Jornal Paraná Novembro 2023
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OPINIÃO<br />
O complexo de vira-lata<br />
na busca por energia renovável<br />
As políticas públicas no Brasil precisam<br />
ser realizadas apontando para uma<br />
transição energética tupiniquim<br />
Por Adriano Pires<br />
No dia 5/11, o Estadão<br />
publicou uma longa<br />
matéria que chamou<br />
a atenção. A Prefeitura<br />
de São Paulo anunciou a<br />
compra de ônibus elétricos em<br />
substituição ao diesel, com financiamento<br />
do Banco Nacional<br />
de Desenvolvimento Econômico<br />
e Social (BNDES). À<br />
primeira vista, a notícia é muito<br />
boa e deveria merecer muitos<br />
elogios, dado que o objetivo<br />
seria melhorar o ar que o cidadão<br />
da cidade de São Paulo<br />
respira.<br />
Mas por que a notícia chamou<br />
a atenção? Pelo fato de o Brasil<br />
ter soluções nacionais que<br />
protegem o meio ambiente e<br />
que poderiam gerar mais empregos<br />
no País em vez de beneficiar<br />
a China. Aliás, sob o<br />
mesmo argumento de preocupação<br />
com a emissão de gás<br />
carbônico (CO 2 ), geramos<br />
mais empregos na China do<br />
que no Brasil com a geração<br />
distribuída solar, dado que os<br />
painéis vêm quase na sua totalidade<br />
da China. O mesmo<br />
ocorre na geração eólica, em<br />
que o aço das pás é chinês, e<br />
não o aço verde produzido no<br />
Brasil.<br />
O Brasil é, sem dúvidas, o país<br />
com maior diversidade de fontes<br />
primárias de energia, principalmente,<br />
de energias limpas<br />
e renováveis. Na matriz elétrica,<br />
87% são fontes renováveis,<br />
e na matriz de transporte,<br />
47%. Diante disso, o grande<br />
desafio é usar de forma correta,<br />
olhando para os atributos<br />
de cada fonte, no momento de<br />
decidir a escolha de combustíveis.<br />
Quando a Prefeitura da cidade<br />
de São Paulo decide pela compra<br />
de ônibus elétricos, esquece<br />
que existem outras<br />
opções mais baratas com tecnologia<br />
e equipamentos nacionais.<br />
Temos o gás natural que<br />
poderia ser misturado ao biometano<br />
(gás verde) como<br />
substituto ao diesel. Esse combustível,<br />
além de reduzir as<br />
emissões, tem tecnologia nacional.<br />
O nosso potencial de produção<br />
nos permite falar que temos<br />
um pré-sal caipira e uma<br />
grande oferta de gás natural localizada<br />
no pré-sal e na Amazônia.<br />
Além do mais, ao contrário<br />
dos ônibus elétricos, não<br />
precisaríamos fazer investimentos,<br />
que não são pequenos,<br />
em infraestrutura de abastecimento.<br />
No caso da cidade<br />
de São Paulo, a principal distribuidora<br />
de gás do Brasil, a<br />
Comgás, possui rede e infraestrutura<br />
adequada para abastecer<br />
os ônibus.<br />
Dentro da diversidade energética<br />
que o País possui, a Prefeitura<br />
da cidade de São Paulo<br />
poderia ainda optar como<br />
combustível para os ônibus o<br />
etanol e o biodiesel, que geram<br />
Temos de ter coragem de abandonar o complexo<br />
de vira-lata, que ao longo de anos vem impedindo<br />
que o Brasil aproveite em benefício de toda a<br />
sociedade as nossas vantagens comparativas<br />
muitos empregos com tecnologia<br />
100% nacional. O Brasil é<br />
referência mundial na produção<br />
de biocombustíveis.<br />
Enfim, o investimento em ônibus<br />
elétricos está sendo feito<br />
com a explicação correta de<br />
melhoria das emissões. Porém,<br />
a escolha do combustível<br />
para atingir essa meta me<br />
parece errada. As políticas públicas<br />
no Brasil precisam ser<br />
realizadas apontando para<br />
uma transição energética tupiniquim,<br />
descolando-se de políticas<br />
feitas em outros países,<br />
como o processo de eletrificação<br />
das frotas. Temos de ter<br />
coragem de abandonar o<br />
complexo de vira-lata, que ao<br />
longo de anos vem impedindo<br />
que o Brasil aproveite em benefício<br />
de toda a sociedade as<br />
nossas vantagens comparativas.<br />
2<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
CICLO <strong>2023</strong>/24<br />
<strong>Paraná</strong> já colheu mais<br />
do que na safra passada<br />
Mesmo um mês e meio antes do final da colheita, as usinas paranaenses<br />
já tinham esmagado 441,89 mil toneladas a mais do que no período anterior<br />
Com 97,2% de canade-açúcar<br />
colhida<br />
dos 32,665 milhões<br />
de toneladas esperados<br />
pela Alcopar na safra<br />
<strong>2023</strong>/24 do <strong>Paraná</strong>, as usinas<br />
sucroenergéticas do Estado já<br />
esmagaram, no acumulado<br />
desta safra, o volume de<br />
31,745 milhões de toneladas<br />
da matéria-prima até o dia 1<br />
de novembro, cerca de um<br />
mês e meio antes do final da<br />
colheita, afirma o presidente<br />
da Alcopar, Miguel Tranin. A<br />
produção já é superior ao fechamento<br />
da safra anterior<br />
(31,303 milhões de toneladas)<br />
em 441,89 mil toneladas, e<br />
faltam apenas 920,43 mil toneladas<br />
para atingir a estimativa<br />
de produção da entidade<br />
para a safra atual.<br />
Algumas unidades já encerraram<br />
a colheita ainda na segunda<br />
quinzena de outubro,<br />
mas tem usinas que planejam<br />
trabalhar até o dia 20 de dezembro,<br />
buscando esmagar<br />
toda a cana-de-açúcar disponível<br />
no campo, sem deixar cana<br />
para bisar, se as condições climáticas<br />
permitirem. As chuvas<br />
mais frequentes, típicas de<br />
anos de El Niño no Sul do Brasil,<br />
devem continuar a atrapalhar<br />
a operacionalização das<br />
máquinas no campo, o ritmo<br />
de colheita e, consequentemente,<br />
o processamento da<br />
matéria-prima.<br />
“Se as chuvas continuarem<br />
ocorrendo de forma frequente,<br />
a tendência é que as usinas<br />
deixem algumas lavouras de<br />
cana-de-açúcar bisarem, retomando<br />
a colheita já em meados<br />
de março, antes do início<br />
oficial da safra, que se dá em<br />
abril”, afirma Tranin.<br />
Na segunda quinzena de outubro,<br />
a moagem de cana-deaçúcar<br />
voltou a cair devido às<br />
chuvas ocorridas no período,<br />
atingindo a produção de apenas<br />
1,532 milhão de toneladas<br />
no <strong>Paraná</strong>. Apesar disso, no<br />
acumulado da safra, considerando<br />
o mesmo período, o total<br />
esmagado até a segunda quinzena<br />
de outubro deste ano já<br />
era 29,7% aos 24,468 milhões<br />
de toneladas moídas no<br />
mesmo período da safra<br />
2022/23.<br />
A produção acumulada de<br />
açúcar no período foi de 2,449<br />
milhões de toneladas, 41,6% a<br />
mais que os 1,729 milhão de<br />
toneladas até 1 de outubro de<br />
2022. E a de etanol total foi de<br />
1,057 bilhão de litros, sendo<br />
627,38 milhões de litros de anidro<br />
e 429,96 milhões de litros<br />
de hidratado. Esses volumes<br />
são, respectivamente, 25,4%<br />
(842,9 milhões de litros),<br />
41,8% (442,28 milhões) e<br />
7,3% (400,57 milhões de litros)<br />
a mais do que no mesmo período<br />
da safra passada.<br />
O rendimento industrial<br />
(ATR/Tc) no acumulado foi de<br />
138,42 Kgs, comparado com<br />
resultado do período anterior de<br />
133,46 Kgs/ATR, um aumento<br />
de 3,7%.<br />
O <strong>Paraná</strong> tradicionalmente já<br />
trabalha com um volume maior<br />
de cana-de-açúcar destinado a<br />
produção de açúcar. Nesta<br />
safra, entretanto, devido às<br />
condições favoráveis de mercado<br />
da commodity, o percentual<br />
de matéria-prima destinada<br />
à produção de açúcar deve ser<br />
maior, podendo chegar a 59%<br />
do mix de produção, segundo<br />
Tranin.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3
CENTRO SUL<br />
Usinas prolongam safra para<br />
tentar moer produção maior<br />
Moagem por mais tempo, para além do período tradicional, visa também<br />
aproveitar os preços do açúcar bruto em máximas de 12 anos<br />
Asafra de cana-deaçúcar<br />
no Centro-Sul<br />
geralmente termina<br />
em novembro para<br />
boa parte das usinas sucroenergéticas,<br />
quando as chuvas<br />
tornam-se mais frequentes -<br />
dificultando a operação das<br />
máquinas nos canaviais - e<br />
quando já não sobra muita<br />
cana para ser colhida. Este<br />
ano, no entanto, uma colheita<br />
estimada em cerca de 630 milhões<br />
de toneladas e os preços<br />
do açúcar bruto em máximas<br />
de 12 anos farão com que as<br />
usinas tentem operar por mais<br />
tempo, para além do período<br />
tradicional, visando processar<br />
o máximo de uma safra recorde<br />
na temporada <strong>2023</strong>/24.<br />
De um modo geral, as usinas<br />
investiram no canavial na safra<br />
<strong>2023</strong>/24, renovando os canaviais<br />
acima da média e o clima<br />
colaborou com aumento da<br />
produtividade. Mas, apesar do<br />
prolongamento da safra, lideranças<br />
do setor avaliam que<br />
deve sobrar cana para a próxima<br />
temporada (2024/25),<br />
que promete também ser antecipada,<br />
para março, uma vez<br />
que o ciclo no Centro-Sul se<br />
inicia oficialmente em abril, diminuindo<br />
a entressafra. Antonio<br />
Cesar Salibe, presidenteexecutivo<br />
da associação de<br />
usinas Udop, estimou em cerca<br />
de 30 milhões de toneladas<br />
o volume de cana-de-açúcar<br />
que será deixado nos campos<br />
para a colheita da nova safra,<br />
em março.<br />
De acordo com dados da Unica<br />
(União da Indústria de<br />
Cana-de-Açúcar e Bioenergia),<br />
a moagem de cana-de-açúcar<br />
na segunda quinzena de outubro<br />
registrou crescimento de<br />
8,06%, na comparação com o<br />
mesmo período do ciclo passado.<br />
Foram processadas<br />
34,56 milhões de toneladas<br />
contra 31,98 milhões. No acumulado<br />
da safra 23/24, a moagem<br />
atingiu 560,54 milhões,<br />
ante 491,46 milhões de toneladas<br />
registradas no mesmo<br />
período no ciclo 22/23 - avanço<br />
de 14,06%.<br />
A despeito das chuvas mais intensas<br />
registradas no período,<br />
o estado do <strong>Paraná</strong> foi o mais<br />
prejudicado em termos de operacionalização<br />
de colheita e,<br />
consequentemente, processamento<br />
da matéria-prima. São<br />
Paulo, Minas Gerais e Goiás<br />
foram capazes elevar sua moagem<br />
quando comparada à primeira<br />
metade de outubro.<br />
Operaram na segunda quinzena<br />
de outubro 258 unidades<br />
produtoras na região Centro-<br />
Sul, sendo 241 unidades com<br />
processamento de cana, oito<br />
empresas que fabricam etanol<br />
a partir do milho e dez usinas<br />
flex. No mesmo período, na<br />
safra 22/23, operaram 229<br />
unidades produtoras. Nesta<br />
quinzena, 16 unidades encerram<br />
a moagem, enquanto no<br />
acumulado já se contabilizam<br />
20 unidades. No ciclo anterior,<br />
até o fim de outubro, 54 usinas<br />
haviam terminado com seu período<br />
de processamento.<br />
No que condiz à qualidade da<br />
matéria-prima, o nível de Açúcares<br />
Totais Recuperáveis (ATR)<br />
registrado na segunda quinzena<br />
de outubro foi de 146,59 kg por<br />
tonelada de cana-de-açúcar,<br />
contra 144,94 kg por tonelada<br />
na safra 22/23 - variação positiva<br />
de 1,14%. No acumulado da<br />
safra, o indicador marca o valor<br />
de 141,09 kg de ATR por tonelada<br />
(-0,20%).<br />
4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
Produção de açúcar e etanol<br />
A produção de açúcar na segunda<br />
metade de outubro totalizou<br />
2,35 milhões de toneladas.<br />
Essa quantidade, quando<br />
comparada àquela registrada<br />
na safra 22/23 de 2,15<br />
milhões de toneladas, representa<br />
aumento de 9,42%. No<br />
acumulado desde 1º de abril,<br />
a fabricação do adoçante totaliza<br />
37,22 milhões de toneladas,<br />
contra 30,34 milhões<br />
de toneladas do ciclo anterior<br />
(+22,65%).<br />
Na segunda quinzena de outubro,<br />
1,79 bilhão de litros<br />
(+11,48%) de etanol foram<br />
fabricados pelas unidades do<br />
Centro-Sul. Do volume total<br />
produzido, o etanol hidratado<br />
alcançou 1,07 bilhão de litros<br />
(+32,38%), enquanto a produção<br />
de etanol anidro totalizou<br />
717,91 milhões de litros<br />
(-9,82%). No acumulado desde<br />
o início do atual ciclo agrícola<br />
até 1º de novembro, a<br />
fabricação do biocombustível<br />
totaliza 26,98 bilhões de litros<br />
(+10,01%), sendo 15,94 bilhões<br />
de etanol hidratado<br />
(+10,35%) e 11,04 bilhões<br />
de anidro (+9,52%).<br />
Da produção total de etanol<br />
registrada na segunda quinzena<br />
de outubro, 15% foram<br />
provenientes do milho, cuja<br />
produção foi de 268,62 milhões<br />
de litros neste ano,<br />
contra 217,83 milhões de litros<br />
no mesmo período do<br />
ciclo 22/23 – aumento de<br />
23,32%. No acumulado desde<br />
o início da safra, a produção<br />
de etanol de milho atingiu<br />
3,51 bilhões de litros –<br />
avanço de 42,39% na comparação<br />
com igual período do<br />
ano passado.<br />
Vendas<br />
de etanol<br />
Em outubro, as vendas de<br />
etanol totalizaram 2,89 bilhões<br />
de litros, o que representa<br />
aumento de 13,92%<br />
em relação ao mesmo período<br />
da safra 22/23. O volume<br />
comercializado de<br />
etanol anidro no período foi<br />
de 1,04 bilhão de litros -<br />
queda de 5,85% - enquanto<br />
o etanol hidratado registrou<br />
venda de 1,84 bilhão<br />
de litros - crescimento de<br />
29,33%.<br />
No mercado doméstico, as<br />
vendas de etanol hidratado<br />
em outubro totalizaram<br />
1,70 bilhão de litros - variação<br />
de 29,03% em relação<br />
ao ano passado. Dados de<br />
preços de revenda publicados<br />
pela Agência Nacional<br />
de Petróleo, Gás Natural e<br />
Biocombustíveis (ANP) para<br />
semana que se encerrou<br />
em 4/11 indicam que nas<br />
cidades correspondentes a<br />
63% do consumo nacional<br />
de combustíveis, o etanol<br />
hidratado tem apresentado<br />
paridades atrativas. No estado<br />
de São Paulo esse<br />
percentual atinge 100% do<br />
consumo. A respeito das<br />
vendas de etanol anidro, o<br />
volume comercializado foi<br />
de 959,54 milhões de litros,<br />
compensando o resultado<br />
negativo da primeira<br />
quinzena e encerrando<br />
o mês com uma variação<br />
positiva de 1,86%.<br />
No acumulado da safra<br />
23/24, a comercialização de<br />
etanol soma 18,21 bilhões<br />
de litros, o que representa<br />
um aumento de 4,35%. O<br />
hidratado compreende uma<br />
venda no volume de 10,68<br />
bilhões de litros (+4,53%),<br />
enquanto o anidro de 7,53<br />
bilhões (+4,10%).<br />
Mercado de CBios<br />
Dados da B3 registrados até<br />
o dia 7 de outubro indicam a<br />
emissão de 28,23 milhões de<br />
CBios em <strong>2023</strong>. Em posse da<br />
parte obrigada do programa<br />
RenovaBio há cerca de 23,28<br />
milhões de créditos de descarbonização.<br />
Esse valor<br />
considera o estoque de passagem<br />
da parte obrigada em<br />
2021 somada com os créditos<br />
adquiridos em 2022 e<br />
<strong>2023</strong>, até o momento, subtraída<br />
a meta referente ao ano<br />
de 2022.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5
AÇÚCAR<br />
Mercado cada vez mais<br />
dependente do Brasil<br />
A disparidade de preços entre o adoçante e o etanol também apoia a decisão<br />
das usinas em maximizar o adoçante, além de criar incentivos para<br />
investimentos tanto na cristalização como em infraestrutura, afirma hEDGEpoint<br />
Omercado de açúcar<br />
está cada vez mais<br />
dependente do Brasil,<br />
a boa notícia é<br />
que o país deverá continuar<br />
avançando e alcançando excelentes<br />
resultados. É o que<br />
aponta o recente relatório da<br />
analista de Açúcar da hEDGEpoint,<br />
Livea Coda.<br />
"Mas antes de nos aprofundarmos<br />
nos números e expectativas<br />
para o país, é importante<br />
discutir os movimentos<br />
de preços recentes. Começou<br />
com os preços do<br />
açúcar atingindo o maior nível<br />
em 12 anos, apoiados por interrupções<br />
nas exportações<br />
do Centro-Sul (CS) causadas<br />
por congestionamentos portuários<br />
e chuvas. No entanto,<br />
o Brasil ainda negocia com<br />
desconto – muito próximos de<br />
zero, é verdade – o que significa<br />
que as origens ainda não<br />
estão totalmente sob a influência<br />
da escassez do Hemisfério<br />
Norte", ressalta.<br />
É claro que, à medida que se<br />
aproximar o verão brasileiro e,<br />
portanto, a época em que as<br />
usinas são forçadas a reduzir<br />
o ritmo e a cana se torna mais<br />
escassa, os preços poderão<br />
encontrar ainda mais suporte.<br />
Ao atingir o nível de 28c/lb, o<br />
açúcar bruto também aproveitou<br />
a recente mudança no<br />
sentimento macro.<br />
Segundo a analista, "o discurso<br />
conciliatório proferido<br />
por Powell após a decisão do<br />
Fed de manter a taxa de juros<br />
estável ofereceu ainda mais<br />
suporte à commodity, ao induzir<br />
uma forte correção no<br />
índice do dólar. Mesmo com<br />
este quadro, o açúcar não<br />
conseguiu sustentar os seus<br />
ganhos".<br />
Foi, portanto, um período volátil<br />
e o CS continua a ser um<br />
dos temas mais relevantes e<br />
baixistas. A produtividade da<br />
cana no período (23/24) é o<br />
principal motivo dos excelentes<br />
resultados da região, ultrapassando<br />
a média da história<br />
recente e se aproximando dos<br />
níveis de 08/09. Não só isso,<br />
mas também se espera que a<br />
área aumente.<br />
Ambos são temas bem explorados,<br />
que, aliados à excelente<br />
qualidade da cana até o<br />
momento – apesar da precipitação<br />
mais próxima da média<br />
– permitem que o Brasil seja<br />
a maior força baixista do mercado.<br />
É claro que a volatilidade<br />
dos preços recente está<br />
ligada à capacidade do país<br />
de escoar o adoçante.<br />
"O congestionamento portuário<br />
está aumentando e o prêmio<br />
do físico está começando<br />
a reagir, mas isso não significa<br />
que o Brasil não tenha<br />
produto, pelo contrário, o açúcar<br />
está esperando para chegar<br />
ao mercado internacional.<br />
Portanto, o país deve adiar o<br />
início dos efeitos da escassez<br />
no Hemisfério Norte, fornecendo<br />
mais de 30Mt de exportações<br />
durante 23/24.<br />
Sabe-se que as chuvas recentes<br />
já são benéficas para a<br />
próxima safra de açúcar", observa.<br />
Até agora, as perspectivas<br />
parecem estar a favor da região.<br />
Mesmo se assumirmos<br />
que haverá alguma retração<br />
no TCH, mais chuvas podem<br />
tanto impulsionar o desenvolvimento<br />
da cana, quanto<br />
induzir um volume maior de<br />
cana bisada, aumentando a<br />
expectativa de volume de<br />
matéria-prima para 24/25.<br />
A disparidade de preços entre<br />
o adoçante e o etanol<br />
também endossa a decisão<br />
das usinas. Não só se espera<br />
que o açúcar continue a ser<br />
a alternativa mais lucrativa,<br />
mas os resultados do 23/24<br />
induziram investimentos na<br />
capacidade de cristalização,<br />
ao mesmo tempo que tornaram<br />
explícita a necessidade<br />
de investir em infraestrutura<br />
– e o setor não deixará esta<br />
oportunidade passar.<br />
Para 24/25, embora cedo<br />
para afirmar, o consenso do<br />
mercado parece apontar para<br />
excelentes resultados. Até o<br />
momento, esperamos que o<br />
Centro-Sul seja capaz de<br />
produzir mais de 42Mt e exportar<br />
cerca de 33,5Mt.<br />
Isto significa que uma forte<br />
tendência de alta poderá<br />
durar pouco, especialmente<br />
se o impacto do El Niño no<br />
Hemisfério Norte permanecer<br />
restrito a sua safra<br />
23/24. No entanto, devemos<br />
permanecer cautelosos, uma<br />
vez que a demanda global<br />
deve continuar a sua trajetória<br />
de expansão e qualquer<br />
ocorrência de clima adverso<br />
pode levar o mercado à escassez.<br />
6 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
CONSCIENTIZAÇÃO<br />
Outubro Rosa e<br />
<strong>Novembro</strong> Azul na Cooperval<br />
Além de outras ações foram realizados 80 exames de PSA,<br />
40 mamografias e 50 Papanicolau em homens e mulheres<br />
Como tradicionalmente<br />
ocorre todos os<br />
anos, os meses de<br />
outubro e novembro<br />
na Cooperval - Cooperativa<br />
Agroindustrial Vale do Ivaí<br />
Ltda., com sede no município<br />
de Jandaia do Sul, foram marcados<br />
pelas diversas ações<br />
da cooperativa como parte<br />
das campanhas do Outubro<br />
Rosa e do <strong>Novembro</strong> Azul.<br />
Além de todo o trabalho de<br />
conscientização entre os colaboradores,<br />
no dia 18/10 foi<br />
realizado um café da tarde<br />
com as colaboradoras e cooperadas<br />
e que contou com<br />
duas convidadas especiais,<br />
mulheres que passaram pelo<br />
câncer, Naina Vassoler de Laia<br />
e Ana Luiza Pelissari Bispo<br />
Moita, que aproveitaram o<br />
evento para contarem suas<br />
histórias e compartilharem<br />
suas experiências, conscientizando<br />
sobre a necessidade<br />
da prevenção.<br />
Nos dias 30 e 31 de outubro<br />
e 1 de novembro, a Cooperval,<br />
em parceria com a carreta<br />
do SESI, realizou exames<br />
preventivos ao câncer, tanto<br />
para mulheres entre 18 e 70<br />
anos, quanto para homens<br />
acima de 40 anos. Foram 80<br />
PSA, que é usado principalmente<br />
para pesquisar câncer<br />
de próstata em homens assintomáticos,<br />
40 mamografias,<br />
para prevenir o câncer de<br />
mama e 50 Papanicolau, teste<br />
realizado para detectar alterações<br />
nas células do colo do<br />
útero.<br />
O Outubro Rosa é uma campanha<br />
de conscientização que<br />
tem como objetivo principal<br />
compartilhar informações e<br />
alertar as mulheres e a sociedade<br />
sobre a importância da<br />
prevenção e do diagnóstico<br />
precoce do câncer de mama,<br />
e mais recentemente sobre o<br />
câncer de colo do útero, contribuindo<br />
para a redução da<br />
mortalidade. É celebrado<br />
anualmente desde os anos de<br />
1990. O câncer de mama, se<br />
diagnosticado em fases iniciais,<br />
influencia nos tratamentos<br />
que serão utilizados e nos<br />
resultados.<br />
Já o <strong>Novembro</strong> Azul é uma<br />
campanha de conscientização<br />
dirigida à sociedade e, em especial,<br />
aos homens, para<br />
conscientização a respeito de<br />
doenças masculinas, com ênfase<br />
na prevenção e no diagnóstico<br />
precoce do câncer de<br />
próstata. O câncer de próstata,<br />
tipo mais comum entre<br />
os homens, é a causa de morte<br />
de 28,6% da população<br />
masculina que desenvolve neoplasias<br />
malignas. No Brasil,<br />
um homem morre a cada 38<br />
minutos devido ao câncer de<br />
próstata, segundo os dados<br />
mais recentes do Instituto Nacional<br />
do Câncer (Inca).<br />
8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
CAPACITAÇÃO<br />
Santa Terezinha abre inscrições<br />
para Residência em Agronomia<br />
O Programa é desenvolvido há mais de 10 anos e já formou 61 profissionais,<br />
capacitando residentes para modernas tecnologias da cultura canavieira<br />
OPrograma de Residência<br />
em Agronomia<br />
da Usina Santa<br />
Terezinha, realizado<br />
em parceria com a UFRRJ<br />
(Universidade Federal Rural do<br />
Rio de Janeiro – Instituto de<br />
Agronomia), oferece oportunidades<br />
para Engenheiros Agrônomos<br />
formados há até três<br />
anos.<br />
Hoje, o Programa é referência<br />
nacional de Residência Agronômica<br />
com a cultura da<br />
cana-de-açúcar. A formação<br />
será em Fitotecnia, aprimorando<br />
conhecimentos técnicos<br />
e práticos sobre a cultura<br />
canavieira por meio de vivências<br />
em diferentes processos<br />
como qualidade, preparo de<br />
solo, tratos culturais, plantio e<br />
colheita, além de desenvolver<br />
futuros gestores para lideranças<br />
de pessoas e resultados.<br />
UFRRJ até o dia 24 de novembro.<br />
Acesse o QR Code.<br />
Podem se candidatar à seleção<br />
engenheiros agrônomos<br />
formados há, no máximo, 3<br />
anos, com diploma de graduação<br />
de instituições de ensino<br />
superior reconhecidas<br />
pelo MEC (Ministério da Educação).<br />
O Programa de Residência em<br />
Agronomia da Usina Santa Terezinha,<br />
em parceria com a<br />
UFRRJ, é desenvolvido há<br />
mais de 10 e já formou 61<br />
profissionais, capacitando residentes<br />
para modernas tecnologias<br />
da cultura canavieira.<br />
É uma oportunidade única<br />
para que os profissionais possam<br />
aplicar na prática o conhecimento<br />
adquirido em sala<br />
de aula, com incentivo financeiro.<br />
Após a conclusão do<br />
Programa, o engenheiro agrônomo<br />
tem a possibilidade de<br />
ser contratado pela Usina<br />
Santa Terezinha e iniciar sua<br />
carreira em uma das maiores<br />
empresas do setor sucroenergético<br />
do país.<br />
A Usina Santa Terezinha foi<br />
fundada em 1964 e é uma<br />
empresa brasileira de capital<br />
fechado com negócios no<br />
setor sucroenergético, presente<br />
no <strong>Paraná</strong> e Mato<br />
Grosso do Sul. Sua história<br />
iniciou no município de Maringá<br />
(PR), produzindo e comercializando<br />
açúcar VHP,<br />
etanol (anidro e hidratado) e<br />
bioletricidade.<br />
Sete unidades produtivas<br />
estão ativas com suas atividades<br />
agroindustriais divididas<br />
em três clusters UST (UST<br />
Norte, UST Centro e UST Sul),<br />
sendo capaz de gerar uma<br />
força de trabalho de mais de<br />
7 mil pessoas em mais de 35<br />
municípios dos dois estados,<br />
mantendo-se assim como<br />
uma das maiores empresas<br />
do segmento Açúcar e Álcool<br />
da região Sul do Brasil.<br />
Maior exportadora de açúcar<br />
com sede na região Sul, possui<br />
dez unidades produtivas<br />
no estado do <strong>Paraná</strong> e um<br />
projeto greenfield (Usina Rio<br />
<strong>Paraná</strong> S.A) no Mato Grosso<br />
do Sul, com sede corporativa<br />
e terminal logístico em Maringá<br />
e terminal rodoferroviário<br />
em Paranaguá.<br />
Mais informações:<br />
www.usacucar.com.br<br />
Todo o Programa é desenvolvido<br />
na Usina Santa Terezinha,<br />
maior empresa do setor sucroenergético<br />
do sul do país,<br />
com operações na região noroeste<br />
do <strong>Paraná</strong>. São oito<br />
vagas de residentes, distribuídas<br />
entre as sete unidades<br />
produtivas da empresa: Maringá<br />
(Iguatemi), Paranacity,<br />
Terra Rica, Cidade Gaúcha,<br />
Ivaté, Rondon e Tapejara. A<br />
duração do Programa é de um<br />
ano, com carga horária de 40<br />
horas semanais e bolsa mensal.<br />
O processo seletivo é composto<br />
de duas fases: inscrição<br />
e seleção, com prova e entrevista<br />
online. As inscrições<br />
devem ser feitas pelo site da<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
9
SEGURANÇA<br />
Usina comemora 2.500 dias<br />
sem incidentes com afastamento<br />
Marca histórica é fruto de investimento contínuo em inovações, capacitações e engajamento<br />
dos colaboradores da Jacarezinho com a cultura da saúde e segurança do trabalho<br />
AUsina Jacarezinho,<br />
empresa pertencente<br />
ao Grupo Maringá localizada<br />
no norte do<br />
<strong>Paraná</strong> e especializada na produção<br />
de açúcar, etanol, bioenergia<br />
e levedura, alcançou<br />
recentemente uma marca histórica.<br />
No dia 10 de novembro,<br />
completou 2.500 dias consecutivos<br />
sem incidentes com<br />
afastamento na área canavieira.<br />
Essa conquista é resultado do<br />
esforço coletivo na prevenção,<br />
impulsionado pelo investimento<br />
contínuo em inovações. Isso<br />
inclui aprimoramentos em<br />
equipamentos de proteção individual<br />
(EPIs), a adoção de<br />
máquinas e veículos mais seguros,<br />
e o constante desenvolvimento<br />
dos colaboradores por<br />
meio de capacitações.<br />
Além disso, destaca-se a atuação<br />
efetiva do comitê de Saúde,<br />
Segurança e Meio Ambiente<br />
(SSMA), que envolve o<br />
time de SSMA, gerentes, coordenadores<br />
e também a alta direção<br />
da empresa. Como parte<br />
de uma prática regular, semanalmente<br />
são avaliados possíveis<br />
riscos presentes nos<br />
processos, para definir ações<br />
preventivas e corretivas. Essas<br />
reuniões têm enfoque específico<br />
nas regras de ouro da Segurança,<br />
visando, assim, mitigar<br />
e prevenir possíveis ocorrências<br />
e incidentes.<br />
A segurança das operações é<br />
rigorosamente monitorada por<br />
meio de visitas periódicas às<br />
frentes de trabalho, nas quais a<br />
liderança, membros da CIPATR<br />
(Comissão Interna de Prevenção<br />
de Acidentes no Trabalho<br />
Rural) e a Segurança do Trabalho<br />
ouvem relatos detalhados e<br />
realizam um mapeamento<br />
abrangente dos potenciais perigos,<br />
disseminando os cuidados<br />
e treinamentos específicos.<br />
Esses encontros são fundamentais,<br />
pois fornecem insights<br />
especializados e contribuem<br />
para a eficácia das estratégias<br />
de saúde e segurança<br />
implementadas.<br />
A Usina Jacarezinho evoluiu<br />
nas suas auditorias de saúde e<br />
segurança do trabalho, por<br />
meio do levantamento das condições<br />
nos locais das operações<br />
e das inspeções nos<br />
equipamentos, que envolvem<br />
todos os times das áreas de<br />
Produção, Manutenção, Administrativo,<br />
Financeiro, Suprimentos,<br />
Qualidade e terceiros.<br />
O envolvimento ativo dos colaboradores<br />
na cultura de saúde<br />
e segurança foi essencial para<br />
o êxito, destacando a eficácia<br />
de uma abordagem integrada e<br />
participativa na promoção da<br />
segurança.<br />
O recorde expressivo alcançado<br />
reflete uma gestão abrangente<br />
de segurança, em que o<br />
Levantamento de Perigos e<br />
Avaliação de Riscos (LPAR) e<br />
o fortalecimento dos diálogos<br />
de segurança desempenharam<br />
funções essenciais. A atualização<br />
constante dos procedimentos<br />
de trabalho e ordens de<br />
serviço, alinhada às Normas<br />
Regulamentadoras (NRs), foram<br />
vitais para o sucesso. O<br />
plano anual de treinamentos,<br />
com foco em atividades em<br />
áreas específicas, além dos<br />
programas de saúde dedicados,<br />
contribuiu significativamente<br />
para a promoção de<br />
práticas saudáveis.<br />
Adicionalmente, uma equipe de<br />
brigadistas capacitada está<br />
pronta para emergências em<br />
diferentes áreas, desde a usina<br />
até a preservação ambiental.<br />
Esse comprometimento com a<br />
prontidão para emergências<br />
desempenhou um papel fundamental<br />
na manutenção de um<br />
ambiente seguro.<br />
"Desenvolvemos continuamente<br />
uma cultura de segurança<br />
sólida, baseada na prática do<br />
cuidado ativo, em que todos os<br />
colaboradores e prestadores de<br />
serviços se sentem confortáveis<br />
em levantar os perigos e<br />
propor medidas que mitiguem<br />
ou eliminem os riscos", avalia<br />
a gerente da Qualidade, Segurança<br />
e Meio Ambiente da<br />
Usina Jacarezinho, Marcia<br />
Gusi. "Seguiremos, agora, rumo<br />
aos 3.000 dias sem incidentes<br />
com afastamento",<br />
complementa.<br />
10<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
EXPANSÃO<br />
Jacarezinho investe na<br />
flexibilização do mix produtivo<br />
Com investimento de R$ 25 milhões, produtora sucroenergética do Grupo Maringá poderá<br />
atingir até 70% (açúcar) - 30% (etanol) na safra 24/25, além de ganhar mais capacidade de<br />
produção, ajudando no planejamento da colheita e otimizando o período de moagem da cana<br />
AUsina Jacarezinho,<br />
produtora de açúcar,<br />
etanol, levedura e<br />
bioenergia a partir da<br />
cana-de-açúcar do Grupo Maringá,<br />
localizada no norte do<br />
<strong>Paraná</strong>, deu início à ampliação<br />
da capacidade de produção<br />
de açúcar.<br />
Com investimento de R$ 25<br />
milhões em equipamentos, o<br />
projeto objetiva aumentar a<br />
capacidade da produção de<br />
açúcar, ganhando na flexibilização<br />
do mix de produção.<br />
Hoje, é de 57% açúcar (dos<br />
quais, 38% são de açúcar<br />
bruto) e 43% etanol, que<br />
prevê chegar a 70 – 30% na<br />
safra 24/25. No Centro-Sul, a<br />
estimativa de mix para a safra<br />
atual é em torno de 50 - 50.<br />
Além disso, será possível planejar<br />
melhor a moagem, o que<br />
significa moer em período<br />
mais adequado e vantajoso do<br />
ponto de vista do aproveitamento<br />
da riqueza da cana-deaçúcar.<br />
O CFO do Grupo Maringá,<br />
Eduardo Lambiasi, explica que<br />
o cenário atual, que oferece<br />
uma vantagem expressiva<br />
para o açúcar em relação ao<br />
etanol, algo como US$ 10<br />
cents por libra peso, estimulou<br />
a decisão pelo investimento.<br />
E o horizonte para o<br />
açúcar se mostra positivo<br />
para os próximos anos",<br />
afirma. "Por isso, é importante<br />
expandir a nossa capacidade<br />
de arbitragem entre os produtos,<br />
ter mais flexibilidade para<br />
focar a produção em um ou<br />
noutro", complementa.<br />
A compra de novos equipamentos<br />
já está em andamento<br />
e traz uma nova organização de<br />
estrutura. Além de repotenciar<br />
o secador de açúcar já existente,<br />
foram adquiridos dois<br />
pré-evaporadores, de 5.000 m²<br />
e 3.300 m², um cozedor de 850<br />
hectolitros e duas centrífugas<br />
Konti 14 e uma Mausa Mac<br />
1.800. Os equipamentos devem<br />
entrar em operação já no<br />
primeiro dia da próxima safra,<br />
em 1º de abril de 2024.<br />
"Com esse movimento, buscamos<br />
ampliar a fábrica e<br />
ampliar a produção de 23<br />
mil sacas de açúcar por dia<br />
para 30 mil sacas de açúcar/dia<br />
bruto por dia", conta<br />
o diretor de Operações Sucroenergético<br />
da Usina Jacarezinho,<br />
Condurme Aizzo.<br />
Aizzo diz que a eficiência do<br />
processo produtivo deve se<br />
refletir na ATR (Açúcar Total<br />
Recuperável), apesar de<br />
esse índice depender muito<br />
das condições climáticas. O<br />
executivo ressalta outro benefício<br />
do investimento:<br />
"Com esse projeto, estamos<br />
preparados para ampliar a<br />
moagem cana-de-açúcar ",<br />
conclui.<br />
O Grupo Maringá atua nos<br />
setores sucroenergético,<br />
produzindo açúcar, etanol,<br />
levedura e bioenergia, e siderúrgico,<br />
fabricando ferroliga<br />
de manganês. Com 75<br />
anos de tradição, a Usina Jacarezinho,<br />
atua de forma integrada<br />
no norte do <strong>Paraná</strong>,<br />
para fornecer alimento e<br />
energia limpa e renovável<br />
aos mercados nacional e internacional.<br />
Na siderurgia, o<br />
grupo atua há mais de 40<br />
anos, produzindo ferroligas<br />
de manganês de alto padrão,<br />
matéria-prima essencial para<br />
a fabricação de aço, por<br />
meio da Maringá Ferro-Liga<br />
S/A, localizada em Itapeva<br />
(SP).<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
11
DOIS<br />
Calor<br />
El Niño<br />
PONTOS<br />
A onda de calor que atingiu o<br />
Brasil em novembro deve levar<br />
a recordes históricos de temperatura<br />
em diversas cidades -<br />
há locais em que os termômetros<br />
marcaram até 13 ºC a<br />
mais do que esperado para<br />
esta época do ano. A sensação<br />
térmica também ultrapassou<br />
os 50 ºC em algumas cidades.<br />
Uma conjunção de fatores -<br />
como o El Niño, a formação de<br />
um "domo de calor" e as mudanças<br />
climáticas - ajudam a<br />
entender o que está acontecendo<br />
no Brasil. Estudos também<br />
revelam que as ondas de<br />
calor do tipo estão se tornando<br />
cada vez mais comuns no<br />
país. A má notícia é que eventos<br />
como esse podem se tornar<br />
ainda mais frequentes e intensos<br />
daqui em diante - e, de<br />
acordo com os especialistas, é<br />
urgente discutir planos de mitigação<br />
e adaptação a eventos<br />
climáticos extremos, como verões<br />
muito intensos e chuvas<br />
torrenciais. O cenário indica<br />
que o ano de <strong>2023</strong> será o mais<br />
quente desde a década de<br />
1960, aponta o relatório do<br />
Inmet.<br />
O fenômeno climático atualmente em curso deve durar até pelo menos abril do próximo<br />
ano, segundo a Organização Meteorológica Mundial. O El Niño pode provocar fenômenos<br />
climáticos extremos, como secas prolongadas no Hemisfério Norte e traz maiores riscos<br />
de oscilações nos preços dos alimentos e da energia. No Brasil, os efeitos do fenômeno<br />
climático El Niño devem afetar os regimes de chuva em regiões do país ao menos até<br />
janeiro. A precipitação deve continuar intensa na porção Sul do país e reduzida no Norte,<br />
que já enfrenta uma estiagem com mínimas históricas nos níveis de rios como o Negro<br />
e o Solimões.<br />
Combustíveis fósseis<br />
A direção da Petrobras vem<br />
encontrando resistências<br />
dentro do próprio governo<br />
para aprovar seu plano de investimentos<br />
para os próximos<br />
cinco anos. A companhia<br />
propôs um orçamento<br />
de cerca de US$ 100 bilhões,<br />
aumento substancial em relação<br />
aos US$ 78 bilhões aprovado<br />
no último ano, mas<br />
dúvidas sobre a viabilidade<br />
Petrobras<br />
do plano provocaram uma divisão<br />
no conselho. Representantes<br />
da União têm resistido<br />
a aprovar o orçamento, diante<br />
da elevada previsão de investimentos<br />
em energias renováveis.<br />
São cerca de US$<br />
20 bilhões em uma série de<br />
segmentos: eólicas, biocombustíveis<br />
e hidrogênio, além<br />
de descarbonização das operações.<br />
Safra de cana<br />
Tendência observada durante<br />
toda a safra, as produtividades<br />
médias da cana no Centro-Sul<br />
continuam se mostrando muito<br />
superiores às da safra passada,<br />
segundo o Centro de Tecnologia<br />
Canavieira. Segundo os<br />
técnicos, a safra atual, no acumulado<br />
de abril a setembro, é a<br />
mais produtiva no histórico de<br />
20 anos do Programa de<br />
Benchmarking do Centro, plataforma<br />
colaborativa de dados<br />
entre as usinas do Centro-Sul.<br />
Os canaviais colhidos no mês<br />
de setembro alcançaram 83,2<br />
toneladas por hectare, produtividade<br />
21,3% superior à registrada<br />
na safra passada (68,5<br />
t/ha). No acumulado da safra, a<br />
produtividade registra crescimento<br />
próximo a 22% (91,1<br />
t/ha nesta safra, contra 74,5<br />
t/ha em 2022-23).<br />
Planos governamentais de<br />
todo o mundo indicam que a<br />
produção de combustíveis<br />
fósseis em 2030 deve ser o<br />
dobro do que seria permitido<br />
para cumprir o Acordo de<br />
Paris. Um novo relatório<br />
aponta que países devem produzir<br />
110% mais petróleo, gás<br />
e carvão no final da década do<br />
que seria necessário para limitar<br />
o aquecimento global a<br />
1,5°C e 69% mais do que<br />
seria consistente com um planeta<br />
2°C mais quente.<br />
O Brasil é um dos que ajudam<br />
a puxar para cima essa tendência.<br />
O país é hoje o oitavo<br />
no mundo na produção de<br />
óleo, 27º na produção de gás<br />
e 29º de carvão. Em março,<br />
porém, o ministro de Minas e<br />
Energia, Alexandre Silveira,<br />
No Brasil<br />
anunciou planos para escalar<br />
a produção nacional e tornar o<br />
Brasil o quarto maior produtor<br />
global de petróleo. Na mesma<br />
semana, o presidente da Petrobras,<br />
Jean Paul Prates, disse<br />
que a estatal "vai ganhar participação<br />
de mercado". "Podemos<br />
ser os últimos a produzir<br />
petróleo no mundo", afirmou.<br />
O plano energético brasileiro<br />
prevê que a produção de petróleo<br />
cresça 63%, e a de gás,<br />
124% entre 2022 e 2032, diz<br />
o Relatório da Lacuna de Produção.<br />
Renováveis<br />
A União Europeia, os Estados<br />
Unidos e os Emirados Árabes<br />
Unidos, anfitriões da cúpula climática<br />
COP28, estão reunindo<br />
outros governos para aderir a<br />
um acordo global para triplicar<br />
a energia renovável nesta década.<br />
Os países estão trabalhando<br />
para recrutar outros para<br />
firmar o compromisso antes<br />
das negociações climáticas<br />
anuais da ONU deste ano, que<br />
acontecem de 30 de novembro<br />
a 12 de dezembro em Dubai.<br />
12<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
O mercado global de açúcar,<br />
que tem lidado com safras<br />
ruins em vários países enquanto<br />
o Brasil produz volume<br />
recorde, enfrenta déficits de<br />
oferta e de logística, já que o<br />
maior supridor mundial lida<br />
Célula combustível<br />
Açúcar<br />
com gargalos portuários para<br />
escoar sua grande produção.<br />
O Brasil cresceu muito a participação<br />
no contexto mundial,<br />
mas a logística, principalmente<br />
nos portos, não foi preparada<br />
para esses volumes.<br />
Exportações<br />
O setor sucroalcooleiro respondeu<br />
por 35,3% das exportações<br />
do agronegócio paulista de janeiro<br />
a setembro deste ano, totalizando<br />
US$ 7,23 bilhões.<br />
Isso representa uma alta de<br />
24,7% em valores e de 5,4%<br />
em volumes de vendas externas.<br />
O impulso do setor veio da<br />
Biodiesel<br />
valorização de 22,5% no preço<br />
médio do açúcar, além dos embarques<br />
de etanol apresentando<br />
elevações de 16,1% em volume<br />
e de 5,7% em valores. No complexo<br />
sucroalcooleiro, as exportações<br />
de açúcar representaram<br />
86,9%, enquanto o etanol<br />
representou 13,1%.<br />
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais<br />
(Abiove) estima que a produção de biodiesel neste<br />
ano ultrapasse 7 bilhões de litros. A projeção leva em<br />
conta a retomada do aumento da mistura de biodiesel<br />
adicionado ao diesel comercial, hoje de 12% (B12).<br />
De acordo com o cronograma oficial do Conselho Nacional<br />
de Política Energética (CNPE), deve chegar a<br />
15% em 2026. Porém, para atender a urgente política<br />
de descarbonização da matriz energética, a antecipação<br />
não está descartada. A cada ponto porcentual a<br />
mais de mistura, cerca de 650 milhões de litros de<br />
biodiesel são produzidos no País.<br />
País terá em 2024 uma planta-piloto<br />
para testar a tecnologia<br />
inédita que vai gerar internamente<br />
energia para carros<br />
elétricos, sem necessidade<br />
de carregar na tomada.<br />
Movido a hidrogênio (H2), o<br />
carro a célula de combustível<br />
é considerado mundialmente<br />
a opção mais viável para o<br />
transporte com emissão zero.<br />
Uma evolução do veículo elétrico,<br />
ele já roda em alguns<br />
países, como Japão e EUA,<br />
atendendo um nicho ainda pequeno<br />
do mercado. Seu uso<br />
em grande escala está distante,<br />
principalmente no mercado<br />
brasileiro onde, segundo<br />
analistas, até mesmo os elétricos<br />
devem demorar a se<br />
popularizar em razão dos preços<br />
e da falta de infraestrutura<br />
para carregamento.<br />
A Be8, companhia líder em<br />
biodiesel no Brasil, anunciou<br />
que planeja investir R$ 80 milhões<br />
para a produção em<br />
Passo Fundo (RS) de um novo<br />
biocombustível patenteado<br />
pela companhia que poderá<br />
ser usado diretamente em<br />
motores a diesel. A companhia<br />
prevê atingir em 12 meses<br />
capacidade de produção de<br />
150 milhões de litros por ano<br />
do novo produto. O montante<br />
também considera avanços<br />
na área de pesquisa e desenvolvimento.<br />
O novo biocombustível<br />
reduziria até 50% as<br />
emissões de CO, até 85% a<br />
Uma das tecnologias mais esperadas<br />
pelos produtores de<br />
cana para aumentar sua produtividade<br />
é a semente sintética,<br />
em desenvolvimento há<br />
pelo menos uma década pelo<br />
Centro de Tecnologia Canavieira.<br />
Produto similar chegou<br />
a ser anunciado por empresas<br />
Biocombustível<br />
emissão de materiais particulados<br />
e em até 90% as de fumaça<br />
preta. A compa-nhia<br />
destacou que poderá ampliar<br />
Semente<br />
independentes, mas os projetos<br />
foram descontinuados por<br />
não se mostrarem eficazes.<br />
Se der certo, o projeto vai<br />
mudar meio milênio de plantio,<br />
pois hoje se planta cana<br />
do mesmo jeito que era feito<br />
há 500 anos. A semente desenvolvida<br />
em laboratório está<br />
Copersucar<br />
A Copersucar reafirma seu<br />
compromisso com a sustentabilidade<br />
e contribuição para<br />
viabilização de soluções em<br />
escala para a descarbonização,<br />
dando mais um passo<br />
importante na sua estratégia<br />
de transição energética com<br />
o combustível renovável de<br />
aviação . A Copersucar S.A.<br />
e a Evolua Etanol foram certificadas<br />
para comercialização<br />
de etanol destinado à fabricação<br />
de combustíveis<br />
aéreos sustentáveis. Alinhado<br />
com ecossistema do<br />
Grupo, as usinas associadas<br />
Barra Grande e São José,<br />
ambas integrantes do grupo<br />
Zilor, conquistaram a certificação<br />
ISCC CORSIA (Carbon<br />
Offsetting and Reduction<br />
capacidade de produção do<br />
novo produto rapidamente,<br />
caso necessário, para a unidade<br />
de Marialva (PR).<br />
em processo de registro de<br />
propriedade intelectual e vem<br />
sendo testada em algumas fazendas,<br />
mas a data de lançamento<br />
ainda não foi definida.<br />
Segundo o CTC, trará benefícios<br />
econômicos para o produtor,<br />
pois vai facilitar, otimizar<br />
e baratear o plantio.<br />
Scheme for International<br />
Aviation). O SAF, produzido a<br />
partir do etanol derivado da<br />
cana, pode ser uma solução<br />
com impactos relevantes na<br />
indústria da aviação, uma vez<br />
que diminui em até 80% o<br />
volume total de emissões,<br />
quando comparado aos<br />
combustíveis fósseis convencionais.<br />
Etanol em máquinas agrícolas<br />
A John Deere anuncia o conceito<br />
de um motor a etanol de<br />
9.0L na Agritechnica <strong>2023</strong>,<br />
principal feira mundial de máquinas<br />
agrícolas, realizada<br />
em novembro, em Hanover,<br />
na Alemanha. O motor a etanol<br />
para mercado agrícola é<br />
mais um projeto global que<br />
desponta como opção sustentável<br />
para motores de alta<br />
performance. O Brasil é um<br />
dos principais produtores de<br />
etanol do mundo a base de<br />
cana-de-açúcar e, de forma<br />
crescente, a base de milho.<br />
Por isso, a nova solução da<br />
John Deere será focada no<br />
mercado brasileiro, que já<br />
conta com redes consolidadas<br />
de produção e distribuição,<br />
em razão do uso já<br />
difundido do combustível em<br />
veículos de passeio.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
13