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55ª Edição_Revista ATRAÇÃO

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Vieste amedrontada, tensa e inquieta.

Chegaste inibida e insegura.

Abraçaste-me com a fúria de um pavão;

Pude, nesse abraço, sentir seu coração acelerado

Do amor demasiado, feito um trovão.

Após estarmos minutos de grande hesitação

Do prazer inconstante, louco e ceifado,

Por um momento, como se tivesse fazendo

Algo proibido, no mesmo instante nos sentindo perdidos.

Ah! Mesmo assim refugiamos com longo e demorado beijo,

Acariciando os corpos numa total paixão.

Sentindo seu corpo no meu corpo,

Minha alma em sua alma, extasiados...

Ao longo de tanta tentação, paramos para nos vermos.

E sem ainda acreditar que estávamos juntos,

Sem acreditar que perdemos anos de nossas vidas,

Que podíamos realizar um sonho ou fantasia

De um amor eloquente e temporal de adolescentes...

Ah! Esse amor que “gruda”, ainda me deixando insegura.

Coloquei meu xale sobre a cômoda, viajei com meus olhos.

Tudo ao redor... Procurei-me naquele espaço.

O lugar imperfeito, mas de amor...

Ao me avistar, entregou-me uma rosa amarela,

Ainda em botão, perguntando ser a mais bela.

De minha preferência, então!

Lembrava-se de meu gosto por flores e a cor.

Não esqueceste! Murmurou em meus ouvidos:

— Tu me perdeste, mas eu te achei de novo!

O tempo nos foi cruel, vivemos sempre a pensar

Que um a outro teríamos... Mesmo outro no lugar.

Mas, de repente, beijamo-nos outra vez, com a mesma fúria.

Fomos levados pra cama e depois para o chão.

Deitados num tapete, rimos muito de tudo... Acalmamos

Nosso fôlego... Mesmo carregado de desejos,

Ponderamos os mesmos e conversamos.

No entanto, nossas mãos apertadas em seu peito,

Pude sentir os seus fortes batimentos.

Incrível, pois estavam do mesmo jeito!

Por uns instantes de sensatez, sentamos,

Mas ainda nos acariciando... Falaste de como estavas feliz.

Sentindo-me também feliz, contudo o medo, queria tomar-me.

Ainda sufocada por aquele amor,

Tornei a olhar para aquela cômoda, com intenção de

Pegar o xale de volta, pô-lo em minhas costas

E dizer-te adeus, agora, para sempre, adeus!

IRINÉA BORGES CARVALHO

Escritora Paulistana, residente em Sergipe. Licenciada em Portugues/Frances

Pos graduada em Portugues/Literatura, Supervisao e

Administracao Escolar e em Gestao Escolar.

Confreira de duas Academias:

ALVP - Academia Literaria de Vida de Propria e AJLA -

Academia Japoatenense de Letras e Artes

32 Atração_ julho de 2022

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