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Revista da Misericórdia #46

MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia. Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.

MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia.
Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.

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Atualidades

A reforma faz mal à saúde?

Eu debato-me com isso (risos). Em 2017 sofri a rutura de um

aneurisma e no ano seguinte tive um AVC. Ainda assim, tive

sorte: fiz treino com uma pessoa espantosa que me ajudou a

recuperar a fala. Faço muitas palavras cruzadas, que são um

bom exercício de recuperação.

Como são os seus dias?

Preenchidos. Esta semana estive na reunião mensal em

Serralves - onde sou administrador não executivo -, estive nas

Jornadas de Ciência em Arouca, no

congresso da Santa Casa Misericórdia

de Santo Tirso, em reunião no Hospital

S. João a analisar casos endócrinos

difíceis, participei no programa da

Antena 1 “Tratar o Cancro por Tu”, e

estive também à conversa com a

escritora Isabel Alçada no Museu

Soares dos Reis a falar do poder e do

prazer da leitura. Esta semana estarei

ainda em Houston – no Texas – para participar numa

conferência, mas antes vou a Lisboa para a apresentação do

livro de Eduardo Barroso “Coração ao Pé da Boca”, que assinei

o prefácio.

Como correu o Congresso em Santo Tirso?

Gostei bastante, foi muito simpático, o auditório estava com

muita gente; encontrei uma população diversificada e muito

interessada. Gosto muito desta proximidade, de estar olhos nos

olhos. A participação da Elsa Logarinho foi notável, brilhante.

Daqui a 20, 30 anos quase todos

os cancros estarão controláveis,

é verdade, mas não para toda a

gente (...)

Continua a ler muito, a ver muito cinema?

Leio muitos ensaios relacionados com a minha profissão,

nomeadamente na área da Biologia. Li quase tudo até aos 30

anos, depois passei a ter muito pouco tempo para a ficção e

agora não tenho memória; aliás era o George Steiner que dizia

que os velhos não leem ficção (risos). Gosto muito de Eça de

Queirós e de Ernest Hemingway. No cinema aprecio muito os

franceses “Pierrot le Fou” e “À Bout de Souffle” (Acossado),

ambos de Jean-Luc Godard, com Jean-Paul Belmondo;

também gosto muito de Woody Allen, já vi e revi tudo.

Mencionou numa entrevista “fomos

arrogantes ao achar que íamos

resolver o problema da morte”.

Sim, claro, porque a morte não tem

solução. Eu sou contra a ideia do

transhumanismo, nós morremos, o

nosso corpo morre, mas deixamos uma

memória cibernética que é uma

espécie de computador. O que

importa é a ligação com os outros seres vivos. Eu quero que os

meus netos se lembrem de mim, de quando eu lhes dava um

beijo, por exemplo. É verdade que hoje podemos impedir a

morte, isto é, manter a pessoa viva descerebrada durante

muitos anos, mas não acho que seja uma solução.

Daqui a 30 anos quase todos os cancros estarão

controláveis, é mesmo assim?

Daqui a 20, 30 anos quase todos os cancros estarão

controláveis, é verdade, mas não para toda a gente; temos

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