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suem em sua dentição os incisivos superiores e<br />
fazem um pastejo rasteiro, apreendendo a gramínea<br />
rente ao solo (Figura 1). Desta forma, não<br />
consomem o meristema apical, ou “ponto de<br />
crescimento” dessas gramíneas que se encontram<br />
na ponta dos estolões. Nas gramíneas de<br />
crescimento cespitoso o meristema apical se<br />
localiza mais próximo ao ápice da planta e com<br />
o tipo de pastejo dos equinos pode ser arrancado<br />
prejudicando a rebrota da planta, Como consequencia<br />
a pastagem tende a ficar falhada. Isso<br />
explica a crença que muitos fazendeiros tem de<br />
que “uma egua come para dez vacas ou que os<br />
equinos destroem a pastagem”. Isso nunca vai<br />
acontecer se os equinos estiverem pastando gramíneas<br />
de crescimento estolonífero que possuem<br />
o meristema apical situado na ponta dos<br />
estolões, próximo do solo. Já os bovinos não<br />
possuem os incisivos superiores e apreendem a<br />
graminea no alto, com auxilio da lingua e, com<br />
isso não comprometem a rebrota das gramíneas<br />
de crescimento cespitoso (Figura 1).<br />
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Como exemplo de gramíneas que, não devem<br />
ser indicadas para a formação de pastos para<br />
equinos por apresentarem crescimento cespitoso,<br />
pode se citar todas as do gênero Panicum,<br />
como Tanzânia, Colonião, Massai e Setária<br />
(Setaria anceps). Além disso, a maioria dessas<br />
gramíneas são ricas em oxalato, fator antinutricional<br />
que pode reduzir a absorção do mineral<br />
Calcio pelos equinos.<br />
Dentre as gramíneas tropicais, as mais indicadas<br />
para a alimentação equina são as do gênero<br />
Cynodon, devido ao seu elevado potencial produtivo,<br />
alto valor nutritivo, excelente palatabilidade,<br />
crescimentodo tipo estolonífero e, principalmente,<br />
por não possuir oxalato. A gramíneas<br />
Estrela Branca ou Africana<br />
(Cynodonnlemfuensis), Coast-cross (C. dactylon<br />
cv. Coastal bermuda x C. dactylon cv.<br />
Robusto) e Tifton 85 (Cynodon spp) pertencem<br />
a esse gênero e devem ser preferidas para a formação<br />
de piquetes destinados aos equinos.<br />
Fatores antinutricionais dos<br />
alimentos volumosos<br />
Fatores antinutricionais são substâncias presentes<br />
naturalmente nos alimentos que, ao<br />
serem ingeridos trazem prejuízos ao metabolismo<br />
animal, reduzindo a digestibilidade dos<br />
nutrientes ou comprometendo alguma função<br />
orgânica. O principal fator antinutricional presente<br />
nas gramineas tropicais são os oxalatos, os<br />
quais podem trazer prejuízos irreversíveis aos<br />
equinos, já que se ligam ao Calcio tornando-o<br />
indisponível para a absorção no intestino delgado.<br />
Equinos que pastejam em gramíneas tropicais<br />
que apresentam baixa concentração de<br />
Calcio e alta concentração de oxalato, inevitavelmente,<br />
vão apresentar sintomas de deficiencia<br />
de Calcio. A osteodistrofia fibrosa (cara inchada)<br />
é o ultimo sintoma da deficiencia de calcio e se<br />
instalará quando a relação entre a concentração<br />
de Calcio e do Oxalato da gramínea for menor<br />
de 0,5. Nesse caso o cálcio que se apresenta livre<br />
do oxalato será absorvido no intestino delgado<br />
em quantidade insuficiente para suprir as necessidades<br />
nutricionais dos equinos.<br />
Quando os equinos pastejam em gramíneas<br />
cuja relação Ca:oxalato é menor que 0,5, a deficiência<br />
do mineral Ca se instala e visando manter<br />
a concentração sanguínea desse mineral na<br />
corrente circulatória a glândula paratireoide<br />
secreta o paratormônio. Esse hormônio estimula<br />
reabsorção de Calcio dos ossos, aumenta<br />
a excreção urinária de fósforo e a reabsorção<br />
renal de Ca, além de ativar a vitamina D. Desta<br />
forma, para manter a concentração de Ca no<br />
sangue, ocorrerá retirada de Calcio dos ossos<br />
com substituição do tecido ósseo por tecido<br />
fibroso em todo o esqueleto. A sintomatologia<br />
clínica dessa síndrome metabólica pode ser evidenciada<br />
pela ocorrência de vários sinais indicativos<br />
da deficiência de Ca no rebanho, como<br />
o nascimento de potros com problemas ortopédicos<br />
(Figura 2), manqueiras inespecíficas<br />
(um dia se manifesta em um membro e no dia<br />
seguinte em outro membro), cãibra no cavalo<br />
em trabalho e, como último sinal da deficiência<br />
de Ca, aparece a cara inchada, caracterizada<br />
pela substituição do tecido ósseo dos ossos da<br />
face por tecido fibroso (figura 3). A cara inchada<br />
é irreversível e regra geral é evidenciada nas<br />
categorias mais exigentes em Ca como potros<br />
em crescimento, éguas no final da gestação e<br />
em lactação.<br />
<br />
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<br />
Na osteodistrofia fibrosa a reabsorção óssea<br />
ocorre, inicialmente, nos ossos longos como os<br />
ossos da canela, antebraço e perna (se manifestando<br />
com um aumento da extremidade distal<br />
desses ossos) e depois nos ossos da face, como<br />
maxilar, palatino, lacrimal e zigomático. Em<br />
seguida, a matriz óssea é substituída, de forma<br />
irreversível, por tecido conjuntivo fibroso,<br />
dando um aspecto abaulado à cabeça (Figuras 3<br />
e 4). Por isso, a enfermidade recebeu o nome<br />
popular de doença da cara inchada. O tecido<br />
fibroso que se instalou no osso nunca mais será<br />
revertido em tecido ósseo (Figuras 3 e 4) e<br />
como consequência o osso fica fraco, propenso<br />
a fraturas e o animal perdera a força óssea. Esse<br />
tecido fibroso é facilmente visualizado na cabeça,<br />
mas estará presente em todo o esqueleto do<br />
animal se a deficiência de cálcio for severa. Além<br />
do aumento bilateral dos ossos da face, a osteodistrofia<br />
fibrosa pode provocar irregularidades<br />
nos cascos, deformidade da coluna, dificuldade<br />
de deglutição, má oclusão dentária, principalmente<br />
dos incisivos, fadiga precoce, cãibras,<br />
claudicações alternantes, microfraturas nos<br />
membros, queda no desempenho, irregularidade<br />
da marcha e predisposições a problemas em<br />
tendões e articulações<br />
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