Boletim_Warming_010
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Warming
Uma Newsletter do PELD – CRSC
6. Treze anos de monitoramento climático na Serra do Cipó: furto de equipamentos atrasa pesquisa
O
Projeto de Longa Duração (Peld) no sítio Serra do
Cipó tem reunido dados desde 2010 sobre os efeitos
das mudanças climáticas na biodiversidade da
Serra. Nesse projeto, os pesquisadores vêm monitorando
áreas de altitudes entre 800 e 1400 metros para entender
como o clima se apresenta ao longo da cadeia de montanha
e como ele influencia a distribuição de plantas e animais e
impacta o ecossistema.
Foram instaladas sete estações climáticas ao longo da
Serra. Essas estações estão instaladas em propriedades
particulares cedidas por nossos parceiros e outras duas no
Parque Nacional da Serra do Cipó. Essas estações são equipadas
com sensores altamente sensíveis que medem a radiação
solar, temperatura do ar, temperatura e umidade do solo,
pluviosidade (regime de chuvas), pressão do ar, entre outros
dados. As estações funcionam com baterias específicas alimentadas
por painel solar. Grande parte desses sensores são
importados e têm alto custo.
Em dezembro de 2021 uma das sete torres parou de funcionar.
Foi necessário retirar todo o equipamento instalado
na estação climática e enviá-lo para a assistência técnica,
onde foi constatada a causa do dano: vandalismo. Os cabos
dos sensores foram cortados e os sensores levados, o que desencadeou
um curto circuito e a perda total do equipamento.
Após um longo período sem coleta de dados, impactando
negativamente a sequência de dados históricos do
projeto, finalmente, em janeiro de 2023, o projeto conseguiu
recurso para instalar um novo equipamento.. O custo
elevado do processo, além de atrasar a retomada da coleta
de dados, prejudicou financeiramente todo o andamento do
projeto. Apesar disso, as coletas foram retomadas e o projeto
segue sendo realizado.
Em 13 anos de pesquisa na Serra, os estudos indicam
uma previsão catastrófica: a perda de 82% do ecossistema
de campos rupestres no futuro, impactando o fornecimento
de água e alimentos, a agricultura e todos os serviços ecossistêmicos
que a Serra fornece para mais de 50 milhões de
pessoas em escala regional.
Os dados do monitoramento climático já mostram uma
tendência para extremos de temperatura em todas as estações
do ano, o que significa que as temperaturas máximas
do verão e as mínimas do inverno vão aumentar consideravelmente
até o final do século.
É fundamental continuarmos com o monitoramento climático
da Serra para traçarmos estratégias de manutenção
da biodiversidade e da subsistência humana. Para isso, contamos
com a colaboração de toda a população para nos
ajudar a manter os equipamentos em bom estado de funcionamento.
O mundo mais sustentável que todos desejamos
depende dos ecossistemas naturais, como o da Serra
do Cipó.
Figura 1. Umas das torres de montiromento climático das montanhas das Serra do Cipó em 800 m de altitude
(nível do mar); em destaque, cientista amostrando informações da torre. Fotos: Siqueira, W.K.
Por:
Letícia Fernanda Ramos
Bióloga e Mestre em
Geraldo W Fernandes
Coordenador do Projeto
Ciências Biológicas
PELD Serra do Cipó,
pela Unimontes, Doutora
em Ecologia pela
Prof. Titular de Ecologia
pela UFMG e Membro
UFMG, Bolsista do programa
Titular da Academia
PELD-CRSC.
Brasileira de Ciências.
Como citar:
Ramos L., Fernandes, G. W. 2023. 13 anos de monitoramento climático na Serra do Cipó: furto de equipamentos
atrasa pesquisa. In: Fernandes, G. W., Ramos L., Saloméa, R., Siqueira, W. K. Warming 10:10. https://
doi.org/10.6084/m9.figshare.22584073
Dezembro 2022 Página 10