Kayapó: manifestando a arte através do design de superfície
O presente trabalho possui caráter experimental, com foco em desenvolver um conjunto de estampas a partir da junção de elementos e valores culturais indígenas, inspirados nos traços das obras da artista brasileira Tarsila do Amaral durante o movimento modernista conhecido como antropofágico.
O presente trabalho possui caráter experimental, com foco em desenvolver um conjunto de estampas a partir da junção de elementos e valores culturais indígenas, inspirados nos traços das obras da artista brasileira Tarsila do Amaral durante o movimento modernista conhecido como antropofágico.
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kayapó: manifestando a arte através do design de superfície
2.6
Inspiração
antropofágica
Em 1928, Tarsila do Amaral pintou um quadro
para presentear o seu marido Oswald de Andrade
(9) pelo seu aniversário. Esse quadro passou
a ser chamado de ‘Abaporu’ (10) após a observação
feita por Raul Bopp (11), comparando a
imagem a ‘um homem plantado na terra’. (1928
apud AMARAL, 1975, p. 247).
A pintura do Abaporu — ‘homem que come gente’
— gera uma nova fase na carreira de Tarsila,
chamada de “antropofagia”. A repercussão dessa
obra foi tão grande que Oswald de Andrade
criou um texto intitulado “Manifesto Antropófago”,
inspirado na pintura, que se tornou símbolo
desse movimento.
9 Oswald de Andrade
(1890 - 1954) foi escritor
e dramaturgo brasileiro.
10 Segundo Aracy Amaral,
a palavra tupi-guarani:
Abaporu. Aba:homem,
poru: que come.
(AMARAL, 1975, p. 247)
11 Raul Bopp (1898-1984)
foi poeta modernista e
diplomata brasileiro.
Figura 11 – No centro:
pintura ‘Abaporu’ (1928)
Os índios pensavam que ao comer carne humana,
propriamente a dos inimigos, eles iriam
adquirir suas qualidades e habilidades. Então
a antropofagia nasce com a mesma ideia, mas
com a proposta de devorar culturas, conhecimentos
externos e com a intenção de fortalecer
a nossa cultura, mas respeitando nossas matrizes
europeias e indígenas.
Apesar de marcar o início desse movimento, o
‘Abaporu’ não seria sua primeira pintura com
tais características. Essa fase já precedia antes
com a obra ‘A Negra’ (Paris, 1923). ‘A Negra’ era
descrita pela pintora como “figura sentada com
dois robustos toros de pernas cruzadas, uma
arroba de seio pesando sobre o braço, lábios
enormes, pendentes, cabeça proporcionalmente
pequena”.