Revista da Misericórdia #46
MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia. Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.
MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia.
Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.
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dezembro ‘23
#46
M AIORIDADES
CDO GREGO ANTIGO “DENDRON” (ÁRVORE) “
MÉTODO CIENTÍFICO PELO QUAL SE DEFINE A IDADE DE UMA ÁRVORE COM BASE NO CRESCIMENTO DOS ANÉIS DO SEU TRONCO
HRONOS” (TEMPO) “LOGOS” (ESTUDO)
DENDROCRONOLOGIA
editorial MAIORIDADES
por Fernanda Torres mesária
Hoje, mais do que nunca, é imperativo redefinir a nossa
perspetiva sobre o envelhecimento, a idade “Maior”.
Cada estágio da vida, do vigor da juventude à sabedoria
acumulada da idade avançada, merece ser celebrado. A
sociedade deve promover a inclusão e criar estruturas
que reconheçam e valorizem as contribuições de cada
geração. Envelhecer não é apenas uma inevitabilidade,
mas uma jornada rica em experiências que moldam
indivíduos e, consequentemente, a própria sociedade.
A expressão “Não deixe o velho entrar” remete para a
atitude resiliente e independente muitas vezes associada
ao icónico ator Clint Eastwood. Inspirado por
personagens destemidas que interpretou, o ator
personifica a força de vontade que evita permitir que o
envelhecimento se traduza em resignação. A ideia
subjacente é a de não permitir que a idade dite
limitações, mantendo uma atitude vigorosa e corajosa
diante dos desafios, enfrentando-os com determinação e
mantendo a vitalidade e a coragem, apesar das
inevitáveis mudanças que o tempo traz.
Para isso, contamos todos os dias com os/as
nossos/as colaboradores/as para a promoção de
atividades sociais, programas intergeracionais e
apoio emocional que ajudam a combater as
limitações e a fortalecer o bem-estar dos idosos.
O propósito deve ser sempre o mesmo e
encarado como um espírito de missão, fazer a
diferença na comunidade e na vida do próximo,
contribuindo assim para que utentes “Maiores” se
sintam valorizados, ativos e amados.
Que sejamos capazes de desenvolver uma
consciência coletiva que respeite as
necessidades e contribuições dos/as idosos/as,
mas também do indivíduo em todas as fases da
vida. Só assim promovemos uma sociedade mais
justa e solidária.
Na Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso é também
esta a dinâmica que se pretende, que sugere uma
abordagem ativa e determinada para a vida dos/as
utentes “Maiores”, contrariando a resignação e
celebrando cada dia.
SUMÁRIO /// ATUALIDADES / ENVELHECER É UMA CHATICE - ENTREVISTA A MANUEL
SOBRINHO SIMÕES P.04 / COMEMORAÇÃO DO 138 ANIVERSÁRIO DA MISERICÓRDIA
P.09 / PLANO DE ATIVIDADES E ORÇAMENTO 2024 P.11 / CONGRESSO MAIORIDADES
P.16 / PEREGRINAÇÃO NACIONAL DAS MISERICÓRDIAS EM FÁTIMA P.18 / MISERICÓRDIA
EM NÚMEROS - JANEIRO A JUNHO 2023 P.20 / MAIORIDADES - A MAIOR DAS IDADES
P.21 /// AÇÃO SOCIAL E COMUNIDADE / 25N - DIA DE LUTO E DE LUTA P.24 /
SINCERA P.26 / IMMERSIVE ROOM P.28 / MAIOR NA IDADE E NA VIDA! P.32 / IDADISMO
EM MOVIMENTO P.36 /// SAÚDE / IDADES MAIORES P.39 / PORQUE ENVELHECEMOS
E COMO GARANTIR UMA LONGEVIDADE SAUDÁVEL? P.40 /// RECURSOS HUMANOS
/ MAIORES PELO CONHECIMENTO! P.44 / REFLEXÃO P.46 / AVALIAÇÃO SATISFAÇÃO
COLABORADORES/AS P.48 /// CULTURA / UNIVERSIDADE SÉNIOR - ONDE, PORQUÊ
E PARA QUEM! P.50 / CORAL DA MISERICÓRDIA - 25 ANOS P.52 / POEMAS P.54 /
CARTOON P.55 / SOMOS NOTÍCIA P.56 /// REVELAÇÕES M. FLORSINDA MOURA P.58
2010/CEP.3635
PROPRIEDADE IRMANDADE DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SANTO TIRSO // DIREÇÃO CARLA MEDEIROS
// SARA A. SOUSA // SECRETARIADO AVELINO RIBEIRO // COLABORAÇÃO ANA LUÍSA CARVALHO // CARLA
NOGUEIRA // ELSA LOGARINHO // FERNANDA TORRES // FERNANDO SILVA // FILIPA GODINHO // JOÃO
LOUREIRO // JOSÉ MAGALHÃES COELHO // M. CÉU LIMA // MANUEL ANDRADE // MARIA ISABEL CARVALHO
// MARIA JOÃO FERNANDES // MÁRIO CARVALHO // MIGUEL DIAS // OLGA RIBEIRO // SOFIA MOITA //
SUSANA FREITAS // VASCO FERREIRA // TIRAGEM 900 EXEMPLARES // EDIÇÃO DEZEMBRO 2023 // DEPÓSITO
LEGAL 167587/01 // PERIODICIDADE SEMESTRAL // DESIGN SUBZERODESIGN // IMPRESSÃO NORPRINT
Obs: a Revista da Misericórdia obedece ao novo acordo ortográfico.
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#46
Atualidades
ENVELHECER É UMA CHATICE
ENTREVISTA A MANUEL
SOBRINHO SIMÕES
Manuel Sobrinho Simões foi considerado o patologista
mais influente do mundo, tendo sido agraciado ao longo da
sua vida com várias condecorações e prémios. Esteve
recentemente, em Santo Tirso, no Congresso
“MaiorIdades”, onde desmistificou alguns preconceitos
sobre o envelhecimento. Numa entrevista que decorreu no
IPATIMUP (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular
da Universidade do Porto), de que é fundador e diretor,
falou-se dos fatores de risco para a saúde, do cancro, do
envelhecimento e do prazer de viver.
Manuel Sobrinho Simões é um homem expressivo, com sorriso
contagiante e com grande sentido de humor. Mantém uma
agenda bastante preenchida e meticulosamente organizada,
de forma a conciliar a vida profissional e familiar. Não gosta de
telemóveis e recusa-se a ter um. A gestão da sua atividade
profissional é feita graças à sua invejável memória e com o
apoio de Fátima, sua secretária há mais de 40 anos. Para além
de diretor do IPATIMUP, foi fundador do I3S – Instituto de
Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto,
que foi criado graças à colaboração do IPATIMUP, do Instituto
de Biologia Molecular e Celular (IBMC) e do Instituto de
Engenharia Biomédica (INEB).
Ao longo da sua vida tem sido agraciado com várias distinções:
o Prémio Bordalo de 1996, atribuído ao seu Grupo de
Investigação; o Prémio Seiva e o Prémio Pessoa (2002), em
2004; a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de
Portugal; em 2003 e 2010 recebeu as Comendas de Oficial e
de Grande Oficial da Ordem Real da Noruega; o Grande
Prémio Ciência Viva (2016); Grã Cruz da Ordem Militar de
Sant’Iago da Espada (2017); o Prémio Gago pelo
Desenvolvimento da Ciência na Europa (2018); o Honorary
Fellowship do Royal College of Pathologists (2018); e o Prémio
Pio del Rio Hortega da SEAP (2019).
Se pedisse uma breve apresentação sua, o que diria?
Médico, patologista e professor.
Qual o grande desafio da medicina?
O grande problema da medicina hoje é que se está a perder a
ligação com as pessoas, nomeadamente com as crianças. Eu
sou muito sensível a isso porque a minha mulher é
neonatalogista, reformada, e foi durante muitos anos a diretora
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Atualidades
do serviço de pediatria de neonatologia da maternidade Júlio
Dinis e o meu sogro também foi diretor da maternidade, era
pediatra.
A medicina é um elemento comum a vários membros da
família?
Na família temos uma tradição muito grande, do lado da minha
mulher, à infância: o meu cunhado é cardiologista pediátrico e
professor universitário. Já do meu
lado, e até tem muita graça, pois se
pensar nos meus avós e bisavós,
todos eles foram
clínicos gerais no interior: em Arouca
e no Bombarral. Já o meu pai não
quis ser clínico, foi professor de
Química Fisiológica, era um
académico. Tenho dois filhos que são
clínicos, talvez por influência da minha mulher; mas tenho um
outro filho que é engenheiro mecânico.
Nunca pensou em ser clínico?
Nunca vi doentes. Eu queria ser médico, mas nunca quis ser
clínico. Basicamente tenho pena dos doentes e lido mal com a
incerteza.
Todas as idades têm fatores de risco. Como é que se pode
viver melhor, onde pode ser feito o investimento?
É nas crianças, não tenha dúvidas. E já diz o ditado, “de
pequenino é que se torce o pepino” (risos). Cada vez estamos
mais convencidos disso, da importância que tem a
Temos de melhorar muito a
capacidade de integrar as pessoas
mais velhas nas gerações mais
novas.
alimentação, do estilo de vida e do contexto familiar. Sou
também sensível ao grande problema de Portugal que é a
pobreza. E nesta medida, penso que o que poderá alterar a
assimetria e a desigualdade serão as creches gratuitas e as
escolas do 1º ciclo. É lá que as crianças se habituam a ter
refeições a horas certas e aprendem a comer bem. Verificamos,
por outro lado, que há cada vez pessoas mais velhas com mais
problemas de saúde e, nestes casos, a palavra-chave é cuidar.
Ter mais tempo de vida nem
sempre significa mais qualidade?
Quando fazemos as tais métricas, do
ponto de vista de esperança de vida,
estamos muito parecidos com os
países comparáveis connosco como
Espanha, Grécia e Irlanda, mas temos
muito menos anos de vida com boa
qualidade. Aumentou a duração de vida, mas infelizmente com
pouca qualidade. Mas nem tudo é negativo: com o
envelhecimento - e apesar de haver um aumento da incidência
de cancro - a mortalidade está a diminuir.
Há fatores de risco comuns?
Há sim: noventa por cento dos tumores devem-se, sobretudo,
ao estilo de vida.
Se estivermos muito velhinhos iremos ter todos ter cancro, mas
vamos morrer de outra coisa, muito provavelmente. Na
realidade, a velhice é uma chatice. Com a idade temos duas
preocupações: os órgãos dos sentidos (a audição, a visão, o
olfato) e a mobilidade. Mas o nosso maior problema atualmente
é a solidão e a insegurança.
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#46
Atualidades
ENVELHECER É UMA CHATICE
ENTREVISTA A MANUEL
SOBRINHO SIMÕES
Os últimos censos apontam para um número próximo de
2.5 milhões de seniores em Portugal. Como é que se pode
viver melhor? Passa por um envelhecimento ativo?
Passa por um envelhecimento ativo a nível intelectual, mas
também de cuidado acrescido. Defendo atividades cognitivas
estimulantes, mas sobretudo de ligação com os outros para
fugir à solidão que é terrível. Temos de melhorar muito a
capacidade de integrar as pessoas mais velhas nas gerações
mais novas. Isto é: nós vamos ter cada vez mais pessoas
seniores e infelizmente não temos dinheiro, nem condições de
habitação para que possam ser integradas até mais tarde em
habitações da família. Hoje em dia as casas são pequenas, as
pessoas vivem em apartamentos e, para além disso, trabalham
- quer os homens, quer as mulheres - o que não permite o
recurso à habitação num registo intergeracional, que é o que
eu defendo. Por exemplo, acho que os lares devem melhorar,
isso é indiscutível. Alguns até são muito bons, mas todos
deviam ser avaliados de modo global, o que em Portugal não
acontece. Os lares vão ser sempre um problema, são um mal
necessário. Aliás, são um mal menor que tem de ser o melhor
possível.
Atualmente fala-se muito do stress devido às multitarefas
que as profissões exigem. Quais são os inimigos da nossa
saúde e bem-estar?
O que verificamos é que todos os membros da família estão a
trabalhar em atividades muito exigentes. Têm de trabalhar
muito para ganhar razoavelmente e não há tempo para cuidar
nem dos mais novos, nem dos mais velhos. Estamos a fazer uma
espécie de pluriemprego. A única coisa positiva disso tudo é
que o cuidar, que era quase exclusivamente das mulheres,
começa a ter mais envolvimento dos homens. Por outro lado,
verificamos que, regra geral, as pessoas têm salários baixos,
que os empregos não são desafiantes e que as pessoas
recorrem cada vez mais a baixas médicas. Temos de encontrar
mecanismos de recompensa para quem trabalha, porque os
salários, para além de serem pequenos, fazem com que o
trabalho não constitua um elemento de distinção pela positiva.
Sente que há um longo caminho a percorrer?
O que é impressionante é a sensação que não estamos a
mudar o suficiente na base. Voltamos sempre à questão da
infância e da educação; nós estamos a ter uma espécie de
subproduto ordinário da sociedade que não está bem. Se não
conseguirmos mudar na base, isto só vai piorar. Temos de ter
compaixão, cuidar e ajudar.
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Atualidades
A reforma faz mal à saúde?
Eu debato-me com isso (risos). Em 2017 sofri a rutura de um
aneurisma e no ano seguinte tive um AVC. Ainda assim, tive
sorte: fiz treino com uma pessoa espantosa que me ajudou a
recuperar a fala. Faço muitas palavras cruzadas, que são um
bom exercício de recuperação.
Como são os seus dias?
Preenchidos. Esta semana estive na reunião mensal em
Serralves - onde sou administrador não executivo -, estive nas
Jornadas de Ciência em Arouca, no
congresso da Santa Casa Misericórdia
de Santo Tirso, em reunião no Hospital
S. João a analisar casos endócrinos
difíceis, participei no programa da
Antena 1 “Tratar o Cancro por Tu”, e
estive também à conversa com a
escritora Isabel Alçada no Museu
Soares dos Reis a falar do poder e do
prazer da leitura. Esta semana estarei
ainda em Houston – no Texas – para participar numa
conferência, mas antes vou a Lisboa para a apresentação do
livro de Eduardo Barroso “Coração ao Pé da Boca”, que assinei
o prefácio.
Como correu o Congresso em Santo Tirso?
Gostei bastante, foi muito simpático, o auditório estava com
muita gente; encontrei uma população diversificada e muito
interessada. Gosto muito desta proximidade, de estar olhos nos
olhos. A participação da Elsa Logarinho foi notável, brilhante.
Daqui a 20, 30 anos quase todos
os cancros estarão controláveis,
é verdade, mas não para toda a
gente (...)
Continua a ler muito, a ver muito cinema?
Leio muitos ensaios relacionados com a minha profissão,
nomeadamente na área da Biologia. Li quase tudo até aos 30
anos, depois passei a ter muito pouco tempo para a ficção e
agora não tenho memória; aliás era o George Steiner que dizia
que os velhos não leem ficção (risos). Gosto muito de Eça de
Queirós e de Ernest Hemingway. No cinema aprecio muito os
franceses “Pierrot le Fou” e “À Bout de Souffle” (Acossado),
ambos de Jean-Luc Godard, com Jean-Paul Belmondo;
também gosto muito de Woody Allen, já vi e revi tudo.
Mencionou numa entrevista “fomos
arrogantes ao achar que íamos
resolver o problema da morte”.
Sim, claro, porque a morte não tem
solução. Eu sou contra a ideia do
transhumanismo, nós morremos, o
nosso corpo morre, mas deixamos uma
memória cibernética que é uma
espécie de computador. O que
importa é a ligação com os outros seres vivos. Eu quero que os
meus netos se lembrem de mim, de quando eu lhes dava um
beijo, por exemplo. É verdade que hoje podemos impedir a
morte, isto é, manter a pessoa viva descerebrada durante
muitos anos, mas não acho que seja uma solução.
Daqui a 30 anos quase todos os cancros estarão
controláveis, é mesmo assim?
Daqui a 20, 30 anos quase todos os cancros estarão
controláveis, é verdade, mas não para toda a gente; temos
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Atualidades
ENVELHECER É UMA CHATICE
ENTREVISTA A MANUEL
SOBRINHO SIMÕES
muitas situações que não dão chatices mas temos muitas outras
em que esses problemas oncológicos são acompanhados de
toxicidades colaterais que propiciam muito mal-estar. Mas sim,
é verdade que por volta de 2050, 60% dos cancros serão
controláveis, todas as semanas há novas descobertas.
Foi considerado em 2015 o patologista mais influente a
nível mundial, como reagiu com esta distinção?
Sempre me interessei muito por fazer ensino de patologia em
todo o mundo. Trabalho muito na Ásia - China e Japão - África,
América Latina e Europa de leste.
Como lida com esta exposição que os prémios nacionais e
internacionais lhe conferem?
Gosto muito de receber prémios; tenho mesmo orgulho disso
por causa dos meus filhos e netos. E entendo que é merecido
porque trabalho que me mato, mas também não fiz mais do
que a minha obrigação.
Está a ser humilde…
Não se trata de humildade. Sou razoavelmente adequado ao
que faço... Sou um fazedor. Fui sempre muito bom aluno;
trabalhei muito e por isso ganhei vários prémios. E reconheço
que tenho também grande capacidade de juntar pessoas e
instituições.•
POR CARLA NOGUEIRA (JORNALISTA)
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138º ANIVERSÁRIO DA
MISERICÓRDIA
Atualidades
No dia 3 de julho sinalizou-se a comemoração de mais um ano
de vida desta instituição secular: já são 138 anos de
Misericórdia de Santo Tirso. É sempre importante lembrar este
dia e saber agradecer aos presentes, mas também aos
ausentes, que deixaram um legado e a responsabilidade de
uma grande missão em prol da comunidade.
Assim, conforme habitual, o programa de aniversário
contemplou a homenagem ao nosso instituidor, Conde S.
Bento, onde os Órgãos Sociais colocaram uma coroa de flores
no seu jazigo.
Seguiu-se a tradicional Eucaristia celebrada na Capela da
Misericórdia animada por um grupo de Colaboradores/as e
participada por Órgãos Sociais, Colaboradores/as, Utentes e
Voluntários/as. É sempre um momento de recordar que a
Misericórdia não é um lugar qualquer, lidamos com pessoas e
temos que fazer a diferença através da nossa ação. Esta
celebração voltou a ser transmitida digitalmente, através do
Facebook, possibilitando um momento de união pela oração à
distância, junto da comunidade externa, mas também da
comunidade interna – utentes de mobilidade reduzida das
valências residenciais puderam celebrar com os presentes,
assistindo ao vivo à Eucaristia.
No Centro Comunitário de Geão, durante a tarde, aconteceu a
inauguração do projeto Immersive Room, tratando-se de mais
um espaço inovador, voltado para atenuar a solidão de utentes,
através da disponibilização de experiências imersivas.
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#46
Atualidades
138º ANIVERSÁRIO DA
MISERICÓRDIA
A confraternização deste dia decorreu ainda um pouco por
todas as valências, num momento de união entre
Colaboradores/as.
Para encerrar o programa de aniversário, e conforme tradição,
decorreu o Concerto de Música Coral no Auditório “Centro
Eng. Eurico de Melo”, pelas 16h00, no dia 8 de julho. Contou
com a participação do Coral da Misericórdia, Coral Polifónico
de Viana do Castelo e o Orfeão Sol do Troviscal – Oliveira de
Bairro. •
POR CARLA MEDEIROS (DEP. COMUNICAÇÃO E IMAGEM)
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PLANO DE ATIVIDADES E
ORÇAMENTO 2024
Atualidades
“Uma meta é um sonho com um prazo. Somos aquilo que
fazemos consistentemente. Assim, a excelência não é um ato
mas sim um hábito.”
Aristóteles
O Catecismo da Igreja Católica explica que “as obras de
misericórdia são as ações caridosas pelas quais vamos, em
ajuda do nosso próximo, nas suas necessidades corporais e
espirituais”.
A Misericórdia de Santo Tirso, com os seus “Rostos de
Solidariedade”, está ao serviço da comunidade apoiando 2500
utentes/dia.
Efetivamente, para nós a excelência é um hábito e os sonhos
são a nossa meta.
O ano de 2024 será, como habitual, mais um desafio.
Mantêm-se as grandes incógnitas do ponto de vista
económico, financeiro e social, mas continuaremos
empenhados no desenvolvimento local, protegendo os
grupos sociais mais vulneráveis, apostando sempre na
melhoria contínua dos nossos serviços, num modelo de
gestão perfeitamente atualizado, mantendo-nos como
entidade exemplar e de referência nas nossas áreas de
intervenção.
Assentaremos o nosso trabalho na promoção e garantia de
serviços de excelência aos/às utentes, na valorização e
motivação dos recursos humanos, no fortalecimento e
desenvolvimento do espírito da irmandade, na
conservação, manutenção e reabilitação do património,
tendo sempre em atenção a garantia da sustentabilidade
financeira da instituição.
A forma como encaramos os desafios reflete-se no crescimento
institucional e, consequentemente, numa maior necessidade de
recursos. Como sempre referimos, é necessário e fundamental
apostar em atividades geradoras de fundos que possam vir a
ser canalizados para o setor social.
Para o atingimento das nossas metas daremos continuidade à
remodelação e reabilitação do Bairro da Misericórdia,
avançando com 4 moradias de tipologia T2.
Relativamente à Escola Profissional Agrícola Conde S. Bento,
mantém-se a ausência de resposta do Estado Português e da
Autarquia relativamente ao “Termo de Transação” no qual está
estabelecido que as Quintas do Mosteiro, propriedade desta
Santa Casa, arrendadas ao Estado com duração efetiva
limitada para nelas funcionar a Escola Profissional Agrícola
Conde S. Bento, terão de ser entregues à Misericórdia, livres
de pessoas e coisas, a 31 de dezembro de 2025. Reiteramos
que há disponibilidade institucional para negociar um novo
acordo esperando haver um posicionamento destas entidades
no ano 2024.
Por último, não podemos deixar de frisar que o “Mosteiro de
Santo Tirso”, onde os prédios das referidas quintas se integram,
é Monumento Nacional desde 1910.
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#46
Atualidades
PLANO DE ATIVIDADES E
ORÇAMENTO 2024
Na área da Saúde mantém-se o objetivo para o edifício do
Antigo Liceu/1º Hospital de Santo Tirso: levar a este imóvel
histórico uma atividade enquadrada nos fins que
prosseguimos, devolvendo-o à sua génese. A construção de
uma Unidade de Cuidados Continuados está projetada.
Na Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração
“Comendador Alberto Machado Ferreira” esperamos poder dar
início a uma nova tipologia da Rede Nacional de Cuidados
Continuados Integrados, mais concretamente uma Unidade de
Dia e Promoção de Autonomia, com capacidade para 25/30
utentes.
Na área Social manteremos os investimentos na modernização
das valências, quer em termos físicos, quer em termos
tecnológicos.
Será mantido o empenho junto do Estado para o pagamento
dos justos valores pelos serviços prestados: prosseguiremos
com as candidaturas e persistiremos na renegociação com o
Instituto da Segurança Social, I.P. da comparticipação
financeira para o funcionamento das respostas sociais. Tal será
feito ao abrigo do Programa de Celebração ou Alargamento
de Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento de
Respostas Sociais (PROCOOP).
A nossa responsabilidade também passa pela parte
Ambiental, ou seja, por atuar em prol do desenvolvimento
sustentável do planeta. Já temos em funcionamento duas
viaturas elétricas no Serviço de Apoio Domiciliário, bem como
painéis fotovoltaicos na Casa de Repouso de Real.
Em 2024, daremos início aos trabalhos aprovados na
Candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência
“Investimento TC-C13-i03 – Eficiência Energética em
Edifícios de Serviços”, no âmbito da qual está prevista a
Instalação de um Sistema VRV em substituição das atuais
unidades de aquecimento (caldeiras a GPL e radiadores
elétricos) nesta valência. Pretende-se criar condições
adequadas à segurança e conforto das pessoas, reduzindo os
consumos energéticos e garantindo a sua funcionalidade e
eficiência.
Por fim, será dado início às infraestruturas dos Serviços
Centralizados – Cozinha, Lavandaria/Costura e Compras,
no edifício da ex “Fecoli”.
Estaremos sempre disponíveis para apoiar o Estado na
implementação das suas políticas sociais e de saúde,
respondendo com determinação, inovação e
empreendedorismo a qualquer projeto ou desafio nas nossas
áreas de intervenção, desenvolvido por nós ou em parceria,
como IPSS ou mediante outra entidade legalmente constituída
para o efeito.
Consta no nosso Compromisso a Misericórdia poder
prosseguir, de modo secundário ou instrumental, outras
atividades, a título gratuito ou geradoras de fundos, para
garantir a sua sustentabilidade económico-financeira, por si ou
em parceria, que possa trazer um retorno financeiro para ser
investido no setor social.
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Atualidades
Não podemos deixar de referir que os fundos a ser gerados
também passam pelo mecenato social. Iremos responder às
necessidades diagnosticadas na comunidade e encontrar
outras fontes de financiamento. Como já referimos no passado,
é fundamental o aprofundamento de capacidades
comunicacionais com o objetivo de proporcionar uma
colaboração ativa entre potenciais mecenas/benfeitores e a
instituição. Neste sentido, promoveremos o estabelecimento de
redes de cooperação para divulgação da inovação e do
empreendedorismo social, permitindo aos “parceiros”
potenciar a sua imagem institucional ou pessoal associada à
valorização social e humana pela possibilidade de terem uma
participação mais ativa na comunidade que integram.
Nunca é demais referir e relevar que o principal ativo das
organizações são os seus recursos humanos, fundamentais
para o atingimento de todos objetivos propostos e da missão
institucional. Estes são os “Rostos de Solidariedade”. É
necessário e indispensável o empenho e a continuidade na
gestão destes recursos, quer pela via da formação, quer pela
via dos benefícios sociais e financeiros.
O presente e o futuro são tecnológicos, também no processo
organizacional e no seu desenvolvimento. Por isso,
continuaremos o caminho de transformação digital, criando
infraestruturas adequadas e sustentáveis para o futuro e
persistindo na busca contínua de novos projetos
transformadores da forma de trabalhar e de responsabilidade
social e ambiental.
Neste âmbito, em 2024, será implementado o novo conceito de
Printing, projeto iniciado em 2023 com levantamento de
necessidades, elaboração de caderno de encargos e recolha
de propostas.
No mesmo sentido, pretendemos informatizar os serviços
clínicos, permitindo um alinhamento com o Ministério da
Saúde em tudo o que for a prestação de cuidados. Temos
como objetivos, otimizar processos, criar processos clínicos
eletrónicos (eliminando o papel), disponibilizar a informação
nos locais onde a mesma é necessária, aceder aos serviços do
Ministério da Saúde, entre outros. Para tal, a Misericórdia está
preparada e motivada para iniciar a implementação da
plataforma SONHO e SClínico do Ministério da Saúde nas suas
instalações. Será um projeto transformador de toda a
Misericórdia e que tocará todas as áreas e valências.
A par dos projetos evidenciados, a aquisição de novos
equipamentos permitirá a atualização do parque informático
para desempenho capaz face a novas ferramentas da área IT.
Por fim, fazemos referência à Cultura. Atualmente somos
proprietários do maior espaço cultural do concelho – o
Auditório do Centro Eng.º Eurico de Melo, com capacidade
para 267 lugares sentados. A fim de o podermos disponibilizar
à comunidade é necessário dar continuidade à sua
remodelação e renovação tendo esperança e sendo importante
o envolvimento das entidades competentes que podem
posteriormente vir a beneficiar de tal.
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#46
Atualidades
PLANO DE ATIVIDADES E
ORÇAMENTO 2024
É também em colaboração com estas entidades que, através de
protocolos ou do mecenato, pretendemos dar continuidade ao
trabalho desenvolvido pelo nosso Grupo Coral e Grupo de
Pequenos Cantores, mais concretamente na divulgação do
nome da nossa instituição e do concelho de Santo Tirso. Assim,
manteremos a disponibilidade para dinamizar atividades e
eventos nas nossas estruturas (Auditório, Sala Multiusos, …).
Todas as atividades serão devidamente divulgadas através de
vários meios e plataformas de comunicação (redes socias,
newsletter, Revista, etc.).
Rendimentos 2024: € 10.600.700,00
Outros Rend. Ganhos
€ 1.085.100,00
Juros e Rend. Similares
€ 300,00
Prest. Serviços
€ 5.067.300,00
Somos aquilo que fazemos consistentemente.
Para a Misericórdia de Santo Tirso a excelência não é um
ato mas um hábito.
Os “Rostos de Solidariedade” atingirão as metas definidas, com
a sua caraterística determinação, empenho, autoconfiança e
espírito de união.
Subsídios à Exploração
€ 4.448.000,00
Rendimentos 2024 %
Outros Rend. Ganhos
10%
Juros e Rend. Similares
0%
Prest. Serviços
48%
Subsídios à Exploração
42%
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Atualidades
Outros Gastos e Perdas
€ 6.100,00
Gastos 2024: € 11.041.300,00
Gastos de Depreciação e Amortização
€ 794.700,00
Custo Merc. Vend.
Mat. Cons.
€ 1.092.500,00
NOTAS:
Rendimentos = € 10.600.700,00
Gastos = € 11.041.300,00
Resultado Líquido do Período= - € 440.600,00
Gastos e Perdas de
Financiamento
€ 50.500,00
Fornecimentos
Serviços Externos
€ 1.435.300,00
Gastos de Depreciação e Amortização = € 794.700,00
Meios Libertos Previsionais = € 354.100,00 •
POR JOÃO LOUREIRO (DIRETOR GERAL)
Gastos c/ Pessoal
€ 7.662.200,00
Gastos 2024 %
Outros Gastos e Perdas
0,1%
Gastos de Depreciação e Amortização
7,2%
Custo Merc. Vend.
Mat. Cons.
9,9%
Gastos e Perdas de
Financiamento
0.5%
Fornecimentos
Serviços Externos
13,0%
Gastos c/ Pessoal
69,4%
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#46
Atualidades
CONGRESSO MAIORIDADES
Decorreu no dia 27 de outubro, no Auditório “Centro Engº
Eurico de Melo” o evento “MaiorIdades”, uma iniciativa
promovida pela Misericórdia de Santo Tirso e produzida pela
Idioteque. Tendo como objetivo promover o conhecimento
sobre vários ciclos da vida, nomeadamente o envelhecimento,
esta primeira sessão centrou-se no tema «Cancro no
Envelhecimento» e contou com a presença de Manuel Sobrinho
Simões, diretor do Ipatimup, e Elsa Logarinho, investigadora no
Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade
do Porto (i3S).
Foram debatidos assuntos como o cancro geriátrico, prevenção
e diagnóstico, a solidão e a depressão no idoso e o impacto da
sua doença na família (a nível social, financeiro e psicológico).
O debate centrou-se ainda nas transformações sociais vividas
atualmente e que deveriam ser alvo de alteração/revisão de
modelos de comportamento para adoção de um estilo de vida
mais saudável, retardando o envelhecimento e,
consequentemente, preservando a longevidade.
O evento, dirigido à comunidade e de entrada livre, contou
com a presença de aproximadamente 180 participantes, numa
noite aquecida pela voz do músico tirsense, Dan Riverman.
Cumpriu-se assim o objetivo destacado pelo Provedor da
Misericórdia, José dos Santos Pinto, na sessão de abertura
deste congresso: alargarmos conhecimento para a construção
de uma sociedade mais justa e informada, promovendo a
literacia no envelhecimento. •
POR CARLA MEDEIROS (DEP. COMUNICAÇÃO E IMAGEM)
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Atualidades
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#46
Atualidades
PEREGRINAÇÃO NACIONAL
DAS MISERICÓRDIAS EM
FÁTIMA
A Terceira Peregrinação Nacional das Misericórdias em Fátima
decorreu no dia 30 de setembro, após uma interrupção de 5
anos devido aos constrangimentos provocados pela pandemia.
Respondendo ao apelo da União das Misericórdias
Portuguesas, enquanto entidade organizadora, a Misericórdia
de Santo Tirso marcou novamente presença com 85
participantes, entre Órgãos Sociais e Colaboradores/as.
Cumprindo com a promessa feita pelo Secretariado Nacional
da UMP, de regressar ao santuário mariano para um momento
de oração conjunto pelos que partiram durante a pandemia, e
para agradecer a quem serviu e resistiu, foram mais de 100 as
Misericórdias que marcaram presença em Fátima, reafirmando
os seus valores de fé e espírito de missão.
Com saída de Santo Tirso pelas 7h30, integrou-se o desfile de
bandeiras e estandartes das Misericórdias no Santuário, pelas
12h00. Simbolizando a nossa tradição e antiguidade, a
Misericórdia de Santo Tirso fez-se representar com as opas e a
sua bandeira.
Seguiu-se uma Eucaristia presidida por Sua Excelência
Reverendíssima D. José Traquina, Bispo de Santarém, que
enalteceu o papel das Misericórdias na construção do bem-
-comum, justiça e dignidade humana.
O dia ficou marcado pela confraternização entre
Colaboradores/as que, com responsabilidade e alegria,
corresponderam à solenidade que norteou este encontro. •
POR CARLA MEDEIROS (DEP. COMUNICAÇÃO E IMAGEM)
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Atualidades
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#46
Atualidades
MISERICÓRDIA EM NÚMEROS
JANEIRO A JUNHO 2023
Nº DE INDIVÍDUOS EM
ACOMPANHAMENTO SOCIAL
(RSI, CPCJ, CANTINA, PROG. ALIMENTAR)
65 73
Nº DE ADMISSÕES EM
VALÊNCIAS RESIDENCIAIS
(JLA, LB, CR)
29 em 236 utentes
19 10
Nº DE VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA ACOLHIDAS
(CA E C. EMERGÊNCIA)
117 vítimas em 33 vagas
94 23
Nº DE ADMISSÕES EM VALÊNCIAS
COMPLEMENTARES
(SAD, CD)
35 em 112 utentes
18 17
ESTÁGIOS ACOLHIDOS
35 estagiários/as / 13 entidades
31 4
CLÍNICAS DA MISERICÓRDIA
Unidade Fisiatria: 800 utentes/dia
10% Atendimentos diários são dos 0 aos 15 anos.
Acima dos 55 anos a taxa de atendimentos é de 60%
Unidade Endoscopia: 220 utentes/mês
Gabinete M. Dentária: 20 utentes/mês
REDE NACIONAL CUIDADOS
CONTINUADOS
Capacidade instalada: 68 utentes
Taxa de Ocupação: 98%
Idade: entre 36 e 93 anos
KILÓMETROS PERCORRIDOS
(SAD)
43.664 KM
#46
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MAIORIDADES A MAIOR DAS
IDADES
Atualidades
Ele há na vida tantas idades e tão marcantes: as pequenas e de
crescimento, como as de meio ou de caminho; as que
permitem ver o horizonte de luz bem ao longe, como as que
não negam que esse luzeiro prontamente se abeirará,
entregando-nos então tão somente ao abismo de ar, desejando
que o voo nos seja leve e fresco.
São tão múltiplas as idades e tão variadas no sentir ou no
provar, todas elas afinal talhadas no barro da nossa pele, seja a
buril como a cinzel, em continuado trabalho terno de artesão.
No engenho gerador dos anos que passam, tocam-nos a
badalo, na vida, mil Big Bens de Londres que nos compassam
o tempo, e tiquetacam - sempre a lembrar-nos da finitude -
variadíssimos relógios Tissot da sua
primeira época de criação, essa de
quase manufatura dos ponteiros dos
segundos no recôndito Le Locle das
montanhas Jura, esse local onde o
tempo sempre tinha tempo.
Certo é que todos os sinais nos
mostram que cada instante pode ser
melindroso e ínfimo, mas, em contrapartida, tão capaz de nos
mudar o destino no seu todo. Pode ser tão redentor quando
quer, tão marcante, enfim, como o estrondoso bater de asas de
uma borboleta distraída que passeia sobre a flor.
Os instantes, os dias e os anos moldam-nos o rosto, as
expressões, os traços e os rictos, dando-nos a oportunidade de
ver, ao longo de uma existência, tantas novas caras nossas –
São tão múltiplas as idades e tão
variadas no sentir ou no provar,
todas elas afinal talhadas no
barro da nossa pele (...)
tantas caras em nós –, essas que nos transfiguram e se vão
alterando à medida que renovamos, década após década, o
nosso cartão de cidadão e o passaporte.
Transformam-nos o rosto de jovens impúberes para um facies
encarquilhado de velho onde nunca nos reconheceremos, ou
não fosse a nossa mente incapaz de acompanhar o corpo
decadente – de lhe apanhar, enfim, o passo, para depois lhe
respeitar a caminhada em descaminho.
Ali ficamos então nós, muito tansos, plasmados na foto de
passpartout que usámos para a nossa inscrição no desporto
aquático em que afogamos o tempo e o passadio do existir a
cada mergulho, como se no fundo da
piscina pudéssemos, enfim, encontrar
o mais completo estagnar, esse silêncio
em que nada bole, nada sibila aos
ouvidos, nada anda para frente ou
para trás e, por isso, nada mirra em
nós.
Há assim na vida uns quantos ínfimos
momentos que duram impercetíveis segundos e que ficam,
afinal, como perenes eternidades da nossa existência. Esses
instantes são a representação da quase completa alegria e
justificam, quantas vezes, uma vivência inteira, enquanto muitas
eternidades fátuas não chegam, sequer, a justificar um
segundo de um viver qualquer, um pestanejar, um bater de
cuco no relógio da sala de estar.
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#46
Atualidades
MAIORIDADES A MAIOR DAS
IDADES
O tempo pára e subsiste quando nos entregamos, quando
amamos como pasmados boquiabertos, quando ficamos, enfim,
agarrados a indizíveis recordações de um beijo ou de um
inocente roçagar em corpo que imediatamente sentimos como
“nosso quadrante”, ou então quando, enfim, numa paragem de
autocarro tudo isso recordamos, permanecendo muito
“estantios” e ausentes, esperando a carreira que nos levará o
corpo para São Martinho do Campo – pois que a mente voará
nessas alturas a outras indizíveis distâncias.
Quando uma criança nos fita nos olhos e nos mostra a
inocência plena de quem não se importa com as coisas que
vão e as que ficam, é vida que ali acontece; quando um velho
ensimesmado nos diz, quase em surdina: “é tudo um ápice,
filho, sabes, tudo dura o mesmo que uma cabeça de fósforo a
arder”, é a vida que ali se explica; quando uma águia abre as
asas de metro, sobrevoando os Andes numa leveza inaudível, é
a existência que ali se expande, tempo afora, sobreposta
àquelas maciças penas de liberdade silente.
O tempo maior é aquele que chega quando já só vamos
aos jogos da bola que verdadeiramente nos interessam,
esse em que o petisco e o seu gosto apurado podem ser
mais satisfatórios que a comezaina de enfarta-burros,
aquele em que já respeitamos a métrica de cada instante
– como se fosse um cerimonial – porque nos sentimos bem
em qualquer local e horário em que estejamos, pois que o
lugar que verdadeiramente habitamos é sempre o
“connosco”, esse onde somos inteiros e satisfeitos, mesmo se
em pijama e pantufas de andar por casa, na mais desejada das
companhias – a de nós mesmos.
Sim, as Maioridades – as maiores das idades – são, ao fim
e ao cabo, aquelas que arribam quando já somos capazes
da dádiva absolutamente desinteressada, quando já nos
apercebemos da importância fundamental da entrega -
essa que nos enriquece, afinal, mais a nós do que aos que
a recebem -, quando somos afinal já capazes de nos
perdermos, por horas, no olhar azulão do nosso filho,
percebendo que ali reside a paz inteira – o universo que ali
pára só para nós, nada mais interessando no momento.
Maioridade(s) são também aquelas do funcionário do Lar
de Idosos, esse que acompanha pela mão – sempre afagada
– o velho enquanto se segura ao varão do corredor, a idosa
doente transportada numa ambulância que cintila na noite da
estrada que a leva ao hospital, esse que enfim a acompanha
também pela última vereda até ao desconhecido maior, nesse
instante em que cada velho deseja a paz da leveza do pássaro
em si.
Maioridades são também aqueloutros dias da carinhosa
educadora de infância que faz os meninos acreditarem que
aprendendo o abecedário e a tabuada aprenderão também a
voar até outros amanhãs, como se em fantasia planassem já ali,
na sala da plasticina, e se tornassem, pela mão prestimosa da
professora, infantes futuros de terras deslembradas e utópicas
por conquistar.
A Maior das Idades será, por fim, aquela do tempo em que a
expressão mais plena da vida se realizar inteira, habitando
então, em todos nós, uma permanente Santa Casa da
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Atualidades
Misericórdia, essa que será Santa porque a maior religião
que praticará será a do amor, que será Casa porque será
acolhimento de quem não conheça outras paredes ou
aconchegos, e, acima de tudo, será Misericórdia porque
representará a absoluta antítese, oposto e avesso da guerra e
do desamor, como se fosse um coração gigante que sempre se
poderá dilatar mais um pouco para abrigar a mais um. Por
todo o tempo e em qualquer das idades. •
POR MANUEL ANDRADE (ESCRITOR)
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#46
Ação
Social e
Comunidade
25N DIA DE LUTO E DE LUTA
O Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as
Mulheres constituí um marco no combate à violência exercida
contra todas as mulheres. E a cada 25 de novembro renovam-
-se esforços: a luta inacabada contra este fenómeno e o luto
por cada mulher assassinada. Duas faces de um movimento só
que expõe as desigualdades e a discriminação contra as
mulheres. E que se impõe ante as normalidades que as
invisibilizam.
Na marcha desse movimento que reclama uma sociedade
mais igual, no passado dia 25 de novembro, a Casa Abrigo
D. Maria Magalhães, resposta de acolhimento para vítimas
de violência doméstica, procurou, uma vez mais,
sensibilizar e mobilizar a comunidade local para o
problema. Ancorada na arte como veículo para a
construção de diálogos e para transformação social, a
iniciativa integrou uma peça de teatro e uma exposição,
ambas focalizadas na mulher: nas suas forças e
fragilidades.
Femina 2.0., do Grupo de Teatro Amador AVISCENA,
retratou a subtil mas vil discriminação de uma mulher no
trabalho e na sociedade. Representando situações recorrentes
do dia-a-dia, Femina 2.0 trouxe a palco mulheres minimizadas
e esquecidas no seu talento, dedicação ou competência.
Mulheres que a sociedade não reconhece. Mulheres que o
público conhece.
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Ação
Social e
Comunidade
No mesmo domínio cénico, a exposição SinCera trouxe-nos as
máscaras. As máscaras que outrora traziam as mulheres ao
palco quando este espaço lhes era oficialmente interdito. As
máscaras também noutros tempos usadas em bailes e
cerimónias para ocultar a identidade. As máscaras que
carregamos ainda hoje para esconder a verdade.
Diz Machado de Assis que “A dissimulação é um dever quando
a sinceridade é um perigo”. Em contexto protegido,
convidamos as mulheres acolhidas na Casa Abrigo D. Maria
Magalhães, a depor as suas máscaras. A materializar o
momento da denúncia e, por conseguinte, o fim de uma de
normalidade fingida. A verdade despida de medos,
estereótipos e preconceitos. E do debate entre a aparência e a
essência, um novo Ato.
Sob a orientação da artista plástica Filipa Godinho,
SinCera trouxe-nos o testemunho cru, honesto e franco das
mulheres acolhidas na Casa Abrigo. •
POR MARIA JOÃO FERNANDES (COORDENADORA DA CASA ABRIGO D. MARIA
MAGALHÃES)
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#46
Ação
Social e
Comunidade
SINCERA
Qualquer mergulho que se dê na arte, é, antes de tudo o mais,
um mergulho em si. Se na vida muitos são os momentos em
que a coragem decide o futuro, marcando um salto para vidas
novas, também o salto para si exige coragem e, talvez essa,
seja a coragem maior.
Durante o Workshop as mulheres participantes foram
conduzidas numa experiência de encontro com a sua própria
vida, viajando entre linhas e imagens que foram lentamente
ganhando peso, acumulando dimensões simbólicas e
representando as suas vidas. Nas linhas foram desenhados
caminhos, que entre curvas, retrocessos, interrupções e saltos
representaram perdas, paixões, ilusões, fraquezas, forças,
acidentes, mas também vitórias e amores.
Em cada gesto riscado sobre as máscaras cada uma destas
artistas avançou cheia de si, marcando-se, revelando-se
através de códigos e segredos. Encontramos em cada
máscara um grito de coragem e força, daqueles que só
cada uma sabe o tamanho e força que tem. Depois dos
riscos e desabafos, todas as máscaras foram cobertas com o
toque das mãos, lentamente, como se fosse possível cobri-las
com pele, deixando sob esta uma história, fechando tudo num
corpo encriptado, funcional.
Da minha parte, rendida à coragem com que as vi mergulhar
em terrenos emocionais difíceis e emergir tão fortes, munidas
de emoção e vontade de seguir, posso apenas deixar a minha
admiração. Tenho para mim a certeza de que todas as
máscaras são, na essência, universais. Em todas me
encontro, e encontro ainda o que de mais humano há na
vida. Obrigada. •
Se ao tempo passado importa ir buscar os primeiros sonhos, ao
tempo presente importa lembrar a urgência de caminhar rumo
aos sonhos futuros. Uns, que são sonhos hoje e realidade
adiante, e outros, que não são sonhos ainda mas nos esperam
lá ao fundo, para os sonharmos com a força de uma criança,
outra vez.
POR FILIPA GODINHO (ARTISTA PLÁSTICA)
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Ação
Social e
Comunidade
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#46
Ação
Social e
Comunidade
IMMERSIVE ROOM
A Misericórdia de Santo Tirso foi premiada com o projeto
Immersive Room financiado pelo Prémio BPI | Fundação “la
Caixa” Seniores.
Iniciado em 2023, este projeto terá o seu desenvolvimento
pleno em 2024, pretendendo-se com o mesmo dar
cumprimento às mais recentes orientações da comunidade
científica mundial, colocando a tecnologia na 1ª linha de
atuação com a população idosa, para diminuir o isolamento e
a solidão, facilitando a participação comunitária e o acesso à
cultura e ao lazer.
A Immersive Room é a primeira Sala Imersiva em Portugal
desenvolvida e dirigida especificamente à população
sénior, com ferramentas no âmbito da intervenção
gerontológica. A par da Sala Imersiva foi desenvolvida uma
Sala Interativa, também equipada para potenciar a
intervenção na área da geriatria. Ambas se encontram
disponíveis para receber a população sénior do concelho.
Para disfrutar das experiências de estimulação basta
solicitar agendamento através do email
immersive.room@iscmst.pt.
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Ação
Social e
Comunidade
FICHA TÉCNICA
BENEFICIÁRIOS/AS
População idosa residente em estrutura residencial para
idosos, inscrita em Centros de Dia e a usufruir de Serviços de
Apoio Domiciliário (da instituição e do concelho).
ENQUADRAMENTO
De acordo com a OMS, nas políticas e estratégias de
intervenção com a população idosa devem ser priorizadas as
oportunidades que as abordagens inovadoras e os avanços
tecnológicos proporcionam: recentes avanços tecnológicos têm
desenvolvido dispositivos de comunicação que simulam
ambientes semelhantes à realidade ou realidades virtuais, nos
quais o utilizador consegue maximizar a sua imersão no
ambiente simulado e experienciar uma interação natural e
intuitiva numa estrutura 3D. Estes ambientes constituem uma
oportunidade de intervenção com a população sénior que é
mais vulnerável ao acesso à sociedade de informação e a
equipamentos digitais.
Os equipamentos ultracompactos ou “smart devices” que
existem na sociedade moderna não são compatíveis com as
necessidades físicas, cognitivas e emocionais da população
idosa devido aos seus ecrãs pequenos e à necessidade de uso
continuado.
OBJETIVO
Com este projeto pretende-se dar cumprimento às mais
recentes orientações da comunidade científica mundial:
colocar a tecnologia na 1ª linha de atuação com a população
idosa para diminuir o isolamento e a solidão, facilitando a
participação comunitária e o acesso à cultura e ao lazer.
ATIVIDADES
O projeto “Immersive Room” disponibiliza uma sala imersiva e
uma sala interativa que abrangem 3 pilares de intervenção:
1- convívio (uso de ferramentas de contacto com o exterior;
participação em workshops/formações);
2- jogo (disponibilização de jogos online e jogos interativos);
3- viagens (visitar locais do mundo e conhecer património).
IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA
O uso de tecnologia imersiva com população idosa contribui
significativamente para a melhoria dos níveis de bem-estar,
promove a diminuição de declínio físico e cognitivo. A
tecnologia imersiva suporta conteúdo 3D virtual e
comunicações naturais que ajudam a melhorar interações
sociais e funções físicas. A disponibilidade dos jogos possibilita
também a estimulação cognitiva, promove o convívio e lazer e
retarda processos de declínio cognitivo.
Este projeto é pioneiro em Portugal porque disponibiliza a
primeira sala imersiva em Portugal desenvolvida e dirigida
especificamente à população sénior, com ferramentas no
âmbito da intervenção gerontológica.
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#46
Ação
Social e
Comunidade
IMMERSIVE ROOM
RESULTADOS
Melhorar os diferentes fatores que incluem o envelhecimento
ativo positivo (longevidade; vida ativa saudável; prevenção de
doenças crónicas; redução de isolamento e depressão;
aumento de performance funcional física e mental).
RECURSOS
Sala equipada com tela de grandes dimensões que assegura a
projeção dos conteúdos imersivos e sistema de som de alta
qualidade para permitir uma experiência sonora
diferenciadora.
Sala equipada com ecrã interativo de grandes dimensões que
possibilita a seleção de soluções no ecrã, de forma fácil e
intuitiva (jogos diversos, pintura, karaoke, imagens,…).
Salas equipadas com cadeirões e cadeiras geriátricas e
material de apoio complementar.
Recursos humanos que viabilizam a dinamização das salas, a
gestão da agenda, a operacionalização e a gestão do projeto.
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Ação
Social e
Comunidade
TESTEMUNHOS
“Parabéns pelo trabalho e inovação que têm trazido ao setor
social e à missão de servir a comunidade.”
Grupo Trabalho Envelhecimento, EAPN Portugal
“Experiência muito vantajosa para os utentes. Primeiro por
possibilitar o contacto com novas tecnologias, aliando assim
um trabalho de motricidade/coordenação e estímulo cognitivo.
Sem dúvida, uma experiencia a repetir. Obrigada.”
Ana Oliveira, Centro Social e Paroquial de Santa Cristina
“Gostei muito. Gostava de vir cá uma vez por semana.”
Arminda, Associação de Solidariedade Social de Areias
“Adorei a experiência e irei dizer aos meus colegas para
também virem porque vale a pena.”
Clara, Lar Familiar da Tranquilidade de Vila das Aves
“A Immersive Room é um recurso muito interessante e inovador
que permite explorar novas ferramentas para diversos fins. É,
sem dúvida, uma mais valia para a comunidade do Município
de Santo Tirso. Uma viagem ao futuro, num presente que
permite perspetivar atividades e emoções positivas. Que seja
um recurso que nos faça viver mais! Aguardamos nova visita
com entusiasmo.”
Equipa Viver Mais
“Eu gostei muito principalmente a parte em que mostra a
natureza. A neve, os penedos, a água, tudo é belo.”
Celeste, Casa de Repouso de Real, ISCMST
“Gostei muito de ver a cidade do Porto e de Aveiro. Parecia
que estava mesmo lá.”
Narciso, Lar Dra Leonor Beleza, ISCMST
“Em Petra, na Jordânia foi gravado um dos filmes de Indiana
Jones, agora já conheço.”
Dina, Centro de Dia, ISCMST
“Adoro vir cá fazer jogos de Quizz. Gostei do quadro interativo
e de ver Veneza que seria um sítio onde nunca iria. Que coisas
lindas de se ver aqui. Senti que tinha ido lá.”
João, Américo e Luís, Lar José Luiz d’Andrade, ISCMST
“Por momentos senti que estava mesmo no barco em Veneza.
Foi uma experiencia incrível, até parecia que sentia a
balançar.”
Aurora, Assoc. Solidariedade Social S. Tiago de Rebordões
“Amei ver o Estádio da Luz, sou benfiquista e sempre quis ver
como era.”
Utente, CASATIR Roriz - Centro de Ação Social de Acolhimento
à Terceira Idade •
POR SARA ALMEIDA E SOUSA (DIREÇÃO DE RECURSOS HUMANOS, COMUNICAÇÃO E
IMAGEM) E SOFIA MOITA (COORDENADORA DO LAR JOSÉ LUIZ D’ANDRADE)
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#46
Ação
Social e
Comunidade
MAIOR NA IDADE E NA
VIDA!
Envelhecemos, isso é um facto inexorável.
Mas pensamos em como será a nossa velhice?
Para o ator e diretor francês Jean-Louis Barrault, a velhice é
aquela fase em que ainda se é jovem, mas com muito mais
esforço. De manhã ao acordar e ao espelho, nos olhos vê-se o
olhar de menino ou menina de outros tempos. Na essência,
sente-se a mesma juventude de alguns anos atrás, mas num
corpo que vai mudando, enrugando.
Os mitos que ainda prevalecem perpetuam imagens sobre o
ser idoso/a, rótulos tristes. Tendemos a olhar para “o velho”
como algo obsoleto, que é desvalorizado, mesmo que
visualizado com olhos nostálgicos. Como se aquele idoso/a
não tivesse uma história para contar, um conhecimento para
compartilhar. A agravar esta imagem, a maior parte das vezes
quando se pensa na terceira idade é inevitável pensar-se em
apatia, tristeza, depressão, solidão, dependência,
incapacidade para aprender ou mudar, falta de vitalidade,
perda de vigor, declínio inevitável, doença. De facto, o
envelhecimento está associado a uma média de 2 a 3 doenças
crónicas e/ou outras patologias, fragilidades.
Mas deve ficar claro que o envelhecimento não é uma doença.
“É preciso lutar contra a ideia de que o velho é
funcionalmente limitado... A maioria da população idosa
não é deficiente.”
É preciso derrubar os mitos sobre as pessoas com mais de 65
anos de idade. “O aparecimento de mitos e estereótipos sobre
os/as idosos/as é algo que tem a ver com o que geralmente
fazemos muito bem, que é rotular e agrupar as pessoas em
categorias, como explica Stephen Pinker no seu livro How the
Mind Works (1997): “as pessoas colocam coisas e pessoas em
caixas mentais, dão um nome a cada caixa e depois tratam
tudo da mesma forma”, acrescenta o escritor espanhol
Francisco Javier González Martín. A questão é que os
estereótipos impedem frequentemente as pessoas idosas de
participarem plenamente em atividades sociais, políticas,
económicas, culturais, espirituais e cívicas.
“A velhice não começa numa idade cronológica uniforme,
considerar que todos com mais de 65 anos são idosos tem
uma explicação arbitrária e irracional.”
O aumento do tempo de vida abre uma esperança de 20, nos
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Ação
Social e
Comunidade
mais afortunados até de 30 anos, o que permite expectativas
de importância singular. Se em 1950, a expectativa de vida era
de 36 anos, em 2019, segundo o relatório do Instituto Nacional
de Estatística divulgado em Maio de 2020, a esperança de vida
em Portugal é de 80,93 anos. O que significa que quando se
completa 60 anos, “livramo-nos” de todas as causas de morte
na primeira infância, mortes acidentais na juventude, das
doenças na vida adulta e, rumamos a mais 20 anos. Assim
sendo, em vez de reclamarmos por já nos sentirmos “velhos”,
devemos perguntar-nos o que vamos fazer nos próximos 20
anos. Como deveremos encarar essa fase da vida. Como
envelheceremos, como queremos envelhecer, como queremos
ser vistos e integrados na sociedade?
A vida não acaba quando envelhecemos, pelo contrário, é o
momento propício para desenvolver projetos e alcançar metas.
O conceito de velhice tem vindo a mudar, graças aos avanços
da ciência moderna e ao aumento da expectativa de vida. Uma
mudança de profundidade ainda hoje, no século XXI, no início,
com os primeiros passos dados, mas com um longo caminho a
percorrer. Porque ainda hoje continuamos com visões
preconceituosas sobre o que o envelhecimento implica, ou
ainda mais, como os/as idosos/as são concebidos, dentro e
fora de casa. Como sociedade temos de mudar o nosso
pensamento.
Na cultura oriental, quando perguntam a idade a uma
pessoa mais velha, a pessoa curva-se e diz “qual é a sua
idade gloriosa?”. De acordo com o professor e escritor
espanhol Francisco Javier González, “eles acrescentam o
adjetivo glorioso em todas as idades, porque de acordo
com a sua filosofia, se é mais velho/a, começa a merecer
glória; mas não pelo que foi vivido, mas pelo que essa
pessoa é capaz de ensinar”. As pessoas idosas não devem ser
vistas como um empecilho, pelo contrário, podem ser grandes
educadores daqueles que vêm depois deles. Seja com os
netos, como voluntários ou a trabalharem em diversas funções,
“eles são a nova economia de mercado”, acrescenta o
especialista Moreira Villalaz.
“A idade de 65 anos é uma idade em que se pode
perfeitamente executar um trabalho”
No ocidente devemos modificar comportamentos. Mesmo neste
século encontramos mitos nas nossas conversas e piadas,
apesar do conhecimento e das evidências científicas que
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#46
Ação
Social e
Comunidade
MAIOR NA IDADE E NA
VIDA!
provam o contrário sobre o envelhecimento. A idade é
marcada pelo cérebro e não por anos.
A cada dia existe um maior número de pessoas em que a idade
cronológica não corresponde à atitude mental aberta, positiva,
inovadora, dinâmica e comprometida com a vida e com a
sociedade. Pessoas que desejam que a sua voz seja ouvida,
valorizada, respeitada, tida em conta, sem paternalismos, nem
estigmas. Com vontade de promover o diálogo, uma cidadania
ativa, de cooperação entre gerações. Tornam-se virais,
publicações em redes sociais, reels, tik toks de idosos/as, entre
avós e netos, pais e filhos, avós, filhos e netos, gerações que se
“encontram” em interesses do mundo virtual atual. Aos 89
anos, Dolores, conhecida como @dolly_broadway no Tik
Tok afirma estar a viver “o melhor momento de sua vida”,
o que ilustra com vídeos engraçados que partilha com seus
2,4 milhões de seguidores.
Assim como ela, muitos/as idosos/as fazem sucesso na
rede social varrendo de forma bem-humorada estereótipos
da velhice. Dolores Paolino nesta rede social muito utilizada
pelos jovens, destaca-se pela aparência de uma mulher mais
velha, mas cheia de vitalidade e sentido de humor. Sempre
com um sorriso. Pessoas que vivem com otimismo, entusiasmo e
alegria nesta também importante parte da vida. Envelhecem
ativamente.
entanto, para alcançar um envelhecimento pleno e ativo, é
importante cultivar hábitos saudáveis desde cedo, uma
construção diária. Hoje devemos preparar o nosso amanhã.
Todos nós seja qual a idade. Envelhecer, melhorando a cada
dia, se for possível, os nossos hábitos, a nossa relação familiar,
os nossos contactos, a nossa relação com o mundo,
especialmente o solidário. Reinventar o envelhecimento.
Vivemos há quase dois anos a Década do Envelhecimento
Saudável 2021-2030, declarada pela Organização Mundial da
Saúde. Os estados-membros da OMS estão empenhados em
trabalhar em conjunto para melhorar a vida das pessoas
idosas. A OMS tem defendido o envelhecimento saudável.
Todos nós, cidadãos, devemos colaborar eficazmente para que
A Organização Mundial de Saúde define o envelhecimento
ativo como “o processo de otimização das oportunidades de
saúde, participação e segurança com o fim de melhorar a
qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem”. No
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Ação
Social e
Comunidade
Podemos continuar a recear envelhecer ou admitir que depois
dos 65 anos de idade podemos ser ativos, saudáveis, mais
livres e mais felizes. Tudo começa com a atitude que podemos
e devemos cultivar desde sempre. “A velhice de hoje não tem
nada a ver com a velhice do passado”, disse o sociólogo Serge
Guérin, especialista em envelhecimento. “Nem sempre os mais
velhos precisam de medicação e descanso, podem estar em
ótima forma!”
Sejamos os “Maiores” então! Como diz Willie Nelson “Não
deixemos o velho entrar”. Cuidemo-nos. •
POR ANA LUISA CARVALHO (COORDENADORA DO LAR DRA. LEONOR BELEZA)
os/as idosos/as possam viver todos os dias uma vida mais
plena, satisfatória e feliz, e colaborar ativamente para que a
sociedade e os seus representantes assumam as suas
responsabilidades em relação a um setor cada vez mais
importante para a nossa sociedade e para o seu futuro.
A questão do envelhecimento deve ser abordada como se fosse
um projeto de vida, uma carreira profissional, onde a pessoa se
prepara para iniciar uma nova etapa, apesar dos aspetos
positivos e negativos, mas comprometida com o facto de que é
viver, estar bem e desfrutar plenamente. Assumindo-o, sem ter
medo de envelhecer, entendendo que embora existam
mudanças físicas, o humor e o estado emocional são elementos
fundamentais que lhe permitirão viver o envelhecimento da
melhor maneira.
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#46
Ação
Social e
Comunidade
IDADISMO EM MOVIMENTO
O idadismo é uma forma negligenciada de discriminação que
afeta indivíduos e organizações, naqueles na sua convivência
social e nestas na redução da produtividade, na asfixia da
inovação e nas oportunidades de crescimento perdidas.
Sem demagogias e numa perspetiva pedagógica, urge
formular um alerta sobre tal palavra, ainda desconhecida de
tantos, mas que cresce em todo o mundo, constatando-se que,
segundo o Relatório Anual sobre o Idadismo, conduzido pela
Organização Mundial de Saúde, “o idadismo refere-se a
estereótipos (como pensamos), preconceitos (como nos
sentimos) e discriminação (como agimos), direcionados às
pessoas - e entidades - com base na sua idade.”
Desengane-se quem pensa que o conceito só se refere a
idosos. Existe em todas as idades, embora aqui só seja
abordado o idadismo nos mais velhos, quanto mais não seja,
pela sua relevância: é que, segundo o INE, em 1990, o rácio
em Portugal era de 66 idosos por cada 100 jovens e estamos
nos 182 por cada 100.
Segundo o Eurostar, Portugal está a envelhecer a um ritmo
mais acelerado do que os 27 Estados membros da União
Europeia. Em 2022, metade da população portuguesa tinha
mais do que 47 anos de idade, a segunda idade mediana
mais elevada no conjunto dos países analisados.
O termo “idadismo”, ou “ageismo”, ao que tudo indica, foi
usado pela primeira vez em 1969 pelo médico norte-americano
Robert Neil Butler, gerontologista e psiquiatra conhecido pelo
seu trabalho sobre necessidades sociais e dos direitos dos
idosos e pela pesquisa sobre envelhecimento saudável e
demências.
Na ocasião, o conceito foi criado para tentar explicar as
opiniões contrárias à construção de um lar para idosos numa
comunidade local. Butler não via nenhum motivo racional para
que os moradores vissem com maus olhos o novo
empreendimento. Afinal, os futuros vizinhos não apresentariam
nenhum tipo de ameaça ao convívio social. Foi então que o
psiquiatra concluiu que a única razão para o
descontentamento da vizinhança seria a idade dos novos
residentes. Na interpretação de Butler os moradores do bairro
acreditavam que, ao contar com esse tipo de estrutura na
região, haveria uma desvalorização da área.
A partir daí, o conceito de idadismo passou a ser usado em
diversos outros contextos e países, a fim de designar
qualquer tipo de preconceito relacionado à idade, seja aos
jovens, seja aos idosos.
Por isso, já nessa época, em vez de se falar de uma população
envelhecida, se passou a falar de longevidade, de propósito,
de inclusão social e comunitária, de valorizar as pessoas em
todo o ciclo da sua vida, assim como da oportunidade que
significa fomentar as relações e partilha de conhecimento entre
diferentes gerações.
Mas há outras medidas mais amplas e igualmente bem-vindas.
Desde logo com diretrizes educacionais e escolares para cortar
esse mal pela raiz. Também e ainda com o fortalecimento de
políticas e leis contra todas as formas de preconceito.
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#46
Ação
Social e
Comunidade
IDADISMO EM MOVIMENTO
O funcionamento da mente humana, há tempos, intriga e
motiva psicólogos e, mais recentemente, neurocientistas, na
busca de compreender como o homem capta, organiza e
transforma as informações do meio em conhecimento e o
manifesta através do seu comportamento. Para o psicólogo
evolucionista Steven Pinker todo esse conjunto de expressões é
produto de um processo evolutivo da mente humana que ao
longo dos tempos se foi adaptando para enfrentar e superar
condições adversas visando a sua
própria sobrevivência. Após um
estudo alargado de dez variáveis,
apresentado em 2017, Pinker
concluiu que o fator mais
importante para favorecer uma
vida duradoura e saudável é a
integração social: relações
pessoais estreitas e interações
presenciais.
É, assim, importante que a sociedade desenvolva políticas,
programas e estruturas que atendam às necessidades de todos
os cidadãos e promovam a longevidade e uma visão positiva e
inclusiva das pessoas na sociedade, independentemente da
sua idade. Devem ser criados e divulgados estudos e projetos
inovadores que visem reduzir o idadismo e contribuam para o
reforço de uma sociedade que valorize todo o ciclo de vida de
cada indivíduo.
Devem ser criados e divulgados estudos
e projetos inovadores que visem reduzir
o idadismo e contribuam para o reforço
de uma sociedade que valorize todo o
ciclo de vida de cada indivíduo.
O futuro depende de nós enquanto potenciais âncoras de
desenvolvimento económico e social. •
POR VASCO FERREIRA (PROVEDOR DA ISCMST 1986/87 E 2000/2005)
#46
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IDADES MAIORES
Saúde
A maioridade define-se como a idade a partir da qual se entra
legalmente no gozo dos direitos civis. Em Portugal a
maioridade é atingida aos 18 anos, de acordo com a revisão
realizada ao Código Civil no ano de 1977. No entanto, dentro
deste limite legal, existe um espectro dinâmico de fases da
vida, abrangendo crianças, jovens adultos e idosos. Cada um
desses três grupos oferece perspetivas únicas sobre a
maioridade e suas implicações.
Crianças: Nutrindo o Futuro
No extremo oposto do espectro etário estão as crianças, para
quem a maioridade parece um sonho distante. Encontram-se
em fase de dependência, contando com os cuidados e
orientações dos pais ou responsáveis. A maioridade para as
crianças representa muitas vezes um farol de esperança,
sinalizando a sua transição gradual para a idade adulta. À
medida que se aproximam da adolescência, são introduzidos
gradualmente conceitos de responsabilidade, capacitando a
tomada de decisão à luz dos seus direitos. Este período é uma
base crucial sobre a qual os jovens constroem o seu futuro,
necessitando de orientação e apoio.
Jovens adultos: um momento de transição
Os jovens adultos encontram-se no meio da maioridade,
ultrapassando a linha entre a infância e a idade adulta plena.
Esta fase é marcada pela nova liberdade e responsabilidade,
uma vez que podem legalmente alterar o nome próprio, votar,
casar, celebrar contratos e fazer escolhas críticas na vida. É um
momento de exploração e crescimento, tanto pessoal quanto
profissional. A maioridade permite-lhes moldar a trajetória das
suas vidas, mas também traz novos desafios, à medida que
enfrentam decisões financeiras e as complexidades da
sociedade moderna.
Sabedoria e autonomia dos idosos
Para os idosos, a maioridade pode parecer uma memória
distante, mas molda significativamente as suas vidas. Em muitas
sociedades, a maioridade marca uma transição do auge da
idade adulta para as fases posteriores da vida. Para os idosos
pode ser um momento de reflexão, sabedoria e nova
autonomia. Além disso, a maioridade capacita os idosos na
tomada de decisões legais sobre o seu património, finanças e
cuidados médicos. Apesar de todas as alterações na dinâmica
interpessoal (e fisiológica), o seu papel de contributo para a
sociedade é reconhecido e oferece-lhes a liberdade de traçar
o seu próprio rumo nos seus anos dourados.
Num mundo em rápida mudança, a maioridade continua a ser
uma construção jurídica e social vital, mas é essencial
reconhecer a diversidade de experiências que abrange. A
Misericórdia acolhe o indivíduo em todas as suas fases da vida
oferecendo uma visão abrangente do impacto da maioridade
na sociedade. Relembra-nos que a idade não é um simples
número, mas um conjunto de experiências e valores. Ao
compreender e respeitar as nuances da idade, podemos
navegar melhor no espectro das fases da vida e promover
uma sociedade solidária, capaz de valorizar as
contribuições de cada geração.•
POR FERNANDO ANDRADE SILVA (MÉDICO NA ISCMST)
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#46
Saúde
PORQUE ENVELHECEMOS
E COMO GARANTIR UMA
LONGEVIDADE SAUDÁVEL?
Portugal é um dos países mais envelhecidos do mundo
com uma esperança média de vida atual de cerca de 81
anos. Mas se adicionámos anos à vida nas últimas
décadas, muito ainda deve ser feito para adicionar vida aos
anos conquistados. Ou seja, alcançar a chamada
longevidade saudável, envelhecendo com saúde,
qualidade, liberdade e facilidade, aproveitando melhor a
vida depois dos 60 anos.
Porque envelhecemos?
O envelhecimento ocorre a nível molecular, celular e sistémico.
Foram identificadas uma série de características associadas ao
envelhecimento, as chamadas “aging hallmarks”. Essas
características surgem ao longo do envelhecimento, causam
envelhecimento, mas são estas características que as
estratégias anti-envelhecimento procuram atrasar. A nível
molecular, as marcas do envelhecimento são os danos no DNA,
as alterações epigenéticas, e a agregação de proteínas. A nível
celular, são o stress oxidativo/disfunção mitocondrial e a
senescência (estado celular pró-inflamatório). A nível do
organismo, são a desregulação das vias de sinalização de
nutrientes, a inflamação crónica e a perda de células
estaminais.
É possível retardar o envelhecimento? Como podemos
viver mais e melhor?
Apesar de ser considerado irreversível, o envelhecimento é, na
verdade, notavelmente flexível. Têm sido desenvolvidas muitas
estratégias que retardam, e potencialmente revertem, o
processo de envelhecimento.
O envelhecimento é o resultado da combinação de fatores
genéticos e epigenéticos. O nosso genoma determina a nossa
longevidade como espécie e, é verdade que vai acumulando
danos ao longo da idade. Mas a teoria atual na área do
envelhecimento, é que o epigenoma é determinante da
velocidade com que envelhecemos. A epigenética regula a
topologia tridimensional do genoma que é o que explica que
todas as nossas células, tendo o mesmo genoma, tenham
funções tão diferentes. A epigenética regula os genes que
estão ‘on’ e ‘off’ em cada tipo celular. Durante o
envelhecimento o epigenoma é alterado e leva a que as nossas
células percam identidade e funcionalidade. E é aqui que
surge a oportunidade de aumentar a longevidade: o
epigenoma é muito sensível aos fatores ambientais, pelo que se
controlarmos a dieta, o sono, o exercício físico e o stress, o
epigenoma é ‘rejuvenescido’. E de notar que o epigenoma é
modelado desde o nosso desenvolvimento embrionário, pelo
que a questão do envelhecimento é transversal a todas as
faixas etárias.
O que fazer para evitar ou prevenir as doenças associadas
à idade avançada?
Em Portugal, os idosos apresentam tipicamente várias comorbidades,
que são as patologias associadas ao
envelhecimento. O envelhecimento saudável é o tema das
Nações Unidas para a próxima década. E para se alcançar esta
meta é necessária uma abordagem transversal, que passa
pelos diversos setores socioeconómicos e políticos, e não
apenas pela investigação biomédica. A ciência tem avançado
significativamente na compreensão da biologia do
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Saúde
envelhecimento e na validação de potenciais estratégias
terapêuticas. Mas é também necessária a consciencialização
de como o estilo de vida deve ser alterado a nível individual e
societário. Um livro que recomendo para leitura é ‘A Ciência
da Juventude’ da Elissa Epel, onde são apresentados
‘protocolos’ para um estilo de vida saudável e como se reflete
no atraso do envelhecimento.
O exercício físico, aumenta a
segurança nas tarefas diárias e
combate a depressão. As
articulações ficam mais flexíveis, os
músculos mais resistentes, os ossos
mais rígidos. Ajuda a
combater obesidade, diabetes,
colesterol e pressão alta, diminuindo
o risco de doenças cardiovasculares.
Caminhada, exercícios na água,
dança, alongamento, são os mais
indicados, porém, é recomendável
buscar orientação de um profissional
de saúde antes de iniciar um
programa de atividades físicas.
O exercício mental é também muito
importante. O cérebro é como os músculos, se não exercitar,
deteriora. Praticar a memória, manter hábitos afetivos
saudáveis com amigos e família, evitar a solidão, fazer jogos
que envolvam raciocínio, ter hábitos de leitura.
A alimentação saudável é fundamental para um corpo e
mente sãos. Pessoas com doenças como diabetes e colesterol
alto (gordura no sangue), precisam de dietas especiais e
devem consultar um médico. O consumo de muitas frutas
frescas, vegetais, legumes e grãos, principalmente integrais,
deve ser incentivado. Evitar sal em exagero, temperos
industrializados, gorduras de origem
animal e fritos.
Dormir é fundamental. Evitar produtos
com cafeína e álcool próximo do
horário de dormir. As refeições devem
ser feitas até duas horas antes de
dormir. Seguir rotina de horário.
O segredo está na prevenção?
Curiosamente, Simon Melov, professor
no Instituto Buck de Investigação sobre
o Envelhecimento, cujo laboratório tem
desvendado mecanismos centrais que
conduzem ao envelhecimento, tem
questionado se alguma vez teremos
uma terapêutica anti-envelhecimento
tão eficaz como a dieta, o exercício e o
sono. A prevenção é crucial, assim
como a consciencialização de que a
velocidade com que envelhecemos é amplamente determinada
pela epigenética, e como tal, pelo estilo de vida, desde o
período pré-natal. Mas as terapias podem ajudar a restaurar
(‘reset’) a epigenética para quem não segue hábitos saudáveis.
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#46
Saúde
PORQUE ENVELHECEMOS
E COMO GARANTIR UMA
LONGEVIDADE SAUDÁVEL?
Que terapias ou que métodos já existem que tenham
resultados eficazes no rejuvenescimento?
Dentro das estratégias de rejuvenescimento, as manipulações
metabólicas são as mais testadas e estabelecidas. Estas incluem
a restrição calórica, o jejum e os miméticos dietéticos, como a
metformina, rapamicina e resveratrol. Estas manipulações
ajudam sobretudo a reduzir o estado de inflamação crónico
(note-se que quando estamos doentes naturalmente perdemos
apetite) ao mesmo tempo que ajudam a rejuvenescer o nosso
sistema imunitário. Um aspeto importante, associado às
intervenções metabólicas, é o ciclo circadiano. Ou seja, a
ingestão de alimentos deverá ser feita durante o nosso período
ativo.
As terapias senolíticas estão em rápida evolução, com muitas
empresas estabelecidas nos últimos anos a prosseguir com
ensaios clínicos. Estas terapias baseiam-se em eliminar as
chamadas células senescentes, que são células defeituosas que
acumulamos com a idade, que são pró-inflamatórias, e que
estão na origem das patologias associadas ao envelhecimento.
O problema é que a senescência é um processo que pode ser
benéfico no contexto de reparação de tecidos, pelo que o
grande desafio consiste em saber quando iniciar o tratamento
e quanto senolítico administrar.
A parabiose (transfusão sanguínea) reúne ainda pouca
evidência científica. São ainda desconhecidos os fatores
sanguíneos que realmente contribuem para o
rejuvenescimento.
Para quando uma medicina de longevidade saudável?
Um incentivo importante para a pesquisa e desenvolvimento de
terapias será o reconhecimento do processo degenerativo de
envelhecimento como uma condição médica, diagnosticável e
tratável. Este é um assunto que tem gerado grande
controvérsia. No ano passado, na Classificação Internacional
de Doenças (CDI) da OMS, foi considerada a revisão do
diagnóstico de senilidade (“senility”) para um diagnóstico de
idade avançada (“old age”). Estrategicamente, o código
associado ao diagnóstico - uma designação que é necessária
para registar novos medicamentos e terapias - incluiria a
palavra “patológico”. Alguns investigadores aguardavam com
expectativa a revisão, para a criação e distribuição de terapias
anti-envelhecimento. Mas outros temiam as possíveis
consequências de sugerir o envelhecimento como uma
doença, sobretudo quando o diagnóstico clínico carece de
diretrizes e métricas devidamente protocoladas. A 11ª versão
do CDI acabaria por ser lançada sem o termo “old age”, ou
linguagem sugestiva do envelhecimento como doença, no seu
conteúdo. Mas o debate continua no cerne das conversações
sobre o envelhecimento, e se um processo biológico que
contribui para o risco de desenvolvimento de uma série de
doenças é em si mesmo uma doença. E, de facto, o
envelhecimento não desapareceu completamente do CDI-11.
Há ainda um código de extensão para as doenças
“relacionadas com o envelhecimento”, mas em vez de serem
definidas como “causadas por processo patológico”, diz-se
agora que são “causadas por processo biológico”. E em vez de
“old age”, o catálogo utiliza o termo “declínio numa
capacidade intrínseca associado ao envelhecimento” como
uma descrição diagnóstica.
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Saúde
Mas a investigação na área do envelhecimento tem vindo a
aumentar constantemente ao longo dos últimos 20 anos, e não
é a semântica do envelhecimento como doença ou não que
atrasará o processo. Silicon Valley tem um novo conjunto de
startups relacionadas com a longevidade, como Turn
Biotechnologies e Altos Labs. A Arábia Saudita planeia investir
mil milhões de dólares por ano em investigação para alargar a
longevidade saudável. A US Food and Drug Administration
(FDA) mesmo não considerando o envelhecimento como uma
doença, aprovou em 2015 o estudo TAME (Targeting Aging
with MEtformin), um ensaio clínico que visa testar o efeito da
metformina (usada no tratamento da diabetes) no atraso de
doenças crónicas associadas ao envelhecimento.
O exemplo da Misericórdia de Santo Tirso
A Misericórdia de Santo Tirso é um exemplo de ação social em
prol do envelhecimento saudável. Nas suas várias componentes
de lares, centro de dia e serviço de apoio domiciliário, aplicam
cuidadosas medidas que refletem uma clara preocupação com
a saúde física e mental do idoso. Um bem-haja pela sua
iniciativa e que continuem a desenvolver o excelente trabalho
integrando o progresso futuro na área da longevidade
saudável. •
POR ELSA LOGARINHO (PRINCIPAL INVESTIGATOR AGING AND ANEUPLOIDY, GROUP
LEADER I3S - INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO EM SAÚDE, UNIVERSIDADE DO
PORTO)
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#46
Recursos
Humanos
MAIORES PELO
CONHECIMENTO
A formação visa a aquisição e o desenvolvimento de
competências teóricas, técnicas, relacionais e organizacionais
relevantes para o desempenho profissional individual e
coletivo.
O desempenho profissional é condicionado pela atualização
de competências, conducentes à execução de um trabalho de
excelência.
A formação é, acima de tudo, uma oportunidade de
enriquecimento pessoal e profissional. Independentemente
da área abordada. A formação permite atualizar
conhecimentos e criar perspetivas diferentes face a
diversas situações.
Assim sendo, institucionalmente, foi proporcionado aos/às
colaboradores/as a frequência nas sessões de formação de
Suporte Básico de Vida e Primeiros Socorros que permitiu
desenvolver competências profissionais e pessoais,
aumentando também, o seu poder de conduta como cidadão.
Durante um mês e meio, decorreram oito cursos, tendo
abrangido cerca de 120 colaboradores/as.
Atualmente, considero que seja necessário desmitificar o
estereótipo de que a formação na área do Suporte Básico de
Vida e de Primeiros Socorros deve ser direcionada, apenas,
para os profissionais de saúde. Esta lacuna social permite
estimar que, anualmente, 10 mil pessoas são vítimas de morte
súbita, segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia.
Há uma necessidade urgente de capacitar pessoas para esta
problemática, por isso, é com base nesta carência que a
instituição prioriza a formação, salientando que a excelência só
se atinge com experiência e conhecimento adquirido.
A formação abre caminho à mudança, à inovação e ao
progresso profissional, pessoal e social. •
POR OLGA RIBEIRO (ENFERMEIRA NA ISCMST, DOUTORANDA EM EDUCAÇÃO. MESTRE
EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, MESTRE EM METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO EM
CIÊNCIAS DA SAÚDE)
Como Enfermeira e como Formadora, considero pertinente a
intervenção formativa, junto de colaboradores/as de diferentes
valências institucionais, pois assegura o desenvolvimento de
skills extremamente fundamentais para o desempenho das
funções profissionais.
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Recursos
Humanos
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#46
Recursos
Humanos
REFLEXÃO
Maioridade: palavra pela qual ansiamos na adolescência, sem
termos a noção do que nos espera!
Palavra com tanto peso, mas usada com benevolência.
Exige de nós responsabilidade sobre o bem-estar do outro.
Respeitar as suas vivências e adaptarmo-nos aos seus hábitos,
sermos um porto de abrigo. Algo que tanto esperámos, aos
dezoito anos!
Para quem tem dezoito anos nos tempos de hoje, significa
liberdade (erroneamente)! Terminar o décimo segundo ano e
ir para a universidade, longe de casa.
E aí cabe aos cuidadores porem em prática o que tanto
queriam, suspirando “MAIORIDADE”. A maior
responsabilidade que podemos ter na vida é CUIDAR!
Cuidar nas suas várias formas. •
POR M. CÉU LIMA (AUXILIAR DE AÇÃO MÉDICA, UCC-LONGA DURAÇÃO)
Os nossos/as utentes, na sua maioria, não ansiavam os
dezoito… nem se lembravam, pois na sua maioria, aos catorze
anos já trabalhavam! E o bem-estar da família era uma
prioridade. Foram “reféns” da vida árdua muito cedo!
Agora…perdem a maioridade pela sua condição física,
psicológica. Alguns deles muito cedo, aos cinquenta, sessenta
anos. É-lhes “arrancada” a sua forma de viver, a família, a
autonomia.
Arrancados das suas famílias, das suas “casinhas” (como é
costume referirem) dos seus modos de vida. Muitos/as deixam
de ter capacidade para tomar decisões. Não conseguem gerir
uma casa, o dinheiro, comprar o que querem, sair quando
precisam. Cuidar da sua higiene ou alimentar-se. É- lhes
imposto um cuidador. Alguém que nunca viram, e que não têm
qualquer afinidade.
+ férias
+ descontos
+ pilates
+ comunicação
+ massagens
+ saúde
MISERICÓRDIA MAIS
Benefícios e Regalias Exclusivos
para Colaboradores/as
+ informações
= www.iscmst.pt
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#46
Recursos
Humanos
AVALIAÇÃO DE SATISFAÇÃO
COLABORADORES/AS
Avaliar a satisfação dos/as colaboradores/as, para além de ser
um imperativo do Sistema de Gestão de Qualidade, é
determinante na Gestão dos Recursos Humanos, refletindo em
que medida o caminho Institucional está a responder às
necessidades dos/as trabalhadores/as. A satisfação profissional
é um fator chave nas relações e interações (entre colegas,
chefias, departamentos/setores e com utentes), está
diretamente associada à produtividade e é demonstrativa da
efetividade das estratégias de gestão.
No processo de avaliação de 2023 participaram
voluntariamente 246 dos 415 trabalhadores/as ativos/as, o que
se traduz numa taxa de resposta de cerca de 60%,
suficientemente representativa da voz dos/as colaboradores/as
e reflexo da importância que atribuem a este processo (a taxa
média de resposta em questionários de avaliação de satisfação
de trabalhadores/as em grandes empresas varia, geralmente,
entre os 20% e os 40% – valores considerados razoáveis).
Os questionários de avaliação criados para o efeito foram
disponibilizados através de um link para que os/as
destinatários/as pudessem aceder online, de forma individual,
salvaguardando a privacidade das respostas dadas. Para que
as pessoas pudessem optar, foi também possível a resposta em
formato de papel.
O quadro que se segue apresenta os resultados em termos de
satisfação nos diferentes parâmetros avaliados, constatando-se
resultados francamente positivos.
AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS/AS COLABORADORES/AS
2022 (N=243) VS 2023 (N=246)
PARÂMETRO 2022 2023
Contexto Organizacional 72% 77% ↑
Cooperação e Comunicação 83% 83% =
Mudança e Inovação 74% 80% ↑
Reconhecimento e Recompensa 57% 67% ↑
Relação com Chefias 87% 86% ↓
Política e Estratégia 75% 78% ↑
Posto de Trabalho 82% 83% ↑
Qualidade 77% 80% ↑
Concretamente no que diz respeito à “Avaliação Global”,
apesar de registado um aumento de cerca de 1% no número
de respondentes relativamente a 2022, observa-se que o nível
de insatisfação diminuiu em 1% em relação ao ano anterior,
apresentando uma percentagem total de 18%. Em relação à
satisfação global, esta apresenta um valor total de 80%, ou
seja, um aumento de 3% relativamente ao ano anterior.
Na resposta aos questionários também foi possível aos/às
respondentes incluírem sugestões e/ou comentários (respostas
não padronizadas) que, ainda que sejam a expressão de
opiniões pessoais, foram alvo da devida atenção e
consideração.
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Recursos
Humanos
Muito Satisfeito
27%
Totalmente Satisfeito
7%
NS/NR
2%
Nada Satisfeito
2%
Pouco Satisfeito
16%
Satisfeito
46%
O relatório global de avaliação de satisfação dos/as
colaboradores/as e os resultados por valência/serviço são
disponibilizados e os dados recolhidos são tratados e
considerados na sua totalidade.
Ainda que os resultados globais sejam extremamente
satisfatórios, a melhoria contínua será sempre um objetivo
a prosseguir. •
POR SARA ALMEIDA E SOUSA (DIREÇÃO DE RECURSOS HUMANOS, COMUNICAÇÃO E
IMAGEM)
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#46
Cultura
UNIVERSIDADE SÉNIOR
ONDE, PORQUÊ E PARA
QUEM!
Sabia que em Portugal existem atualmente 370
Universidades Seniores, com cerca de 68.000 alunos
inscritos e 7.500 professores? Sabia que existe em Santo
Tirso uma Universidade Sénior, com 95 alunos
matriculados e 13 professores?
Perguntará o leitor mais desatento - o que explicará este
número tão expressivo de Universidades Seniores? A primeira
grande explicação tem a ver com o envelhecimento da
população, sobretudo nos países ditos desenvolvidos, o
aumento da longevidade, e a necessidade crescente de um
estilo de vida que não deixe as pessoas mais velhas excluídas
do conhecimento, da vida ativa, dos espaços naturais de
convivência e interação, do direito à sua cidadania.
Poderíamos dissertar sobre a história das Universidades
Seniores existentes na Europa, na América e no mundo. De
pouco nos interessaria, porque, o que verdadeiramente nos
importa é o que se passa na nossa cidade e, mais
concretamente, na nossa Universidade Sénior, ou seja, na
Universidade Sénior Tirsense.
A Universidade Sénior Tirsense existe formalmente desde
29 de setembro de 2006, começando a funcionar em
outubro desse mesmo ano no Pavilhão Municipal. De então
para cá tem procurado dar à população sénior o melhor
que lhe é possível, pesem embora algumas dificuldades
decorrentes de uma pandemia que se estendeu no tempo e,
diga-se, de umas instalações que não facilitam a realização de
atividades do maior interesse para quem já não é tão jovem.
Mesmo assim, a UST (Sigla por que é conhecida a
Universidade Sénior Tirsense) oferece aos seus alunos um
conjunto apreciável de disciplinas, cujos temas, além de serem
do maior interesse, constituem excelentes espaços de
aprendizagem, convívio e interação pessoal.
Na Universidade pode frequentar informática, fotografia digital,
pintura, artes decorativas, dança, francês, inglês, história,
yoga, pilates, atelier de memória, cavaquinhos, canto coral e
poesia. Cada disciplina é escolhida de acordo com a
sensibilidade e a apetência de cada um, e para a frequentar
apenas tem que passar na secretaria da Universidade, situada
na Central de Transportes, numa das manhãs de qualquer um
dia da semana e inscrever-se.
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Cultura
Para além das disciplinas disponíveis, a Universidade organiza
todas as quartas-feiras atividades culturais, que podem ser
visitas de estudo ou palestras de maior ou menor dimensão.
A UST tem realizado ainda várias parcerias com outras
Instituições, que para além de reforçarem relações de
solidariedade entre elas, permitem a troca de serviços e de
saberes. Relevamos aqui as parcerias com a Misericórdia, o
Programa de Educação de adultos “Qualifica”, o “Jorge
Oculista”, as Caldas da Saúde e outras Instituições de apoio à
Terceira Idade. Sublinhamos a importância do trabalho
realizado neste âmbito porque, nos vulgarmente designados
Lares de Terceira Idade, nós podemos ser animadores de
atividades do interesse dos residentes e até, (porque não?) dos
trabalhadores e funcionários. Todos gostarão de ouvir o nosso
já afamado grupo de cavaquinhos, o nosso grupo coral ou os
nossos dizedores de poesia.
A Universidade Sénior facilita novas aprendizagens e um
mais saudável estilo de vida. Existimos bem, para que
outros ainda possam existir melhor! •
POR MARIA ISABEL CARVALHO (PRESIDENTE DA DIREÇÃO - UNIVERSIDADE SÉNIOR
TIRSENSE)
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#46
Cultura
CORAL DA MISERICÓRDIA
25 ANOS
O Coral da Misericórdia de Santo Tirso comemorou o seu 25º
aniversário. Esta efeméride foi celebrada por todos/as os/as
que o integram e, com dedicação e carinho, reservam algum
do seu tempo ao prazer de cantar.
Para assinalar o início das comemorações, que se prolongaram
ao longo deste ano de atividades, no passado dia 22 de
setembro teve lugar no foyer do Auditório “Centro Eng.º Eurico
de Melo” uma Exposição Comemorativa dos 25 Anos do Coral,
onde o visitante pôde apreciar alguns dos momentos altos do
Coral da Misericórdia nos seus 25 anos de existência, vividos
em concertos realizados em Santo Tirso, noutras localidades do
país, e na vizinha Espanha. No decurso da abertura da
exposição, com presença de elementos responsáveis da
Instituição e convidados, o Coral da Misericórdia deu voz a
este evento cantando algumas peças do seu reportório.
Nesta exposição, patente durante duas semanas, foi
espelhado uma parte do percurso de vida do Coral,
dirigido pelo Maestro José Manuel Pinheiro: registos de
vida pessoal e de grupo; fotos de vida de dezenas de
coralistas do presente e do passado; retratos dos
fundadores e dos que ainda permanecem no ativo; registo
dos que não puderam continuar e daqueles que,
infelizmente, já partiram. Estes últimos estiveram
presentes no coração ao serem lembrados na Missa de
Ação de Graças do 25º Aniversário do Coral celebrada na
Igreja Matriz de Santo Tirso, no dia 24 de setembro,
cerimónia abrilhantada, nos cantos litúrgicos, pelo Coral
da Misericórdia de Santo Tirso.
Neste ano festivo, continuará a reviver-se o passado e
perscrutar-se o futuro, com base no empenho e num
verdadeiro espírito de equipa. •
POR JOSÉ MAGALHÃES COELHO (CORALISTA)
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Cultura
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#46
Cultura
MAIORIDADES
Idades que sentimos
Maiores do que suportamos.
De tenra raiz, as árvores
de copas largas e majestosas.
De descobertas e conquistas.
Dores, amores e desamores.
Gota a gota…de chuva e de mar.
Raios de sol, porque a luz também é vida.
E o sentir em cada idade
é sempre Maior! •
POR SUSANA FREITAS (DIREÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS E IT)
Hoje acordei cansado
Foi uma noite de pesadelos…
Levantei-me e calcei os chinelos.
E tentei recordar-me o que passei.
O que na minha juventude ansiava.
Fumar às escondidas um cigarrito,
Poder sair à noite um bocadito.
Ter no bolso a chave de casa,
E vir mais tarde um pouquito.
Enfim, chegar à maioridade depressa.
Mas estaria eu bom da cabeça?
Porque chegar à maioridade,
Não é só ter idade,
É preciso discernir
Entre o bem e o mal.
Onde acaba a liberdade
E começa a responsabilidade!
Já reposto da minha batalha noturna
Pensei como octogenário.
Gostaria de viver de novo o tempo
Em que tinha muito tempo.
Para chegar à maioridade! •
POR MÁRIO CARVALHO (UTENTE DA CASA DE REPOUSO DE REAL)
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Cultura
Convocatória Assembleia Geral Ordinária
in Jornal de Notícias
(novembro 2023)
Provedor em entrevista
no Congresso Maioridades
in Diário de Santo Tirso
(outubro 2023)
Misericórdia torna-se Associado Honorário
pela EAPN Portugal
in Jornal de Santo Thyrso
(julho 2023)
Congresso Maioridades vai debater Envelhecimento
in Jornal de Santo Thyrso
in Rádio Antena 1
in Portal de Notícias da Universidade do Porto
(outubro 2023)
Dia Internacional pela Eliminação
da Violência Contra as Mulheres
in Rádio Voz Santo Tirso
(novembro 2023)
Motivação do grupo de 85 colaboradores na
Peregrinação Nacional das Misericórdias em Fátima
in Voz das Misericórdias
(outubro 2023)
Aniversário da Misericórdia
in Jornal de Santo Thyrso
(julho 2023)
Quais são os 3 locais favoritos em Portugal?
1 - Piódão, aldeia situada no distrito de Coimbra e
considerado património mundial pela Unesco.
2 - Costa Alentejana, pela sua rica gastronomia e grande
diversidade no geral.
3 - Não podia deixar de mencionar a minha cidade de
Braga, onde tem as belas vistas do Sameiro e Bom Jesus, e
todos os seus monumentos.
O que a deixa cheia de orgulho no concelho de Santo
Tirso?
Uma cidade que permite andarmos tranquilos e com
segurança.
RE
VE
E na Misericórdia?
Tenho orgulho em fazer parte desta Instituição digna de
grande evolução Social, Educativa e na Saúde.
Quais as duas músicas que tem ouvido recentemente?
Sou ouvinte de rádio, onde a mesma é diversificada.
E o filme que marcou a sua vida?
A Vida é Bela. Filme que retrata, com imaginação, o Amor de
um Pai que tenta proteger o seu filho dos horrores da II
Guerra Mundial. Pai e filho são levados para o campo de
concentração nazi. Afastado da mulher, o pai usou a
imaginação para que o filho acreditasse que estavam a viver
uma grande brincadeira.
Um livro para ler antes de dormir?
Não tenho o hábito de leitura.
Prefere praia ou cidade?
Depende da estação do ano: se estiver no verão, prefiro
praia ou campo. Se estiver no inverno, prefiro o recato da
casa.
Se pudesse escolher a vista de sua casa, como seria?
A claridade e o brilho de um grande por do sol.
O que valoriza no ser humano?
Valorização, lealdade, reconhecimento e humildade.
LA
ÇÕES...
O que recorda do primeiro dia de trabalho na
Misericórdia?
Vinha com as melhores expectativas, considerando que ia
dar o melhor de mim.
Que idade teria se não soubesse a sua idade?
Dizem que a idade é apenas um número, mas mentalmente
e fisicamente ainda não sinto a minha idade cronológica.
NOME MARIA FLORSINDA BARBOSA DA CUNHA
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