01.02.2021 Views

Revista Dr Plinio 275

Fevereiro de 2021

Fevereiro de 2021

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Flávio Lourenço<br />

Jesus comendo na casa do fariseu Simão - Museu de Belas Artes, Rennes, França<br />

Divulgação (CC3.0)<br />

uma visão sobre esse acontecimento e,<br />

quando Licínio voltou, disse-lhe:<br />

— Meu irmão, é melhor não visitar<br />

as ovelhas do que ir vê-las para dispersá-las.<br />

Resposta de São Licínio:<br />

— Não tenhais pena, meu caro irmão!<br />

Não é preciso purificar o campo do<br />

Senhor e separar a palha do bom grão?<br />

Os que se foram eram doze orgulhosos<br />

em quem o Senhor não mais habitava.<br />

São Romão concordou. Mas daí em<br />

diante chorava tão profundamente, magoado<br />

com a partida dos monges, que<br />

Deus, atendendo suas preces, reconduziu<br />

mais tarde os doze recalcitrantes ao<br />

convento. A ele se apresentaram voluntariamente<br />

para fazer penitência.<br />

São Romão e São Licínio<br />

Combatentes varonis<br />

Nesta narração há uma série de<br />

fatos interessantes para considerar.<br />

Em primeiro lugar, encontramo-<br />

-nos em face da admirável floração<br />

de Santos ocorrida depois da queda<br />

do Império Romano do Ocidente.<br />

Vemos dois irmãos que levam uma<br />

vida de grande santidade, num lugar<br />

ermo, em meio a uma natureza<br />

amena, bucólica, felizes sem os<br />

atrativos das coisas da cidade, nem<br />

do mundo.<br />

Podemos imaginar, nas horas de<br />

oração, esses irmãos ajoelhados, rezando<br />

um ao lado do outro – assim<br />

os representaria uma iluminura –,<br />

Nossa Senhora aparecendo no alto e<br />

sorrindo para eles.<br />

Então, um primeiro ato é o da felicidade<br />

eremítica e bucólica desses<br />

dois irmãos, que vivem numa atmosfera<br />

terrena encimada por um céu<br />

parecido com o ar diáfano daqueles<br />

firmamentos azuis de Fra Angelico.<br />

Em seguida, vem a provação. O<br />

demônio, que lhes tem ódio, emprega<br />

um modo de castigá-los muito interessante:<br />

uma chuva de pedras cortantes.<br />

Eles, tão bonzinhos, tão direitinhos...<br />

vem uma chuva medonha<br />

de pedras cortantes e os molesta.<br />

Procuram, então, rezar direito, mas<br />

afinal de contas as pedras são muito<br />

sérias e eles resolvem sair.<br />

Encontram, por fim, uma boa mulher<br />

que habita uma choupana no<br />

campo. Ela perdeu o marido, tem<br />

um filho que mora longe e de quem<br />

apenas recebe, de vez em quando,<br />

uma carta; com uma perna inchada,<br />

doente, reumática, reza o tempo inteiro<br />

e vive só para Deus.<br />

Essa mulher, provada por sofrimentos<br />

e cheia de sabedoria, recebe<br />

os dois e, naturalmente, primeiro<br />

lhes oferece algo para comer, ajuda<br />

a curar alguma ferida causada pelas<br />

pedras e depois pergunta o que há.<br />

Fora está chovendo torrencialmente,<br />

eles estão abrigados na casinha<br />

da mulher e lhe contam o ocorrido.<br />

Ela suspira, põe os olhos num crucifixo<br />

e afirma:<br />

29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!