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TFG centro de acolhimento para idosos | caderno 01 ★ 3º Lugar | Prêmio Joaquim Guedes | Unicamp

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cidade neoliberal e o direito a ela

contextualização

Segundo o sociólogo Robert Park, conforme citado

por David Harvey (2012, p.73), indiretamente,

ao construir suas cidades conforme seus desejos

e ambições, o homem edifica a cidade em que

passará a viver e esta revida, reconstruindo-o

também. Por isso, não é possível desassociar a

ideia da cidade desejada do estilo de vida, valores

e experiências que se almeja. Assim, ao mudar a

cidade, muda-se o indivíduo - e o coletivo (HAR-

VEY, 2012).

Apesar da luta realizada por uma parcela da

população barbarense para que a Usina Santa

Bárbara fosse tombada e que suas memórias,

enquanto uma paisagem histórica, fossem mantidas,

há, atualmente, um abandono desta cidadela

constituída ao longo do século XX - assim como

outros complexos industriais voltados para manejo

da cana de açúcar, que cunharam o nome de

“Pérola Açucareira” para a cidade de Santa Bárbara

d’Oeste em seu apogeu.

A lógica capitalista neoliberal é a do imediatismo,

do descartável. Essa descartabilidade aplica-

-se furtivamente nas memórias de um povo, daquilo

que compartilham em formas de costume,

tradições e experiências. Recordar é olhar para

trás, é reconhecer a importância do que já se tem,

do que já existe e não precisa ser comprado. A

perversidade dessa lógica que idolatra o capital

vai de encontro com questões urgentes para a

sociedade em geral, como a sustentabilidade e

as condições de vida no planeta.

Como exposto por Tirello, Sfeir e Barros (2013),

“patrimônio arquitetônico tem que ser cidade viva,

objeto de apropriação e memória de todos”. Portanto,

faz-se necessário incorporar o patrimônio

no cotidiano da cidade, propondo novos usos e

ocupações, de modo que a comunidade reconheça

sua importância e defenda sua preservação

- como aconteceu com a luta dos ex moradores

e trabalhadores pelo tombamento da Usina

Santa Bárbara.

Ao observar a expressiva expansão da cidade

à leste, ao mesmo tempo englobando e ignorando

a Usina, nota-se que esse movimento de

reconhecimento e valorização de uma área tão

importante para a consolidação da cidade perde

espaço para novos loteamentos e edificações pré

fabricadas, sem investimento e qualidade arquitetônicas.

Ocupar uma área tão valorosa e rica em memórias

palpáveis como a Usina Santa Bárbara é ir

contra essa lógica capitalista neoliberal, que configura

a perda da cidade histórica para edifícios

efêmeros e a contínua produção de novos lugares,

experiências e, assim, lucros. Ocupá-la com

idosos, que também carregam suas memórias e

experiências de vida, faz-se como outro afronte,

uma vez que esta parcela da população é vista

como onerosa para o sistema que preza pela agilidade

e produtividade (GUERRA; CALDAS, 2010).

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