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Folha de Sala Digital transmissão online 7 fevereiro 2021 — Temporada 20-21-concertogravado14jan2021

Notas de programa: Rui Campos Leitão Transmissão Online: 7 de fevereiro às 16h em Facebook.com/SaoCarlos e em YouTube.com/SaoCarlos #SãoCarlosVoltaASuaCasa #CulturaéImaginação

Notas de programa:
Rui Campos Leitão

Transmissão Online: 7 de fevereiro às 16h em Facebook.com/SaoCarlos e em YouTube.com/SaoCarlos

#SãoCarlosVoltaASuaCasa
#CulturaéImaginação

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embora hoje saibamos que muitos

foram deliberadamente adaptados

ao gosto do nacionalismo romântico

oitocentista e que, inclusivamente,

uma boa parte consista

em imitações de estilo – pretensamente

genuínas, portanto. Certo

é, no entanto, que aqueles três

volumes se tornaram comuns nas

bibliotecas dos lares germânicos

nas décadas seguintes, e também

que despertaram o interesse de

muitos compositores de relevo,

entre os quais Brahms e Schumann,

mas também Felix Mendelssohn

e Carl Maria von Weber,

numa tendência que evoluiu

para o formato mais sumptuoso

de voz com orquestra em que se

destacaram os nomes de Richard

Strauss e do próprio Mahler. Por

sinal, o título é tomado do poema

introdutório, o qual nos fala de

uma criança montada a cavalo enquanto

ergue bem alto um dente

de elefante ricamente ornamentado

por ouro e rubis. O artefacto

assemelha-se a um chifre de caça

e seria oferenda para uma imperatriz,

em louvor da sua pureza,

beleza e sabedoria. Um dedo seu

fazia aquela «trompa» soar com

um timbre tão doce e cristalino

que não existia na terra qualquer

pássaro ou sereia que pudessem

igualá-lo.

Mahler tinha grande sensibilidade

para lidar com as temáticas

destes poemas. Cresceu em

Iglau, uma pequena localidade

que se acha hoje na República

Checa. Familiarizou-se aí com

uma cultura rústica cujas nuances

escapavam aos habitantes

da cosmopolita cidade de Viena.

De início, ele mesmo escrevia os

textos para as suas canções. Mas

inspirava-se sempre naquele

imaginário, tal como aconteceu

nas Canções de um Viandante, de

1885. Depois disso abordou mais

sistematicamente as páginas d’A

Trompa Mágica do Rapaz. Doze

dessas canções foram publicadas

em 1899, em dois volumes, e juntou-lhes

ainda mais três: «A vida

celestial», «Alvorada» e «O tambor

da guarda». Nunca foi intenção do

compositor, porém, formar um

verdadeiro ciclo de canções, pelo

que o conjunto não respeita uma

coerência estilística ou temática.

Apesar de quase todas contraporem

duas personagens diferentes,

são absolutamente autónomas.

Percorrem universos que se estendem

desde a efabulação mágica

ao anedotário das casernas

militares, passando pela ternura

romântica e pelo mistério soturno.

As mesmas canções também

existem em versão para voz e piano,

mas o autor nunca explicitou

se se destinavam a uma voz feminina

ou a uma voz masculina. É

por estas razões que se apresentam

hoje em diferentes versões,

as quais nem sempre coincidem

no número e ordem das canções

ou nos tipos de voz que as interpretam.

RUI CAMPOS LEITÃO

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