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Revista TOP Marchador #59

Revista TOP Marchador #59 Julho/2019

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Julho/2019

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técnica<br />

Pastagens Para equinos:<br />

como escolher?<br />

Adalgiza Souza Carneiro de Rezende*, Rafael Henrique Prado Silva**, Raquel Silva de Moura*** e Debora Roque****<br />

Os equinos são animais herbívoros que,<br />

quando em liberdade, passam até 70%<br />

do dia em pastejo, já que seu sistema<br />

digestorio está adaptado para a ingestão e aproveitamento<br />

dos alimentos fibrosos. A fibra<br />

abrange os componentes da parede celular das<br />

células vegetais que são indigeríveis para as<br />

espécies domésticas, mas, no caso de equinos,<br />

são degradados pela microbiota presente nos<br />

compartimentos de seu intestino grosso (ceco e<br />

cólon). Com isso, ocorre a produção dos ácidos<br />

graxos voláteis que são, então, absorvidos e utilizados<br />

como fonte de energia para o animal.<br />

Os alimentos volumosos como as pastagens e<br />

aqueles que são oferecidos no cocho (fenos,<br />

capineira,etc) são ricos em fibra e sempre<br />

devem estar presentes na dieta dos equinos.<br />

Sem um consumo adequado de fibra, esses animais<br />

ficam predispostos a desenvolver quadros<br />

clínicos de cólica e laminite. Além disso, comportamentos<br />

anormais ou estereotipias, como<br />

coprofagia (ingestão de fezes) ou mastigação de<br />

madeira, estão relacionados com dietas pobres<br />

em fibra. Assim, é recomendado que os alimentos<br />

ricos em fibra representem pelo menos 50%<br />

da matéria seca da dieta dos equinos. Quando o<br />

alimento volumoso é de boa qualidade, as categorias<br />

menos exigentes como os adultos em<br />

mantença e éguas prenhas podem receber 100%<br />

da dieta composta por alimentos volumosos.<br />

Dentre os alimentos volumosos, as pastagens se<br />

destacam pelo baixo custo de produção e praticidade<br />

no seu fornecimento.<br />

Nos países de clima temperado, em geral, os<br />

haras possuem áreas pequenas e, o clima frio e<br />

a formação de neve sobre as pastagens tornam<br />

inevitável o confinamento dos animais . durante<br />

muitos meses do ano. No Brasil isso não ocorre<br />

e o Sistema Brasileiro de Criação de Equinos<br />

descrito por Carvalho e Haddad (1987), valorizou<br />

as condições de clima e grandes áreas para<br />

a criação de equinos do Brasil quando preconizou<br />

que os equinos sejam criados soltos em pastagens<br />

adequadas, recebendo volumoso suplementar<br />

apenas no período de seca. Essa recomendação<br />

é justificada pelo fato de que, em<br />

quase toda a extensão do território brasileiro e<br />

em grande parte do ano há grande intensidade<br />

luminosa, pluviosidade e temperatura adequadas<br />

para o crescimento vegetal. Além disso, na<br />

maioria das vezes as fazendas possuem grandes<br />

áreas disponíveis para a formação de pastagens.<br />

No entanto, para que esse sistema funcione de<br />

forma adequada é necessário que as diferentes<br />

categorias do rebanho equino sejam distribuídas<br />

em piquetes formados com pastagens adequadas<br />

à fisiologia digestiva e tipo de pastejo<br />

dos equinos.<br />

As forragens, disponibilizadas para pastejo,<br />

são os volumosos mais indicados para equinos<br />

porque, regra geral, apresentam melhor qualidade<br />

nutricional do que volumosos conservados<br />

na forma de feno ou silagem. Existem muitas<br />

espécies e cultivares de forrageiras disponíveis<br />

para formação de pastagens e sua escolha<br />

para os equinos deve ser feita pela observação<br />

de alguns criterios importantes.<br />

As gramíneas para formar pastos<br />

para os equinos devem ter:<br />

1. Crescimento Estolonífero<br />

2. Boa Palatabilidade<br />

3. Baixo Teor de Oxalato<br />

Aspectos importantes na escolha<br />

da forrageira<br />

Vários aspectos caracterizam a qualidade de<br />

uma planta forrageira. Uma forragem considerada<br />

de boa qualidade deve apresentar não só<br />

uma boa concentração e digestibilidade de<br />

nutrientes, mas deve tambem ser livre de qualquer<br />

tipo de contaminação ou toxidez. Dete ter<br />

boa produtividade e se adaptar às condições<br />

edafoclimáticas da região.<br />

Grande parte das gramíneas tropicais apresentam<br />

teores de proteína bruta (PB) inferiores<br />

a 10% da MS, que embora baixo, pode atender a<br />

categorias menos exigentes como os animais<br />

em manutenção e éguas até o segundo terço da<br />

gestação.<br />

A composição nutricional das plantas forrageiras<br />

é muito variável entre gêneros, espécies,<br />

cultivares, partes da planta e estádio de crescimento.<br />

Fatores ligados ao ambiente também<br />

influenciam na composição química da planta,<br />

como fertilidade do solo e adubações, além das<br />

condições climáticas locais. As pastagens devem<br />

ser cultivadas como qualquer outra cultura, com<br />

preparo, calagem e adubação. Para isso, é importante<br />

que um profissional capacitado calcule a<br />

quantidade de calcário e adubo a ser aplicada,<br />

de acordo com os resultados da análise físicoquímica<br />

do solo, evitando desperdícios, excessos<br />

e ou até mesmo inutilização do solo.<br />

Um dos criterios importantes a serem observados<br />

na escolha da pastagem para os equinos é<br />

a boa palatabilidade, gramíneas como a estrela<br />

Porto Rico (talo roxo) e as braquiaras não são<br />

palataveis para equinos e não devem ser usadas.<br />

Outro aspecto importante na escolha da gramínea<br />

para os equinos é o hábito de crescimento<br />

da forrageira, o qual pode ser: cespitoso, estolonífero<br />

ou decumbente. Plantas cespitosas tem<br />

crescimento ereto e formam touceiras. Já no<br />

caso de plantas estoloníferas, que têm crescimento<br />

prostado, há melhor desenvolvimento<br />

radicular, pois quando os nós presentes nos<br />

estolões tocam ao solo, eles emitem raízes,<br />

fixando melhor a planta. Com isso, mesmo que,<br />

devido ao tipo de pastejo baixo caracteristico<br />

dos equinos, a raiz seja arrancada no momento<br />

da apreensãao da gramínea, seu crescimento<br />

não será prejudicado devido as brotações que<br />

acontecem ao longo dos estolões. O crescimento<br />

decumbente é um intermediário entre os<br />

dois, pois a planta tem crescimento semi-ereto e<br />

em alguns nós há enraizamento no solo. A escolha<br />

de gramínea com crescimento estolonífero<br />

para a espécie equina é de grande importância,<br />

pois essa espécie, diferente dos bovinos, pos-<br />

92 n toP <strong>Marchador</strong>

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