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Boletim_Warming_010

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Warming

Uma Newsletter do PELD – CRSC

Editorial Warming (EW): Conte

um pouco sobre você.

Venho de uma pequena cidade

do interior do estado de Entre Rios

(Argentina). Quando pequena eu

sonhava em estudar o espaço. Adorava

ver as tempestades chegando

com o meu pai, às vezes até viajava

para observar a formação das tempestades.

Ainda pequena, não sabia

diferenciar os astros, a via láctea e

o clima, achava que era um grande

composto de tudo. Mas ainda no ensino

fundamental, comecei a querer

estudar o clima, sem mesmo saber

o que era ao certo. Gostava muito

de ler sobre o paleoclima (o clima

na era dos dinossauros) e tudo que

falava sobre o clima.

Eu também gostava muito de

astronomia, e fui crescendo na

dúvida se eu estudaria metereologia

ou astronomia. Por fim, acabei me

decidindo pela meteorologia. Aos

17 anos saí do interior e me mudei

para Buenos Aires, pois era onde

tinha a única universidade do país

para eu estudar. Este foi um dos

períodos mais difíceis da minha vida,

pois eu era do interior e estava na

cidade grande. Naqueles tempos a

comunicação era muito difícil e foi

um sacrifício me adaptar. O início da

faculdade também foi muito difícil,

pois tinha muita física e muita matemática,

eu só estudava. Mas eu tinha

o objetivo de me formar e seguir

minha carreira de cientista.

EW: Porque você decidiu ser

cientista?

Eu sempre quis ser cientista,

desde criança eu sentia que seria

cientista. Eu queria entender as

tempestades, elas sempre me fasci-

naram, e queria conhecer o espaço.

Depois fui entendendo que o espaço

tinha divisões e, assim, eu escolhi a

linha da atmosfera.

EW: Porque escolheu estudar meteorologia?

Eu estudei ciência da atmosfera

porque eu sempre senti isso muito

próximo a mim, então falo que a

ciência me escolheu, pois eu sempre

tive essa certeza que estudaria algo

nessa linha. Eu era muito curiosa e

queria entender os porquês das tempestades,

pois nenhuma tempestade

é igual a outra, tudo é muito diferente

desde os processos de formação e

nunca se repete, isso me fascinava e

ainda me fascina.

EW: O que você faz hoje em dia?

Explica um pouco sobre sua linha

de pesquisa.

Sou cientista vinculada ao CO-

NICET (Consejo Nacional de Investigaciones

Científicas y Técnicas) na

Argentina, com uma carreira bem

longa. Eu faço pesquisa, dou aulas

nos cursos de pós-graduação, oriento

alunos. A pouco mais de 5 anos

eu coordeno um grupo de estudos

climáticos, é um grupo sólido com

poucos pesquisadores e trabalhamos

principalmente com mudanças climáticas

e em outras linhas de pesquisas.

Também desenvolvo pesquisa sobre

clima e saúde, com parcerias brasileiras

envolvendo as pesquisas com

dengue. Sou eternamente grata ao

Brasil por tudo que conquistei na

carreira e pelos muitos amigos que

fiz. Eu sempre busco uma maneira

de manter os laços criados no Brasil,

com projetos em parcerias e com

temas de interesses comuns.

EW: Como você enxerga o futuro

dessa área que você trabalha?

Estamos vivendo o maior momento

de entender e barrar os efeitos das

mudanças climáticas. É uma área que

demanda mais informações, pois as

mudanças climáticas afetam todas as

áreas da ciência. É um grande desafio

para todo o mundo se adaptar às

mudanças já existentes e as que ainda

estão por vir, que modificarão as nossas

formas de sobreviver. Um desafio

incluir a adaptação da humanidade e

das demais espécies aos novos rumos

que as mudanças climáticas podem

trazer.

Nesse momento ainda temos oportunidade

de barrar essas mudanças,

modificando nossos comportamentos,

como nos relacionamos, como consumimos.

Temos que tornar profunda e

ampla consciência, se isso não acontece,

a humanidade está em risco. Espero

que a humanidade acorde, mas

precisamos de um esforço amplo para

realmente mudar essa tendência que

estamos, pois temos pouco tempo para

chegar ao ponto de não retorno, onde

não conseguiremos fazer mais nada

para conter as mudanças climáticas.

O futuro da área é dependente do

que fazemos como seres humanos, um

futuro com esperança ou um futuro de

desesperança.

Por:

Como citar:

Letícia Fernanda Ramos

Bióloga e Mestre em

Ciências

Biológicas

pela Unimontes, Doutora

em Ecologia pela

UFMG, Bolsista do programa

PELD-CRSC.

Ramos, L. 2023. A ciência que eu faço: Gabriela Muller. In: Fernandes, G.

W., Ramos L., Saloméa, R., Siqueira, W. K. Warming 10:11-12. https://doi.

org/10.6084/m9.figshare.22584073

Dezembro 2022 Página 12

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