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Revista da Misericórdia #46

MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia. Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.

MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia.
Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.

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Pag | 36

#46

Ação

Social e

Comunidade

IDADISMO EM MOVIMENTO

O idadismo é uma forma negligenciada de discriminação que

afeta indivíduos e organizações, naqueles na sua convivência

social e nestas na redução da produtividade, na asfixia da

inovação e nas oportunidades de crescimento perdidas.

Sem demagogias e numa perspetiva pedagógica, urge

formular um alerta sobre tal palavra, ainda desconhecida de

tantos, mas que cresce em todo o mundo, constatando-se que,

segundo o Relatório Anual sobre o Idadismo, conduzido pela

Organização Mundial de Saúde, “o idadismo refere-se a

estereótipos (como pensamos), preconceitos (como nos

sentimos) e discriminação (como agimos), direcionados às

pessoas - e entidades - com base na sua idade.”

Desengane-se quem pensa que o conceito só se refere a

idosos. Existe em todas as idades, embora aqui só seja

abordado o idadismo nos mais velhos, quanto mais não seja,

pela sua relevância: é que, segundo o INE, em 1990, o rácio

em Portugal era de 66 idosos por cada 100 jovens e estamos

nos 182 por cada 100.

Segundo o Eurostar, Portugal está a envelhecer a um ritmo

mais acelerado do que os 27 Estados membros da União

Europeia. Em 2022, metade da população portuguesa tinha

mais do que 47 anos de idade, a segunda idade mediana

mais elevada no conjunto dos países analisados.

O termo “idadismo”, ou “ageismo”, ao que tudo indica, foi

usado pela primeira vez em 1969 pelo médico norte-americano

Robert Neil Butler, gerontologista e psiquiatra conhecido pelo

seu trabalho sobre necessidades sociais e dos direitos dos

idosos e pela pesquisa sobre envelhecimento saudável e

demências.

Na ocasião, o conceito foi criado para tentar explicar as

opiniões contrárias à construção de um lar para idosos numa

comunidade local. Butler não via nenhum motivo racional para

que os moradores vissem com maus olhos o novo

empreendimento. Afinal, os futuros vizinhos não apresentariam

nenhum tipo de ameaça ao convívio social. Foi então que o

psiquiatra concluiu que a única razão para o

descontentamento da vizinhança seria a idade dos novos

residentes. Na interpretação de Butler os moradores do bairro

acreditavam que, ao contar com esse tipo de estrutura na

região, haveria uma desvalorização da área.

A partir daí, o conceito de idadismo passou a ser usado em

diversos outros contextos e países, a fim de designar

qualquer tipo de preconceito relacionado à idade, seja aos

jovens, seja aos idosos.

Por isso, já nessa época, em vez de se falar de uma população

envelhecida, se passou a falar de longevidade, de propósito,

de inclusão social e comunitária, de valorizar as pessoas em

todo o ciclo da sua vida, assim como da oportunidade que

significa fomentar as relações e partilha de conhecimento entre

diferentes gerações.

Mas há outras medidas mais amplas e igualmente bem-vindas.

Desde logo com diretrizes educacionais e escolares para cortar

esse mal pela raiz. Também e ainda com o fortalecimento de

políticas e leis contra todas as formas de preconceito.

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