Revista Penha | abril 2021

#NamorarSemViolência
Em fevereiro de 2021 foi lançada a campanha
#NamorarSemViolência para sensibilizar os jovens
portugueses para a problemática da violência no
namoro.
Segundo o Estudo Nacional de Violência no Namoro
deste ano, da União de Mulheres Alternativa e Resposta
(UMAR), 58% dos jovens até ao 12.º ano reportaram
já ter sofrido pelo menos uma forma de violência. Os
dados da Associação Plano i - cujo estudo incide sobre
a população universitária - mostraram que 53,8% de
jovens já sofreram pelo menos um ato de violência
no namoro.
Os resultados destes estudos são preocupantes
e mostram que continua a haver tolerância social
perante o fenómeno, sendo por isso necessário mais
trabalho de informação, esclarecimento e de dar
visibilidade.
Ser alvo de violência numa relação de namoro aumenta
o risco de desenvolvimento de problemas psicológicos,
como a depressão, ansiedade, perturbações
alimentares e tendência para o suicídio e consumo
abusivo de álcool e drogas.
Em muitos casos, a violência no namoro está associada
a uma baixa no rendimento escolar e pode estar
na origem de problemas de saúde física que dela
resultam quer de forma directa, como nódoas negras,
fracturas, hemorragias, queimaduras e dores, quer de
forma indirecta, como insónias, dores de cabeça ou
falta de apetite.
Com o tempo a violência assume formas mais gravosas
e a violência no namoro é um forte preditor de
violência conjugal. É provável que as pessoas que são
hoje alvo de violência no namoro sejam, no futuro,
vítimas de violência doméstica. O impacto da violência
dependerá da gravidade da situação, da duração
e também da forma como a pessoa lida com esta
experiência negativa. Depende também dos apoios que
recebe da família, de pessoas amigas e de profissionais.
A internet e, principalmente, as redes sociais fazem
parte do quaotidioano da maioria das pessoas jovens.
Os conteúdos circulam com enorme facilidade, não
conhecem barreiras geográficas, nem temporais e não
é possível impedir a sua disseminação. Os conteúdos
podem ser vistos anos após a sua publicação,
mesmo depois de apagados.
São sinais de alarme quando uma pessoa, por estar
numa relação de namoro:
• Não tem liberdade para ser quem é, para tomar as
suas decisões, submetendo-se à vontade da outra
pessoa, que lhe impõe regras e restrições
• Renuncia aos seus projectos e interesses e
prescrinde de coisas que gosta de fazer
• Vive com medo das reações, das retaliações e do
humor da outra pessoa
• Se distancia ou deixa de se relazionar com algumas
pessoas
• Sente que a relação a sufoca
• Se sente confusa e com perda de referências
• Experiencia, na relação, sentimentos sobretudo
negativos, de frustração, raiva, tristeza, angústia,
culpa, desespero ou medo
Se precisares de ajuda ou tiveres conhecimento de
alguma situação de violência no namoro, envie uma
mensagem para a Linha SMS 3060 ou ligue 800 202
148. É uma linha gratuita, funciona 7 dias por semana,
24 horas por dia.
Artigo escrito pelo Dr. José Martins Chaves
IFE de Medicina Geral e Familiar
USF Oriente
Telefone: 218 10 10 10
Avenida Afonso III, Lote 16
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