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A Ilha Perdida - Maria Jose Dupre

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— Olhe quanta coisa o rio vem trazendo. O que será isso?

Ambos olharam espantados; o rio havia crescido durante a noite de uma

maneira assustadora. Estava volumoso e as águas não eram mansas como no

dia anterior; eram vagalhões pesados que passavam levando galhos enormes e

outras coisas. Henrique empalideceu:

— É a enchente, Eduardo! Decerto choveu muito na cabeceira do rio.

Que horror!

A ENCHENTE

Ficaram imóveis, sem poder tirar os olhos do Paraíba; viram passar

tábuas, sapatos, roupas, a metade de uma cadeira, troncos de árvore e, de

repente, uma cabra morta. Eduardo estendeu o braço:

— Veja! Uma cabra!

Voltou-se para Henrique, pálido de susto:

— Henrique! Como vamos voltar agora?

O irmão sacudiu os ombros, fingindo-se corajoso:

— Pois não viemos até aqui? Podemos voltar também. Vamos procurar a

canoa já, já.

Sentiam os membros doloridos por não terem dormido bem. Eduardo

começou a andar e a mancar dizendo que todo o corpo doía. Esqueceram-se da

sede e da fome e foram à procura da canoa; tornaram a entrar pela mata e

tornaram a perder o rumo. Henrique disse:

— Não posso mais de tão cansado. Vamos parar um pouco!

Recostou-se a uma árvore e passou o lenço pelo rosto; foi então que

Eduardo reparou no rosto do irmão; estava todo marcado pelos arranhões dos

espinhos da véspera. Propôs enquanto descansavam:

— Vamos comer então.

Abriu o pacote, distribuiu os ovos, a lingüiça, o pão; comeram sem apetite,

tão preocupados estavam. Henrique queixou-se:

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