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Revista TOP Marchador #59

Revista TOP Marchador #59 Julho/2019

Revista TOP Marchador #59
Julho/2019

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suem em sua dentição os incisivos superiores e<br />

fazem um pastejo rasteiro, apreendendo a gramínea<br />

rente ao solo (Figura 1). Desta forma, não<br />

consomem o meristema apical, ou “ponto de<br />

crescimento” dessas gramíneas que se encontram<br />

na ponta dos estolões. Nas gramíneas de<br />

crescimento cespitoso o meristema apical se<br />

localiza mais próximo ao ápice da planta e com<br />

o tipo de pastejo dos equinos pode ser arrancado<br />

prejudicando a rebrota da planta, Como consequencia<br />

a pastagem tende a ficar falhada. Isso<br />

explica a crença que muitos fazendeiros tem de<br />

que “uma egua come para dez vacas ou que os<br />

equinos destroem a pastagem”. Isso nunca vai<br />

acontecer se os equinos estiverem pastando gramíneas<br />

de crescimento estolonífero que possuem<br />

o meristema apical situado na ponta dos<br />

estolões, próximo do solo. Já os bovinos não<br />

possuem os incisivos superiores e apreendem a<br />

graminea no alto, com auxilio da lingua e, com<br />

isso não comprometem a rebrota das gramíneas<br />

de crescimento cespitoso (Figura 1).<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Como exemplo de gramíneas que, não devem<br />

ser indicadas para a formação de pastos para<br />

equinos por apresentarem crescimento cespitoso,<br />

pode se citar todas as do gênero Panicum,<br />

como Tanzânia, Colonião, Massai e Setária<br />

(Setaria anceps). Além disso, a maioria dessas<br />

gramíneas são ricas em oxalato, fator antinutricional<br />

que pode reduzir a absorção do mineral<br />

Calcio pelos equinos.<br />

Dentre as gramíneas tropicais, as mais indicadas<br />

para a alimentação equina são as do gênero<br />

Cynodon, devido ao seu elevado potencial produtivo,<br />

alto valor nutritivo, excelente palatabilidade,<br />

crescimentodo tipo estolonífero e, principalmente,<br />

por não possuir oxalato. A gramíneas<br />

Estrela Branca ou Africana<br />

(Cynodonnlemfuensis), Coast-cross (C. dactylon<br />

cv. Coastal bermuda x C. dactylon cv.<br />

Robusto) e Tifton 85 (Cynodon spp) pertencem<br />

a esse gênero e devem ser preferidas para a formação<br />

de piquetes destinados aos equinos.<br />

Fatores antinutricionais dos<br />

alimentos volumosos<br />

Fatores antinutricionais são substâncias presentes<br />

naturalmente nos alimentos que, ao<br />

serem ingeridos trazem prejuízos ao metabolismo<br />

animal, reduzindo a digestibilidade dos<br />

nutrientes ou comprometendo alguma função<br />

orgânica. O principal fator antinutricional presente<br />

nas gramineas tropicais são os oxalatos, os<br />

quais podem trazer prejuízos irreversíveis aos<br />

equinos, já que se ligam ao Calcio tornando-o<br />

indisponível para a absorção no intestino delgado.<br />

Equinos que pastejam em gramíneas tropicais<br />

que apresentam baixa concentração de<br />

Calcio e alta concentração de oxalato, inevitavelmente,<br />

vão apresentar sintomas de deficiencia<br />

de Calcio. A osteodistrofia fibrosa (cara inchada)<br />

é o ultimo sintoma da deficiencia de calcio e se<br />

instalará quando a relação entre a concentração<br />

de Calcio e do Oxalato da gramínea for menor<br />

de 0,5. Nesse caso o cálcio que se apresenta livre<br />

do oxalato será absorvido no intestino delgado<br />

em quantidade insuficiente para suprir as necessidades<br />

nutricionais dos equinos.<br />

Quando os equinos pastejam em gramíneas<br />

cuja relação Ca:oxalato é menor que 0,5, a deficiência<br />

do mineral Ca se instala e visando manter<br />

a concentração sanguínea desse mineral na<br />

corrente circulatória a glândula paratireoide<br />

secreta o paratormônio. Esse hormônio estimula<br />

reabsorção de Calcio dos ossos, aumenta<br />

a excreção urinária de fósforo e a reabsorção<br />

renal de Ca, além de ativar a vitamina D. Desta<br />

forma, para manter a concentração de Ca no<br />

sangue, ocorrerá retirada de Calcio dos ossos<br />

com substituição do tecido ósseo por tecido<br />

fibroso em todo o esqueleto. A sintomatologia<br />

clínica dessa síndrome metabólica pode ser evidenciada<br />

pela ocorrência de vários sinais indicativos<br />

da deficiência de Ca no rebanho, como<br />

o nascimento de potros com problemas ortopédicos<br />

(Figura 2), manqueiras inespecíficas<br />

(um dia se manifesta em um membro e no dia<br />

seguinte em outro membro), cãibra no cavalo<br />

em trabalho e, como último sinal da deficiência<br />

de Ca, aparece a cara inchada, caracterizada<br />

pela substituição do tecido ósseo dos ossos da<br />

face por tecido fibroso (figura 3). A cara inchada<br />

é irreversível e regra geral é evidenciada nas<br />

categorias mais exigentes em Ca como potros<br />

em crescimento, éguas no final da gestação e<br />

em lactação.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Na osteodistrofia fibrosa a reabsorção óssea<br />

ocorre, inicialmente, nos ossos longos como os<br />

ossos da canela, antebraço e perna (se manifestando<br />

com um aumento da extremidade distal<br />

desses ossos) e depois nos ossos da face, como<br />

maxilar, palatino, lacrimal e zigomático. Em<br />

seguida, a matriz óssea é substituída, de forma<br />

irreversível, por tecido conjuntivo fibroso,<br />

dando um aspecto abaulado à cabeça (Figuras 3<br />

e 4). Por isso, a enfermidade recebeu o nome<br />

popular de doença da cara inchada. O tecido<br />

fibroso que se instalou no osso nunca mais será<br />

revertido em tecido ósseo (Figuras 3 e 4) e<br />

como consequência o osso fica fraco, propenso<br />

a fraturas e o animal perdera a força óssea. Esse<br />

tecido fibroso é facilmente visualizado na cabeça,<br />

mas estará presente em todo o esqueleto do<br />

animal se a deficiência de cálcio for severa. Além<br />

do aumento bilateral dos ossos da face, a osteodistrofia<br />

fibrosa pode provocar irregularidades<br />

nos cascos, deformidade da coluna, dificuldade<br />

de deglutição, má oclusão dentária, principalmente<br />

dos incisivos, fadiga precoce, cãibras,<br />

claudicações alternantes, microfraturas nos<br />

membros, queda no desempenho, irregularidade<br />

da marcha e predisposições a problemas em<br />

tendões e articulações<br />

<strong>TOP</strong> <strong>Marchador</strong> ■n 93

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