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55ª Edição_Revista ATRAÇÃO

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Por Domingos Pascoal

Esperamos demais

Aracaju SE BR

Formado em Filosofia e Ciências Jurídicas e pós-graduado em Gestão de Pessoas, Advogado, Jornalista e ocupante

da cadeira nº 17 da Academia Sergipana de Letras. Membro da Associação Cearense de Escritores - ACE

O que você está esperando? Já percebeu que nós

esperamos demais para fazer o que tem de ser feito

hoje, com urgência? Já percebeu que nesta espera o

que somamos é também uma subtração? Por exemplo:

quando você espera mais um mês para realizar

uma coisa, é exatamente menos um mês que você

terá para realizá-la. Ou seja, esperamos sempre pelo

dia de amanhã, pelo mês que vem, pelo ano que

vem. Afirmamos categóricos: “Amanhã eu faço; no

mês que vem, eu cumpro; no próximo ano, eu realizo...”.

Somamos sempre um dia, um mês ou um ano

para a realização de nosso projeto e diminuímos

exatamente o mesmo período em sua execução. Pois

aquele tempo vivido, agora, significa exatamente

menos tempo para viver no futuro. É aí que percebemos

o quanto ele voa, a vida passa e estamos

esperando. Às vezes, acordamos deste sono letárgico

e, desesperadamente, lamentamos o que se foi, o

momento que passou, a oportunidade perdida.

O pior é que o tempo é guloso e leva, invariavelmente,

os nossos melhores momentos, as nossas

melhores oportunidades e as nossas mais ricas energias.

Ficam apenas as lembranças e as lamentações.

“Poxa! Bem que devia ter feito isto ou aquilo; como

fui perder aquela oportunidade? Naquela época, eu

tinha toda a condição para realizar, agora não tenho

mais. Que pena!” Oportunidade passada mais ocasião

perdida é igual a lamentação futura.

De repente, sentimos urgência de viver, de fazer,

de realizar mais. A verdade é que procrastinamos

demais o que deve ser feito, quando dispomos de

apenas um dia de cada vez, sem nenhuma garantia

de um amanhã.

Reclamamos que a vida é curta e, mesmo assim,

agimos como se fôssemos eternos. Não. Não somos.

Somos finitos e temos uma existência muito curta

para esperar sempre um amanhã que sequer sabemos

se vai chegar.

Esperamos demais como se tivéssemos à nossa

disposição um estoque inesgotável de tempo e oportunidades.

Demoramos para pedir desculpas e perdoar,

para relevar os rancores e refazer as amizades,

para nos doar mais, para expressar gratidão àqueles

que nos deram, às vezes, tudo o que tinham, e que

representa agora tudo o que temos.

Esperamos demais para agradecer, elogiar, consolar

e validar as pessoas, para ser generosos, deixando

que a demora diminua a alegria de doar e receber,

para sermos verdadeiramente pais de nossos

filhos, curtir o desenvolvimento e o crescimento deles,

e, aí, logo a vida os faz crescer e nos abandonar.

Esperamos demais para ser carinhosos com os nossos

cônjuges, com os nossos irmãos, amigos e colaboradores,

para dar carinho, amor e sermos gratos

aos nossos pais. Quem sabe, daqui a pouco tempo

será tarde demais.

Esperamos demais para ir atrás da nossa felicidade,

para perseguir nossos sonhos e realizar nossa

missão, para dizer o quanto uma pessoa é importante

na nossa vida, ou seja, esperamos demais para

deixar sair, do fundo do coração, aquela expressão

sincera: “eu te amo”, que tanto bem faz não só a

quem diz como a quem ouve.

Esperamos demais, ou temos ciúme, medo ou

vergonha de verbalizar o que, às vezes, o coração

pede para ser mais e parecer menos, para ser bons

filhos, bons namorados, bons cônjuges, bons pais,

bons cidadãos...

Atenção! O tempo não espera. Deus é quem está

esperando. Esperando que deixemos de esperar, esperando

que façamos o nosso melhor, que sejamos

o nosso melhor...

48 Atração_ julho de 2022

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