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Revista da Misericordia #41

São 20 anos de Revista da Misericórdia, refletidos em ilustrações e imagens de diversas capas dos últimos anos. Sempre associadas aos conteúdos abordados que andam à volta da SUSTENTABILIDADE ambiental, económica e social, tema que convidamos à reflexão acompanhando as preocupações, alertas e palavras de esperança da equipa de colaboradores que se envolveram neste tema.

São 20 anos de Revista da Misericórdia, refletidos em ilustrações e imagens de diversas capas dos últimos anos. Sempre associadas aos conteúdos abordados que andam à volta da SUSTENTABILIDADE ambiental, económica e social, tema que convidamos à reflexão acompanhando as preocupações, alertas e palavras de esperança da equipa de colaboradores que se envolveram neste tema.

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Atualidades

escolhas é que faz sentido falar de arte. Eu não sou

completamente ecológica no meu trabalho, mas tendo a ser e

gosto de pensar que tudo que faço é efémero. Tenho levado o

meu trabalho a tamanhos cada vez mais pequenos, materiais

cada vez mais sensíveis e frágeis, e adoro pensar que é

possível que vivam tanto como eu. É bom, eu acho, que tudo

passe sobre o planeta, e nada fique, para que a vida seja

renovada sempre.

Lugares de Afetos

Filipa Godinho tem uma mini horta em casa, onde planta com

os filhos legumes, ensina-os e sensibiliza-os sobre as questões

de uma alimentação equilibrada, de boas práticas ambientais.

Esta é uma preocupação bem presente na sua vida,

nomeadamente no que diz respeito ao consumismo. Há muitos

jogos e brinquedos que são feitos numa combinação de

materiais ou objetos que são recuperados e potenciados numa

nova vida. Este olhar de constante transformação esteve

sempre presente no seu percurso de vida. A sua curiosidade

fê-la sempre encontrar novas fórmulas.

Tem uma mini horta em casa. A sensibilização ambiental

nos mais pequenos ainda vai num ritmo muito lento?

Eu acho que os mais novos estão bastante sensíveis à urgência

na nossa mudança de hábitos. Ter uma horta é, para crianças

que crescem na cidade como as minhas, uma experiência

quase laboratorial, infelizmente, claro que seria muito melhor

se tivessem terreno e assistissem a tudo de modo menos

artificial e condicionado. Acho que são os adultos que ainda

precisam de ser convencidos sobre a mudança necessária, são

esses que estão acomodados e sentem uma enorme preguiça e

resistência à mudança. Estes miúdos têm a tarefa difícil não só

de fazer mudar o mundo, que não é coisa pouca, como de

fazer mudar os pais. Espero que consigam, admiro-os muitos.

Admiro mesmo a nova geração de miúdos transformadores que

aí anda. Sinto-me otimista quando os vejo.

Como gere o seu trabalho criativo?

Eu trabalho no atelier em pesquisas que são muito pessoais, às

vezes até biográficas, são preocupações minhas. Algumas

vezes encaro-as como experiências, pesquiso soluções de

representação, outras vezes são parte do meu processo para

resolver os meus problemas. Depois há outro lado, que é

quando apesar de não entrarem no atelier o processo envolve

mais gente. Recebo de vez em quando encomendas e, quando

o trabalho me interessa, acabo por me dedicar também a isso.

Embora o faça cada vez menos, porque preciso menos e

porque cada vez me sinto menos movida para isso. Só quando

acho que vai ser algo mesmo especial, prazeroso.

Aceitar estes pedidos/encomendas não é castrar ou

adulterar um pouco a parte criativa?

Depende. Quando são pedidos muito objetivos, como retratos,

por exemplo, é castrador e afeta a médio prazo a autoestima. E

eu já fiz muitos, sem ter completamente percebido que isso me

estava a levar por um caminho que nunca imaginei que iria

fazer. A verdade é que gosto de me perder no jogo de captura

de um rosto, há um processo de caça através do desenho que

eu adoro, mas a seguir a isso vem a expectativa e quando se

começa a tentar agradar aos outros já se perde o prazer da

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