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Revista da Misericórdia #46

MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia. Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.

MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia.
Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.

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Pag | 06

#46

Atualidades

ENVELHECER É UMA CHATICE

ENTREVISTA A MANUEL

SOBRINHO SIMÕES

Os últimos censos apontam para um número próximo de

2.5 milhões de seniores em Portugal. Como é que se pode

viver melhor? Passa por um envelhecimento ativo?

Passa por um envelhecimento ativo a nível intelectual, mas

também de cuidado acrescido. Defendo atividades cognitivas

estimulantes, mas sobretudo de ligação com os outros para

fugir à solidão que é terrível. Temos de melhorar muito a

capacidade de integrar as pessoas mais velhas nas gerações

mais novas. Isto é: nós vamos ter cada vez mais pessoas

seniores e infelizmente não temos dinheiro, nem condições de

habitação para que possam ser integradas até mais tarde em

habitações da família. Hoje em dia as casas são pequenas, as

pessoas vivem em apartamentos e, para além disso, trabalham

- quer os homens, quer as mulheres - o que não permite o

recurso à habitação num registo intergeracional, que é o que

eu defendo. Por exemplo, acho que os lares devem melhorar,

isso é indiscutível. Alguns até são muito bons, mas todos

deviam ser avaliados de modo global, o que em Portugal não

acontece. Os lares vão ser sempre um problema, são um mal

necessário. Aliás, são um mal menor que tem de ser o melhor

possível.

Atualmente fala-se muito do stress devido às multitarefas

que as profissões exigem. Quais são os inimigos da nossa

saúde e bem-estar?

O que verificamos é que todos os membros da família estão a

trabalhar em atividades muito exigentes. Têm de trabalhar

muito para ganhar razoavelmente e não há tempo para cuidar

nem dos mais novos, nem dos mais velhos. Estamos a fazer uma

espécie de pluriemprego. A única coisa positiva disso tudo é

que o cuidar, que era quase exclusivamente das mulheres,

começa a ter mais envolvimento dos homens. Por outro lado,

verificamos que, regra geral, as pessoas têm salários baixos,

que os empregos não são desafiantes e que as pessoas

recorrem cada vez mais a baixas médicas. Temos de encontrar

mecanismos de recompensa para quem trabalha, porque os

salários, para além de serem pequenos, fazem com que o

trabalho não constitua um elemento de distinção pela positiva.

Sente que há um longo caminho a percorrer?

O que é impressionante é a sensação que não estamos a

mudar o suficiente na base. Voltamos sempre à questão da

infância e da educação; nós estamos a ter uma espécie de

subproduto ordinário da sociedade que não está bem. Se não

conseguirmos mudar na base, isto só vai piorar. Temos de ter

compaixão, cuidar e ajudar.

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