15.12.2022 Views

Industrial_247Web

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

COLUNA ABIMCI<br />

DESAFIOS DO BRASIL<br />

NO MERCADO DE MADEIRA TROPICAL<br />

Paulo Pupo<br />

Superintendente da Associação<br />

Brasileira da Indústria de Madeira<br />

Processada Mecanicamente<br />

Contato: abimci@abimci.com.br<br />

D<br />

urante a realização da XIX Conferência das<br />

Partes da Convenção sobre o CITES (Comércio<br />

Internacional das Espécies Silvestres<br />

Ameaçadas de Extinção) que ocorreu<br />

no mês de novembro, no Panamá, as espécies<br />

Ipê e Cumaru acabaram sendo inseridas no Anexo II<br />

da Conferência.<br />

Na estrutura de avaliação da CITES, existem três<br />

anexos: Anexo I - consideradas espécies ameaçadas de<br />

extinção; Anexo II - espécies que, embora atualmente<br />

não se encontrem necessariamente em perigo de extinção,<br />

poderão chegar a esta situação, a menos que o comércio<br />

das espécimes esteja sujeito a regulamentação<br />

rigorosa; Anexo III - espécies incluídas à lista por solicitação<br />

direta do país onde sua exploração necessita ser<br />

restrita ou impedida e que requer a cooperação em seu<br />

controle internacional. O objetivo principal é regular o<br />

comércio de espécies da fauna e flora selvagens, prevenindo-as<br />

do perigo de extinção, quando a ameaça for o<br />

comércio internacional.<br />

E a inclusão no Anexo II significa que, entre outras<br />

tratativas, pode causar aspectos negativos em relação a<br />

essas espécies, que passam a ser associadas de forma<br />

negativa ao desmatamento ou ameaça ambiental, prejudicando<br />

sobremaneira a sua comercialização. Além<br />

disto, pode ocasionar o aumento do custo e tempo de<br />

transação para o licenciamento e para a comercialização<br />

da espécie, ocasionados pelo acréscimo de burocracia e<br />

outras exigências. Também o IBAMA (Instituto Brasileiro<br />

do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)<br />

irá regulamentar procedimentos diferenciados para o<br />

manejo comercial dessas espécies, em atendimento às<br />

regras do Anexo II.<br />

A posição brasileira perante o CITES era da não inclusão<br />

dessas espécies, embasada por estudos e documentos<br />

técnicos sobre as espécies, mostrando que elas<br />

são exploradas por meio de manejo florestal sustentável<br />

e que inclusive não constam na Lista Nacional de Es-<br />

Foto: divulgação<br />

pécies Ameaçadas de Extinção do MMA (Ministério do<br />

Meio Ambiente). Além do que, os sistemas de controles<br />

e governança ambiental do Brasil são referência com<br />

ferramentas para verificar e rastrear a origem da madeira<br />

ofertada legalmente.<br />

Infelizmente, todos esses esforços do Brasil não surtiram<br />

efeito. Participam do CITES mais de 180 países e<br />

as decisões naquele fórum são por voto e não por consenso.<br />

Houve posições divergentes entre os países participantes,<br />

alguns também votaram a favor da inclusão<br />

na tentativa de proteger seus mercados e produção de<br />

produtos similares no mercado internacional, e, por uma<br />

votação expressiva, a inclusão dessas espécies acabou<br />

prevalecendo.<br />

Movimentos como este, causam preocupação em<br />

relação ao futuro, pois novas propostas de inclusão de<br />

outras espécies poderão vir a ser debatidas, sem que<br />

sejam considerados os aspectos técnicos, bem como<br />

avaliados os controles vigentes de governança ambiental<br />

brasileira. Para tanto, precisamos melhorar nossa<br />

posição no CITES, na tentativa de coibir o aumento de<br />

restrições às espécies brasileiras, seja por motivação<br />

política ou concorrencial e, ao mesmo tempo, divulgar<br />

informação qualificada sobre as espécies de madeira<br />

nativa mais utilizadas comercialmente pelo Brasil e a importância<br />

do Manejo Florestal Sustentável, como parte<br />

da estratégia de conservação da Amazônia.<br />

Certamente, ninguém do setor é contra a melhoria<br />

nos procedimentos de preservação e monitoramento<br />

dos processos. Mas o que sempre esperamos é que as<br />

práticas comerciais e barreiras (muitas vezes não tarifárias)<br />

adotadas, sejam baseadas em regras isonômicas<br />

para todos os atores envolvidos. O mercado global é<br />

dinâmico e em constante mutação, mas precisamos que<br />

o mercado internacional aplique para o produto tropical<br />

brasileiro os mesmos entendimentos, avaliações e critérios<br />

utilizados junto aos demais países concorrentes do<br />

Brasil.<br />

Você sabia?<br />

Nos anos 2000, as reuniões<br />

setoriais, que no futuro deram<br />

vez aos Comitês de Produtos da<br />

ABIMCI, ganharam força e se tornaram<br />

uma ferramenta importante<br />

para superar os desafios de um<br />

relacionamento mais próximo entre<br />

os associados devido às dimensões continentais do<br />

Brasi? Atualmente, as reuniões realizadas por segmentos<br />

de produtos, auxiliam na compreensão do mercado<br />

atual e na definição de estratégias das empresas.<br />

38 referenciaindustrial.com.br DEZEMBRO 2022

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!