RCIA - ED. 99 - OUTUBRO 2013
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Antônio Deliza com a nora<br />
Jandira (meio) e as filhas<br />
Enid e Yvone<br />
Ferro de Araraquara, agora<br />
com carroção de 12 burros,<br />
saindo-se a contento e angariando<br />
a absoluta confiança de<br />
seus empregadores.<br />
Por volta de 1920, incentivado<br />
por sua tia Nicolina<br />
Mazzoni, montou um pequeno<br />
armazém de secos e molhados<br />
nos altos da Vila Xavier,<br />
recebendo do amigo, também<br />
carroceiro, com o qual fizera boa amizade,<br />
Andrelino Alves Pinto, muitos conselhos<br />
úteis à nova vida. Registra-se que chegou a<br />
ser sócio de Andrelino, e tendo desmanchado<br />
a sociedade, estabeleceu-se sozinho na<br />
Rua Gonçalves Dias, entre a Bandeirantes e<br />
Prudente de Moraes.<br />
Antonio Deliza casou-se com Rosa Célere,<br />
igualmente filha de imigrantes italianos,<br />
em 1925, tendo-lhes nascido José, Sérgio,<br />
Hildenor, Yvone, Luiz, Genesio e Enid.<br />
Dessa numerosa prole, faleceram Sérgio,<br />
Luiz e Yvone. Posteriormente mudou seu<br />
estabelecimento comercial para a Avenida<br />
Bandeirantes, esquina da Gonçalves Dias e<br />
ainda depois, já com suas finanças no ponto<br />
certo, construiu edifício próprio, projetado<br />
por ele e um primo, Francisco Garcia. Um<br />
dos construtores do aludido prédio foi Egisto<br />
Volpati. Nasceu assim a Casa Deliza.<br />
No armazém estrategicamente localizado,<br />
recebia a clientela composta de pessoas<br />
da cidade e de lavradores que faziam o percurso<br />
já de saída para o campo. Aos domingos<br />
à tarde era comum reunirem-se no local<br />
seus amigos para um bate papo, dentre eles<br />
Henrique Lupo, Genaro Granata, Giuseppe<br />
Aufiero, os Palamone, Azzem, Gabriel Haddad,<br />
José Amaral Gurgel, José Velosa e outros.<br />
Dona Rosa, sua esposa era a anfitriã.<br />
Antonio Deliza, de tal forma integrado<br />
na sociedade local, e sendo ele o único a possuir<br />
na cidade um cofre de segurança marca<br />
Nascimento, transformou-se no depositário<br />
de dinheiro de muitos cidadãos araraquarenses.<br />
O produto da venda de café, desde que<br />
Araraquara não possuía qualquer banco, era<br />
por ele guardado no cofre, depois de embrulhado<br />
numa folha de papel. Foi seu contador<br />
um jovem, Nicola Salerno, o Nenê.<br />
Ele era membro de algumas entidades<br />
religiosas: Santíssimo Sacramento, Asilo de<br />
Mendicidade, foi fundador da Associação<br />
Comercial e Industrial de Araraquara, membro<br />
fundador do 27 de Outubro, Santana,<br />
Botafogo e de outras entidades e associações.<br />
Era o único da cidade que tinha um telefone<br />
(84) e por isso tornou-se o mensageiro<br />
de boas e más notícias. As informações<br />
da 2ª Guerra Mundial eram por ele ouvidas<br />
O filho Genesio e os<br />
netos Toninho e Marcelo<br />
mantiveram acesa essa<br />
chama pelo comércio<br />
em seu rádio Phillips holandês. Muitos iam<br />
à sua casa para saber como ia indo a guerra.<br />
Acabou sendo candidato a vereador, a convite<br />
de José do Amaral Velosa.<br />
Sua esposa, dona Rosa, faleceu em<br />
1948, e a morte da companheira o abalou<br />
profundamente. Houve desestímulo para<br />
continuar negociando e acabou sendo vítima<br />
de inadimplentes. Encerrou suas atividades<br />
comerciais em 1954.<br />
Faleceu em 23 de setembro de 1963,<br />
deixando os filhos José, esposo de Jandira<br />
Caparelli; Sérgio, casado com Enid Mendes<br />
de Brito, Genesio, casado com Dirce Alves<br />
Pinto Deliza e Hildenor, Luiz, Yvone e Enid,<br />
solteiros.<br />
Genesio foi Juiz de Casamento na Vila<br />
Xavier, proprietário com seus filhos Antônio<br />
Neto e Marcelo, da Pipocopos; posteriormente<br />
a família fez retornar a NOVA<br />
CASA DELIZA (hoje no antigo prédio do<br />
Eduvasco), como homenagem ao saudoso<br />
Antonio Deliza. A Família Deliza neste ano<br />
inaugurou uma filial em São Carlos, na Avenida<br />
Carlos Botelho.<br />
Em Araraquara, a Rua Antônio Deliza<br />
foi criada pelo decreto nº 3645, de <strong>99</strong>/9/74<br />
e é via pública conhecida por “B” do loteamento<br />
Jardim das Roseiras, começando na<br />
Avenida José Parisi e terminando na Rua<br />
“T” do citado loteamento.<br />
Vida digna e de trabalho, cidadão exemplar,<br />
pai de família numerosa e ativa, Antônio<br />
Deliza deixou essa herança moral aos<br />
seus descendentes, que o dignifica como<br />
exemplar cidadão, voltado para a família e<br />
o trabalho, sendo um dos continuadores da<br />
marcha de progresso de Araraquara; útil<br />
à comunidade que ao seu tempo de jovem<br />
dava os primeiros passos rumo à maturidade<br />
e à cidade. Seus filhos deram continuidade<br />
àquilo que plantou, uma árvore de bons frutos.<br />
A cidade agradece a ele que começou<br />
tudo usando apenas dois preceitos: Trabalho<br />
e Fé em Deus. Com essas palavras alavancou<br />
seu destino e deu base de vida digna aos<br />
seus descendentes.<br />
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