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O VALOR ECONÓMICO<br />
DO EXERCÍCIO FÍSICO<br />
Prof.ª Dra. Helena Santa Clara<br />
Docente da Faculdade de Motricidade Humana<br />
da Universidade de Lisboa<br />
A efetividade da atividade física em<br />
geral e dos programas estruturados<br />
de exercício físico em particular<br />
no tratamento das doenças não<br />
transmissíveis tais como doenças<br />
cardiovasculares, metabólicas,<br />
pulmonares, psiquiátricas,<br />
musculoesqueléticas, e as neoplasias<br />
está bem estabelecida. Como tal a<br />
relação custo-benefício por si só,<br />
deveria ser suficiente para que todos, ao<br />
longo da vida, tivessem oportunidades<br />
para serem fisicamente ativos.<br />
Assume especial interesse, quando a<br />
Organização Mundial de Saúde reporta<br />
que, a nível mundial, as doenças não<br />
transmissíveis são a principal causa de<br />
morte e incapacidade.<br />
A falta de investimento em intervenções<br />
preventivas, quer ao nível da atividade<br />
física quer do comportamento sedentário<br />
vai contribuir para maior prevalência<br />
das doenças não transmissíveis, perdas<br />
de produtividade e uma demanda<br />
esmagadora pelos serviços de saúde<br />
primária elevando os custos de saúde.<br />
“<br />
(...) a relação custo-benefício por si<br />
só deveria ser suficiente para que todos<br />
ao longo da vida tivessem oportunidades<br />
para serem fisicamente ativos.<br />
Resultados de avaliações económicas<br />
comparando custos e benefícios para<br />
a saúde entre diversas intervenções,<br />
demonstram que programas estruturados<br />
de exercício físico ou aconselhamento<br />
de atividade física em diferentes<br />
contextos apresentam, em geral, uma<br />
boa relação de custo-efetividade.<br />
A intervenção através de programas<br />
de exercício físico para reduzir o<br />
risco de queda e a fragilidade, duas<br />
das condições mais prevalentes que<br />
têm um maior impacto na saúde e<br />
qualidade de vida da população mais<br />
idosa, demonstrou ser eficaz e menos<br />
dispendiosa do que o tratamento usual<br />
(relação de custo-efetividade e economia<br />
“<br />
de custos). Este tipo de intervenção<br />
torna-se extremamente relevante se<br />
atendermos aos dados publicados pela<br />
Comissão Europeia de que<br />
(1) aproximadamente 2,3 milhões de<br />
pessoas com idade igual ou superior a<br />
65 anos são tratadas todos os anos em<br />
emergência por causa de uma queda, da<br />
qual aproximadamente 1,5 milhão ficam<br />
internadas; e<br />
(2) que as despesas com cuidados de<br />
saúde para o tratamento de lesões<br />
relacionadas com “a queda” na UE,<br />
rondam os 25 mil milhões de euros<br />
por ano.<br />
A robustez da evidência científica<br />
sobre efeitos do exercício físico é<br />
suficiente para se defender a sua<br />
implementação e equidade, mas a<br />
análise económica face aos escassos<br />
recursos financeiros poderá determinar<br />
as intervenções mais vantajosas e ainda<br />
que os decisores políticos não deixem<br />
de investir nas intervenções baseadas<br />
no comportamento de atividade física e<br />
mais especificamente nas oportunidades<br />
para a prática do exercício físico<br />
estruturado.<br />
Dra. Helena Santa Clara<br />
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