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LAB 01 - "Experimentação do cotidiano pela arte"

Experimentos texto-visuais: cultura, arte e moda.

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ECRÃ

ECRÃ

PINA (2011)

O diretor alemão Wim Wenders (75

anos) estava trabalhando ao lado

de Pina Bausch na produção desse

documentário quando a coreógrafa

morreu inesperadamente. Com a

ajuda dos alunos de Pina, o diretor

decide terminar o filme e transformalo

em uma homenagem. O filme

é um retrato completo que faz

muito mais do que apenas situar

o espectador sobre quem foi Pina

Bausch e sua relevância artística.

O próprio nome do filme “Pina”

insinua algo carinhoso, íntimo.

O filme começa em um palco

vazio, em seguida as palavras

“Para Pina. De todos nós que

fizemos esse filme juntos” ocupam

a tela. As palavras são substituídas

por um vídeo do rosto de Pina,

sorrindo com um cigarro entre os

dedos, o vídeo desaparece do palco

e então se inicia o espetáculo. O

documentário é como uma carta de

amor que te faz sentir conectado

com Pina através de sua arte. No

filme, seus alunos performam suas

obras mais famosas de maneira

sublime, e é literalmente possível

sentir a saudade e o respeito

assistindo às apresentações. O

filme tem pouquíssimas falas e

essas poucas são falas dos alunos

sobre Pina. Palavras de carinho.

Cena do filme “Pina” do Win Wenders - 2011

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Cena do filme “Pina” do Win Wenders - 2011

As performances acontecem nas

mais diversas locações e são filmadas

da forma mais bela possível. A câmera

se coloca à disposição da coreografia

de Pina, sendo a prioridade da cena,

o corpo em movimento. Isso subverte

toda lógica de um cinema que muitas

vezes se esquece do corpo em cena.

Frequentemente o foco da obra está

centrado no diretor e quão específica

é aquela história ou temática sob o seu

olhar. No caso desse documentário

em particular, o foco está na obra de

Pina Bausch e quão impactante é. Para

isso, Wim Wenders coloca seu olhar a

serviço do corpo e principalmente a

serviço do registro do espetáculo.

“Pina” é a fusão de cinema,

dança, performance e teatro, em um

espetáculo único. É a tentativa de

explicar algo sobre Pina Bausch, que

não cabe no modelo racional e por isso

se apela para arte. É possível captar

a essência não só da artista, mas da

professora e da pessoa por trás da obra,

assistindo àqueles que a conheciam,

dançarem seus números exibindo

os frutos dos seus ensinamentos.

Em um dos fragmentos que mais

me chamou atenção, uma das alunas

diz estar triste porquê Pina ainda não

a tinha visitado em seus sonhos. Ela

esperava que isso acontecesse logo,

pois adoraria revê-la. Esse é o tipo

de relação que Pina cultivou, uma

conexão tão especial que até mesmo

após seu tempo de vida, seus alunos

anseiam por suas visitas.

WIM WENDERS

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