Allan Kardec - O que é o Espiritismo
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ALLAN KARDEC<br />
tudo, outros, neles só viram demônios; era só por suas palavras<br />
e atos <strong>que</strong> podiam julgá-los.<br />
Suponhamos <strong>que</strong> dentre os desconhecidos habitantes<br />
transatlânticos, de <strong>que</strong> acabamos de falar, uns tenham dito<br />
muito boas coisas, ao passo <strong>que</strong> outros se faziam notar pelo<br />
cinismo da linguagem; ter-se-ia logo concluído <strong>que</strong> entre eles<br />
havia bons e maus.<br />
Foi o <strong>que</strong> aconteceu com os Espíritos; foi assim <strong>que</strong> se<br />
reconheceu entre eles todos os graus de bondade e malvadez,<br />
de saber e ignorância.<br />
Uma vez bem informados acerca dos defeitos e das<br />
boas qualidades <strong>que</strong> entre eles se encontram, cabe à nossa<br />
prudência distinguir o <strong>que</strong> <strong>é</strong> bom do <strong>que</strong> <strong>é</strong> mau, o verdadeiro<br />
do falso em suas relações conosco, absolutamente como<br />
procedemos a respeito dos homens.<br />
A observação não nos esclareceu somente sobre as<br />
qualidades morais dos Espíritos, mas, tamb<strong>é</strong>m, sobre a sua<br />
natureza e sobre o <strong>que</strong> podemos chamar estado fisiológico.<br />
Ficou-se sabendo, por eles mesmos, <strong>que</strong> uns são muito felizes<br />
e outros muito desgraçados; <strong>que</strong> não são seres à parte, de<br />
natureza excepcional e, sim, as almas da<strong>que</strong>les <strong>que</strong> já viveram<br />
na Terra, onde deixaram seu invólucro corpóreo, e <strong>que</strong> hoje<br />
povoam os espaços, nos cercam, nos acotovelam sem cessar, e,<br />
dentre eles, cada qual pode, por sinais incontestáveis,<br />
reconhecer seus parentes e amigos e os <strong>que</strong> conhecera na<br />
Terra; pode-se acompanhá-los em todas as fases de sua<br />
existência de al<strong>é</strong>m-túmulo, desde o instante em <strong>que</strong><br />
abandonam o corpo, e observar sua situação segundo o gênero<br />
de morte e modo pelo qual viveram na Terra.<br />
Enfim, soube-se <strong>que</strong> eles não são entes abstratos,<br />
imateriais, no sentido absoluto da palavra; possuem um<br />
invólucro, a <strong>que</strong> chamamos perispírito, esp<strong>é</strong>cie de corpo<br />
fluídico, vaporoso, diáfano, invisível no estado normal, <strong>que</strong>,<br />
em certos casos e por uma esp<strong>é</strong>cie de condensação ou de<br />
disposição molecular, pode tornar-se momentaneamente<br />
visível e mesmo tangível, e, desde então, ficou explicado o<br />
fenômeno das aparições e do contacto.