Revista da Misericórdia #46
MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia. Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.
MAIORIADADES foi o tema lançado para reflexão nesta última edição da Revista da Misericórdia.
Logo a partir da capa, que reflete a Dendrocronologia (método científico pelo qual se define a idade de uma árvore com base no crescimento dos anéis do seu tronco), convidamos à descoberta do seu interior e às reflexões ali presentes. Destacamos a entrevista a Manuel Sobrinho Simões, onde assume que “envelhecer é uma chatice”, passando por outros textos que defendem a valorização de todas as idades como sendo MAIORES. Porque a IDADE não é um simples número, importa considerar as contribuições de cada geração e, como sociedade, mudarmos o pensamento.
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#46
Ação
Social e
Comunidade
MAIOR NA IDADE E NA
VIDA!
Envelhecemos, isso é um facto inexorável.
Mas pensamos em como será a nossa velhice?
Para o ator e diretor francês Jean-Louis Barrault, a velhice é
aquela fase em que ainda se é jovem, mas com muito mais
esforço. De manhã ao acordar e ao espelho, nos olhos vê-se o
olhar de menino ou menina de outros tempos. Na essência,
sente-se a mesma juventude de alguns anos atrás, mas num
corpo que vai mudando, enrugando.
Os mitos que ainda prevalecem perpetuam imagens sobre o
ser idoso/a, rótulos tristes. Tendemos a olhar para “o velho”
como algo obsoleto, que é desvalorizado, mesmo que
visualizado com olhos nostálgicos. Como se aquele idoso/a
não tivesse uma história para contar, um conhecimento para
compartilhar. A agravar esta imagem, a maior parte das vezes
quando se pensa na terceira idade é inevitável pensar-se em
apatia, tristeza, depressão, solidão, dependência,
incapacidade para aprender ou mudar, falta de vitalidade,
perda de vigor, declínio inevitável, doença. De facto, o
envelhecimento está associado a uma média de 2 a 3 doenças
crónicas e/ou outras patologias, fragilidades.
Mas deve ficar claro que o envelhecimento não é uma doença.
“É preciso lutar contra a ideia de que o velho é
funcionalmente limitado... A maioria da população idosa
não é deficiente.”
É preciso derrubar os mitos sobre as pessoas com mais de 65
anos de idade. “O aparecimento de mitos e estereótipos sobre
os/as idosos/as é algo que tem a ver com o que geralmente
fazemos muito bem, que é rotular e agrupar as pessoas em
categorias, como explica Stephen Pinker no seu livro How the
Mind Works (1997): “as pessoas colocam coisas e pessoas em
caixas mentais, dão um nome a cada caixa e depois tratam
tudo da mesma forma”, acrescenta o escritor espanhol
Francisco Javier González Martín. A questão é que os
estereótipos impedem frequentemente as pessoas idosas de
participarem plenamente em atividades sociais, políticas,
económicas, culturais, espirituais e cívicas.
“A velhice não começa numa idade cronológica uniforme,
considerar que todos com mais de 65 anos são idosos tem
uma explicação arbitrária e irracional.”
O aumento do tempo de vida abre uma esperança de 20, nos