Allan Kardec - O que é o Espiritismo
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ALLAN KARDEC<br />
Fenômenos espíritas simulados<br />
V. — Não estará provado <strong>que</strong>, fora do <strong>Espiritismo</strong>,<br />
esses mesmos fenômenos podem produzir-se? E disso não<br />
podemos concluir <strong>que</strong> eles não têm a origem <strong>que</strong> os espíritas<br />
lhes atribuem?<br />
A. K. — Por ser uma coisa suscetível de imitação,<br />
segue-se <strong>que</strong> ela não exista?<br />
Que direis da lógica da<strong>que</strong>le <strong>que</strong> pretendesse, por se<br />
fabricar com água de Seltz vinho de Champanha, ser todo<br />
vinho desta esp<strong>é</strong>cie apenas água de Seltz?<br />
Isto <strong>é</strong> privil<strong>é</strong>gio de todas as coisas <strong>que</strong> apresentam a<br />
possibilidade de engendrar falsificações.<br />
Acreditaram alguns prestidigitadores <strong>que</strong> o nome de<br />
espiritismo, por causa da sua popularidade e das controv<strong>é</strong>rsias<br />
de <strong>que</strong> era objeto, podia servir a explorações, e para atrair a<br />
multidão simularam, mais ou menos grosseiramente, alguns<br />
fenômenos de mediunidade, como já tinham simulado a<br />
clarividência sonambúlica; e todos os gaiatos os aplaudiram,<br />
bradando: Eis aí o <strong>que</strong> <strong>é</strong> o <strong>Espiritismo</strong>!<br />
Quando se mostrou em cena a engenhosa aparição<br />
dos espectros, não se proclamou <strong>que</strong> naquilo recebia o<br />
<strong>Espiritismo</strong> um golpe mortal?<br />
Antes de pronunciar tão positiva sentença, deve-se<br />
refletir <strong>que</strong> as asserções de um escamoteador não são palavras<br />
de um evangelho, e certificar se há identidade real entre a<br />
imitação e a coisa imitada.<br />
Ningu<strong>é</strong>m compra um brilhante sem primeiro estar<br />
convencido de não ser uma pedra d'água.<br />
Um estudo, mesmo pouco acurado, tê-los-ia<br />
certificado de serem completamente outras as condições em<br />
<strong>que</strong> se dão os fenômenos espíritas; eles, al<strong>é</strong>m disso, ficariam<br />
sabendo <strong>que</strong> os espíritas não se ocupam de fazer aparecer<br />
espectros nem de ler a buena-dicha.<br />
Só a malevolência e uma rematada má-f<strong>é</strong> puderam<br />
confundir o <strong>Espiritismo</strong> com a magia e a feitiçaria, quando