Allan Kardec - O que é o Espiritismo
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O QUE É O ESPIRITISMO 111<br />
mist<strong>é</strong>rios do al<strong>é</strong>m-túmulo, <strong>que</strong> nos devem interessar de algum<br />
modo, visto <strong>que</strong> todos nós, tarde ou cedo, temos de transpor<br />
esse marco fatal?<br />
O <strong>Espiritismo</strong> possui, por<strong>é</strong>m, uma outra utilidade,<br />
mais positiva: <strong>é</strong> a natural influência moral <strong>que</strong> exerce. Ele <strong>é</strong> a<br />
prova patente da existência da alma, da sua individualidade<br />
depois da morte, da sua imortalidade, da sua sorte futura; <strong>é</strong>,<br />
pois, a destruição do materialismo, não pelo raciocínio, mas<br />
por fatos. Não conv<strong>é</strong>m pedir-lhe senão o <strong>que</strong> ele pode dar, e<br />
nunca o <strong>que</strong> está fora dos limites do seu fim providencial.<br />
Antes dos progressos s<strong>é</strong>rios da Astronomia,<br />
acreditava-se na Astrologia. Será razoável dizer-se <strong>que</strong> a<br />
Astronomia para nada serve, por<strong>que</strong> já não se pode encontrar<br />
na influência dos astros o prognóstico do destino?<br />
Assim como a Astronomia destronou os astrólogos, o<br />
<strong>Espiritismo</strong> veio destronar os adivinhos, os feiticeiros e os <strong>que</strong><br />
liam a buena-dicha. Ele <strong>é</strong>, para a magia, o <strong>que</strong> <strong>é</strong> a Astronomia<br />
para a Astrologia, a Química para a Alquimia.<br />
Loucura, suicídio e obsessão<br />
V. — Certas pessoas consideram as id<strong>é</strong>ias espíritas<br />
como capazes de perturbar as faculdades mentais, pelo <strong>que</strong><br />
acham prudente deter-lhes a propagação.<br />
A. K. — Deveis conhecer o prov<strong>é</strong>rbio: “Quem <strong>que</strong>r<br />
matar o cão — diz <strong>que</strong> o cão está danado.”<br />
Não <strong>é</strong>, portanto, estranhável <strong>que</strong> os inimigos do<br />
<strong>Espiritismo</strong> procurem agarrar-se a todos os pretextos; como<br />
este lhes pareceu próprio para despertar temores e<br />
suscetibilidades, empregam-no logo, conquanto não resista ao<br />
mais ligeiro exame. Ouvi, pois, a respeito dessa loucura, o<br />
raciocínio de um louco.<br />
Todas as grandes preocupações do espírito podem<br />
ocasionar a loucura; as ciências, as artes, a religião mesmo,<br />
fornecem o seu contingente. A loucura prov<strong>é</strong>m de um certo<br />
estado patológico do c<strong>é</strong>rebro, instrumento do pensamento;