kayapó: manifestando a arte através do design de superfície2.8.2Estilo e identidadedos grafismosProvavelmente esse estilo de grafismo não nasceucom os Kayapó, mas faz parte de uma constantetransformação e de ideais que o tempo nosproporciona. Para entender as influências portrás desses grafismos, Horst Bredekamp define,“Entendo por estilo os traços comuns e reconhecíveisde uma configuração transindividual.Para isso devem estar presentes dois elementos:pelo menos duas pessoas projetando e duasobras que, apesar de terem surgido independentementeuma da outra, são muito similares,apresentando algumas evidentes característicasem comum. Isso é uma definição do conceito deestilo na história da arte pelo mínimo denominadorcomum.”(2008 apud BONSIEPE, 2011, p. 52).Podemos relembrar, lá no capítulo 2.4(Introdução à cultura indígena brasileira), sobreas matrizes tupis e se aprofundarmos mais nasorigens de cada tribo, vamos conseguir entendermelhor como um estilo nasce e quais as suasinfluências.Cada tribo, através do seu estilo, consegue tersua própria identidade. No estilo da pintura,nos desenhos do grafismo ou até mesmo nosadornos utilizados. O grupo de signos acabamtrazendo uma identidade para a tribo. Nessecaso, quando falamos de identidade, não é a deum logotipo, apesar de podermos pensar nessaidentidade como marca, mas uma marca queseja transmitida pelos grafismos por meio domodo no qual eles são usados.Na definição de branding, Robert Paulmann dizque identidade se define como “a soma de todasas características que tornam uma marca [...]inconfundível e singular.” (2005, p. 125 apudBONSIEPE, 2011, p. 55)Essa singularidade é fortemente presente na triboKayapó, tanto que alguns grafismos possuemdenominações e estilos próprios. Na contínuaexploração do livro Grafismo Indígena, segundoLux Vidal, “temos uma grande variedade dereferenciais por intermédio de motivos abstratos:peixes, aves, antas, onças, veados, plantas,cobras e quelônios, ou mesmo de rastro destesanimais, o que remete a outro nível ele correspondênciascosmológicas, no qual os própriosKayapó se consideram inseridos.” (2000, p. 144)Além desses grafismos citados no parágrafo anterior,existem outros, sem possuir a representaçãode algo, apenas por motivos decorativos,como é o caso da variedade de grafismos emzigue-zague e quadriculados, muito presentesnas pinturas corporais.Por fim, na página ao lado, podemos ver em umconjunto de figuras alguns exemplos das estruturasdesses grafismos.
45AEFBGFigura 23 – Acima: pinturacorporal. Fonte: DocumentárioMê`Ôk, Nossa Pintura.Figura 24 – Ao lado:Ilustrações de grafismosusados pela tribo Kayapó.CHA – Casco de JabutiB – Casco de jabuti ouvértebra de cobraC – Espinho de peixeD– Vértebra de cobraE – BorboletaF – Caixinha de fósforosG – Zigue-zagueH – Palmeira tucumDFonte: Livro GrafismosIndígenas