Turismo & Negócios 172
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Conceitos
Karl Marx, considerado pelos historiadores
como sendo o “pai da filosofia
comunista”, definiu sua ideologia a
partir desses dois conceitos que mencionei
anteriormente: a inexistência de
bens privados e de classes sociais. Marx
cita a era do humano caçador-coletor
como sendo o primeiro registro histórico
onde o comunismo foi praticado,
cerca de vinte mil anos atrás, logo anterior
ao Período Neolítico. Há evidências
arqueológicas que quando o humano
criou suas primeiras comunidades
tribais, todos os bens de subsistência
eram divididos e os meios de produção
eram compartilhados. Quanto à
segunda premissa comunista, a existência
de uma sociedade sem classes, há
evidencias disso em alguns períodos na
Grécia antiga. Platão, na famosa obra
“República”, narra um Estado onde
as pessoas compartilhavam seus bens e
onde não havia classes sociais.
Avançando no tempo, encontramos
outras citações de ideias comunistas
colocadas em prática. A “Revolta dos
Escravos Romanos” em 109 a.C foi
motivada e planejada segundo ideias
socializantes. No século V a.C, Ahura
Mazdak liderou uma reforma socialista
na antiga Pérsia (hoje, Irã), instituindo
um sistema de propriedade coletiva,
assim como vários projetos de assistência
social patrocinados pelo Estado,
desafiando os privilégios da burguesia e
do clero.
Um pouco mais tarde, os Diggers,
puritanos religiosos ingleses do século
XVII, defendiam um pensamento
comunista e lutaram pela abolição da
propriedade privada.
Já o “Comunismo Científico” é um
termo relativamente bem mais recente.
Esse termo foi cunhado por um sujeito
chamado Vladimir Ilyich Ulianov,
mais conhecido pelo pseudônimo de
“Lenin”. Lenin era um revolucionário
comunista, político e teórico russo
que foi Chefe de Governo da Rússia
Soviética entre 1917 e 1924 e depois
da União Soviética, a partir de 1922
até sua morte. Ele cunhou esse termo à
época da Revolução Industrial ocorrida
na Europa no século XIX, quando o
sistema capitalista foi acusado de ser
o causador da miséria do proletariado
e das condições deteriorantes em que
homens e mulheres trabalhavam nas
fábricas.
Na Revolução Russa de 1917, pela
primeira vez um partido se intitulou
“comunista”, tomando o poder do
Estado. Um pouco mais tarde, em
1946, os russos, através do Movimento
Comunista Internacional criado em
1919 na cidade de Petrogrado, ajudaram
os chineses a fazer Revolução
Comunista deles, liderados por Mao
Tse-Tung.
O que todos esses eventos que
descrevi acima têm em comum?
1) Sem exceção, imediatamente
antes do surgimento de todos esses
eventos históricos, havia abuso, havia
fome, miséria e condições socialmente
insustentáveis.
2) Todos essas experiências históricas
que um dia deram vida ao
comunismo como regime de governo,
falharam, faliram, desapareceram.
A exceção é o regime comunista
da China, que por enquanto ainda
existe, mas que para sobreviver até
agora mascarou o direito à propriedade
privada, manipulou a estratificação das
classes sociais e impôs um preço que
possivelmente ninguém em sã consciência
queira pagar: viver sem democracia
sob um regime de ditadura, sem direitos
humanos, sem direitos trabalhistas, sem
liberdade de pensamento, sem liberdade
de expressão, sem governança e sem
institucionalidade participativa.
Em 1976 com a morte de Mao
Tse-Tung, líder da Revolução Comunista
Chinesa e fundador da República
Popular da China, o seu sucessor - Deng
Xiao Ping - orientou o planejamento
de seu governo para salvar o país da
falência, focando em quatro áreas
principais: Ciência e Tecnologia, Agricultura,
Indústria Bélica e Indústria de
Base, além da criação das ZEE´s - Zonas
Econômicas Especiais - que foram
organizadas para receber empresas
nacionais e multinacionais de capital
misto. A China criou então uma autodenominação
esdrúxula para caracterizar
seu novo regime de governo, já que vive
uma perturbadora crise de identidade:
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