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TFG centro de acolhimento para idosos | caderno 01 ★ 3º Lugar | Prêmio Joaquim Guedes | Unicamp
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o que é ser idoso
12 13
caracterização
Guerra e Caldas (2010) apontam que as questoes
envolvendo o envelhecimento da população
transpassam as preocupações previdenciárias e
de saúde pública, sendo retratadas de modo preocupante
na mídia - que acaba por influenciar o
dia a dia e o pensamento do brasileiro. Isso tende
a desencadear inseguranças nos idosos e a
fomentar o idadismo e o medo da incerteza do
próprio envelhecimento. É feita uma associação
da velhice com decadência, doença e dependência,
apresentando o idoso sob a perspectiva
do outro, que também o vê como um “problema”.
Porém, como o sujeito idoso também viu a velhice
sendo tratada dessa maneira ao longo de sua
vida, percebe, então, a sua velhice pelo olhar do
outro ou pela imagem que o outro faz dele; sendo
assim, “velho” será sempre o próximo (SILVA;
FINOCCHIO, 2011).
Essa “negação da velhice” parte, então, da não
identificação com o “estar velho” (associado à
ideia de “ser um problema”) ou pelo desejo de não
ficar velho. No entanto, segundo Silvia e Finocchio
(2011), existe na velhice não o medo da morte em
si, visto que o inconsciente a desconhece, mas o
amedrontamento da morte do desejo, ou seja, da
relação que este estabelece com os objetos.
Como discutido, o envelhecimento é um fenômeno
crescente na sociedade e é preciso modernizar
essa abordagem, a fim de evitar a fomentação
de preconceitos intergeracionais e posturas
inadequadas. Atualmente, o idoso que está fora
do mercado de trabalho e da rapidez que ele
exige tende a sentir a desvalorização de seus saberes,
o abandono e desamparo, além do apagamento
de seus traços individuais. Além disso,
os idosos incapacitados, inaptos para o trabalho e
impossibilitados de cumprir seus deveres básicos
encontram seu destino nas instituições asilares,
dado que cada vez mais integrantes da família
estão à procura de oportunidades de trabalho e
as casas ficam vazias durante o dia (SILVA; FINOC-
CHIO, 2011).
figura 05.
fonte: https://tinyurl.com/36247ma7
Essa perda da casa pode ser problemática porque
muitas vezes partem para um modo de vida
mais segregado da sociedade em geral. Entretanto,
de acordo com Feddersen e Lüdtke (2018),
ainda assim, há o desejo de manter a vitalidade
próxima no dia a dia, mesmo que o acesso e usufruto
dela seja cada vez menor. Como comentado,
a faixa etária de idosos com mais de 60 anos
está crescendo mais rápida que as demais e, atualmente,
a partir dos 50 anos, as pessoas experimentam
um período de transição, com mais momentos
de lazer. Os autores também explanam
sobre o conceito de “down ageing”, argumentando
que idosos estão sentindo-se de 10 a 15 anos
mais jovens do que sentiam-se 30 anos atrás. Com
isso, há a cada vez mais diferentes estilos de vida,
dado que nessa “ nova terceira fase da vida” há
ainda muitas pessoas trabalhando e produzindo.
Desse modo, as políticas de acolhimento e cuidado
para com esses idosos, especialmente para
essa terceira fase, precisará suprir a demanda de
diferentes necessidades da população, com qualidade
e conforto, que está cada vez mais heterogênea
(FEDDERSEN; LÜDTKE, 2018).
Ademais, a portaria nº2.528, de 19 de Outubro
de 2006, que institui a Política Nacional de Saúde
da Pessoa Idosa (PNSPI) aponta que a transição
demográfica e a diversidade da população repercute
na área da saúde e há a necessidade de reorganizar
os modelos assistenciais, uma vez que
a saúde da pessoa idosa consiste na articulação
da saúde física, mental, independência financeira
e capacidade funcional. Esta última resulta do aumento
de doenças e condições que podem estar
presentes no processo de envelhecimento e consiste
na habilidade de realizar atividades cotidianas.
Ainda, apesar de aumentar com a idade, ela
sozinha não implica necessariamente a incapacidade
funcional, dado que o envelhecimento é um
procesos natural que acompanha cada pessoa ao
longo de sua vida. Por isso, a PNSPI (2006) propõe
um avaliação baseada no nível de funcionalidade,
dividindo a população idosa entre as seguintes
classificações, para além da idade:
independentes
consiste em idosos que realizam sem dificuldades
e sem ajuda atividades básicas da vida diária
(AVD), como banhar-se, usar o banheiro, transferir-se
sozinho da cama para a cadeira de rodas e
alimentar-se, por exemplo
com potencial para desenvolver fragilidades
mesmo sendo independentes, constitui em idosos
que possuem alguma dificuldade em desenvolver
as atividades instrumentais da vida diária
(AIVD), como preparar refeições, fazer compras,
controlar a automedicação e o próprio dinheiro,
por exemplo; por isso, precisam de acompanhamentos
mais frequentes e específicos de profissionais
da saúde
frágil ou em situação de fragilidade
são aqueles que encontram-se acamados ou
hospitalizados, apresentem doenças causadoras
de incapacidade funcional; a literatura também
classifica como frágil o idoso com mais de 75 anos