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artigo<br />
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<br />
Por: Ricardo L. Casiuch<br />
Faz. Campos do Pinhão –<br />
Pindamonhangaba (SP)<br />
Oinício do contato com o cavalo Mangalarga<br />
<strong>Marchador</strong> se deu nos primeiros anos da<br />
década 70, quando seu pai – Mathusalem<br />
Boris Casiuch (sócio nº 0748-0 da ABCCMM) – adquiriu<br />
uma área rural em Sacra Família do Tinguá (RJ).<br />
Essa área tinha o nome de Sítio do Cavalo Doido e,<br />
coincidentemente, era localizada próximo de grandes<br />
criatórios que naquele momento estavam evoluindo na<br />
raça Mangalarga Machador, tais como a Fazenda<br />
Paraíso, do Dr. Hélio Belo Cavalcanti (Criatório ‘HB’); o<br />
Sítio Jequitibá, de D. Maria Irene Reis (Criatório<br />
‘Jequitibá’); e o Sítio Areté, de José Joaquim Schmidt<br />
(Criatório ‘Tinguá’). Próximo a Sacra Família do Tinguá<br />
localizava-se também o célebre Criatório ‘Gironda’, do<br />
afamado Júlio Avelino de Oliveira & filhos, o qual exercia,<br />
já naquele tempo, muita influência na região.<br />
Nas verdes serras fluminenses, Ricardo iniciou o<br />
convívio com os cavalos, e todos os finais de semana ia<br />
para o haras. Seu pai adquiriu algumas éguas por volta<br />
de 1973/74, sendo que algumas vieram da Usina<br />
Barcellos - Fazenda do Palacete, que se situa na cidade<br />
de Campos (RJ), sendo todas essas matrizes descendentes<br />
de Gás Canadá e Herdade Cosmo (Seta Caxias x<br />
Herdade Tiroleza). E mais algumas éguas foram adquiridas<br />
ali em Sacra Família do Tinguá, do amigo Dr. Hélio<br />
Bello Cavalcanti, descendentes de Caxambu Folião<br />
(Caxambu Cobre x Caxambu Regata).<br />
Por volta desses primeiros anos da década de 70,<br />
Casiuch foi pela primeira vez ao Sul de Minas e, de pronto,<br />
conheceu o criador José Márcio Carvalho Leite, dono<br />
do sufixo ‘Caxambu’, que se tornou, ao longo dos tempos,<br />
um de seus mestres na raça Mangalarga <strong>Marchador</strong>.<br />
Conheceu também o criador Francisco Walder Ferreira,<br />
da Fazenda Araújo, em Minduri (MG) – Criatório ‘Ara’,<br />
que também lhe passou sólidos ensinamentos. Casiuch,<br />
naquele momento, lá adquiriu um potro tordilho, que<br />
logo se tornou reprodutor no ‘Cavalo Doido’ – o Ara<br />
Cirimbó (Ara Teatro x Ara Maringá) – Campeão Estadual<br />
de Marcha – Cordeiro (RJ) – 1981.<br />
Ainda na década de 70, nos seus primeiros anos de<br />
contato com a raça Mangalarga <strong>Marchador</strong>, aos finais de<br />
semana, Ricardo sempre procurou viajar e distinguir<br />
criatórios da região da Zona da Mata, do Rio de Janeiro,<br />
ou da região do Sul de Minas e, assim, veio a conhecer<br />
de perto reprodutores e éguas que se tornaram marcantes,<br />
verdadeiros ícones da raça, os quais apelidou de<br />
‘cavalos da galeria de cima’, tais como Trevo da<br />
Gironda, Atrevido da Gironda, Herdade Cadillac,<br />
Herdade Jupiá, Tabatinga Predileto, Ara Valsa e<br />
Herdade Música, entre outros. Desta forma, foi lentamente<br />
absorvendo conhecimento crítico para formar o<br />
seu ideal do cavalo Mangalarga <strong>Marchador</strong>.<br />
Ao se formar engenheiro agrônomo na Universidade<br />
Federal Rural do Rio de Janeiro (Km 47), Casiuch trabalhou<br />
no campo, para empresas do segmento de<br />
defensivos agrícolas, e ali manteve contato próximo<br />
com diversos criadores. Em uma de suas visitas aos<br />
haras próximos do interior do Rio e da Zona da Mata,<br />
recebeu o convite de um diretor da ABCCMM para se<br />
tornar técnico de registro da entidade, pois era uma<br />
pessoa sempre presente em exposições agropecuárias<br />
e tinha bastante contato com criadores da raça, além de<br />
já participar da organização dos eventos agropecuários<br />
fluminenses ao lado do mestre Mário Ribeiro Estrêla. O<br />
então presidente da ABCCMM, Dr. Aristides Mário<br />
Rache Ferreira, realizou o convite formal a Ricardo,<br />
que, a partir daí, matriculou-se no curso para ingressar<br />
oficialmente como técnico de registro genealógico da<br />
entidade. Isso ocorreu por volta de 1984.<br />
Nesse mesmo ano de 1984, Casiuch realizou seu primeiro<br />
leilão como comentarista de leilões, trabalhando<br />
com a interpretação das genealogias e andamentos dos<br />
animais, sempre no intuito de melhorar a informação e<br />
intensificar a venda dos lotes que estavam no pregão,<br />
tendo atingido, em muitos desses eventos, o aproveitamento<br />
de 100% de venda, com recordes de preços e<br />
presença constante de público ávido por informações<br />
zootécnicas e de pedigrees. Em vários desses eventos,<br />
trabalhou lado a lado com famosos leiloeiros rurais, tais<br />
como Djalma Barbosa de Lima, José Ailton Pupio, João<br />
Antônio Gabriel, Heitor Lambertucci, Rodrigo Costa,<br />
Nilson Genovesi e muitos outros. De cada um deles,<br />
absorveu ensinamentos que carrega por toda a vida.<br />
No final da década de 80, Casiuch adquiriu um potro<br />
castanho, filho de Herdade Cadillac x Olinda JG, de<br />
nome Ringo HB, do Criatório ‘HB’ do Dr. Hélio Bello<br />
Cavalcanti, uma pessoa que se tornou ainda mais próxima<br />
e amiga. Hélio Bello tinha um grande carinho por<br />
Ricardo. Tornou-se seu padrinho de casamento e, por<br />
ele ter demonstrado sempre muita paixão e conhecimento<br />
sobre a raça e o cavalo Mangalarga <strong>Marchador</strong>,<br />
pediu para que ele desse continuidade ao Criatório<br />
‘HB’ quando da venda de sua propriedade e liquidação<br />
quase total de seu afamado plantel.<br />
Assim, Ricardo recebeu por herança a responsabilidade<br />
de manter, e de fazer evoluir, o sufixo ‘HB’, além<br />
de consolidar uma linha viva de coerência aos ensinamentos<br />
do Dr. Hélio Bello, tendo como meta principal<br />
preservar acesa, e bem viva, a memória do semental<br />
Herdade Cadillac (Seta Caxias x Herdade Alteza), o<br />
garanhão que fez história na raça e nesse criatório.<br />
Deste modo, Ricardo deu continuidade ao Criatório<br />
‘HB’, conduzindo os trabalhos com o cavalo<br />
Mangalarga <strong>Marchador</strong> na cidade de Pindamonhangaba<br />
(SP), tendo a tropa renovada, evoluída, e com alguns<br />
outros sangues que a sustenta, mas sempre pautada na<br />
origem de Herdade Cadillac.<br />
Ricardo Casiuch, além de criador e historiador da<br />
raça Mangalarga <strong>Marchador</strong>, tornou-se um diligente<br />
escritor, sendo seu primeiro livro, Cocheira Nobre, lançado<br />
em 1989. O segundo lançamento ocorreu em<br />
1997, com o título de O Romance da Raça, uma obra<br />
que levou seis anos para ser escrita, com muita informação,<br />
e sendo considerado uns dos bons livros de<br />
conteúdo histórico e documental da raça.<br />
Logo depois, teve a oportunidade de escrever os<br />
Anuários da Raça, sendo dois de garanhões e dois de<br />
matrizes, projetos de sucesso constituídos de valiosas e<br />
ricas informações, arquivos, histórias, todos guardados<br />
nos escaninhos e gavetas perdidas nas fazendas de criação<br />
do Sul de Minas, Zona da Mata, Norte de Minas e<br />
Alta Mogiana (em São Paulo).<br />
Dando continuidade ao seu incansável e resiliente<br />
objetivo de divulgar a história da raça Mangalarga<br />
<strong>Marchador</strong>, publicou em 2016 a obra As Costelas do<br />
Abismo e, em 2017, O Nosso Mangalarga – a raiz, os<br />
frutos e o jardim, este em coautoria com a família de<br />
Geraldo Diniz Junqueira, um volume ícone que narra a<br />
saga da família Junqueira, saindo do Sul de Minas e se<br />
transferindo para as terras inexploradas da Alta<br />
Mogiana, em São Paulo. A família Junqueira, que sempre<br />
criou cavalos no Brasil, é o embrião original das raízes<br />
da raça Mangalarga e, dessas expansões, alguns<br />
ramos migraram para a jovem raça Mangalarga<br />
<strong>Marchador</strong>.<br />
Em 2018, foi publicado o livro As Histórias das<br />
Nacionais, um outro grande projeto que narrou a história<br />
das Exposições Nacionais, hoje consideradas o<br />
maior evento da raça Mangalarga <strong>Marchador</strong>.<br />
Totalizando, foram editadas nove obras escritas, sempre<br />
com narrativas históricas e informativas, todas de<br />
caráter engrandecedor para a raça.<br />
Atualmente, Casiuch nos conta que está desenvolvendo<br />
outra profunda e importante obra, a qual será inserida<br />
no Livro das Grandes Fêmeas Mangalarga <strong>Marchador</strong><br />
– <strong>TOP</strong> MARCHADOR, que será lançada este ano, em<br />
Caxambu (MG), durante o CBM, denominada<br />
Marcha70ras, Dinastias & Heranças, versando sobre as 70<br />
matrizes mais influentes da raça Mangalarga <strong>Marchador</strong>,<br />
delineando as pilares, as históricas e as contemporâneas.<br />
Como sócio ativo – e detentor de diversas homenagens<br />
prestadas pela ABCCMM, como a de 2017 indicando-o<br />
como “Colaborador Emérito” –, decidiu, com<br />
esse histórico, dar relevo aos 70 anos de fundação da<br />
ABCCMM, sempre se impondo fiel ao padrão racial do<br />
cavalo Mangalarga <strong>Marchador</strong>.<br />
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<strong>TOP</strong> <strong>Marchador</strong>