Jornal Cocamar Abril 2022

qualidade do manejo do solo nestas regiões
está abaixo do desejado ante o
conjunto de tecnologias e informações
disponíveis ao produtor, o que mostra
que há muitas oportunidades de melhorias
com a adoção de práticas e tecnologias
amplamente validadas pela
pesquisa e, em geral, conhecidas dos
produtores.
RESULTADO - O trabalho da Embrapa
mostra que o sistema predominante na
região, de soja-milho, sem a diversificação
de culturas ou sem o consórcio milho
e braquiária, tem limitado o potencial
produtivo, levando a reduções drásticas
na produtividade das culturas em anos
mais secos. E que o produtor que faz o
plantio de braquiária no inverno, de
forma solteira ou em consórcio com o
milho, consegue ter um aumento de
25% de produtividade na soja ao longo
do tempo.
Fotos menores mostram as condições dos solos nos plantios de soja sem e com palhada
PERDEU MENOS - “Se as lavouras tivessem
palha na cobertura e raízes no sistema,
que mantivessem o solo coberto
e descompactado, o problema teria sido
minimizado. A diferença entre os produtores
que adotam sistema de manejo de
solo diferenciado e os que adotam o sistema
padrão, com sucessão de soja e
milho, fica evidente em anos com estiagens”,
diz o gerente técnico, ressaltando
que “todos perderam este ano, mas
quem tem manejo aprimorado perdeu
menos”.
LIÇÃO DE CASA - Furlanetto comenta
que atualmente, dez dias sem chuvas já
Infiltrômetro de aspersão modelo de Cornell
é caracterizado como seca e as lavouras
sentem o efeito porque as raízes não
crescem em profundidade, por causa da
compactação do solo, e não conseguem
acessar a água armazenada, isso quando
essa água consegue ser armazenada porque
em vez de infiltrar, escorre sobre o
solo compactado provocando também
erosão. “Os produtores que fazem a lição
de casa e manejam o solo adequadamente,
ficam 10 a 15 dias sem chuvas e sem
reduzir a produtividade. Este ano, entretanto,
teve lavouras que ficaram mais de
70 dias sem chuvas e com registro de
altas temperaturas. Aí não tem como evitar
perdas. Mas, mesmo assim, a palha
e enraizamento amenizaram as perdas,
rendendo resultados melhores do que
onde é feito sucessão soja e milho”.
ANOS NORMAIS - Pesquisas mostram
que a produtividade média da soja e milho
no Paraná encontra-se aquém do potencial
genético devido principalmente ao
não atendimento pleno das necessidades
hídricas das plantas. Isso significa que,
mesmo em safras consideradas “normais”
do ponto vista climático, a produtividade
das culturas no Paraná tem sido
limitada pela ocorrência de déficit hídrico.
“Há produtor que está colhendo 120 a
130 sacas por alqueire e o vizinho está
conseguindo 180, 190 ou até mais. As
condições de chuvas são iguais para
ambos, mas o que os diferencia é o manejo”,
apontou Furlaneto.
TECNOLOGIA - A boa notícia é que existem
tecnologias para enfrentar isso,
com menor impacto sobre a produção,
que reduzem o estresse das plantas. “O
seguro do produtor está no solo e um
bom manejo ameniza consideravelmente
os impactos climáticos sobre a safra.
Temos que adotar práticas conservacionistas
e possibilitar que as raízes das
plantas cresçam em profundidade”, resume
Furlanetto.
ANÁLISE - No trabalho desenvolvido pela
Embrapa, em parceria com a Cocamar,
foi feita uma análise ampla da qualidade
do manejo e a fertilidade do solo em modelos
de produção padrão, com sucessão
de cultivo de soja e milho safrinha ou soja
e trigo. Foram identificados fatores que
limitam o aumento da produtividade, a
estabilidade de produção face à ocorrência
de adversidades climáticas e a rentabilidade
nas diferentes regiões em que
a cooperativa atua. Também foi avaliado
o impacto de modelos de produção aprimorados,
com maior diversidade de espécies
vegetais e a inserção de palha e
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