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Jornal Paraná Novembro 2023

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AÇÚCAR<br />

Mercado cada vez mais<br />

dependente do Brasil<br />

A disparidade de preços entre o adoçante e o etanol também apoia a decisão<br />

das usinas em maximizar o adoçante, além de criar incentivos para<br />

investimentos tanto na cristalização como em infraestrutura, afirma hEDGEpoint<br />

Omercado de açúcar<br />

está cada vez mais<br />

dependente do Brasil,<br />

a boa notícia é<br />

que o país deverá continuar<br />

avançando e alcançando excelentes<br />

resultados. É o que<br />

aponta o recente relatório da<br />

analista de Açúcar da hEDGEpoint,<br />

Livea Coda.<br />

"Mas antes de nos aprofundarmos<br />

nos números e expectativas<br />

para o país, é importante<br />

discutir os movimentos<br />

de preços recentes. Começou<br />

com os preços do<br />

açúcar atingindo o maior nível<br />

em 12 anos, apoiados por interrupções<br />

nas exportações<br />

do Centro-Sul (CS) causadas<br />

por congestionamentos portuários<br />

e chuvas. No entanto,<br />

o Brasil ainda negocia com<br />

desconto – muito próximos de<br />

zero, é verdade – o que significa<br />

que as origens ainda não<br />

estão totalmente sob a influência<br />

da escassez do Hemisfério<br />

Norte", ressalta.<br />

É claro que, à medida que se<br />

aproximar o verão brasileiro e,<br />

portanto, a época em que as<br />

usinas são forçadas a reduzir<br />

o ritmo e a cana se torna mais<br />

escassa, os preços poderão<br />

encontrar ainda mais suporte.<br />

Ao atingir o nível de 28c/lb, o<br />

açúcar bruto também aproveitou<br />

a recente mudança no<br />

sentimento macro.<br />

Segundo a analista, "o discurso<br />

conciliatório proferido<br />

por Powell após a decisão do<br />

Fed de manter a taxa de juros<br />

estável ofereceu ainda mais<br />

suporte à commodity, ao induzir<br />

uma forte correção no<br />

índice do dólar. Mesmo com<br />

este quadro, o açúcar não<br />

conseguiu sustentar os seus<br />

ganhos".<br />

Foi, portanto, um período volátil<br />

e o CS continua a ser um<br />

dos temas mais relevantes e<br />

baixistas. A produtividade da<br />

cana no período (23/24) é o<br />

principal motivo dos excelentes<br />

resultados da região, ultrapassando<br />

a média da história<br />

recente e se aproximando dos<br />

níveis de 08/09. Não só isso,<br />

mas também se espera que a<br />

área aumente.<br />

Ambos são temas bem explorados,<br />

que, aliados à excelente<br />

qualidade da cana até o<br />

momento – apesar da precipitação<br />

mais próxima da média<br />

– permitem que o Brasil seja<br />

a maior força baixista do mercado.<br />

É claro que a volatilidade<br />

dos preços recente está<br />

ligada à capacidade do país<br />

de escoar o adoçante.<br />

"O congestionamento portuário<br />

está aumentando e o prêmio<br />

do físico está começando<br />

a reagir, mas isso não significa<br />

que o Brasil não tenha<br />

produto, pelo contrário, o açúcar<br />

está esperando para chegar<br />

ao mercado internacional.<br />

Portanto, o país deve adiar o<br />

início dos efeitos da escassez<br />

no Hemisfério Norte, fornecendo<br />

mais de 30Mt de exportações<br />

durante 23/24.<br />

Sabe-se que as chuvas recentes<br />

já são benéficas para a<br />

próxima safra de açúcar", observa.<br />

Até agora, as perspectivas<br />

parecem estar a favor da região.<br />

Mesmo se assumirmos<br />

que haverá alguma retração<br />

no TCH, mais chuvas podem<br />

tanto impulsionar o desenvolvimento<br />

da cana, quanto<br />

induzir um volume maior de<br />

cana bisada, aumentando a<br />

expectativa de volume de<br />

matéria-prima para 24/25.<br />

A disparidade de preços entre<br />

o adoçante e o etanol<br />

também endossa a decisão<br />

das usinas. Não só se espera<br />

que o açúcar continue a ser<br />

a alternativa mais lucrativa,<br />

mas os resultados do 23/24<br />

induziram investimentos na<br />

capacidade de cristalização,<br />

ao mesmo tempo que tornaram<br />

explícita a necessidade<br />

de investir em infraestrutura<br />

– e o setor não deixará esta<br />

oportunidade passar.<br />

Para 24/25, embora cedo<br />

para afirmar, o consenso do<br />

mercado parece apontar para<br />

excelentes resultados. Até o<br />

momento, esperamos que o<br />

Centro-Sul seja capaz de<br />

produzir mais de 42Mt e exportar<br />

cerca de 33,5Mt.<br />

Isto significa que uma forte<br />

tendência de alta poderá<br />

durar pouco, especialmente<br />

se o impacto do El Niño no<br />

Hemisfério Norte permanecer<br />

restrito a sua safra<br />

23/24. No entanto, devemos<br />

permanecer cautelosos, uma<br />

vez que a demanda global<br />

deve continuar a sua trajetória<br />

de expansão e qualquer<br />

ocorrência de clima adverso<br />

pode levar o mercado à escassez.<br />

6 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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