A Gazeta de Cuiabá - MT - Abert
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Clipping<br />
19/09/2011<br />
1ª Edição<br />
o interesse maior do jovem que é possuir a música do momento. O rádio <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser o lugar<br />
para se <strong>de</strong>scobrir novas músicas, segundo o instituto Edison Media dos Estados Unidos. Em<br />
2002, o rádio dominava a Internet nesse quesito: 63% ouviam novas músicas no rádio. Hoje a<br />
Internet reduziu essa vantagem para 49%. Entre adolescentes é o local <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta: 25%<br />
dos entrevistados i<strong>de</strong>ntificaram lançamento <strong>de</strong> músicas na re<strong>de</strong>.<br />
Quais seriam as vantagens que o rádio digital traria para repor a condição <strong>de</strong> protagonista <strong>de</strong><br />
notícias e <strong>de</strong> lazer que foram essenciais em décadas passadas?<br />
Po<strong>de</strong>ria significar melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> som, novos usos e funcionalida<strong>de</strong>s para o aparelho<br />
receptor <strong>de</strong> rádio, incluindo dados associados que possam fornecer mais riqueza à<br />
programação. Dados como notícias, nome da música em execução, informação <strong>de</strong> serviço. As<br />
vantagens da transmissão digital são, potencialmente, significativas e sugerem que essa<br />
revolução tecnológica irá revitalizar o rádio tanto no conteúdo quanto na forma <strong>de</strong> consumo.<br />
Uma <strong>de</strong>las é a diversificação do conteúdo, uma vez que a tecnologia permite a divisão do<br />
espectro em dois ou mais canais <strong>de</strong> áudio. Cada um po<strong>de</strong> ter uma programação diferenciada.<br />
Seria possível se distinguir aqueles que optam por rádio em vez <strong>de</strong> outro meio <strong>de</strong><br />
comunicação?<br />
Não. Não existe mais centralida<strong>de</strong> da mídia rádio no contexto da socieda<strong>de</strong> contemporânea.<br />
Nem a TV tem mais a centralida<strong>de</strong> dos interesses da audiência. Aaudiência hoje é casada,<br />
combinada com outras mídias. Muitas vezes sobrepostas. Entre os jovens já é comum acessar<br />
internet, ouvir música e falar ao telefone. Muitos veem TVe navegam na Internet. Aopção<br />
exclusiva por rádio se dá em localida<strong>de</strong>s com dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso a outros meios, não é<br />
escolha, mas circunstância adversa. E mesmo que haja exclusivida<strong>de</strong>, o rádio traz muito do<br />
que está presente em outros meios, em termos <strong>de</strong> notícia e entretenimento. Talvez o ouvinte<br />
exclusivo possa se sentir mais próximo dos locutores, criar laços <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> e amiza<strong>de</strong>, o<br />
que é muito interessante e mantém vivo o papel do rádio <strong>de</strong> companhia e prestação <strong>de</strong> serviço.<br />
O conceito <strong>de</strong> que o rádio sobrevive hoje por causa das camadas mais pobres da população e<br />
do custo do aparelho é uma realida<strong>de</strong>?<br />
A realida<strong>de</strong> é mais complexa. Asegmentação do conteúdo permite ter rádio para todos os<br />
segmentos sociais. Veja o caso da CBN, é para o público Ae B. Muitas estão no mercado<br />
disputando frações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r econômico e não apenas classes <strong>de</strong> baixa renda. Seria reduzir o<br />
rádio, pensar que é ouvido apenas num segmento da socieda<strong>de</strong>. O meio tem 90% <strong>de</strong><br />
penetração na socieda<strong>de</strong> brasileira em qualquer classe social.<br />
É possível admitir que diferente da televisão, da internet, revistas e jornais, o rádio não tem um<br />
apelo educacional ou o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ajudar a construir uma socieda<strong>de</strong> com uma consciência mais<br />
livre?<br />
Qualquer emissora hoje po<strong>de</strong> contribuir para construir a cidadania. Em tese, digo, porque há<br />
emissoras exclusivamente comerciais <strong>de</strong> forte apelo sem preocupação com esse aspecto. Em<br />
tese, a TV, internet e outros meios cumpriram o papel público <strong>de</strong> informar corretamente, discutir<br />
os assuntos <strong>de</strong> interesse da socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> esclarecer e colaborar para a formação da opinião<br />
pública. É da natureza da comunicação o interesse público. Desviar <strong>de</strong>sse propósito é o<br />
caminho mais rápido para per<strong>de</strong>r credibilida<strong>de</strong> e, consequentemente, a audiência.<br />
A rádio digital vai cercear, restringir, ou não o mercado <strong>de</strong> trabalho para os profissionais do<br />
jornalismo?<br />
A rádio digital traz <strong>de</strong>safios interessantes.As emissoras po<strong>de</strong>rão ter três tipos <strong>de</strong> programação<br />
no mesmo canal e faixa <strong>de</strong> frequência. Quem irá fazê-las? Claro que os profissionais <strong>de</strong> rádio.<br />
Outra <strong>de</strong>manda será a oferta <strong>de</strong> dados na tela <strong>de</strong> cristal líquido do aparelho <strong>de</strong> rádio. Po<strong>de</strong>m<br />
ser notícias, informação <strong>de</strong> trânsito, nome <strong>de</strong> música em execução. Quem irá escrever toda<br />
essa informação? Claro, jornalistas. Não há o que temer.<br />
Como a senhora analisa a discussão em torno da valida<strong>de</strong> ou não do diploma <strong>de</strong> jornalismo e