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Allan Kardec - O que é o Espiritismo

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O QUE É O ESPIRITISMO 99<br />

dependência de vontade estranha à do m<strong>é</strong>dium, e de lhe poder<br />

ela, no momento preciso, deixá-lo em falta, salvo se ele a<br />

suprir pela astúcia.<br />

Por<strong>é</strong>m, admitindo mesmo inteira boa-f<strong>é</strong>, desde <strong>que</strong> os<br />

fenômenos não se produzem à vontade, seria puro acaso se, em<br />

sessão paga, se produzisse exatamente a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> desejávamos<br />

ver para nos convencermos.<br />

Dai cem mil francos a um m<strong>é</strong>dium e não<br />

conseguireis <strong>que</strong> ele obtenha <strong>que</strong> os Espíritos façam o <strong>que</strong><br />

não <strong>que</strong>rem; essa dádiva, <strong>que</strong> viria desnaturar a intenção e<br />

transformá-la em violento desejo de lucro, seria antes um<br />

motivo para <strong>que</strong> ele fosse mal sucedido. Quando se está<br />

bem compenetrado desta verdade — <strong>que</strong> a afeição e a<br />

simpatia são os mais poderosos móveis de atração para os<br />

Espíritos —, não se pode deixar de compreender <strong>que</strong> não<br />

lhes agradam as solicitações de algu<strong>é</strong>m <strong>que</strong> tenha a id<strong>é</strong>ia<br />

de servir-se deles para ganhar dinheiro.<br />

A<strong>que</strong>le, pois, <strong>que</strong> precisa de fatos <strong>que</strong> o convençam,<br />

deve provar aos Espíritos sua boa-vontade por uma observação<br />

s<strong>é</strong>ria e paciente, se deseja ser auxiliado; pois se <strong>é</strong> uma verdade<br />

<strong>que</strong> a f<strong>é</strong> não se impõe, não o <strong>é</strong> menos, <strong>que</strong> se não pode<br />

comprá-la.<br />

V. — Compreendo esse raciocínio do ponto de vista<br />

moral; entretanto, não <strong>é</strong> justo <strong>que</strong> a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> emprega seu<br />

tempo, a bem da causa, não seja indenizado quando esse<br />

tempo <strong>é</strong> roubado ao trabalho de <strong>que</strong> precisa para viver?<br />

A. K. — Primeiro: será mesmo no interesse da causa<br />

<strong>que</strong> ele o faz, ou no seu próprio?<br />

Se ele deixou seu modo de vida, <strong>é</strong> por<strong>que</strong> não lhe<br />

satisfazia, e por esperar ganhar mais, em um novo, ou ter<br />

menos fadigas. Não há sacrifício algum no empregar o tempo<br />

em uma coisa de <strong>que</strong> se espera tirar lucro. É absolutamente o<br />

mesmo <strong>que</strong> se se dissesse ser no interesse da Humanidade <strong>que</strong><br />

o padeiro fabrica o pão. A mediunidade não <strong>é</strong> o único recurso;<br />

se ele não a tivesse, procuraria ganhar a vida de outro modo.

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