Revista da Misericórdia #46
MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia. Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.
MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia.
Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.
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#46
Saúde
PORQUE ENVELHECEMOS
E COMO GARANTIR UMA
LONGEVIDADE SAUDÁVEL?
Que terapias ou que métodos já existem que tenham
resultados eficazes no rejuvenescimento?
Dentro das estratégias de rejuvenescimento, as manipulações
metabólicas são as mais testadas e estabelecidas. Estas incluem
a restrição calórica, o jejum e os miméticos dietéticos, como a
metformina, rapamicina e resveratrol. Estas manipulações
ajudam sobretudo a reduzir o estado de inflamação crónico
(note-se que quando estamos doentes naturalmente perdemos
apetite) ao mesmo tempo que ajudam a rejuvenescer o nosso
sistema imunitário. Um aspeto importante, associado às
intervenções metabólicas, é o ciclo circadiano. Ou seja, a
ingestão de alimentos deverá ser feita durante o nosso período
ativo.
As terapias senolíticas estão em rápida evolução, com muitas
empresas estabelecidas nos últimos anos a prosseguir com
ensaios clínicos. Estas terapias baseiam-se em eliminar as
chamadas células senescentes, que são células defeituosas que
acumulamos com a idade, que são pró-inflamatórias, e que
estão na origem das patologias associadas ao envelhecimento.
O problema é que a senescência é um processo que pode ser
benéfico no contexto de reparação de tecidos, pelo que o
grande desafio consiste em saber quando iniciar o tratamento
e quanto senolítico administrar.
A parabiose (transfusão sanguínea) reúne ainda pouca
evidência científica. São ainda desconhecidos os fatores
sanguíneos que realmente contribuem para o
rejuvenescimento.
Para quando uma medicina de longevidade saudável?
Um incentivo importante para a pesquisa e desenvolvimento de
terapias será o reconhecimento do processo degenerativo de
envelhecimento como uma condição médica, diagnosticável e
tratável. Este é um assunto que tem gerado grande
controvérsia. No ano passado, na Classificação Internacional
de Doenças (CDI) da OMS, foi considerada a revisão do
diagnóstico de senilidade (“senility”) para um diagnóstico de
idade avançada (“old age”). Estrategicamente, o código
associado ao diagnóstico - uma designação que é necessária
para registar novos medicamentos e terapias - incluiria a
palavra “patológico”. Alguns investigadores aguardavam com
expectativa a revisão, para a criação e distribuição de terapias
anti-envelhecimento. Mas outros temiam as possíveis
consequências de sugerir o envelhecimento como uma
doença, sobretudo quando o diagnóstico clínico carece de
diretrizes e métricas devidamente protocoladas. A 11ª versão
do CDI acabaria por ser lançada sem o termo “old age”, ou
linguagem sugestiva do envelhecimento como doença, no seu
conteúdo. Mas o debate continua no cerne das conversações
sobre o envelhecimento, e se um processo biológico que
contribui para o risco de desenvolvimento de uma série de
doenças é em si mesmo uma doença. E, de facto, o
envelhecimento não desapareceu completamente do CDI-11.
Há ainda um código de extensão para as doenças
“relacionadas com o envelhecimento”, mas em vez de serem
definidas como “causadas por processo patológico”, diz-se
agora que são “causadas por processo biológico”. E em vez de
“old age”, o catálogo utiliza o termo “declínio numa
capacidade intrínseca associado ao envelhecimento” como
uma descrição diagnóstica.