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LAB 01 - "Experimentação do cotidiano pela arte"

Experimentos texto-visuais: cultura, arte e moda.

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ECRÃ

ECRÃ

PACIFIC (2009)

O título se refere a um cruzeiro, de onde foram

retiradas as imagens para o filme. Nenhuma

imagem foi filmada intencionalmente para

o documentário, as imagens utilizadas são

registros pessoais cedidos por passageiros

do cruzeiro. Marcelo Pedroso (41 anos),

utilizando a montagem, insere uma perspectiva

sob a perspectiva dos personagens. O

filme é um retrato socioeconômico de uma

classe social em ascendência. Pacific,

também trabalha a questão da produção

de imagem no mundo contemporâneo,

evidenciando uma disseminação de

tecnologia e uma “desterritorialização” do

olhar do diretor através de seu processo.

“O DOCUMENTÁRIO

ACONTECE NA FRENTE

DA CÂMERA, NO

MOMENTO E É SEMPRE

Cenas do filme “Pacific” do Marcelo Pedroso - 2009

Os registros das famílias, instantaneamente

dialogam com o imaginário do espectador

que muito provavelmente vai pensar nos

seus tios e tias, tornando toda a experiência

do documentário muito cativante. O caráter

pessoal das imagens destrói a hierarquia,

que normalmente existe dentro de um

filme, entre a câmera e a pessoa filmada.

Isso permite uma liberdade total por parte dos

“personagens” que interagem com a câmera

com mais intimidade. Como resultado, o

material tem um forte apelo cômico, mas não

estereotipado. Trabalhando a partir do olhar

do próprio “objeto”, o documentário oferece

de maneira bastante autêntica um olhar micro

sociológico sobre a classe (na época) emergente.

Pacific subverte a ideia do diretor como

criador ou desenvolvedor da imagem, o

colocando numa posição mais passiva diante

do conteúdo, que se impõe a ele. Abdicar do

controle dos registros inverte toda lógica do

processo, é como esculpir, transformar um

bloco denso de mármore em uma escultura

que estava “presa” lá dentro o tempo todo.

É também abdicar das escolhas estéticas e

assim como a temática, permitir que a estética se

apresente. O documentário é uma experiência

ousada, cujo processo é tão fascinante quanto

o próprio filme.

MARCELO PEDROSO

EXPERIMENTAL,

NO SENTIDO DE QUE

NÃO EXISTE UMA

FÓRMULA, É SEMPRE

UMA EXPERIÊNCIA QUE

SE REVELA ENQUANTO

ACONTECE.”

CRYSTAL DUARTE

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