09.01.2024 Views

Revista da Misericórdia #46

MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia. Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.

MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia.
Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Pag | 42

#46

Saúde

PORQUE ENVELHECEMOS

E COMO GARANTIR UMA

LONGEVIDADE SAUDÁVEL?

Que terapias ou que métodos já existem que tenham

resultados eficazes no rejuvenescimento?

Dentro das estratégias de rejuvenescimento, as manipulações

metabólicas são as mais testadas e estabelecidas. Estas incluem

a restrição calórica, o jejum e os miméticos dietéticos, como a

metformina, rapamicina e resveratrol. Estas manipulações

ajudam sobretudo a reduzir o estado de inflamação crónico

(note-se que quando estamos doentes naturalmente perdemos

apetite) ao mesmo tempo que ajudam a rejuvenescer o nosso

sistema imunitário. Um aspeto importante, associado às

intervenções metabólicas, é o ciclo circadiano. Ou seja, a

ingestão de alimentos deverá ser feita durante o nosso período

ativo.

As terapias senolíticas estão em rápida evolução, com muitas

empresas estabelecidas nos últimos anos a prosseguir com

ensaios clínicos. Estas terapias baseiam-se em eliminar as

chamadas células senescentes, que são células defeituosas que

acumulamos com a idade, que são pró-inflamatórias, e que

estão na origem das patologias associadas ao envelhecimento.

O problema é que a senescência é um processo que pode ser

benéfico no contexto de reparação de tecidos, pelo que o

grande desafio consiste em saber quando iniciar o tratamento

e quanto senolítico administrar.

A parabiose (transfusão sanguínea) reúne ainda pouca

evidência científica. São ainda desconhecidos os fatores

sanguíneos que realmente contribuem para o

rejuvenescimento.

Para quando uma medicina de longevidade saudável?

Um incentivo importante para a pesquisa e desenvolvimento de

terapias será o reconhecimento do processo degenerativo de

envelhecimento como uma condição médica, diagnosticável e

tratável. Este é um assunto que tem gerado grande

controvérsia. No ano passado, na Classificação Internacional

de Doenças (CDI) da OMS, foi considerada a revisão do

diagnóstico de senilidade (“senility”) para um diagnóstico de

idade avançada (“old age”). Estrategicamente, o código

associado ao diagnóstico - uma designação que é necessária

para registar novos medicamentos e terapias - incluiria a

palavra “patológico”. Alguns investigadores aguardavam com

expectativa a revisão, para a criação e distribuição de terapias

anti-envelhecimento. Mas outros temiam as possíveis

consequências de sugerir o envelhecimento como uma

doença, sobretudo quando o diagnóstico clínico carece de

diretrizes e métricas devidamente protocoladas. A 11ª versão

do CDI acabaria por ser lançada sem o termo “old age”, ou

linguagem sugestiva do envelhecimento como doença, no seu

conteúdo. Mas o debate continua no cerne das conversações

sobre o envelhecimento, e se um processo biológico que

contribui para o risco de desenvolvimento de uma série de

doenças é em si mesmo uma doença. E, de facto, o

envelhecimento não desapareceu completamente do CDI-11.

Há ainda um código de extensão para as doenças

“relacionadas com o envelhecimento”, mas em vez de serem

definidas como “causadas por processo patológico”, diz-se

agora que são “causadas por processo biológico”. E em vez de

“old age”, o catálogo utiliza o termo “declínio numa

capacidade intrínseca associado ao envelhecimento” como

uma descrição diagnóstica.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!