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23 anos de Saber Madeira
aniversário
Francisco
Fernandes
O contaCto
entre o
aluno e o
professor
é essencial
cultura
museus
madeira aves
bis-bis
ANO XXII › €2,50
N.º276 mensal MAIO 2020
editora
O LIBERAL
30
DESCONTO
“O livro é um mestre que fala
mas que não responde”.
Platão
Edifício O Liberal
PEZO Socorridos - Lote 7 - 9304-006 Câmara de Lobos
291 911 300
comercial@oliberal.pt • assinaturas@tribunadamadeira.pt
sumario
04 ENTREVISTA
Quisemos saber como, ou de que
forma, os dias da pandemia afetaram
autores e escritores, e assim
surgiu esta conversa em jeito de
análise à atualidade a que muito
amavelmente Francisco Fernandes,
antigo secretário regional de
Educação, nos respondeu via email
a partir da sua casa, no Funchal.
09
Lugares de Cá
Museu de Eletricidade – Casa da
Luz
10 Museus
O Museu Henrique e Francisco
Franco pela voz da sua responsável,
Esmeralda Lourenço
15 MEDIA
23 anos da Revista Saber Madeira
16 cultura
3.º aniversário da Galeria Marca
de Água
18
19 decoração
De que cor veste o seu chão?
20 a-z
Mary Carfora
22
Opinião hélder spínola
Cultura e Natureza
opinião isabel fagundes
E lá veio o dia em que o mundo
parou
23 nutrição
A doença celíaca
24
26
28
30
32
34
36
38
caprichos de goes
Em estado líquido
Câmara Municipal do Funchal
“A Cultura que nos une...”
Viajar com Saber
Montreal
Madeira Flores
Ranúnculos
Em análise...
Fake News: o desafio que temos
de vencer!
[Des]Conhecida Arte
Os panos pintados de Orlanda Luís
Madeira Aves
Bis-Bis e o canário-da-terra
Dicas de Moda
Como fazer uma máscara em
tecido
40 Makeover
Maquilhagem em tempos de
covid-19
42 Motores
Prevenção Rodoviária na Madeira
44
Fashion Advisor
Tendências verão 2020
30
46
Marcas Icónicas
The New York Times
47 social
52
54
À mesa com...
Fernando Olim
Estatuto Editorial
20
saber MAIO 2020
3
ENTREVISTA
Francisco
Fernandes
Dulcina Branco
Maria do Céu Fernandes
Carolina rodrigues
4 saber maio 2020
Quisemos saber como, ou de que
forma, os dias da pandemia afetaram
autores e escritores, e assim
surgiu esta conversa em jeito de análise
à atualidade a que muito amavelmente
Francisco Fernandes nos respondeu via
email a partir da sua casa, no Funchal.
Os livros e a atualidade na análise deste
antigo professor que se formou em
Economia, Mestre em Gestão do Desporto,
Doutor em Motricidade Humana na
especialidade de Ciências do Desporto e
Doutor ‘Honoris Causa’ em Administração
Pública. A sua bibliografia conta três
dezenas de obras nas áreas da investigação
em Gestão do Desporto, biografia,
dramaturgia (narrativa e romance)
e literatura infanto-juvenil.
Como é que a pandemia afetou a produção
literária, de uma forma geral?
- Para os que se dedicam à escrita, creio
que tem sido um momento de inspiração e
criatividade. No que a mim diz respeito, fui
desafiado a produzir um conto passado no
Porto Santo, e o contexto não foge à pandemia
e às restrições e mobilidade. Na área
de escrita para um público infantojuvenil
têm mesmo surgido inéditos aos quais o
tema da pandemia não é alheio. Mas há,
efetivamente um reflexo ao nível do mercado
livreiro que se tem procurado adaptar
às vendas online, os alfarrabistas mostram-
-se mais ativos e com sites ou blogues mais
atrativos. Claro que, a atividade editorial foi
reduzida, as Feiras do Livro adiadas, as atividades
das bibliotecas escolares suspensas,
mas é, espero, apenas uma pausa que
se resolverá com a retoma... Adiei várias
idas às escolas, algo que faço com frequência
e que espero retomar no próximo ano
letivo, no âmbito das iniciativas à volta do
livro, da leitura e da escrita criativa. O que é
necessário, por agora, é que se reforcem os
hábitos de leitura, que se dê lugar ao conto
junto dos mais novos, que se ocupe o tempo
com livros, que se estabeleçam diálogos
entre o autor e o leitor. Recentemente desafiei
com conjunto de autores que publicaram
na Madeira e vários contadores de
histórias, a gravarem vídeos com os seus
contos, e criámos em conjunto um canal
no youtube, o Canal Contos, https://www.
youtube.com/channel/UCBoRkoUBON_
xdNL2DFhvDZw/videos que já reuniu mais
de vinte vídeos que ajudam as crianças e
as famílias a preencher esta pausa social e
escolar.
Será mais complicado para os artistas,
escritores, agentes culturais, retomarem
a sua atividade do que outros setores?
- Creio que sim. Quando se fala na atividade
económica e no emprego, o trabalho na
área artística e cultural raramente aparece
na lista das preocupações mas os seus
agentes têm experiência de se fazer ouvir
e vão marcar a sua presença. Se há algo
que a pandemia traz é uma maior atenção
aos outros e ao que nos rodeia. O distanciamento,
que quanto a mim erradamente
se vem chamando de social, é apenas distanciamento
de contacto físico. As pessoas
não se distanciaram nem se esqueceram
umas das outras, pelo contrário, desejam
ardentemente aproximar-se. Vamos com
calma! Imagino que os agentes culturais se
vão transformar num mecanismo privilegiado
de aproximação das pessoas.
Como é que será o regresso à “normalidade”?
- Temo que possa ser “explosivo” num primeiro
momento, e até que haja um “sobressalto
pandémico” que nos leve a assumir
coletivamente que o problema não
acabou. Mesmo que haja um passo atrás,
e que voltem a ser impostas restrições,
terá o efeito benéfico de ajudar à assunção
coletiva do problema e à sua verdadeira
dimensão. Com a minha experiência de
proximidade ao desporto de competição,
permito-me comparar esta situação àquela
de uma equipa que ganha sempre e, no
dia que perde um jogo, o treinador, diz: “estávamos
mesmo a precisar disto!”. Espero
que não seja necessário “perder um jogo”, e
que todas as campanhas e recomendações
surtam o efeito desejado. Normalidade,
mesmo, só depois da vacina e, ainda assim,
tardará a chegar a todos, nunca será 100%
eficaz e será preciso lidar com os “anti-vacina”
… Basta olhar para o que se passa com
outras doenças, designadamente a gripe
comum, muito mais devastadora do que o
Covid19, e para a qual já existe, desde há
muito, vacina, e continua a ser menosprezada
e desconsiderada por muitos.
Para os que se dedicam à
escrita, creio que tem sido
um momento de inspiração
e criatividade
saber maio 2020
5
ENTREVISTA
Alterou rotinas por causa da pandemia?
- Naturalmente que alterei. Desde logo porque
tenho três filhos menores a cujas rotinas
diárias estou muito associado – horários
escolares, deslocações, prática desportiva,
etc. – as quais foram profundamente alteradas
e, depois, as disposições e recomendações
das autoridades de saúde que faço
questão de cumprir. No momento em que
respondo às questões da Saber estou confinado
há 50 dias, durante os quais saí de
casa uma única vez, por motivos de saúde.
Também há rotinas novas, pois a organização
do tempo disponível assim o permite:
mais tempo para ler, “navegar”, pesquisar,
dedicar tempo a tarefas sempre adiadas.
Digamos que não há nenhum momento em
que possa dizer que “não tenho nada para
fazer”. Isso, a acontecer, é que seria dramático!
Se por vezes sinto que é uma situação
incómoda, basta lembrar os que estão a desenvolver
atividades profissionais, para que
eu possa estar em casa e em segurança, e
logo me percebo do privilégio que é estar
em casa. O facto de ter passado recentemente
à situação de aposentado funcionou
como que uma preparação para a alteração
de rotinas, às quais já me vinha adaptando.
A atualidade passa hoje em grande parte
pela internet. Como é que vê esta catadupa
de informação que diariamente
nos invade através dos telejornais, jornais,
rádios, redes sociais?
- Hoje, mais do que nunca, é preciso saber
analisar a informação e não acreditar em
tudo o que se lê. Fico espantado pela forma
como pessoas, inclusive que se supõe
ter elevado nível educativo e cultural, são
tão crédulas em relação ao que leem e, pior
Se há algo que a pandemia
traz é uma maior atenção
aos outros e ao que nos
rodeia
do que isso, parece que assumem que têm
uma missão social a desempenhar e que
consiste em divulgar tudo o que leem, sem
qualquer critério ou sentido crítico. À escala
global, há difusão de notícias deturpadas ou
falsas, que se disseminam a uma velocidade
incrível. Por isso, o grande desafio não é
obter informação, mas ser capaz de a selecionar.
E não falo apenas das redes sociais,
falo também dos próprios órgãos de comunicação
social.
Muito se tem falado na China como ponto
de origem da pandemia. Como é que
olha para esta grande potência e o seu
papel no mundo, na atualidade?
- Não partilho teorias da conspiração, pelo
contrário acho que, a China terá um papel
muito mais importante na solução, do que
possa ter tido na origem do problema.
Luís Sepúlveda foi uma vítima mediática
da Covid-19. Como é que viu este desaparecimento?
- Lamentei muito a sua partida física, mas
o escritor permanece. Os seus contos marcaram
muitos dos seus leitores. Recordo o
primeiro conto que li – História de uma Gaivota
e do Gato que a ensinou a voar – que
é uma fábula de grande beleza. Não tinha
proximidade com o Luís Sepúlveda, falei
apenas uma vez com ele, e por breves instantes,
mas a sua partida senti-a como se
de um amigo próximo ou de um familiar se
tratasse.
Foi secretário regional de Educação e
Cultura. Como é vê a escola no futuro?
- O período que estamos a atravessar vai
deixar marcas profundas nos processos de
ensino/aprendizagem. Tenho acompanhado
o dia-a-dia dos meus filhos, dois deles
6 saber maio 2020
com aulas à distância proporcionadas pela
sua própria escola, e com os seus professores
habituais, e outro filho acedendo à
plataforma do #EstudoEmCasa. Não posso
deixar de saudar o esforço dos que se envolveram
na preparação destas aulas, pela
exposição e críticas a que se sujeitaram. Foi
um ato de coragem que, tanto quanto me
tenho apercebido, tem sido capaz de prender
a atenção dos alunos e, de certo modo,
das próprias famílias. As aulas da plataforma,
regra geral e para o EB1, pressupõem a
presença de familiares. Se no meu caso isso
pode ser assegurado, imagino a dificuldade
nas famílias em que os EE não podem estar
presentes, porque têm de trabalhar, ou porque
não têm as competências. Mas, enfim, é
um período transitório. Não era necessário
provar, mas se as escolas não estivessem à
partida tecnologicamente apetrechadas, e
se as famílias – quase todas – não tivessem
meios à sua disposição, nada disto seria
possível. Houve algum ruído, em matéria de
acessibilidade, mas as soluções foram surgindo,
e o problema parece ultrapassado.
Que ilações poderemos tirar para o futuro
desta situação atual, na sua opinião?
- Criou-se uma maior proximidade entre
as famílias e a escola, isso sem dúvida. De
qualquer forma, não podemos pensar que
se encontrou uma solução que poderá vir
a substituir as aulas presenciais. Essas são
insubstituíveis, o contato entre o aluno e o
professor é essencial.Em todo o caso, acho
que foi criada uma oportunidade para que
a cultura e o saber possam chegar mais facilmente
às casas, via televisão, pelo que seria
de manter, num figurino a criar, na era
pós-covid19. Manter “aulas” de português,
Hoje, mais do que nunca,
é preciso saber analisar
a informação e não
acreditar em tudo o que
se lê
história, cultura geral, etc., seria uma vantagem
inegável face a certa programação televisiva
“estupidificante” que invade as nossas
casas todas as manhãs e tardes. Pode ser o
dealbar de um novo paradigma. É que, se
depois da pandemia, tudo continuar igual é
porque não se tiraram todos os ensinamentos
que esta proporcionou.
E quando é que vamos ter um novo livro
seu?
- Tenho um livro preparado, pronto para
a impressão, o qual aguarda apenas a luz
verde de uma entidade pública que se comprometeu
a apoiar a edição, mas que, compreensivelmente,
protelou o apoio até estar
assegurada uma maior estabilidade financeira
na Região. É uma espera que não será
certamente longa. Trata-se de um trabalho
que já tinha iniciado há algum tempo, destinado
a um público infantojuvenil, e que
aborda a temática da surdez, da inclusão
dos surdos e da Língua Gestual Portuguesa
como língua materna dos surdos. Curiosamente,
o momento que atravessamos e a
grande visibilidade que têm as conferências
de imprensa dos Governos e das autoridades
de saúde, deram enorme destaque aos
intérpretes de LGP, pelo que esta edição se
reveste de oportunidade, aliás desde logo
reconhecida por várias autarquias que se
disponibilizaram a apoiar a edição. Admito
que o livro – “Cibele”*, assim se chamará –
estará disponível em breve, com fantásticas
ilustrações da Sílvia Marta, edição de O Liberal,
com design gráfico da Teresa Camacho.
Tenho outros trabalhos entre mãos. Um
deles será uma espécie de “história incompleta”,
mas essa será uma edição reservada
à minha família, abordando aspetos genea-
saber maio 2020
7
ENTREVISTA
lógicos, históricos e migratórios, que envolveram
os meus ancestrais. Só conhecendo
bem a nossa história, compreendemos o
que somos hoje e o que vamos deixar para
os nossos descendentes. Uma investigação
histórica interessante à volta dos mistérios
e lendas associadas à descoberta e ao povoamento
do Arquipélago da Madeira, que
me levou a reler as crónicas de Jerónimo
Dias Leite, Francisco Manuel de Melo, Francisco
Alcoforado e Gaspar Frutuoso, entre
outros, e as investigações históricas dos
meus contemporâneos Rui Carita, Nelson
Veríssimo, Alberto Vieira, Cristina Trindade,
por exemplo, bem como a pesquisa de vários
genealogistas, entre os quais Luís Peter
Clode e Henrique Henriques de Noronha.
Há outros projetos, mas muito embrionários
ainda, vários desafios que me têm sido
feitos, como a escrita de histórias a várias
mãos e a que gostaria de corresponder. s
Quem é francisco...
Nasceu no Funchal, em 1952.
É economista, licenciado pelo ISE, Mestre
em Gestão do Desporto, Doutorado em
Motricidade Humana na especialidade de
Ciências do Desporto, pela UL/FMH, e Doutor
Honoris Causa em Administração Pública pela
Universitas Sancti Cirilli (AD 1669).
Foi professor do Ensino Básico e lecionou
Estatística na Escola Superior de Enfermagem
e na Escola de Enfermagem de São José de
Cluny. Exerceu funções nos Aeroportos
da Madeira, como Chefe dos Serviços
Administrativos, entre 1978 e 1993, tendo
sido Presidente do Instituto do Desporto da
RAM, entre 1993 e 2000, e membro do Governo
Regional da Madeira como Secretário Regional
da Educação e Cultura, entre 2000 e 2011.
É membro do Fórum Olímpico de Portugal e
Presidente do Conselho Geral da Universidade
da Madeira.
Foi assessor do Conselho de Administração
da ANAM eDiretor Adjunto dos Aeroportos
da Madeira, na empresa ANA - Aeroportos de
Portugal, SA.
Tem cerca de três dezenas de livros publicados,
nas áreas da investigação em Gestão do
Desporto, biografia, dramaturgia (narrativa e
romance) e literatura infantojuvenil.
É casado com Maria do Céu de Freitas Gonçalves
da Costa Mendes Vieira Fernandes, tem cinco
filhos e três netos.
Cibele
`
Silvia Marta
Nasceu no Funchal em 1974, na
véspera de uma revolução e, sobre
si, diz que de entre muitas coisas que
gosta de fazer, tem prazer em criar,
desenhar e pintar todos os dias.
Cibele é um conto infantojuvenil que procura valorizar a Língua
Gestual Portuguesa como língua natural/materna dos Surdos, ao
mesmo tempo que promove a plena integração escolar e social
da comunidade surda.
Através de uma ficção que pode ser, afinal, a história real de
muitas crianças, jovens ou cidadãos adultos, o autor releva os
caminhos que, na escola, na família e na sociedade em geral,
ultrapassam todas as barreiras, designadamente usando as artes
como forma de comunicação e inclusão.
Maio de 2020 - Funchal - Madeira
Ilustrações
Sílvia Marta
FRANCISCO
J. V. FERNANDES
Editora O LIBERAL
Francisco
Fernandes
Nasceu no Funchal em 1952.
Faz da escrita uma forma de
transmitir mensagens. Dedicase
particularmente aos leitores
infantojuvenis, junto dos quais
procura incentivar o gosto pela
leitura e pela escrita criativa. Possui
vários títulos no Plano Nacional
de Leitura. É sócio honorário da
ASPFAM - Associação de Surdos, País,
Familiares e Amigos, da Madeira.
Cibele_cover.indd 1 20/03/17 14:09
8 saber maio 2020
LUGARES DE CÁ
Museus madeirenses:
Museu de Eletricidade - Casa da Luz
No dia 18 de maio assinala-se
o Dia Internacional
dos Museus e,
neste âmbito, foi para
nós difícil destacar um museu
para esta rubrica dada a qualidade
e quantidade que a Madeira
dispõe ao nível destes espaços
físicos. Mas, por que temos
uma afinidade ‘especial’, enquanto
editora O Liberal a nível
dos lançamentos de livros – o
Museu Casa da Luz tem sido um
dos locais que, ao longo destes
anos, tem acolhido os nossos
lançamentos - destacamos o
Museu de Eletricidade – Casa
da Luz, no Funchal. Este museu,
da Empresa de Eletricidade da
Madeira, foi inaugurado no dia
24 de novembro de 1997, em
celebração do centenário da introdução
da energia elétrica na
Região Autónoma da Madeira.
O museu foi montado nas instalações
da antiga Central Térmica
do Funchal pelo que, oferece
uma visão iconográfica e escrita
da evolução da eletricidade no
arquipélago da Madeira, apresentando
um conjunto de documentos
e maquinaria. O espólio
é composto por modelos raros
de máquinas e aparelhos com
mais de meio século de existência.
À parte museológica acrescenta-se
a atividade interativa
com setores culturais da Região,
de que as apresentações
de livros da editora O Liberal
são uma constante, ou ainda as
exposições de diversos artistas
regionais, nacionais e internacionais.
s
Dulcina Branco
Wikipédia e Museu de Eletricidade – Casa da Luz
saber MAIO 2020
9
museus
Esmeralda
Lourenço
dulcina branco / Esmeralda Lourenço, Gestora Cultural e Responsável pelo MHFF
Esmeralda Lourenço créditos Ângelo Sousa / créditos MHFF
10 saber MAIO 2020
“Pensando sobre os Museus”
No âmbito da estratégia Funchal Cultura 2030,
serão promovidas várias ações de auscultação aos
agentes culturais, sendo que, a primeira decorreu no
dia 18 de maio – Dia internacional dos Museus - através
das redes digitais do Museu Henrique e Francisco
Franco. Queremos pensar a estratégia cultural num
horizonte mais alargado, que não se guie apenas
por um momento de celebração mas que reflita as
necessidades atuais e futuradas da Cidade e dos seus
agentes e responda aos desafios e ambições de uma
Cidade que quer fazer da Cultura um dos seus pilares
de desenvolvimento, constituindo um guião para
os próximos 10 anos. A conversa juntou Esmeralda
Lourenço (responsável pelo Museu Henrique e
Francisco Franco), Raquel Fraga (responsável pela
Galeria Marca de Água) e Ana Nóbrega (responsável
pelo Museu da Baleia), moderada por Diogo Costa
Goes (artista plástico e professor), numa semana que
foi anunciado a reabertura ao público dos museus,
monumentos, palácios e centros interpretativos com
regras claras de higiene e segurança. O encerramento
forçado a todo o tipo de utilizadores e uma progressão
lenta à normalidade, pode constituir uma oportunidade
para desenvolver novos serviços para os museus. Eles já
vinham sendo praticados, no entanto, agora adquirem
uma maior centralidade, até pela maior disponibilidade
das equipas para a produção de conteúdos. A Network
of European Museum Organizations, num inquérito
que ainda decorre, apresenta o seguinte elenco de
atividades que têm sido desenvolvidos, sem para que
isso seja necessário pesados investimentos financeiros:
programas de aprendizagem em linha, exposições em
linha, passeios virtuais pelo museu, podcast de museus,
programas de Youtube, boletins especiais, conteúdos
das coleções disponíveis via Internet, trabalho com
hashtags nos meios sociais, jogos, passatempos e
concursos. Esta conversa aberta à participação do
público, pretendeu também pensar numa estratégia
“do dia seguinte”: Que desafios enfrentam os nossos
museus na próxima década?
saber MAIO 2020
11
Os museus também tiveram que se adaptar a esta dita
nova 'normalidade', a exemplo do Museu Henrique e
Francisco Franco. O museu de arte moderna dedicado
à obra dos irmãos Henrique e Francisco Franco, reabriu
as portas ao público no dia 18 de maio – Dia Internacional dos Museus.
Porém, este museu não esteve parado por causa da pandemia.
O Dia Internacional dos Museus e o impacto que a pandemia
teve na atividade dos museus são temas abordados nesta entrevista
a que Esmeralda Lourenço, Gestora Cultural e responsável
do Museu Henrique e Francisco Franco, muito amavelmente, nos
respondeu.
Dulcina Branco
museus
Apresente-nos o Museu Henrique e Francisco Franco e o que podemos
encontrar no mesmo, de uma forma geral.
- O Museu Henrique e Francisco Franco é um museu mononuclear,
de arte, dedicado aos dois irmãos Henrique e Francisco Franco. A Câmara
Municipal do Funchal, com o intuito de investigar, preservar e
divulgar os irmãos Franco, adquiriu em 1966 e 1972 um considerável
número de obras dos dois irmãos com vista à futura criação de um
espaço dedicado a estes artistas plásticos madeirenses, pioneiros do
modernismo em Portugal. Henrique e Francisco Franco fizeram parte
da primeira geração de pintores e escultores modernistas, que teve
nomes importantes como, Alfredo Migueis, Dordio Gomes e Diogo de
Macedo, participantes ativos na Exposição “5 Independentes” a primeira
exposição modernista que aconteceu em Portugal, em outubro
de 1923. A estátua de Gonçalves Zarco exibida na Avenida da Liberdade
em 1928, inicia o que António Ferro, em 1949 chamará a “idade de
ouro” da escultura portuguesa. Posteriormente, José Augusto França,
em 1963, na obra “A Arte em Portugal no Século XX” escrevia “Francisco
Franco seria, nos anos 20, o maior escultor português”. Em 1985,
começaram as diligências, por parte do Investigador Rui Carita, para
se concretizar esse objetivo. Foi determinada pelo Presidente da Câmara
Municipal do Funchal a ocupação e adaptação do prédio sito na
Rua João de Deus, nº 13, no Funchal, onde funcionou desde 1945 até
1980 o Auxílio Materno-Infantil, para instalação do Museu Henrique e
Francisco Franco que abriu as suas portas ao público em 21 de agosto
de 1987, por ocasião das festas comemorativas do Dia da Cidade do
Funchal. Tem atualmente em exposição “Paris Horizonte Fatal Henrique
e Francisco Franco e a Cidade Luminosa”, inaugurada em 2013.
Como é que o Museu Henrique e Francisco Franco se adaptou aos
dias da pandemia?
- O MHFF tem uma presença constante na rede social Facebook e
no site da CMF, com a divulgação das atividades desenvolvidas pela
instituição de acordo com os diversos dias temáticos ao longo do ano.
Também existe desde 2016 uma publicação mensal intitulada “peça
do mês” criada propositadamente, para as redes sociais e para partilhar,
com todas as entidades culturais da região e do país. Apresentou
na sua página do Facebook, no dia 18 de abril, uma Visita Guiada
Virtual, no dia 20 de abril o concerto do grupo “Varejenta”, este último
no âmbito do projeto Música nos Museus. No âmbito das comemorações
do 25 de abril, apresentou o concerto “emoSons d'Abril” de Ricardo
Brito e Filipa Carvalho. No dia 27 de abril foi lançado o #Desafio da
Semana, uma atividade dividida em quatro semanas e lançada todas
as segundas-feiras. O MHFF desafia os participantes a reproduzirem
uma obra dos irmãos franco, nos moldes que entenderem. Os cinco
primeiros participantes da semana ganham livros. Exibimos a rubrica
# Perpectivas a 3 de maio com Carlos Valente e a 10 de maio, com
Luísa Spínola, uma reflexão sobre as suas exposições no MHFF. A 7 de
12 saber MAIO 2020
maio ocorreu a Oficina de Artes Plásticas, com Fátima Spínola, intitulada
“O Retrato e Autorretrato nos Irmãos Franco”. Exibimos no dia 8
de maio um Documentário referente a Henrique Franco. No dia 15 de
maio houve uma conversa em direto promovida pelo Departamento
de Cultura da CMF, com o tema “Museus em Reinvenção”, que contou
com a participação de vários agentes culturais e visou abordar as
estratégias, dificuldades e soluções encontradas por cada instituição,
face a estes tempos de quarentena. A 18 de maio, Dia Internacional
dos Museus, este ano com o tema “Museus para a Igualdade: Diversidade
e Inclusão”, exibimos um documentário referente a Francisco
Franco, dando assim a possibilidade a todos os que não poderam estar
presentes fisicamente, de conhecer um pouco mais a vida e obra
deste grande escultor. A 16 de junho haverá Teatro de Fantoches, em
direto desde o MHFF, com Teatro de Fantoches, pelo grupo Nuvem
Aquarela. “A Arte de Francisco e Henrique Franco trocada por Fantoches”.
A 11 de julho haverá "Pensamento em emergência", uma conversa
em direto a partir de suas casas, com os artistas plásticos Luz
Henriques, Carla Cabral, Duarte Encarnação, Gonçalo Gouveia, Carina
Mendonça e Henrique Leal que irão abordar questões relacionadas
com a situação cultural na atualidade. No âmbito do Música nos Museus
apresentamos “ Madeira Jazz Collective” a 31 de julho, em direto
do MHFF, no facebook. Em agosto, no dia 12 disponibilizaremos uma
Visita virtual 360º, no site da CMF e nas redes sociais, em diferido e no
dia 19 inauguramos uma exposição temporária de curta duração, da
autoria da artista plástica madeirense Graça Berimbau.
Como é que foi a reabertura do museu?
- Segundo as diretivas emanadas da Assembleia da República, os museus
reabriram no dia 18 de maio, Dia Internacional dos Museus. A
reabertura do MHFF ocorreu cumprindo com todas as medidas genéricas
de higiene, limpeza e desinfeção, no âmbito pessoal e coletivo.
Foi elaborado por nós o Plano de Contingência COVID-19, que
apresentou as orientações estratégicas para a sua implementação na
estrutura interna do MHFF. Este documento determina a organização
de uma resposta célere a um cenário de epidemia pelo novo coronavírus,
tendo por base a Orientação nº006/2020 de 26/02/2020 da
Direção-geral de Saúde (DGS). Todos os colaboradores têm agendada
formação especifica para aprenderem a lidar com esta nova situação
e receberão todo o material necessário, para sua proteção e proteção
dos visitantes. A desinfeção dos espaços é efetuada segundo as diretivas
deste plano, tal como a implementação de medidas de proteção
físicas, como barreiras em acrílico, máscaras e fitas sinaléticas. Quanto
aos visitantes, é permitida a entrada de quatro pessoas de cada
vez, respeitando a distância de segurança, desinfetando as mãos à
entrada e usando máscara de proteção.
Quais são os impactos da pandemia nos museus, de uma forma geral?
- Em geral, os museus perderam muito com a pandemia, mas, também
ganharam novas dinâmicas. O MHFF tal como outros museus
regionais teve de encerrar devido ao Estado de Emergência decretado,
pela República, logo toda a nossa rotina foi alterada. Todas as
nossas atividades tiveram de ser reprogramadas e algumas mesmo
canceladas. Os estágios ficaram suspensos por dois meses e os colaboradores
foram dispensados, sendo que alguns ficaram em regime
de teletrabalho, contudo a vida do museu não parou. As novas atividades
online têm ocupado uma grande parte do nosso tempo, a par
de toda a gestão interna, que continuou ativa. Por que, os Museus
Municipais têm entrada gratuita, a quebra de receitas não se aplica à
nossa situação.
Com a pandemia, aumentou a atividade online e digital também
dos museus. Há uma nova porta de interação ao nível dos museus,
a partir de agora?
saber MAIO 2020
13
museus
- Julgo que sim. Nunca imaginei que fosse possível desenvolver tanto
trabalho a partir de casa. Foi uma experiência nova e enriquecedora,
ficamos a conhecer capacidades que desconhecíamos ter. Os museus
têm um papel fundamental na nossa formação cultural e social e a
disponibilização de conteúdos criativos nas redes sociais, pode ser
uma forma enriquecedora, de ocupar o tempo livre. O feedback que
temos recebido sobre as nossas atividades tem sido muito positivo.
Inclusivamente, de pessoas de fora da região.
As artes atenuam estragos da pandemia a nível social. De que
forma?
- Com certeza que sim. As artes têm um papel muito importante na
vida das pessoas, nas suas mais diversas manifestações, artes que
antes estavam limitadas aos espaços museológicos chegam agora à
população como forma de desafios, informações culturais, eventos,
etc., sem que as pessoas tenham de sair do conforto de suas casas.
Passando assim, a estar muito mais presentes diariamente, atenuando
a sobrecarga de informação que chega sobre a pandemia, equilibrando
a comunicação e tornando a população mais exigente com a
informação que recebe.
Podemos acompanhar as atividades do Museu Henrique e Francisco
em...
- Acedendo ao perfil do museu no Facebook Museu Henrique e Francisco
Franco, no site http://www.cm-funchal.pt e na Agenda “Projeto
Educativo Municipal”, disponível em formato digital e em versão impressa.
s
14 saber MAIO 2020
media
Revista
Saber Madeira
aniversário
N
o mês de abril de 1997,
saía para as bancas, a
custo zero, o número
00 da revista Saber
Madeira. Na capa, a fotografia
a toda a página de Gabriel Drumond,
da autoria de Gonçalo
Mendes (primeiro chefe de redação
desta ‘magazine de informação’),
que entrevistou o então
presidente da Câmara Municipal
de São Vicente, na altura com 54
anos, e deputado do PSD-M na
Assembleia Legislativa Regional
da Madeira. Sob a direção de
Edgar Rodrigues de Aguiar, que
constituiu a empresa jornalística
‘O Liberal – Empresa de Artes
Gráficas, Lda.’, a ficha técnica da
revista Saber Madeira era então
constituída, na redação, por
Gonçalo Mendes e Natália Duque
Faria, os colunistas Ricardo
Vieira, João Bilhim e João Correia,
a fotografia de Júlio Castro
e o design gráfico de Paulo Renato.
O diretor Edgar de Aguiar
escrevia no editorial com o título
“Como um filho, que “Ao
chegarmos perto do momento
mágico do lançamento do nosso
primeiro número experimental,
aumentam as perspetivas e a
ansiedade, assim como se estivessemos
aguardando o nascimento
do primeiro filho”. Na
realidade, dois meses depois,
nascia o primeiro número da
‘magazine de informação’. Em
junho de 1997, com o preço de
capa de 390$00, o número 01
da revista Saber Madeira trazia
a toda a página na capa com
uma imagem que suportava o título:
‘Maldita Matemática’. Neste
número, os redatores já eram
três, com a entrada de Vieira de
Freitas, e novos colunistas: Jorge
Faria, Rui Fernandes e Édison
D’Almeida. Nos anos que se seguiram,
a revista Saber Madeira
‘cresceu’ graças à colaboração
dos seus colaboradores, colunistas,
parceiros comerciais -
promovendo inúmeras marcas
e empresas regionais nas suas
páginas e em eventos - e, acima
de tudo, os seus leitores, tornar-
-se-ia uma incontornável marca
madeirense, até à atualidade.
Hoje, já adulta – 23 anos de publicação
ininterrupta! - continua
a cumprir aquilo que o seu estatuto
editorial diz na última, mas
não menos importante, linha:
“através dos seus accionistas,
direcção e jornalistas, rege-se
no princípio da sua actividade,
pelo cumprimento rigoroso
das normas éticas e deontológicas
do jornalismo”. A todos
os que colaboraram e os que
continuam a projetar o futuro,
um profundo obrigado. s
Dulcina Branco
Revista Saber Madeira
saber MAIO 2020
15
cultura
Três anos da Galeria Marca de Água
A Galeria Marca de Água reabriu ao público no dia 18 de maio - Dia
Internacional dos Museus, tendo ainda assinalado nesta data, o
seu terceiro aniversário. Nesta data, foram reabertos os espaços
culturais fechados previamente devido à situação de pandemia da
Covid-19. Entre o virtual e o real, foram várias as iniciativas levadas
a cabo pelos espaços culturais nos dias de confinamento social, e a
Galeria Marca de Água, que tem o seu espaço físico na histórica rua
da Carreira, no Funchal, não foi excepção à regra.
Dulcina Branco
Galeria Marca de Água
Cinemas vazios, teatros e galerias
encerrados, concertos cancelados e
leituras de poesia adiadas. O mundo
das artes está em suspenso devido
ao Covid-19. Mas a cultura está a reagir,
e rapidamente, começaram a surgir novas
formas de levar a cultura a todos, nomeadamente
através do mundo digital. Com três
anos de atividade, a Galeria Marca de Água
também reforçou a atividade no online, divulgando
a sua mais recente exposição, a
do conceituado fotojornalista português
Fernando Ricardo, entre outras atividades.
Em jeito de balanço ao terceiro aniversário,
a direção artística, a cargo de Raquel Fraga,
16 saber MAIO 2020
divulgou um texto do curador Diogo
Goes, com quem a galeria mantém
colaboração desde 2019. Raquel
Fraga elogiou o trabalho desempenhado
por Diogo Goes e reiterou a
continuação desta cooperação. O
curador e artista plástico madeirense
Diogo Goes divulgou nas redes
sociais um texto de agradecimento.
"Com quase dezoito meses de colaboração
na Galeria Marca de Água,
posso dizer que este projeto me fez
crescer e talvez me permita ganhar
a maioridade. Entrei pela primeira
vez na Marca de Água como visitante
da sua primeira exposição, onde
estavam expostos grandes mestres
nacionais e internacionais, alguns
dos quais meus amigos e professores.
O desafio que lancei à direção
da galeria para realizar visitas
orientadas para alunos foi acolhida
com bastante receptividade e surtiu
efeito num convite para expor
individualmente, no ano seguinte.
Na sequência dessa exposição tive
a oportunidade de receber o convite
para integrar o projeto curatorial
desta galeria, ficando responsável
pela programação e produção das
exposições e serviços educativos.
A oportunidade de trabalhar com
a Historiadora de Arte, Raquel Fraga,
que desde a primeira hora reiterou
confiança no meu trabalho,
permitiu-me não só crescer profissionalmente,
mas acima de tudo,
fazer de mim um melhor ser humano,
pela proximidade com a Cultura
e pela cumplicidade estabelecida
com inúmeros artistas, que além de
partilharem seus conhecimentos e
experiências, demonstraram com o
seu exemplo, qual o melhor modo
de proceder e estar na vida, e na
arte. A motivação constante que me
é dada pela direção artística e pela
administração da galeria, certamente
influiu não só, sobre o meu desempenho
- superando as minhas
próprias expectativas - como contribuiu
para o reforço a programação,
com mais iniciativas culturais, mais
exposições e dinamização de serviços
educativos, solidários, cujo objetivo
principal é a democratização
do acesso à cultura e a captação
de novos públicos, aproximando-
-os cada vez mais da arte contemporânea.
A Galeria Marca de Água,
não só pela sua vertente de responsabilidade
social, aquando na
comunidade em que se insere, mas
também pela clara aposta de edição
de livros e catálogos e a capacidade
de comunicação e divulgação
na esfera, regional, nacional e
internacional, tem vindo a permitir
que os projetos artísticos ganhem
uma intemporalidade, além da memória,
tantas vezes só conseguida
pelos manuais da História da Arte.
A Marca de Água, consegue pois,
deixar marca por todos os quantos,
que por ela passam”. No âmbito das
celebrações do seu 3.º aniversário,
a galeria prolongou pelos próximos
meses a exposição "Momentos", de
Fernando Ricardo. Esta exposição já
foi visitada por mais de três mil pessoas,
segundo nota de imprensa da
galeria funchalense. Foi divulgado
também um conjunto de fotografias,
em jeito de retrospectiva, das
atividades da galeria nos últimos
dois anos. s
saber MAIO 2020
17
OPINIÃO
Hélder Spínola
Biólogo/Professor Universitário
Cultura
e Natureza
E
ntendendo-a à luz de quem a definiu
pela primeira vez, o antropólogo inglês
Edward Tylor, no seu livro Cultura
Primitiva, publicado em 1871, e, aliás,
como uma das definições que se pode encontrar
no Dicionário Infopédia da Língua
Portuguesa, da Porto Editora, ‘cultura’ é um
sistema complexo de códigos e padrões partilhados
por uma sociedade ou um grupo
social e que se manifesta nas normas, crenças,
valores, criações e instituições que fazem
parte da vida individual e coletiva dessa sociedade
ou grupo. Seguindo a tendência antropocêntrica
das civilizações humanas, o conceito
de cultura foi-se afirmando como algo
que nos distingue da restante natureza e que
se opõe a ela, ignorando na maior parte das
vezes que, na verdade, a diversidade cultural
é consequência dos diferentes ambientes em
que as respetivas populações se foram fixando.
No Arquipélago da Madeira, tal como em
muitas outras realidades, identificamos com
alguma facilidade aspetos culturais específicos
que estão intimamente associados ao
seu contexto natural. A gastronomia é rica
em exemplos, como a utilização do Peixe-espada-preto
(Aphanopus carbo) ou a espetada
em espeto de Louro (Laurus novocanariensis),
mas a adaptação ao relevo acidentado
da ilha é também marcante da especificidade
cultural madeirense, destacando-se a
construção de muros de pedra aparelhada
para suporte dos solos agrícolas em socalcos
e uma extensa rede de canais (levadas)
para transporte de água até aos campos de
cultivo. Assim, a relação entre cultura e natureza
revela um paradoxo que se define pela
contradição entre a realidade fatual de interdependência
e a visão antropocêntrica de
afastamento de ambos os conceitos. Mesmo
quando se afirma que a cultura é o que nos
torna humanos, distinguindo-nos dos outros
animais, não podemos esquecer que outras
espécies, em particular de primatas, também
revelam as suas culturas, mesmo que queiramos
classificá-las de rudimentares. Desta
forma, por mais que queiramos nos distinguir
e afirmar em relação à restante natureza,
a realidade da espécie humana só poderá
ser factualmente entendida como a sua continuidade.
A humanidade, e tudo o que ela
faz e cria, também é natureza. Apesar de ser
algo tão óbvio, ou talvez por isso, o estudo da
relação entre as culturas e a natureza só se
aprofundou nas últimas décadas, trazendo à
tona o conceito de ‘culturas da natureza’ e revelando
que o que consideramos ser natural,
o valor que lhe conferimos e a forma como
o entendemos varia culturalmente. Ao contrário
do que possa parecer, a forma como
entendemos a natureza em cada cultura não
é uma questão menor, pois é essa visão que
determina o nosso relacionamento com ela,
nomeadamente através da legislação que
aprovamos e das instituições que criamos,
entre muitos outros aspetos que condicionam
o nosso impacte ambiental. O conceito
‘culturas da natureza’ surge para desconstruir
a separação entre natureza e sociedade,
muito presente nas culturas Ocidentais
modernas, e para evidenciar a inter-relação
e conexão entre o mundo humano e o não
humano. Este conceito é definido como agrupamentos
de crenças, práticas e suposições,
histórica e geograficamente situados, subjacentes
à relação entre pessoas e organismos
vivos não humanos ou matéria inanimada.
Assim, todos estão imbuídos de uma determinada
cultura na forma como estão socializados
para pensar e agir sobre o território e
a vida natural. Necessariamente, as diversas
comunidades humanas revelam diferentes
culturas da natureza e, enquanto em algumas
ainda subsistente uma visão mais espiritual
e ecossistémica, nas sociedades ocidentalizadas
predomina uma visão utilitarista do
ambiente, qual manancial de recursos a explorar.
Claude Lévi-Strauss caracterizou bem
este contexto, concluindo que as sociedades
primitivas de caçadores-recolectores, e mesmo
de agricultores e pastores, refletiam na
sua ideologia o facto de estarem fortemente
dependentes da natureza, vendo-a não como
sua propriedade, mas sim como um território
espiritual que para além de os nutrir também
permitia o contacto com antepassados, espíritos
e deuses. O primeiro ato de mutilação
da espécie humana sobre a natureza foi a
sua própria separação, um processo gradual
fortemente influenciado pela maioria das religiões
monoteístas, pelas Descobertas, pela
Revolução Industrial, pelo crescimento das cidades
e pela revolução científica e tecnológica,
tendo sido fortemente globalizado com a
expansão da civilização Ocidental. Derrubado
o sentimento de pertença à natureza, e munido
de ferramentas tecnológicas poderosas,
a maior parte da humanidade sentiu-se legitimada
a explorar intensivamente o ambiente
em função de interesses muito imediatos,
traduzindo-se rapidamente nos desequilíbrios
globais que hoje são bem evidentes.s
18 saber MAIO 2020
DECORAÇÃO
De que cor veste o seu chão?
Os tapetes são um elemento fundamental na decoração de
um espaço. Além de protegerem o soalho e as zonas de
maior movimento, oferecem um calor convidativo e ajudam
a tornar o espaço mais acolhedor. Há tapetes para
todos os gostos. Redondos, quadrados, retangulares ou até octogonais,
em lã, juta ou poliéster, lisos ou com padrões, as opções são
infinitas e fazem a diferença no ambiente de qualquer lar. Para o
quarto, opte por um tapete de pelo comprido e macio para que possa
estar sempre confortável. Para uma zona de passagem, selecione
um tapete mais resistente e com padrão, para disfarçar o desgaste.
Para o quarto das crianças, escolha um tapete colorido ou com
um padrão divertido e para uma divisão de tons neutros quebre a
monotonia com um tapete com um padrão marcante ou com um
formato original. s
Tânia Tadeu (taniatadeu@taylor365.pt), Dora Sousa (dorasousa@redoute.pt) newsredoute.com/fotos
newsredoute.com/fotos
saber MAIO 2020
19
a-z
Mary de Carfora
Nasceu dotada para as artes da moda e decoração mas
tem sido a embelezar o rosto e o cabelo feminino que
tem vindo a conquistar a admiração de muitas mulheres
que, tal como ela, sobreviveram a momentos muito
complicados nas suas vidas. Exemplo disto são os “antes
e depois” que Mary de Carfora apresenta na rubrica
da Saber Madeira e em que dá a conhecer histórias de
mulheres que escolheram viver pelos filhos, pela família
e pelos amigos, elevando-lhes a auto-estima com o
embelezamento das respetivas imagens (rosto e corpo)
com a parceria de empresas e marcas madeirenses.
Passear ao ar livre, ver filmes, fazer maquilhagens e
assistir aos entardeceres na praia são prazeres que
Mary de Carfora, ou Ascenção Maria Silva Correira,
tem quando não está a trabalhar na sua atividade de
maquilhadora profissional, ou na gerência do seu espaço
de alojamento local.
DULCINA BRANCO
Mary de Carfora
20 saber MAIO 2020
aAmor
Família
Amigos
Com a maturidade, poucos mas
insubstituíveis
Arte
Moda, Maquilhagem, Decoração
Animais de Estimação
Toby e Cody
BBebidas
Vinho e licor Carolans
Brinquedos
c
Transformar as roupas da minha mãe
- não tive muitos
Beijo
O último que dei à minha irmã Gorety
Casamento
24 anos juntos, reinventando,
perdoando, recomeçando e amando
Curiosidade
Infância e juventude roubada dos 12
aos 18 anos
Cores
Branco
d l s
e m t
f n u
Deus
Meu Pai Amado, o meu protector
Doces
Bolo de ‘Kinder Bueno’.
Erros
Muitos, mas fazem parte
do trajecto e do que sou
Estilo
Clássico
Emoção
O sucesso dos meus filhos!
Família
O meu bem mais precioso, a minha
fonte de vida, de amor, de força e
de resiliência.
Filme
‘Hachi’, de Lasse Hallstrom
Futebol
Não
Flores
Rosas brancas e orquídeas brancas
Livro
‘O Segredo do Pai Nosso’.
Lua
Crescente...crescente...crescente...
Música
Bon Jovi, Bruce Springsteen,
Bryan Ferry, etc...
Marcas
Irrelevantes
Mania
Mexer no cabelo
Moda
Adoro!. Acompanho e crio
Notícias
As boas, as positivas
de a a z...
Surpresa
Gosto de surpreender! Sou muito boa
nisso!
Sexo
Feminino
Signo
Escorpião
Sonho
Ver os meus filhos formados,
realizados e felizes
Televisão
Notícias, filmes, séries...
Telemóvel
Telemóvel: 92...........
Trabalho
Alojamento local, maquilhadora,
doméstica, secretária... Multifacetada
Utopia
Vida depois desta vida
g o v
Objectivos
Ginástica
Sonhos em preparação
Vitória
Um sonho que não realizei
Ostentação
Ter fugido de uma casa onde estava
Gula
Ser mãe de três filhos maravilhosos
retida e reaver a minha liberdade aos
‘Smarties’
Ódio
18 anos
Eliminei essa palavra da minha vida
Vida
A minha vida dava um filme, uma
h p
série televisiva, um livro...
Viagem
Separei-me da minha mãe, tinha eu
Perfumes
Humildade
Yellow Diamond’ - Versace,
12 anos, no aeroporto do Funchal,
Trabalho muito para não a perder
Blue - Dolce Gabanna.
rumo a um destino incerto para a
Presentes
Venezuela, sozinha...
Humor
Uma carta escrita à mão pela minha
Vício
Muito! A minha medicina,
avó
Brincos e comer
o meu segredo
Política
Do lado da voz do Povo
i q
wXenofobia
Ilha
Nenhuma
Madeira
Xadrez
Qualidades
Internet
Nunca aprendi a jogar mas
Algumas...
Indispensável - facilidade e solução para
aprecio. Não tive a oportunidade
Não seria correto ser eu
muitas situações, mas tem um lado
de aprender, infelizmente, mas
a enumerá-las
negro que são as falsas informações,
sou inteligente!
perfis falsos e viciante
j r
xZoologia
Rádio
Aves
Justiça
Gosto mas normalmente
Zelo
Seria tão bom se cada um se colocasse
ouço música gravada
Os meus filhos
no lugar do outro!...
Referências
Referências: Deus
saber MAIO 2020 21
OPINIÃO
Isabel Fagundes
Exerce funções numa escola do Funchal
E lá veio
o dia em que
o mundo parou
E em todo o mundo as pessoas
foram obrigadas a desacelerar e
olhar para dentro. A focarem-se
nas famílias e a se debruçarem
no real sentido da vida.
Nos dias que decorrem inevitavelmente
falamos de vírus, de confinamento,
de perdas, de caos, de
afundamento da economia, de
medo e de tantos acontecimentos negativos
que se torna quase impossível manter sadio
qualquer cérebro sadio. É importante perceber
que as grandes destruições operadas
ao longo dos séculos remeteram para uma
completa saturação do nosso planeta. Em
certos locais o ar tornou-se quase irrespirável,
o céu deixou de ser azul e tornou-se
num cinzento asfixiante, os rios e os mares
deixaram de ser translúcidos para albergarem
detritos dos mais diversos tipos. O
animais marinhos sufocaram devido ao lixo
arremessado pelos humanos e a mãe Terra
entrou num derradeiro grito pedindo ajuda.
Um grito que não foi ouvido pelos homens.
E a Terra tremeu, as águas revoltaram-se, os
vulcões entraram em ação, as ondas invadiram
as orlas e levaram consigo pessoas. E a
humanidade nunca quis ouvir. A sua ganância
cresceu e expandiu-se, enquanto o planeta
sofria e os animais pereciam. Enquanto
alguns dos homens de bem lutavam pela
preservação da Terra, outros, numa percentagem
considerável, embrenhavam-se na
sua ânsia de criar riqueza e obter poder. E lá
veio o dia em que o mundo parou. E as pessoas
se detiveram, e ficaram com as vidas
suspensas, e tiveram de ficar em casa. E não
viajaram, e não deram abraços e ficaram
longe para que a Terra voltasse a respirar
um ar mais puro e o céu voltasse a ser azul.
Com a humanidade parada e confinada á
sua habitação, as águas dos canais de Veneza
passaram de turvas a cristalinas, e tornou-se
possível ver os peixes e os golfinhos
nadando livremente. Na China, onde o céu
voltou a ter a cor azul, já era visível a considerável
diminuição de dióxido de carbono, e
onde, depois de tantos anos de poluição sonora,
tornou-se possível as pessoas ouvirem
os pássaros novamente. Na Tailândia, onde
todos os anos muitos animais morrem devido
a atividades humanas, as tartarugas marinhas
e tubarões voltaram à costa despida
de turistas. Na Austrália foram vistos cangurus
saltando pelas ruas vazias da cidade de
Adelaide. No mediterrâneo as baleias deleitaram-se
nas águas limpas, sem o ruído de
motores de barcos e navios. Nas ruas vazias
de Simon’s Town, pinguins africanos passearam
tranquilamente naquela cidade da Africa
do Sul. Enquanto as pessoas no mundo
todo permaneciam em isolamento social, a
saúde do planeta melhorava a olhos vistos,
e os animais caminhavam livremente, sem
medo. E em todo o mundo as pessoas foram
obrigadas a desacelerar e olhar para dentro.
A focarem-se nas famílias e a se debruçarem
no real sentido da vida. Perante o ataque de
um vírus desconhecido a humanidade perdeu
toda e qualquer robustez. Ficou débil,
restando-lhe apenas a aceitação e a resiliência
como esperança para um amanhã que
acordará numa Nova Terra. s
22 saber MAIO 2020
NUTRIÇÃO
Alison Karina
de Jesus
Alison Karina de Jesus
Nutricionista (2874N)
facebook.com/nutricionalmentebem
instagram.com/nutricionalmentebem
info@nutricionalmentebem.com
https://nutricionalmentebem.com/
INTERNET
Doença celíaca
Adoença celíaca é uma doença auto-imune
em que há uma sensibilidade
ao glúten, uma proteína presente
nos cereais: trigo, centeio,
cevada e aveia. O grande problema desta
doença é que ao afetar a mucosa intestinal,
vai comprometer a absorção dos nutrientes
o que depois poderá promover o aparecimento
de outras doenças. Esta pode ser
diagnosticada em qualquer idade e o único
tratamento disponível consiste na prática
de uma alimentação isenta de glúten que
deve manter-se toda a vida. É fundamental
estar atento ao rótulo! A legislação portuguesa
obriga a que todos os produtos
embalados indiquem a sua composição. É
muito importante a leitura dos ingredientes:
Ter sempre à mão a lista dos alimentos
permitidos, perigosos e proibidos para
mais facilmente identificar aqueles que
pode ou não comer. Na lista dos alimentos
permitidos estão aqueles que podem
ser consumidos livremente, pois são naturalmente
isentos de glúten: Batata, arroz,
quinoa, milho, mandioca, tapioca, o trigo
sarraceno, alfarroba; Açúcar, mel, melaço,
compotas e marmeladas caseiras; Carne,
pescado, ovos; Hortofrutícolas; Leguminosas
(grão de bico, feijão, favas, lentilhas,
soja, etc.); Frutos oleaginosos (noz, pinhão,
amêndoa, avelã, etc.); Sementes (sésamo,
girassol, linhaça, abóbora, etc.); Leite simples,
iogurtes (naturais e aromas), queijo
fresco, requeijão; Azeite e óleos vegetais;
Sal, especiarias (noz moscada, pimenta em
grão, cravinho, etc.) e ervas aromáticas (salsa,
coentros, orégãos, estragão, etc.); Água,
chá, infusões, café ou café descafeinado
em grão; Vinho, espumante, champanhe;
Fermento biológico fresco e seco; Néctares
e sumos de fruta naturais e gaseificados.
O trigo sarraceno, que aparece por vezes
em alguns produtos, apesar do nome, este
nada tem a ver com o trigo comum e nem
sequer é um cereal, por isso, é totalmente
seguro. O mesmo acontece com a quinoa
e o amaranto: também não têm glúten e
podem ser consumidos sem qualquer problema,
desde que não tenham sido alvo de
contaminação cruzada durante a embalagem
e/ou transporte, daí ser crucial verificar
sempre o rótulo. Em casa são necessários
alguns cuidados, nomeadamente: Não
utilizar a mesma esponja para lavar a louça
com e sem glúten; Lavar bem os recipientes
onde são guardados os alimentos sem glúten,
caso anteriormente tenham acondicionado
alimentos com glúten; Nunca usar o
óleo onde se fritou alimentos com farinhas
com glúten, para preparar alimentos sem
glúten; Não colocar o pão de um celíaco na
mesma torradeira/tostadeira em que coloca
o pão comum, pois as migalhas destes,
mesmo torradas, podem contaminar o pão
sem glúten; Separar no frigorífico e na despensa
os alimentos com e sem glúten. Por
exemplo, os alimentos sem glúten devem
ser colocados na prateleira superior e outros
alimentos nas prateleiras inferiores;
Polvilhar e untar as formas com farinha
sem glúten ou Maizena, mesmo quando
elabora bolos sem glúten. s
saber MAIO 2020
23
CAPRICHOS DE GOES
Diogo goes
Professor do Ensino Superior e Curador
Em estado
líquido
Um “hiperconsumo” que nos
envolve e legitima uma “era do
vazio” - na visão de Lipovetsky,
entronizando instituições, como
se elas não representassem
um coletivo de pessoas - não
num sentido abstrato - mas
cada pessoa na sua essência
individual.
Os conceitos de “modernidade líquida”
de Zygmunt Bauman a par
da “hipermodernidade” de Gilles
Lipovestsky, expõem uma dimensão
vociferante do consumo, na sociedade
em que vivemos, levada a todos os campos
da existência humana, inclusive às emoções
e sentimentos. Um “hiperconsumo” que
nos envolve e legitima uma “era do vazio”
- na visão de Lipovetsky, entronizando instituições,
como se elas não representassem
um coletivo de pessoas - não num sentido
abstrato - mas cada pessoa na sua essência
individual. A lógica imediata do consumo foi
exportada para os comportamentos e relações
humanas, o determinismo do compromisso,
qualquer ele que seja, tornou-se o
maior medo, da sociedade, porque séculos
de pensamento neoliberal popularizaram
o sucesso e, por conseguinte, a apócope
do medo de falhar de errar. Preteriu-se o
desenvolvimento do pensamento crítico e
humanista, a visão sobre a história, sobre
a filosofia, sobre a língua ou sobre a identidade
do ser humano às conceções estandardizadas
de uma sociedade, pragmática,
objetiva, racional, onde não há lugar, para
a pausa, nem tempo para a contemplação.
Não há lugar para as emoções, nem
para a criatividade. E rapidamente ficamos
próximos de uma inteligência artificial que
será mais capaz do que nós, mais eficiente,
quando restringidos do nosso potencial
humano, sensível. A racionalização económica
das emoções ou sensações, ocupa por
isso uma nova ordem de organização social
do mundo, que vimos deixar de ser nosso,
entregue à tecnologia e à sobre-exploração
dos bens e recursos naturais. Na Educação,
preteriu-se o desenvolvimento do pensamento
crítico e humanista, a visão sobre a
história, sobre a filosofia, sobre a língua ou
sobre a identidade do ser humano, substituída
pelo economicamente viável e intelectualmente
menos motivante. O ser humano
emancipou-se, erroneamente, dos seus
próprios compromissos, digo, sentimentos,
que faziam dele mais humano, e ao invés,
24 saber MAIO 2020
comprometeu o ato de amar a uma lógica
funcionalista, imediata de dependência, no
relacionamento com o outro. Em vez de se
emancipar precipitou-se em vertigem. A
função de educar o outro, enquanto ato de
Amor, não se resume apenas à transmissão
de conhecimento, mas à dotação de ferramentas
e competências humanas, valores
éticos, de consciência moral, que permitam
ao outro ser humano, se tornar melhor pessoa
e só desse modo, ousar sonhar e se
tornar capaz mudar o mundo. Parafraseando
Paulo Freire, “quando a educação não
é libertadora, o sonho do oprimido é ser
opressor.” E este mundo que primeiro nos
seduziu, determinou-nos na sua própria sedução,
como se tratasse de uma estratégia
de autolegitimação dos nossos próprios
erros históricos, que preferimos
esquecer, no encanto da sedução. Voltámos
a ter medo de amar, porque ficou
inculturado o medo de sofrer, o medo
de fracassar. Uma cultura de palimpsesto,
que tem medo de amar, o outro, o diferente,
o até então desconhecido, tantas
vezes tem escolhido semear o ódio,
a vingança, em vez de escolher construir
pontes de encontro entre a diferença,
entre Culturas. «Não tentemos satisfazer
a sede de liberdade bebendo da taça
da amargura e do ódio», apelava Martim
Luther King. Estamos conscientes das
transformações apocalípticas do planeta,
mas nada ousamos fazer. Quisemos
fundamentar uma apologética do Amor,
tratando-a como uma síntese incompleta
da sociologia das emoções, demonstrando
os seus fracassos históricos da
humanidade, como se preferissemos generalizar
o fracasso das utopias de Amor
incondicional, pelo outro ser humano,
para evitarmos sofrer, para não amar,
tão perdidamente. O que faz distar, por
isso, o ser humano das máquinas, é essa
capacidade tão bela de estar disposto a
amar tão irracionalmente, alguém, sem
qualquer contrapartida, matemática ou
natural. Zygmunt Bauman, escreve no
seu ensaio “Amor líquido” que, «aceitar
esse preceito – de Amar - é um ato de fé;
um ato decisivo, pelo qual o ser humano
rompe a couraça dos impulsos, ímpetos
e predileções "naturais" e assume uma
posição que se afasta da natureza, que é
contrária a esta.» O ser humano permanece
assim, pelo Amor, mais distantes
das feras, distinto ainda, dos anjos – na conceção
Aristotélica - mas talvez, mais próximo
deles e do Derradeiro. Mas até as feras,
também nutrem seus momentos de Amor…
faltou coragem, de tirar tantos seres humanos
da solidão que os fez aproximar de feras.
Parafraseando Bauman, «acredite – no
Amor - porque é absurdo» – e por isso, só
pode ser mesmo verdadeiro. Criaram-nos
a ilusão, de que o único modo de estar no
mundo, em sociedade, era corresponder a
tudo o quanto o mundo abstrato nos impele,
levando ao extremo a apócope do Amor
- fundamento contrário à própria natureza
animalesca do humano. Qual será afinal o
fundamento de amar incondicionalmente
O Pensador “Le Penseur” (1904). Auguste Rodin.
Escultura em bronze. Altura: 186.
O Pensador original encontra-se nas 'Rodin Gates'.
o próximo, o desconhecido, o outro como
nós? Sermos diferentes de animais, de máquinas,
ou de anjos, sermos autenticamente
genuínos, verdadeiros humanos, inocentes
como crianças, para que não mais importe
aquilo que somos, mas aquilo que de bom
podemos dar, ao outro, para transformar o
mundo. Somos apenas metade, à espera de
semelhante Amor. s
saber MAIO 2020
25
PUBLIREPORTAGEM
Departamento Comunicação e Imagem da Câmara Municipal do Funchal
“A Cultura que nos Une”
A
Câmara Municipal do Funchal
apresentou, em abril, a iniciativa
“A Cultura que nos Une”, com dezenas
de eventos e iniciativas para
serem usufruídos pelos funchalenses na
sua própria casa, enquanto durar o confinamento
provocado pela crise de saúde pública
que o país atravessa. Esta programação
tem sido um sucesso e prolonga-se no mês
de maio nas redes sociais camarárias. Miguel
Silva Gouveia refere que “o feedback
que tivemos das pessoas desde a primeira
hora foi excelente. Criámos um programa
alternativo com bastante qualidade, a dar
palco aos artistas regionais, com destaque
para os concertos em direto, mas com a
preocupação de apresentar atividades de
uma forma integrada para os diversos públicos
e em todos os campos culturais em
que a Autarquia se move. É por isso que o
programa inclui ainda teatro, dança, tertúlias,
documentários e oficinas criativas e
de artes plásticas, a decorrerem sucessivamente
nos nossos múltiplos canais.” “São
iniciativas transversais e o facto de parte
delas ser em direto estimula a adesão e a
interação do público, à semelhança do que
temos assistido de forma generalizada um
pouco por toda a parte. É uma fórmula que
resulta e na qual continuaremos a apostar,
garantindo outra coisa que é fundamental
neste momento, que é a sustentabilidade
dos nossos artistas, porque todos estes trabalhos
são pagos.”. O destaque da programação
são os concertos em direto a partir
de espaços municipais de referência, que
são transmitidos no facebook e instagram
oficiais da Câmara Municipal do Funchal. O
próximo está marcado para dia 8 de maio,
contando com Cristiana Barbosa e Vitor
Abreu para uma atuação na sala da Assembleia
Municipal, enquanto no dia 22, será a
26 saber MAIO 2020
vez de Sofia Ferreira e Pedro Marques abrilhantarem
o incontornável Mercado dos Lavradores.
Na página do Teatro Baltazar Dias
decorrerão, por sua vez, oficinas criativas
em direto, com nomes como Mariana Camacho,
Miguel Pires, Gonçalo Caboz e Rui e
Helena Camacho. Nas páginas dos museus
destaca-se, no dia 15 de maio, a conversa
“Museus em Reinvenção”, com a Vereadora
da Cultura na CMF, Madalena Nunes, e um
painel que inclui ainda Esmeralda Lourenço,
Diogo Goes, Márcia Sousa, Lídia Gois e
Raquel Fraga, bem como um concerto da
Orchestra-Quartet, a 24 de maio. Finalmente,
a componente literatura será assegurada
pelo facebook da Biblioteca Municipal do
Funchal, com contos diários e oficinas de escrita,
entre outros. “Os tempos que correm
exigem que sejamos cada vez mais criativos
na procura de novas soluções, mas defendendo
sempre valores que para nós são essenciais,
como a democratização no acesso
à cultura, enquanto bem essencial, e a valorização
dos artistas regionais e do nosso património.
É isso que continuaremos a fazer
com proximidade, partilha e uma cultura comum
que nos une”, conclui o Presidente.” s
visite o novo site, mantenha-se informado!
PUB
notícias
medidas
empresas
informações úteis
recomendações
https://covid19.cm-funchal.pt/
saber MAIO 2020
27
viajar coM saber
ANTÓNIO CRUZ
AUTOR E VIAJANTE › antonio.cruz@abreu.pt
Montreal
1] O hotel escolhido, Le Jardin d’Antoine, ficava em pleno bairro latino.
Propositadamente escolhido por estar perto das principais atracções
da cidade e no epicentro da movida artística e gastronómica.
A última grande cidade a visitar no Canadá seria
Montreal. Não tão bonita quanto Toronto e
Quebeque, na minha opinião, não deixaria, no
entanto, de surpreender. Pela forma mais latina de
estar, pelo património edificado, pelas propostas
gastronómicas, pela cultura e arte urbana em que
revelou ser rica.
António cruz › António Cruz escreve de acordo com a antiga ortografia
1]
28 saber MAIO 2020
2]
3]
2] O passeio pela cidade, porque era dos pontos mais
próximos do hotel, iniciar-se-ia pelo The Village, o bairro
gay de Montreal que representa, ao mesmo tempo, um
género de emancipação da comunidade e uma forma algo
ridícula de se mostrar enquanto “diferentes”. Não creio,
e a opinião é estritamente pessoal, que seja necessário
tanto ruído, tanto descaramento, tanta “atitude”. Porque a
melhor forma de estar na vida, e nas opções de cada um,
é a discrição.
4]
3] Montreal é conhecida por
ter uma rede de subterrâneos
absolutamente fantástica para
fazer face ao rigor invernoso,
estendendo-se a mesma por 30
quilómetros sem termos que pôr a cabeça à superfície. E esta rede é a
todos os níveis surpreendente pois permite passar por vários ambientes
repletos de comércio, de arte e de serviços públicos.
5] Cirandar por Montreal é ir ao encontro de bairros tipicamente
influenciados por um género de arquitectura francesa, como o Mile-End
ou o Plateau Mont-Royal, onde a beleza, a cor, a criatividade
e o charme transpiram por cada fachada, escada ou varanda.
4] Uma das melhores forma de abranger a cidade com o olhar é subir
à Torre Olímpica. Foi nesta cidade que em 1976 decorreram os Jogos
de Verão, então com a participação de 92 países, mais de 6000 atletas
que competiram em 21 disciplinas e tendo tido a presença de cerca de
3 milhões e 200 mil espectadores.
5]
7] E, por fim, a Catedral. De estilo neogótico fica no centro da cidade
e tem particularidades como as estátuas dos santos patronos
das treze paróquias de Montreal. O seu interior, e também
fachada, resultam de uma influência, em género de réplica, da
Basílica de São Pedro, em Roma.
6] Cidade altamente respirável, aberta, bonita, preparada para o
conforto de quem nela vive ou quem por ela vai em visita (excepção
feita à quantidade de obras que atrapalham trânsito de peões
e de viaturas, é de considerar um regresso com mais tempo para
lhe descobrir tudo o que não é possível numa primeira incursão.
7]
6]
saber MAIO 2020
29
FLORES DA MADEIRA
Francisco de Gouveia Gomes
Fotógrafo autoditata
Ranúnculos
Existem vários jardins públicos na Madeira,
de entrada livre, onde podemos
aprender os nomes das flores
e plantas típicas. O Funchal recebeu
mesmo o galardão de ouro e foi intitulada
a ‘Cidade Florida Europeia de 2000’, graças
à sua beleza. Na lista de jardins da Madeira
inclui-se, por exemplo, o Jardim Panorâmico,
ou o Jardim da Quinta das Cruzes, com
achados arqueológicos e janelas manuelinas.
Uma visita ao Mercado dos Lavradores
é também uma oportunidade fantástica
para apreciar as belas flores nas barracas e
saborosas frutas tropicais. Observe e aprecie
a beleza e a variedade de flores que se
encontram nos belos jardins da Madeira. s
Nome Ranúnculos
Nome científico Ranunculus asiaticu
Ciclo de vida Herbácea bolbosa
Altura 20-30 cm
Época e cor da floração Inverno – primavera, amarela, branco,
cor-de-rosa, cor-de-laranja, etc
Época de plantação Outono – Inverno
Local de cultivo aconselhado Terraços e varandas ao sol, meia sombra.
Não gostam de frio e dificilmente toleram
temperaturas inferiores a 10ºC
Rega Precisa do solo sempre húmido,
pois não resiste à secura
Substrato e fertilização Utilize um substrato próprio para plantas com flor
Tipo de vaso ou floreira Qualquer vaso ou floreira desde que tenha mais
do que 15 cm de diâmetro e 20 cm de profundidade
Discrição Um Jardim Para Cuidar
Wikipédia (enciclopédia livre)
Francisco Gomes
30 saber maio 2020
saber maio 2020
31
em análise...
Francisco Gomes
Analista político
Fake News:
O desafio
que temos de
vencer!
Como é sabido, as plataformas
digitais de maior uso social,
desde o Google e Facebook
ao Instagram e Twitter,
trocaram a lógica da relevância
pela lógica do clique.
Carolina rodrigues
As fake news, comummente conhecidas
por notícias falsas, desinformação
ou informação propositadamente
falsificada, começaram
a ganhar maior relevância nas eleições
presidenciais americanas que elegeram
Donald Trump, no referendo sobre o Brexit
e nas presidenciais brasileiras ganhas por
Jair Bolsonaro. Apesar das medidas que,
em resposta, foram implementadas pelo
Parlamento Europeu de forma a travar o
seu possível impacto nas eleições europeias
e na estabilidade social dos estados-
-membros, reforçando a protecção de dados
pessoais e combatendo a manipulação
tendenciosa de factos noticiosos, as fake
news continuam a assumir uma dimensão
avassaladora, a qual espelha a sua complexidade:
são uma questão importante para
o nosso futuro, mas também constituem
uma ameaça real ao nosso presente; são
um problema dos jornalistas, mas também
um obstáculo para todos os que querem
viver numa sociedade aberta e plural; são
um fenómeno social que tem um efeito
pernicioso na destruição da confiança, mas
que também tem implicações claras e sérias
na gestão política e no exercício do poder.
Face à seriedade do assunto, torna-se importante
tentar perceber as situações que
contribuem para tal fenómeno e que viabilizam
a sua infeliz perpetuação no contexto
das nossas sociedades. Ao fazê-lo, há três
aspectos que assumem especial destaque.
Primeiro, a enorme pressão colocada sobre
os órgãos de comunicação social no sentido
de que, para ultrapassar a concorrência,
produzam constantemente novas notícias
e sejam os primeiros a dá-las – não, necessariamente,
dá-las bem ou melhor, mas dar
muito e primeiro. Por sua vez, esta incessante
pressão invariavelmente conduz os
canais de comunicação a reduzir a sua capacidade
de filtragem quanto à veracidade
dos factos que chegam às suas redações e a
produzir um número de notícias que estão
mais susceptíveis à falsidade do que à verdade.
Segundo, a forma como se consome
32 saber MAIO 2020
as notícias. Como é sabido, as plataformas
digitais de maior uso social, desde
o Google e Facebook ao Instagram e
Twitter, trocaram a lógica da relevância
pela lógica do clique. Segundo a mesma,
o consumidor não recebe nos seus
mecanismos de acesso mediático as
notícias que são mais relevantes para a
percepção do mundo em que vive, mas
sim aquelas que melhor se enquadram
no perfil de usuário criado pelas próprias
plataformas conforme as pesquisas
previamente realizadas. O resultado
óbvio é o fenómeno de ressonância
opinativa, ou seja, as pessoas estão, de
facto, rodeadas de informação, mas estão
marcadamente inseridas em bolhas
opinativas, onde consomem (quase exclusivamente)
os conteúdos que reforçam
as percepções que já têm, sem desenvolver
um interesse sincero em discutir ou em dialogar
com os que não partilham a sua visão.
É, assim, criado um cenário perfeito para a
proliferação da mentira e para o aprofundamento
de trincheiras sociais que fomentam
a mentalidade de ‘nós contra eles’. Terceiro,
vivemos um momento complicado nas nossas
sociedades, em especial nos países ocidentais,
no qual prolifera o ataque às elites
económicas e políticas. O clima de ligeireza
que está cimentado nas redes sociais, onde
as restrições à circulação de informação
tendenciosa ou falsa são baixas ou inexistentes,
fornece o substrato fértil onde esses
tipos de ataque podem ser disseminados e
ampliados, inclusivamente com o recurso a
dados que não correspondem à verdade.
Aliás, no contexto das redes sociais, é possível
passar com leviana facilidade do direito
à opinião própria ao suposto direito aos factos
próprios, o que muito agrada aos arquitectos
da maledicência que covardemente
se escondem atrás dos ecrãs e dos teclados.
Mas, mesmo com toda a sua complexidade
e abrangência, as notícias falsas são um desafio
que podemos vencer e que tem de ser
superado para que possamos assegurar a
implantação de um ecossistema noticioso
em que as pessoas consigam distinguir
aquilo que é jornalismo meritório e factual
de construções narrativas inventadas. Ainda
que não existam respostas fáceis ao assunto,
há três estratégias que podem e devem
ser adoptadas. Primeiro, é necessário outra
atitude jornalística, com os meios de comunicação
social a apostarem na profundidade,
na revisão dos factos e na capacidade de
explorar temas diferenciadores e criar formas
diferentes de abordar a realidade social.
A juntar a isto, é preciso que os jornais
repensem o seu modelo de negócio, o qual
não pode continuar a assumir apenas o objectivo
de chegar ao maior número possível
de pessoas ou de dar a notícia em primeira
mão, mas sim, e mais do que tudo, em estabelecer
um compromisso de confiança com
o público, baseado na ética, nos valores e
na honestidade. Segundo, é urgente maior
responsabilização na parte dos consumidores
de notícias, que têm de estar na linha da
frente no combate à iliteracia mediática, à
manipulação jornalística e à desinformação.
Isto passa pela adopção de comportamentos
simples, tais como ler as notícias com
uma atitude crítica, pensando bem no que
se lê antes de partilhar, mas também pela
coragem de ultrapassar a ressonância opinativa
na qual nos temos inserido, passando
a consumir as notícias que verdadeiramente
formam a moldura do debate público. Ao
proceder destas formas, os consumidores
não só estão a estimular o bom jornalismo,
mas também estão a criar o espaço social
que é preciso para a troca salutar e livre de
ideias, apagando o efeito da mentira que
se quer passar como crível apenas porque
vai de encontro às convicções de quem a
lê. Terceiro, é importante uma abordagem
muito diferente em termos de governação.
Com isto não estamos a defender a criação
de um novo regulador, capaz de pesquisar,
investigar e aplicar recursos próprios para
atacar a questão. Tal órgão, com os poderes
que lhe estariam subjacentes, seria um
sinal severo para o espírito democrático e
uma evolução negativa na protecção de
uma imprensa livre. Todavia, é necessário
uma legislação adequada, fácil de aplicar e
muito mais severa que permita, quer a nível
internacional, quer a nível de cada estado,
uma acção célere por parte das lideranças
cívicas contra as empresas e as plataformas
que criam, difundem e beneficiam das notícias
falsas.
Numa conferência realizada em Lisboa sobre
o tema das Fake News, David Pontes,
director-adjunto do Público, comentou que
as mesmas representam “uma ameaça, mas
também um desafio”. A observação é correcta
e toca num dos pontos essenciais em
torno da desinformação que hoje corrói o
nosso clima social. Sem dúvida, estamos perante
um fenómeno profundamente interligado
a objectivos de conquista e preservação
do poder por mecanismos desonestos,
mas este é também um desafio para reafirmar
os valores do jornalismo escrutinado,
o exercício da cidadania atenta e a defesa
de uma governação transparente. Porque
a proibição e a censura são caminhos sempre
perigosos, a ênfase tem de ser colocada
numa melhor e maior educação para a comunicação,
que permita entender os factos
e separá-los das fábricas de mentiras instaladas
nas redes sociais e no jornalismo sensacionalista.
s
saber MAIO 2020
33
[DES]CONHECIDA ARTE
orlanda luís
Auxiliar Administrativa Função Pública
Facebook Orlanda Luís
Panos pintados
São toalhas, babetes, lençóis, pegas
de cozinha e naperons a que Orlanda
Luís dá nova vida com desenhos
de variados motivos e que muitas
vezes têm a ver com uma época do
ano, como o Natal ou a Páscoa, daí
os desenhos com os tradicionais
ovos e coelhos da Páscoa, ou então o
pinheiro de Natal ou os engraçados
bonecos de neve. Para celebrar a
chegada de um novo membro a uma
família, oferece-se um lençol para
o berço com uma barra com belos
desenhos infantis. As peças tanto
têm de belo como de útil e podemos
encontrá-las na página de Facebook
que a funcionária pública criou para
divulgar e vender os seus trabalhos.
Dulcina Branco
gentilmente cedidas pela orlanda luís
34 saber MAIO 2020
Como começou nesta arte de desenhar e
de pintar em panos?
- Sempre gostei de trabalhos manuais, de
criar e de fazer coisas mas foi devido ao
meu estado de saúde que fez com que deixasse
de trabalhar e então, estando mais
tempo em casa, e junto da minha família,
passei a dedicar-me mais aos panos pintados,
o que me possibilita ganhar mais algum
dinheiro. Decidi, com força e coragem,
dedicar me com fé a arte de pintar em tecido,
até hoje, e que é o meu passatempo
favorito.
Como é que nascem os desenhos e em
que materiais?
- Os desenhos são feitos no tecido, no linho,
principalmente, com tintas, madeira e
pincéis.
O que é que as pessoas lhe pedem para
pintar e que peças?
- As pessoas gostam e pedem-me para desenhar
peças paras as mais diferentes situações,
como seja um babebe, uma colcha
ou um lençol para oferecer a uma mãe que
teve um bebé, um batizado, um aniversário,
para a a decoração da casa pedem-me
muito as toalhas, os naperons, as pegas de
cozinha, lençóis, os panos de cozinha, etc.
Quanto tempo leva uma peça a ficar
pronta?
- É conforme o desenho, quer dizer, pode
demorar, normalmente, entre três a quatro
horas seguidas.
Quem é a Orlanda Luís?
- Sou do Funchal, da freguesia de Santo
António, onde resido com a minha família.
Sou casada e mãe de dois filhos: um rapaz,
que no meio artístico é conhecido por DJ
Adérito, e a minha filha Mónica. A minha
família – o meu marido e os meus filhos,
assim como os meus irmãos, sobrinhos,
primos, etc.. são a minha vida e a eles devo
tudo o que sou. Os meus pais (ambos já falecidos)
tiveram nove filhos e entre muitos
irmãos, tive uma infância feliz, por isso, é
que hoje posso dizer que sou uma pessoa
feliz e reconhecida pelo que os meus pais
me deram. Sou funcionária pública de profissão
mas um problema de saúde, nos últimos
anos, impediu-me de trabalhar o que
fez com que me dedicasse aos panos pintados,
e tenho gostado muito. s
saber MAIO 2020
35
AVES DA MADEIRA
JOSÉ FRADE
Fotógrafo autoditata
AVES DA MADEIRA
José Frade nasceu há 53 anos no
concelho de Cascais. Trabalha
no sector automóvel mas foi
a sua paixão pela fotografia,
principalmente a fotografia de
natureza, que o fez aprofundar
os seus conhecimentos sobre
as aves e consequentemente
aderir ao grupo "Aves de Portugal
Continental", grupo esse criado
pelo Armando Caldas, mas, como
membro desde o primeiro dia,
foi convidado pelo fundador, em
conjunto com ele, administrar
o referido grupo, vendo aí uma
oportunidade para partilhar os
seus conhecimentos e incentivar as
pessoas à protecção da natureza.
Dulcina Branco
aprenderamadeira.pt
José Frade,
administrador do grupo “Aves de Portugal Continental”,
que gentilmente nos cede as fotos que ilustram
esta rubrica
"Um adequado conhecimento da abundância
e da forma como os seres vivos
se distribuem no espaço, constitui um
aspeto determinante para que sejam
tomadas medidas de gestão adequadas,
com vista à preservação do meio ambiente.
Uma das ferramentas que está ao dispor
de quem tem por missão fazer a gestão dos
recursos naturais são os Atlas. Por outro
lado, pela sua importância ecológica, beleza
e conspicuidade, as Aves são espécies
que atraem a atenção do público no geral,
e que além de desempenharem um papel
ecológico de extrema importância, têm uma
subestimada importância social, cultural e
económica. Foi pelo conjugar destes fatores
que foi realizado, entre 2009 e 2013, este
projeto ambicioso e transversal, o Atlas das
Aves Nidificantes no Arquipélago da Madeira.
O principal objetivo deste projeto foi primeiramente
perceber a abundância e a forma
como as aves se distribuem ao longo de
todo o Arquipélago da Madeira, contribuindo
igualmente para a criação de uma base
de dados que poderá ser utilizada de forma
integrada nos mais variados campos de atividade,
desde a conservação da natureza,
no seu sentido mais estrito, até setores com
importância socioeconómica, como seja, no
caso da nossa região, o setor do turismo de
natureza. A observação de aves e outros
animais, como os cetáceos por exemplo, é
uma vertente turística em contínua expansão
e que só muito recentemente começou
a ser explorada de uma forma consistente
no arquipélago”. Fonte: madeira.gov.pt/biodiversidade/projetos/atlas-das-aves-nidificantes-no-arquipelago-da-madeira.
s
36 saber MAIO 2020
Bis-bis (Regulus madeirensis)
É uma ave da família Regulidae, endémica
do arquipélagos da Madeira, abundante na floresta
Laurissilva. É a ave mais pequena do arquipélago.
Canário-da-terra (Serinus canaria)
Uma ave da família Fringillidae, presente em
estado selvagem, apenas nos arquipélagos
das Canárias, Madeira e Açores. Mostra
uma certa preferência por zonas agrícolas
e de pastagens, ocorre também em zonas
costeiras com pouca vegetação.
saber MAIO 2020
37
DICAS DE MODA
Lúcia Sousa
Fashion Designer Estilista › 914110291
www.luciasousa.com
Facebook › LUCIA SOUSA-Fashion Designer estilista
Máscara em tecido
Como fazer uma máscara em tecido?
Vou exemplificar como fazer uma
máscara de pregas, tecido dupla
face. Primeiro, seleccione o material
necessário tecido de algodão, elásticos e filtro.
Se não conseguir um tecido de algodão,
pode reutilizar uma camisa sua de algodão
(aqui fica a dica).
D.R. (direitos reservados)
MODELO › Lourenço Sousa
1 - Corte um retângulo de tecido e dobre-o a
meio, com uma altura +- de 20cm.
2 - Insira os elásticos no interior e prenda-
-os nas pontas com alfinetes. O tamanho
do elástico varia consoante a pessoa que
vai usar adulto ou criança - em média o
tamanho é de 17cm.
3 - A fase seguinte é cozer toda à volta do
retângulo, onde pode deixar uma abertura
de 8cm para inserir o filtro se assim o
desejar.
4 - Volte o retângulo do lado direito e passe
as costuras a ferro.
5 - Com a fita métrica e com os alfinetes molde
as pregas.
6 - Dê um persponto à volta da máscara -
desta forma molda melhor e prende as
pregas.
7 - Passe a ferro para fixar as pregas e insira
o filtro no interior da mascara.
E já está! Uma máscara em tecido reutilizável
e lavável. Protega-se. Para mais informações
estamos ao seu dispor. s
38 saber MAIO 2020
FASE
1
FASE
2
FASE
3
FASE
4
FASE
5
FASE
FINAL
saber MAIO 2020
39
MAKEOVER
Mary Correia de Carfora
Maquilhadora Profissional › Facebook Carfora Mary Makeup
Texto/Produção: Mary de Carfora
Filipe Frango
Estes dias de quarentena em casa
acho que têm dado a conhecer muitos
talentos que desconhecíamos!.
Para alguns, como eu, fazer o que
gostamos, mesmo estando em casa, faz-nos
ir mais além. É preocupante esta situação de
pandemia, não há dúvida, mas certo é que,
no confinamento dos nossos lares, descobrimos
talentos e momentos inesperados.
As redes sociais nunca estiveram tão ativas
e com uma diversidade enorme de talentos,
pessoas a protagonizarem momentos bonitos,
divertidos, úteis! Cada um mostrando a
sua arte e o seu talento para os que estão do
outro lado do ecrã!. Não é fácil estar confinado
entre quatro paredes mas o talento, o pensamento,
a criatividade e a liberdade começam
nas nossas mentes e nos nossos corações,
e abrindo-os, abrimo-nos ao mundo
com repercussões positivas, já que são muitos
os que apreciam e gostam das artes e da
criatividade que é apresentada. Entre todos,
damos um pouco de nós e isso ajuda e abre
caminho para novos dias que aí vêm. Através
dos nossos trabalhos, talentos, hobbys, alguma
distração, aprendizagem e companheirismo,
damos o nosso melhor aos outros e com
isto, estamos também a contribuir para que
tenhamos, todos, dias mais bonitos e positivos.
Da minha parte, contribuo com a minha
arte, postando vídeos e fotografias complementados
com dicas e conselhos de moda
e imagem que podem ser utilizadas pelas
minhas seguidoras. É tão bom e faz-nos tão
bem ouvir um elogio, um incentivo, sentir um
carinho!. É disto que se trata: as coisas boas
e as mensagens positivas fazem-nos crescer
pessoal, profissional e espiritualmente. Cada
um de nós é, neste momento, o seu próprio
herói, lutando contra os seus medos, as suas
inseguranças e incertezas, na certeza, porém,
que com atitudes, pensamentos e palavras
positivas, e ajudando-nos uns aos outros,
regressaremos mais fortes e melhores do que
éramos. E, sejam sempre felizes!. s
40 saber maio 2020
momentos de
Reflexao
saber MAIO 2020
41
MOTORES
Prevenção Rodoviária Portuguesa na Madeira
A
Prevenção Rodoviária Portuguesa
(PRP) é uma associação sem fins lucrativos
e de utilidade pública que
tem como objetivo prevenir os acidentes
rodoviários e as suas consequências,
de referência a nível nacional, tendo alargado
a sua ação, para além da educação e sensibilização,
à formação nas várias vertentes quer
de professores quer de jovens quer de técnicos
ligados à construção, sinalização e conservação
dos diversos tipos de vias. A PRP está na
Madeira, através duma parceria entre a Associação
de Motociclismo da Madeira, a Direção
Regional de Transportes Terrestres, a Direção
Regional de Estradas e a Policia de Segurança
Pública, envolvendo ainda alguns outros parceiros,
como é exemplo o Iasaúde IP-RAM. A
Prevenção Rodoviária Portuguesa foi fundada
em 1965, como uma associação sem fins lucrativos
e com o objetivo de prevenir os acidentes
rodoviários e as suas consequências, tendo o
Governo reconhecido a PRP como instituição
de utilidade pública. Já nessa altura, a elevada
sinistralidade rodoviária preocupava alguns
dos setores da sociedade e ao Lyon Clube de
Lisboa sensibilizou-o, em particular, as crianças
vítimas deste flagelo. A PRP começa por ser
uma pequena associação com apenas 6 funcionários
que se vai implementando. Desde o
início que uma das suas preocupações são as
crianças e os jovens. Assim, nascem as Escolas
Móveis de Trânsito que se deslocam às escolas
de todo o país dando formação aos alunos.
Desde os primeiros tempos que a PRP sempre
dedicou particular atenção a campanhas de
sensibilização, iniciativas que têm sido multiplicadas
e diversas vezes repetidas. O desafio de
alargar a sua atividade à Madeira foi lançado no
fim de 2018 pela direção da Associação de Motociclismo
da Madeira (AMM) à Prevenção Rodoviária
Portuguesa dada a preocupação que a
AMM tem associada aos elevados números de
sinistralidade envolvendo a condução de veículos
de duas rodas, bem como a mortalidade a
ela associada. A recetividade da PRP foi grande,
tendo inclusivamente deslocado à Região Autónoma
da Madeira uma comitiva que reuniu
com a Associação de Motociclismo da Madeira,
a Direção Regional de Estradas, a Direção Regional
de Economia e Transportes e com o Comando
Regional da Policia de Segurança Pública.
O acolhimento e empenho das entidades foi
tal que se começou logo a trabalhar no sentido
de firmar esta parceria. Na Madeira, e graças
à Prevenção Rodoviária Portuguesa, pretende-
-se que haja uma maior atenção e controlo
às estradas, surgindo simultaneamente uma
importante componente formativa, quer para
condutores infratores, quer para condutores
com categoria B mas que pretendem ganhar
experiencia na condução de motos com cilindrada
inferior a 125 cc. É ainda possível atribuir
carta de condução para ciclomotores a jovens
dos 14 aos 16 anos, embora este processo formativo
tenha um forte acompanhamento por
parte de psicólogos especializados. A componente
de sensibilização também é uma forte
aposta, sendo que começam a surgir nas estradas
regionais uma série de alertas à condução
sob efeito do álcool, à utilização do telemóvel
durante a condução ou ao excesso de velocidade,
a par de uma campanha regional itinerante
que irá percorrer todos os concelhos da Madeira,
alertando e sensibilizando para os acidentes
de viação e para as formas como facilmente
podem ser prevenidos. A sensibilização passará
também por escolas, complementando um
projeto que a Secretaria Regional da Educação
já possui, indo ainda ao encontro de um conjunto
de Associações Desportivas e Culturais e
Casas do Povo por toda a Região. A delegação
da Madeira da Prevenção Rodoviária Portuguesa
espera, desta forma, reduzir as elevadas taxas
de sinistralidade regional, bem como diminuir
o numero de vitimas mortais nas estradas
da Madeira. s
Nélio Olim
PRP e DR
42 saber MAIO 2020
saber MAIO 2020
43
FASHION ADVISOR
JORGE LUZ
www.facebook.com/jorgeluz83/
Moda tendências
Minhas amigas, nunca como agora
a moda voltou atrás, ao passado,
e muito especificamente
aos anos 80. Muito explicitamente,
os estampados “antigos”, os acetinados,
as mangas elaboradas, tudo isto
veio agora ao de cima, nesta meia estação.
Veja que, os estampados, os relevos nos
tecidos acetinados lembram perfeitamente
os tecidos dos anos 80 mas estão aí e para
ficar de forma clássica e elegante. Na meia
estação, verificamos que, as cores pastéis,
dourados, brancos e bege são as tendências
que vieram ficar para os dias quentes.
Levantando um pouco a ponta do véu, preparem-se
para uma estação de verão de cores
suaves - os tons pastel que estão agora
em alta. Não iremos ter as cores vibrantes
que tivemos em anteriores anos mas sim,
cores mais sóbrias e suaves mas sem deixarem
de serem bonitas e elegantes. É um
novo clássico revisitado com inspiração nos
loucos anos 80 e adaptado à atualidade
como se quer que a moda seja: criativa e
atual. s
Jorge Luz d.r.
modelos › Alzira Ribeiro
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saber MAIO 2020
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MARCAS ICÓNICAS
The New York Times
P
or vezes abreviado para
NYT, este jornal diário
estaduninse foi fundado
e publicado continuamente
na cidade de Nova Iorque
desde 18 de Setembro de 1851,
pela The New York Times Company.
O The New York Times ganhou
117 prémios Pulitzer, mais
do que qualquer outra organização
de notícias. A versão impressa
do jornal tem a segunda
maior circulação, atrás do The
Wall Street Journal, e a maior circulação
entre os jornais metropolitanos
nos Estados Unidos. O
New York Times está classificado
em 39.º no mundo por circulação.
No entanto, seguindo tendências
da indústria como um
todo, a sua circulação semanal
caiu para menos de um milhão
por dia desde 1990. Apelidado
de “The Lady Gray”, o New York
Times há muito tempo tem sido
considerado dentro da indústria
como um “jornal de referência”
nacional. Arthur Ochs Sulzberger
Jr., Publisher e do Presidente
do Conselho, é um membro da
família Ochs-Sulzberger, que
tem controlado o jornal desde
1896. O lema do jornal, “todas
as notícias que estão aptas para
impressão”, aparece no canto
superior esquerdo da página inicial.
O jornal foi fundado em 18
de setembro de 1851 por Henry
Jarvis Raymond, que também
fundou a Associated Express, e
George Jones. O NYT ganhou o
seu primeiro Pulitzer por reportagens
sobre a Primeira Guerra
Mundial. Uma nova sede para o
jornal, um arranha-céu, foi projetado
por Renzo Piano em 2007
na ilha de Manhattan, em Nova
Iorque. O NYT começou a ser
publicado também na internet,
em 1996, e tornou-se uma referência
para conteúdo on-line.
O site é acessado mensalmente
por cerca de 20 milhões de
usuários, tornando-o o quinto
site de notícias mais visitado da
Internet e o site mais popular
de jornal nos Estados Unidos. A
The New York Times Company,
a editora do jornal, foi afetada
pela crise de 2008 o que contribuiu
para a existência de uma
dívida colossal, cerca de um
bilhão de dólares, no entanto,
o jornal tem mantido a sua publicação
até à atualidade. Uma
capa que faz história é a que foi
publicada em maio de 2020, que
enche toda a primeira página
com os nomes de mil vítimas da
covid-19 em Nova Iorque, o estado
mais afetado nos Estados
Unidos. São pequenos obituários,
que recuperam a memória
de pessoas que morreram
por causa do novo coronavírus.
“Estas mil pessoas representam
apenas um por cento do total.
Nenhuma delas era apenas
um número”, escreve o jornal
na capa, que se encontra totalmente
preenchida por texto. Em
março, o jornal dedicou uma
extensa reportagem onde analisou
ao detalhe a forma como
Portugal e Espanha combateram
a pandemia do novo coronavírus,
tendo deixado elogios à
postura portuguesa. s
Dulcina Branco
Wikipédia e DR
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LUGARES DE CÁ
SOCIAL
›
›
Madeira recebeu em janeiro o
Campeonato Nacional de Katas
› Plano de Sinalética do centro comercial Caniço Shopping
› Agência Abreu lançou em janeiro Brochura ‘Viagens (Imp)Prováveis’
› Abertura do ‘Nos Copos Cocktail Bar’
› Real Associação Madeira e Porto Santo organizou em janeiro o “Jantar do Senado”
saber MAIO 2020
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social
Campeonato Nacional de Katas
A Madeira recebeu em janeiro deste ano o Campeonato Nacional
de Katas, organizado pela Federação Portuguesa de Judo com o
apoio da Associação de Judo da RAM. A última vez que a Associação
de Judo da RAM coorganizou um campeonato Nacional
foi em 1988. O campeonato decorreu no Pavilhão Bartolomeu
Perestrelo e trouxe à região cerca de 30 pares das Associações
Distritais de Coimbra, Santarém, Lisboa, Algarve, Beja e Castelo
Branco, que disputaram as cinco modalidades de katas. Os katas
são formas coreografadas entre os pares que são avaliados pela
perfeição técnica por um júri de Mestres da Comissão Nacional
de Graduações, entre os mais graduados a nível nacional. Da região
competiram 4 pares, sendo 3 do Clube Naval do Funchal, e
um par misto do Judo Clube da Madeira e Associação Cultural
e Desportiva da Quinta Grande. Da região voltou a destacar-se
César Nicola, ao vencer quatro pódios de cinco possíveis. César
Nicola tem sido medalhado nos campeonatos nacionais de katas
nos últimos anos. s
DB
Cícero Castro
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Brochura ‘Viagens
(Im)prováveis Abreu’
Os responsáveis madeirenses da Agência Abreu apresentaram
em fevereiro, no Museu do Açúcar, no Funchal, a brochura
para 2020/21, ainda o espetro da Covid-19 se confinava
à China e o turismo mundial se organizava para continuar a
dinamizar a economia. A brochura tem o cunho de António
Barroso Cruz, que assina a rubrica ‘Viajar com Saber’, da Revista
Saber Madeira. “Experienciar, vivenciar, desformatar e
desmassificar” não são férias standard nem incluem os mais
populares destinos de sonho ou programas simples de lazer
mas são, antes, viagens “fora da caixa”, uma aposta iniciada
em 2019 por António Barroso Cruz, responsável pelo projecto
Viagens (im)Prováveis. A Viagens Abreu é uma agência de viagens
fundada em 1840 na cidade do Porto, Portugal, e é considerada
a mais antiga da sua indústria a nível mundial. Um
cocktail no bonito espaço que é o Museu do Açúcar, que fica
na Praça Amarela, antecedeu a apresentação da brochura. s
Sinalética Caniço Shopping
O Caniço Shopping implementou um Projeto de Sinalética
intuitivo e funcional no âmbito da Covid-19, o qual foi desenvolvido
em parceria com o Atelier de Design “GONNA Creative
Studio” e ao qual as lojas estão afetas. O Projeto de Sinalética
foi desenhado de raiz especificamente para o espaço
comercial. O Caniço Shopping é também pioneiro na implementação
de inovadores KIT’s Ozonizadores e Lâmpadas UV
nos Elevadores e Escadas Rolantes para reforço da limpeza
e higienização diária, implementada desde fevereiro, o que
reforça a segurança de colaboradores e clientes que circulam
no espaço comercial. s
DB
D.R. (direitos reservados)
DB
D.R. (direitos reservados)
saber MAIO 2020
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social
Nos Copos Cocktail Bar
É a nova oferta do mercado de bares madeirenses e a abertura
do espaço ocorreu no dia 19 de maio deste ano pelos proprietários
Alberto Silva e Ana Silva. O ‘Nos Copos Cocktail Bar’ fica
na zona nobre turística da cidade do Funchal,mais precisamente
na Rua de Leichlinger loja 18, no Lido. O projeto de interiores
é de Sara Santos. Além de apresentar uma excelente carta de
cocktails feitos com produtos regionais e internacionais pelos
melhores barmen madeirenses, o cliente pode ainda desfrutar
de muitos e bons ‘snacks’, de que se destaca a tábua de queijo e
enchidos. s
DB
gentilmente cedidas por ABM
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PUB
Real Associação da Madeira
e do Porto Santo
A Real Associação da Madeira e do Porto Santo organizou em janeiro
deste ano, no Joe’s Cocktail-Bar, localizado no Hotel Quinta
da Penha de França, a iniciativa “Jantar do Senado” que teve como
convidado na Mesa de Honra D. Nuno Brás, Bispo da Diocese do
Funchal, entre outros ilustres convidados. A iniciativa deste ano
teve como tema de debate “As alterações climáticas e a gestão do
território”, tendo como orador convidado André Pereira da Silva.
A Real Associação da Madeira e do Porto Santo é presidida por
João da Cunha Paredes. s
DB
Cícero Castro e Ana Maria Andrade
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À MESA COM...
As sugestões de
FERNANDO OLIM
Não existe nenhuma evidência que permita dizer que um
determinado alimento ou suplemento ajuda a prevenir
ou a tratar a Covid-19 mas todos concordam que uma
alimentação equilibrada e variada, em que estão presentes
diferentes nutrientes, é importante para o normal funcionamento
do sistema imunitário. Como a ideia é que não passemos a
vida a ir às compras, a aposta deve centrar-se nos menos perecíveis
e os produtos congelados são uma boa opção. A sopa é uma
forma de garantir o consumo de vegetais e de manter a hidratação.
De resto, é seguir a roda alimentar. É importante reduzir as
doses e a hidratação continua a ser a mesma: 1,5 a 2 litros de água.
Fonte: Expresso, edição impressa, 04 de abril de 2020. s
Fernando Olim / pixabay
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entrada
Brocheta mista
Disponha em fatias de pão integral tostado e regado com
azeite, o queijo fresco, presunto, ervas aromáticas a gosto,
tomate cherry, azeitonas, molho de ervas. Decore com
manjericão verde.
prato
principal
Costeleta de borrego
A costeleta de borrego assada no forno é
acompanhada por diversos legumes grelhados,
como pimentos, espargos, bróculos e cogumelos
frescos. Termine com um molho à base de wiskhy
e caldo de carne.
sobremesa
Sugestão pastel de nata
Disponha num prato o tradicional pastel de nata o qual
pode acompanhar com um creme de coco e decorado
com doce de caramelo ou chocolate, uma sugestão
simples mas saborosa e bonita.
saber MAIO 2020
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ESTATUTO EDITORIAL
A Revista Saber Madeira é uma revista mensal de
informação geral que dá, através do texto e da
imagem, uma ampla cobertura dos mais importantes
e significativos acontecimentos regionais,
em todos os domínios de interesse, não esquecendo
temáticas que, embora saindo do âmbito
regional, sejam de interesse geral, nomeadamente
para os conterrâneos espalhados pelo
mundo.
É um projeto jornalístico e dirige-se essencialmente
aos quadros médios e de topo, gestores,
empresários, professores, estudantes, técnicos
superiores, profissionais liberais, comerciantes,
industriais, recursos humanos e marketing.
Identifica-se com os valores da autonomia, da
democracia pluralista e solidária, defendendo
o pluralismo de opinião, sem prejuízo de poder
assumir as suas próprias posições.
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Estatuto Editorial
Mais do que a mera descrição dos factos, tenta
descortinar as razões por detrás dos acontecimentos,
antecipando tendências, oportunidades
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Pauta-se pelo princípio de que os factos e as opiniões
devem ser claramente separadas: os primeiros
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