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Revista Dr Plinio 280

Julho de 2021

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Perspectiva pliniana da História<br />

quais se corria uma cortina formando<br />

um pequeno quarto de dormir dentro<br />

dos aposentos. O Duque abriu a cortina,<br />

acordou o Rei e comunicou-lhe<br />

as trágicas notícias chegadas de Paris.<br />

Luís XVI, estremunhando de sono,<br />

perguntou:<br />

— C’est donc une revolte? – Então,<br />

é uma revolta?<br />

— Non, Sir, c’est une révolution. –<br />

Não, Senhor, é uma revolução.<br />

De fato, não se tratava de uma<br />

mera revolta, e, sim, da Revolução<br />

Francesa que começava.<br />

Luís XVI acabou de acordar e depois<br />

dormiu de novo...<br />

Um pormenor retrata bem o ambiente<br />

do acontecimento. O Duque<br />

de La Rochefoucauld abriu inteiramente<br />

as cortinas do Rei, e são cortinados<br />

enormes. Se abrisse um pouquinho,<br />

quereria dizer de modo indireto:<br />

“Eu interrompo o vosso sono<br />

para dizer alguma coisa, vós decidireis<br />

se levantareis.” Mas abrir a cortina<br />

por inteiro significava: “Eu espero<br />

que vos levanteis.”<br />

Essa esperança manifestada pelo<br />

Duque exprime bem a atmosfera, a<br />

carga psicológica de como foi dada a<br />

notícia, mas também o grau de modorra<br />

de Luís XVI. O característico<br />

da cena ganha muito em um pequeno<br />

pormenor de uma maior ou menor<br />

abertura de cortina.<br />

A comemoração de um<br />

acontecimento histórico<br />

na eternidade<br />

Por fim, poderíamos nos perguntar<br />

como a queda da Bastilha é comemorada<br />

na eternidade. O Céu só pode<br />

ter execrado esse episódio histórico<br />

acompanhando com sua cólera<br />

aqueles que lutaram para que a Bastilha<br />

caísse e, em consequência, amado<br />

muito os que combateram e morreram<br />

para impedir aquele desastre.<br />

Não é que Deus não os perdoasse,<br />

caso eles se arrependessem. É possível<br />

que alguns tenham recebido graças<br />

para pedir perdão e tenham sido perdoados.<br />

Não consta. Das muitas coisas<br />

que li sobre a tomada da Bastilha, não<br />

conheço o caso de alguém que tendo<br />

trabalhado para essa queda tenha se<br />

arrependido, ficado um muito bom católico<br />

e tenha escrito um documento<br />

reconhecendo ter andado mal. Entretanto,<br />

se houve alguns daqueles revolucionários<br />

que se arrependeram e se<br />

salvaram, no Céu eles também cantarão<br />

os louvores das vítimas da queda<br />

da Bastilha, elogiarão os bons princípios<br />

por amor dos quais aqueles heróis<br />

deram a vida, manifestar-se-ão contritos<br />

e humilhados por terem feito parte<br />

daquela corja, e do alto do Céu onde<br />

estiverem increparão os bandidos que<br />

a derrubaram.<br />

Aqueles revolucionários que não<br />

se arrependeram e foram condenados<br />

ao Inferno têm notícia da festa celeste<br />

comemorando os heróis da Bastilha<br />

e urram, blasfemam, uivam de ódio, e<br />

os bem-aventurados respondem com<br />

uma truculência vitoriosa, descascando-os<br />

com palavras que põem a nu<br />

diante de todos todo o mal praticado.<br />

Os condenados fervem de ódio,<br />

Arquivo <strong>Revista</strong><br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> em 1990<br />

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