeto estudá-los, a fim de<br />
<strong>que</strong>, por analogia, fi<strong>que</strong>mos sabendo o <strong>que</strong> seremos um dia; e<br />
não para nos fazer conhecer o <strong>que</strong> nos deve ser oculto, ou<br />
revelar-nos as coisas antes do tempo próprio.<br />
Tampouco os Espíritos são leitores da buena-dicha, e<br />
a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> se vangloria de obter deles certos segredos, prepara<br />
para si estranhas decepções da parte dos Espíritos galhofeiros;<br />
em uma palavra, o <strong>Espiritismo</strong> <strong>é</strong> uma ciência de observação, e<br />
não uma arte de adivinhar e especular. Nós o estudamos com<br />
o fim de conhecer o estado das individualidades do mundo<br />
invisível, as relações <strong>que</strong> nos prendem a elas, sua ação oculta<br />
sobre o mundo visível, e não para dele tirar qual<strong>que</strong>r<br />
vantagem material.<br />
Deste ponto de vista, não há Espírito algum cujo<br />
estudo não nos traga alguma utilidade; alguma coisa<br />
aprendemos sempre com todos eles; as suas imperfeições, os<br />
defeitos, a incapacidade, a ignorância mesmo, são outros<br />
tantos objetos de observação, <strong>que</strong> nos iniciam na natureza<br />
íntima desse mundo; e quando eles não nos instruam, nós,<br />
estudando-os, nos instruímos, como fazemos quando<br />
observamos os costumes de um povo desconhecido para nós.<br />
Quanto aos Espíritos esclarecidos, esses nos ensinam muito,<br />
por<strong>é</strong>m sempre nos limites do possível; nunca lhes<br />
perguntemos o <strong>que</strong> eles não podem ou não devem revelar;<br />
contentemo-nos com o <strong>que</strong> nos dizem; <strong>que</strong>rer ir al<strong>é</strong>m <strong>é</strong><br />
sujeitarmo-nos às manifestações dos Espíritos frívolos, sempre<br />
dispostos a falar de tudo. A experiência nos ensina a julgar do<br />
grau de confiança <strong>que</strong> lhes devemos conceder.<br />
Utilidade prática das manifestações<br />
V. — Admitamos <strong>que</strong> a coisa esteja comprovada, o<br />
<strong>Espiritismo</strong> reconhecido como realidade; qual a sua utilidade<br />
prática?<br />
Não se tendo sentido a sua falta at<strong>é</strong> ao presente,<br />
parece-me <strong>que</strong> se podia continuar a dispensá-lo, e viver sem<br />
ele, muito tranqüilamente.