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Por Antônio Saracura
O Itabaianista
A fobica de
Cornélio de Afonseca
Itabaiana SE BR
Romancista, Contista, Cronista e Poeta, Formado em Administração pela Universidade Federal de SE
Membro da Academia Itanbaianense de Letras e da Academia Sergipana de Letras
Isaias Marinho
A carro soltou um berro
Prolongado e estridente.
O moço saiu correndo
E todo povo presente
Correu atrás assustado
Na direção do mercado
Que ficava mais a frente
Cornélio de Afonseca
Da antiga elite serrana
Entrou com seu automóvel
Na feira de Itabaiana
Até este santo dia
Ninguém dali conhecia
A estranha traquitana
Um mais afoito buliu
Numa pequena alavanca
O carro saiu andando
Derriba, entorta e arranca
Quebrou mais de cem panelas
Passando por cima delas
E encovou numa banca
O povaréu curioso
Penalizado assistia
A vingança da banqueira
E o carro que sofria...
Foi quando surgiu um moço
Do meio do alvoroço
E com fi rmeza pedia:
E neste exato momento
Cornélio vinha chegando
E vendo a debandada
De seu carro se afastando
Pensou em fogo e explosão
E seguiu a multidão
Até o momento quando
Cornélio parou o carro
Numa pequena descida
E foi comprar uns teréns
Dando a fera por esquecida
O povo foi-se achegando
Curioso arrodeando
Temendo uma arremetida
A dona da banca vendo
Toda aquela bagaçada
Botou a mão na cabeça
E partiu pra guerra armada
Pegou um pau de porteira
E moeu a fera inteira
Com um banho de pauladas.
— Pare de moer o couro
Que a fera já morreu!.
O povo chegou mais perto
E a banqueira obedeceu.
O moço pousou a mão
E apertou um botão
Que ele nem percebeu
Percebeu o alarme falso.
Devagarinho retornou,
Pegou uma manivela
E acionou o motor...
O carro todo amassado
Partiu pendido de um lado
Gemendo cheio de dor.
44 Atração_ julho de 2022
(Aracaju, 2014. Livre adaptação de um caso contato pelo historiador Floriano Fonsecaenvolvendo seu bisavô, o coronel Cornéliode Afonseca, senhor da Tapera da Serra e do Garangáu).