Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
técnica<br />
Pastagens Para equinos:<br />
como escolher?<br />
Adalgiza Souza Carneiro de Rezende*, Rafael Henrique Prado Silva**, Raquel Silva de Moura*** e Debora Roque****<br />
Os equinos são animais herbívoros que,<br />
quando em liberdade, passam até 70%<br />
do dia em pastejo, já que seu sistema<br />
digestorio está adaptado para a ingestão e aproveitamento<br />
dos alimentos fibrosos. A fibra<br />
abrange os componentes da parede celular das<br />
células vegetais que são indigeríveis para as<br />
espécies domésticas, mas, no caso de equinos,<br />
são degradados pela microbiota presente nos<br />
compartimentos de seu intestino grosso (ceco e<br />
cólon). Com isso, ocorre a produção dos ácidos<br />
graxos voláteis que são, então, absorvidos e utilizados<br />
como fonte de energia para o animal.<br />
Os alimentos volumosos como as pastagens e<br />
aqueles que são oferecidos no cocho (fenos,<br />
capineira,etc) são ricos em fibra e sempre<br />
devem estar presentes na dieta dos equinos.<br />
Sem um consumo adequado de fibra, esses animais<br />
ficam predispostos a desenvolver quadros<br />
clínicos de cólica e laminite. Além disso, comportamentos<br />
anormais ou estereotipias, como<br />
coprofagia (ingestão de fezes) ou mastigação de<br />
madeira, estão relacionados com dietas pobres<br />
em fibra. Assim, é recomendado que os alimentos<br />
ricos em fibra representem pelo menos 50%<br />
da matéria seca da dieta dos equinos. Quando o<br />
alimento volumoso é de boa qualidade, as categorias<br />
menos exigentes como os adultos em<br />
mantença e éguas prenhas podem receber 100%<br />
da dieta composta por alimentos volumosos.<br />
Dentre os alimentos volumosos, as pastagens se<br />
destacam pelo baixo custo de produção e praticidade<br />
no seu fornecimento.<br />
Nos países de clima temperado, em geral, os<br />
haras possuem áreas pequenas e, o clima frio e<br />
a formação de neve sobre as pastagens tornam<br />
inevitável o confinamento dos animais . durante<br />
muitos meses do ano. No Brasil isso não ocorre<br />
e o Sistema Brasileiro de Criação de Equinos<br />
descrito por Carvalho e Haddad (1987), valorizou<br />
as condições de clima e grandes áreas para<br />
a criação de equinos do Brasil quando preconizou<br />
que os equinos sejam criados soltos em pastagens<br />
adequadas, recebendo volumoso suplementar<br />
apenas no período de seca. Essa recomendação<br />
é justificada pelo fato de que, em<br />
quase toda a extensão do território brasileiro e<br />
em grande parte do ano há grande intensidade<br />
luminosa, pluviosidade e temperatura adequadas<br />
para o crescimento vegetal. Além disso, na<br />
maioria das vezes as fazendas possuem grandes<br />
áreas disponíveis para a formação de pastagens.<br />
No entanto, para que esse sistema funcione de<br />
forma adequada é necessário que as diferentes<br />
categorias do rebanho equino sejam distribuídas<br />
em piquetes formados com pastagens adequadas<br />
à fisiologia digestiva e tipo de pastejo<br />
dos equinos.<br />
As forragens, disponibilizadas para pastejo,<br />
são os volumosos mais indicados para equinos<br />
porque, regra geral, apresentam melhor qualidade<br />
nutricional do que volumosos conservados<br />
na forma de feno ou silagem. Existem muitas<br />
espécies e cultivares de forrageiras disponíveis<br />
para formação de pastagens e sua escolha<br />
para os equinos deve ser feita pela observação<br />
de alguns criterios importantes.<br />
As gramíneas para formar pastos<br />
para os equinos devem ter:<br />
1. Crescimento Estolonífero<br />
2. Boa Palatabilidade<br />
3. Baixo Teor de Oxalato<br />
Aspectos importantes na escolha<br />
da forrageira<br />
Vários aspectos caracterizam a qualidade de<br />
uma planta forrageira. Uma forragem considerada<br />
de boa qualidade deve apresentar não só<br />
uma boa concentração e digestibilidade de<br />
nutrientes, mas deve tambem ser livre de qualquer<br />
tipo de contaminação ou toxidez. Dete ter<br />
boa produtividade e se adaptar às condições<br />
edafoclimáticas da região.<br />
Grande parte das gramíneas tropicais apresentam<br />
teores de proteína bruta (PB) inferiores<br />
a 10% da MS, que embora baixo, pode atender a<br />
categorias menos exigentes como os animais<br />
em manutenção e éguas até o segundo terço da<br />
gestação.<br />
A composição nutricional das plantas forrageiras<br />
é muito variável entre gêneros, espécies,<br />
cultivares, partes da planta e estádio de crescimento.<br />
Fatores ligados ao ambiente também<br />
influenciam na composição química da planta,<br />
como fertilidade do solo e adubações, além das<br />
condições climáticas locais. As pastagens devem<br />
ser cultivadas como qualquer outra cultura, com<br />
preparo, calagem e adubação. Para isso, é importante<br />
que um profissional capacitado calcule a<br />
quantidade de calcário e adubo a ser aplicada,<br />
de acordo com os resultados da análise físicoquímica<br />
do solo, evitando desperdícios, excessos<br />
e ou até mesmo inutilização do solo.<br />
Um dos criterios importantes a serem observados<br />
na escolha da pastagem para os equinos é<br />
a boa palatabilidade, gramíneas como a estrela<br />
Porto Rico (talo roxo) e as braquiaras não são<br />
palataveis para equinos e não devem ser usadas.<br />
Outro aspecto importante na escolha da gramínea<br />
para os equinos é o hábito de crescimento<br />
da forrageira, o qual pode ser: cespitoso, estolonífero<br />
ou decumbente. Plantas cespitosas tem<br />
crescimento ereto e formam touceiras. Já no<br />
caso de plantas estoloníferas, que têm crescimento<br />
prostado, há melhor desenvolvimento<br />
radicular, pois quando os nós presentes nos<br />
estolões tocam ao solo, eles emitem raízes,<br />
fixando melhor a planta. Com isso, mesmo que,<br />
devido ao tipo de pastejo baixo caracteristico<br />
dos equinos, a raiz seja arrancada no momento<br />
da apreensãao da gramínea, seu crescimento<br />
não será prejudicado devido as brotações que<br />
acontecem ao longo dos estolões. O crescimento<br />
decumbente é um intermediário entre os<br />
dois, pois a planta tem crescimento semi-ereto e<br />
em alguns nós há enraizamento no solo. A escolha<br />
de gramínea com crescimento estolonífero<br />
para a espécie equina é de grande importância,<br />
pois essa espécie, diferente dos bovinos, pos-<br />
92 n toP <strong>Marchador</strong>